Gêneros Literários
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Transcript Gêneros Literários
Introdução aos estudos de literatura:
Gêneros Literários
Literatura - 2012
Professora Mônica Klen
1º ano do Ensino Médio
O que é gênero?
Dicionário da ABL:
“[...] 4. (Lit.) Cada uma das divisões que englobam
obras literárias de características semelhantes. [...]”
O que é gênero?
Dicionário de termos literários, Massaud Moisés:
“(...)espécie de sistematização das formas literárias.
(...)
Na antiguidade, entendiam o gênero como formas
fixas, sustentadas por doutrinas e regras inflexíveis,
às quais os criadores de arte deveria obedecer
cegamente.
(...)
Da perspectiva teórica, nenhuma obra é capaz de
representar exemplarmente um gênero.”
O que é gênero?
Etimologia:
[do latim genus, eris, “nascimento, descendência, origem;
raça, tronco”]
“em literatura, [gênero] deve designar famílias de obras
dotadas de atributos iguais ou semelhantes.”
Modelos que apresentam características que norteiam a
construção do texto literário.”
O que é gênero?
“[...] os gêneros não são espartilhos sufocantes nem moldes
fixos, mas estruturas que a tradição milenar ensina serem
básicas para a expressão do pensamento e de certas formas
de ver a realidade circundante. Sua função é orientadora,
guiadora e simplificadora.” (MOISÉS)
Quais são os gêneros?
A Literatura, como sendo uma maneira de imitação da realidade, possui três
gêneros como base na análise dessas formas de imitação. São eles:
Épico
Dramático
Lírico
A base dessa divisão/classificação é Aristotélica.
Quem foi Aristóteles?
• Filósofo grego, nascido em
Atenas, 384 a.C. – 322 a.C.
• Seus
escritos
abrangem
diversos assuntos, como a física,
a metafísica, as leis da poesia e
do drama, a música, a lógica, a
retórica, o governo, a ética, a
biologia e a zoologia.
Divisão aristotélica
ÉPICO
Narração de fatos grandiosos,
centrado na figura de um herói.
POESIA
DRAMÁTICO
Textos destinados para a
representação cênica, tragédia ou
comédia.
LÍRICO
Textos de caráter emocional,
centrados na subjetividade dos
sentimentos da alma.
Gênero Épico (Epopéia)
Narrativa em forma de poesia.
Tem como eixo central a figura de um herói e façanhas grandiosas.
História de povos e civilizações.
Mistura elementos da vida terrena com elementos lendários e
mitológicos.
“era a imitação de homens superiores, em verso” (Aristóteles).
presença do maravilhoso: interferência dos deuses da mitologia grecoromana.
Em relação à estrutura, é um poema narrativo (narração em terceira
pessoa de fatos passados).
Dividido em cantos.
Geralmente, apresenta as seguintes partes: Introdução, Invocação,
Narração, Epílogo.
Gênero Épico
Maiores autores:Homero
É autor de duas obras que influenciaram a literatura universal (Ilíada e
Odisseia) – que retratam a Guerra de Tróia.
Os heróis de Homero são agressivos e ferozes nas batalhas, mas
pacíficos e justos na vida normal.
Seus textos foram criados por volta do ano 750 a. C.
Obra: Ilíada
Herói: Aquiles, filho de Peleu e da deusa
Tétis, foi o mais valoroso guerreiro grego.
Narra o episódio do último ano da
Guerra de Tróia. Aquiles mata Heitor,
filho mais velho de Príamo e principal
guerreiro troiano.
Estrutura: 15 693 versos, distribuídos em
24 cantos.
Início da Ilíada em seu idioma original.
Gênero Épico
Maiores autores: Virgílio
Poeta latino inspirado em Homero
Autor de Eneida, que narra a lenda da fundação de Roma e exalta as
grandezas do Império Romano.
Os heróis virgilianos são corajosos e piedosos.
Palavras de ordem das obras de Virgílio: virtude, justiça e piedade.
Obra: Eneida
Herói: Enéias, troiano, filho de Anquises e
da deusa Vênus, fundador da cidade onde
nasceram Remo e Rômulo.
Narra o episódio em que Enéias, após
combater ao lado de Heitor na Guerra de
Tróia e ver sua cidade arrasada pelos
gregos, vai até a região de Lácio e casa-se
com a filha do rei. De sua descendência
sairão os fundadores do Roma.
Estrutura: 9 826 versos, distribuídos em
12 Cantos.
Gênero Épico
Maiores autores: Camões
Autor do mais importante poema épico em Língua Portuguesa (1572).
“Lusitano”: nome que anuncia a história heroica de todo o povo.
Obra: Os Lusíadas
Herói: Vasco da Gama, comandante da
expedição marítima que “descobriu” o
caminho para as Índias em 1498.
Narras
as
façanhas
dos
navegantes
portugueses,
suas
lutas, os
perigos
enfrentados durante a viagem de Portugal às
Índias. Conta também a história de Portugal.
Presença do maravilhoso pagão: o destino dos
navegantes é decidido pelos deuses no
Concílio do Monte Olímpo.
Estrutura: 8 816 versos, distribuídos em 10
Cantos. Divisão clássica em 5 partes:
Proposição, Invocação, Dedicatória, Narração e
Epílogo.
Gênero Épico
Maiores autores: Camões
Ilíada e Concílio dos deuses
Concílio no Olimpo: monte situado na região
centro-norte da Grécia, onde, segundo a
mitologia, os deuses habitavam.
Júpiter: pai dos deuses e soberano do Olimpo.
Vênus: deusa do amor. É a grande defensora
dos lusitanos e protetora de Vasco da Gama.
Baco: deus do vinho. É contrário à viagem de
Vasco da Gama pois não quer perder seu
domínio em terras africanas e asiáticas. Faz
com que as forças da natureza lutem contra os
navegantes.
Marte: deus da guerra. Por querer agradar
Vênus e por considerar os portugueses nobres
guerreiros, defende-os.
Gênero Épico
Maiores autores: Camões
Os Lusíadas – Canto 1
Estrofe 1
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
Estrofe 3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Invocação às Ninfas do Tejo
Estrofe 2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
No caderno
1. Identifique os aspectos formais das três estrofes?
2. Para os poetas clássicos, a poesia era fruto da combinação de duas virtudes. Em que verso
isso está explicitado (transcreva o verso)?
3. Onde estão apontados o grupo étnico e as aventuras dos navegantes?
Estrofe 1
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
Estrofe 2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Estrofe 3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Invocação às Ninfas do Tejo
Gênero Dramático
Textos literários destinados à representação.
O drama teve origem nas festas religiosas em homenagem ao deus
grego Dionísio.
É apresentado por atores por meio de palavras e gestos.
Em forma de diálogos, divididos em atos e cenas.
A cada fala, uma personagem assume a primeira pessoa, não há
narrador para introduzir das falas.
Existe a descrição do ambiente e a situação entre cada ato.
Sequência da ação dramática constituída de exposição, conflito,
complicação, clímax, desfecho.
Para Aristóteles, a tragédia é a “imitação de uma ação de caráter
elevado que suscita o terror e a piedade e tem por efeito a purificação
dessas emoções”; a comédia era a “imitação de homens inferiores; não
seus vícios, mas o retrato do que é ridículo.”
Gênero Dramático
Protagonista: personagem central da ação dramática.
Antagonista: personagem que se opõe do protagonista.
Coro: conjunto de atores que comentam a ação ao longo da peça.
A purificação é a catarse [grego: katharsis: purificação]. Por meio das
emoções que as cenas se passam e das situações que apresentavam, o
espectador poderia apaziguar suas angústias. O espectador purificava seu
espírito pela purgação, pelo alívio de suas paixões, seus medos, seus
sentimentos de terror ou de piedade vivenciados na contemplação do
espetáculo dramático.
Gênero Dramático
TRAGÉDIA
COMÉDIA
De caráter sério, solene.
Temática em que o protagonista
tem que enfrentar a desgraça.
Registro mais formal.
Estrutura: situação inicial feliz, mas
com desfecho fatal.
As personagens são humanos
pertencentes das classes nobres: reis,
príncipes, que sofrem nas mãos dos
deuses e do Destino.
De caráter cômico, ridículo.
Temática do cotidiano, centrada na sátira
da sociedade e dos defeitos humanos.
Registro mais coloquial.
Estrutura: situação inicial complicada,
mas com final feliz.
As personagens são estereótipos das
debilidades humanas: o mesquinho, o
apaixonado, o rabugento, etc.
Gênero Dramático
Maiores autores: Sófocles
Poeta ateniense, juntamente com Ésquilo e Eurípedes, foi um dos
maiores dramaturgos gregos. Escreveu mais de cem peças, entre as
quais destacam-se: Édipo Rei, Antígona e Electra.
Obra: Édipo Rei
“Laio, rei de Tebas, e sua esposa Jocasta, temendo a realização de um oráculo (o
filho mataria o pai, casaria com a mãe e provocaria muito luto e sangue)
abandonam o filho recém-nascido em uma mata. O menino, Édipo, é criado pelo
rei de Corinto.
Adulto, sabendo-se adotivo, Édipo vai em busca da verdade e sofre as desgraças
inevitáveis de seu destino: encontra Laio em uma encruzilhada e o mata; ao chegar
em Tebas, desposa Jocasta e passa a ocupar o lugar de Laio como Rei de Tebas.
Quando a verdade vem á tona, Jocasta, desesperada, se mata; Édipo cega a si
mesmo e parte para o exílio.”
Gênero Dramático
Maiores autores: Sófocles
Édipo e a esfinge (1808-1825), de JeanAuguste Dominique Ingres.
Museu do Louvre (França).
Desafio da Esfinge (monstro com corpo de
leão, asas e garras de pássaro e cabeça e
busto de mulher).
Enigma: “Qual o animal que de manhã tem
quatro pés, ao meio-dia tem dois e à tarde
tem três?”
Ao decifrar o enigma Édipo livra Tebas do mal.
O que é a teoria do complexo de Édipo?
Gênero Lírico
Lira: o instrumento de cordas dedilháveis
mais popular da Antiguidade.
Poema que extravasa a emoção íntima
pela expressão verbal, rítmica e melodiosa.
Encontra sua inspiração nos sentimentos
reais ou imaginários e na própria
musicalidade.
Eu-lírico: voz que expressa suas emoções
no poema, um eu poético, simulado,
inventado pelo poeta. Não é o próprio poeta!
Subjetividade: marca do lirismo.
A poesia lírica é da primeira pessoa do
tempo presente. Diferente da épica, que é da
terceira pessoa do tempo passado.
Gênero Lírico
Lirismo: expressão pessoal de uma emoção.
Eu poético X Autor
Ritmo: linguagem trabalhada, a “alma” do poema.