Políticas Públicas: Conceitos e Abordagens Profa. Dra. Ana Cláudia Niedhardt Capella
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Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA/USP) Políticas Públicas: Conceitos e Abordagens Profa. Dra. Ana Cláudia Niedhardt Capella Departamento de Administração Pública UNESP/Araraquara Programa de Pós-Graduação em Ciência Política/UFSCar São Carlos, 14 de março de 2012 O que são Políticas Públicas? Polity (política) Estrutura do sistema político: sistema partidário (multi ou bipartidarismo); sistema eleitoral (proporcional, majoritário); estrutura legislativa (bicameral ou unicameral); estrutura governamental (unitária ou federalista), etc. Politics (política) Processos de negociação e barganha que ocorrem dentro do sistema político: entre partidos; entre o Poder executivo e legislativo; entre burocracia a governo, etc. O que são Políticas Públicas? Policy (política) Dimensão material e concreta do sistema político : public policy O que é public policy / política pública? Definição de Políticas Públicas A definição mais conhecida e mais sucinta é a de Thomas Dye (2008), que descreve políticas públicas como “o que o governo escolher fazer ou não fazer”. Esta definição é talvez simples/ampla demais mas captura claramente a ideia de que o agente do processo de produção de políticas públicas é o governo. Também destaca o fato de que as políticas públicas envolvem a escolha, por parte do governo, de fazer algo ou não. Políticas Públicas como campo do conhecimento Política pública: “campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, colocar o governo em ação e/ou analisar essa ação e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações” Souza (2007, 71) Políticas Públicas como campo do conhecimento Campo ou “campos”: políticas públicas no cruzamento de diferentes disciplinas, teorias e modelos analíticos vantagens e desafios. SMITH, K.B. e LARIMER (2009, 21-23) Modelos de análise em políticas públicas Policy Cycle, ou ciclo de políticas: modelo tradicional baseado em “estágios” ou “ciclos” por meio dos quais o desenvolvimento de qualquer política poderia ser explicado (1ª versão proposta por Harold Lasswell, anos 1950, retrabalhada posteriormente por vários autores) AGENDA-SETTING AVALIAÇÃO FORMULAÇÃO DECISÃO/ADOÇÃO IMPLEMENTAÇÃO Modelos de análise em políticas públicas • As fases do ciclo de políticas públicas correspondem aos momentos principais da metodologia de solução de problemas: Estágios do Ciclo de Políticas Solução de problemas/modelo racional Agenda-Setting Reconhecimento do problema Formulação Proposta de soluções Processo decisório/Adoção Escolha de uma solução Implementação Soluções são colocadas em ação Avaliação Monitoramento dos resultados Modelos de análise em políticas públicas • Limitações do ciclo de políticas: ▫ A análise de cada estágio separadamente pode levar o pesquisador a negligenciar o processo como um todo; ▫ A sequência de estágios descreve imprecisamente o funcionamento de uma política (Ex.: implementação afeta a agenda); ▫ Modelo fortemente legalista e “top-down”, quando podemos observar múltiplos ciclos interativos envolvendo diferentes propostas em diversos níveis governamentais (ex: ativistas atuando junto a parlamentares no congresso, na implementação a nível local/estadual, na avaliação de programas...) Modelos de análise em políticas públicas • Enquanto forma de organizar o conhecimento e a pesquisa no campo de políticas públicas, o ciclo de política foi um marco importante para o desenvolvimento da área. • Modelos recentes de análise em políticas públicas: modelos pós-positivistas, também chamados pósmodernos, pós-empiricistas, pós-estruturalistas, póspositivistas, abordagens centradas nas ideias... Modelos de análise em políticas públicas • Entendem que a política (politics) é guiada por valores, e não por fatos ou dados: a natureza de um problema, a melhor solução para ele não são questões objetivas e técnicas, mas são construções sociais, baseadas em valores daqueles que interpretam o mundo social e político. • Alguns modelos recentes: ▫ ▫ ▫ ▫ Multiple Streams (John Kingdon); Advocay Coalition Framework (Sabatier e Jenkins-Smith); Punctuated Equilibrium (Baumgartner e Jones); Modelos construtivistas (Fisher e Forester – argumentative turn, Majone). O modelo de Kingdon: esquema geral FLUXO DE PROBLEMAS Indicadores; Crises; Eventos focalizadores; Feedback de ações. FLUXO DE SOLUÇÕES FLUXO POLÍTICO Viabilidade técnica; Aceitação pela comunidade; Custos toleráveis. “Humor nacional”; Forças políticas organizadas; Mudanças no governo. OPORTUNIDADE DE MUDANÇA (Windows) Convergência dos fluxos operada por empreendedores de políticas (policy entrepreneurs) AGENDA-SETTING Acesso de uma questão à agenda Observações finais • A área de políticas públicas é um campo novo, plural e em transformação – no plano internacional e no Brasil – que tem muito a oferecer em termos de perspectivas teóricas (algumas ainda inéditas no país) para a compreensão da ação governamental, suas estruturas e processos decisórios. • Área fragilmente institucionalizada do ponto de vista acadêmico, mas em expansão: crescente oferta de cursos de graduação, pós-graduação, estruturação de carreiras profissionais (no governo federal, em diversos estados, incluindo São Paulo e em alguns municípios). Referências • ARRETCHE, Marta T.S. “Dossiê agenda de pesquisas em políticas públicas”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.18, no.51, (pp. 7-10).São Paulo, ANPOCS, 2003 • DYE, Thomas R. Understanding Public Policy. 12th ed. New Jersey, Pearson/Prentice Hall, 2008 • KINGDON, John. Agendas, Alternatives and Public Policies. New York, Longman, 2003 • SMITH, K.B. e LARIMER, C.W. “The Public Policy Theory Primer”. Boulder, CO, Westview Press, 2009 • SABATIER, Paul A. Theories of the Policy Process. Boulder, CO, Westview Press, 1999. • SOUZA, Celina. “Estado da Arte da Pesquisa em Políticas Públicas”. In Hochman, G., Arretche, M. e Marques, E. Políticas Públicas no Brasil. Rio de Janeiro, Fiocruz, 2007