Concentrações Verticais Mauricio Canêdo Pinheiro EPGE/FGV e IBRE/FGV Heleno Martins Pioner University of Chicago.

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Transcript Concentrações Verticais Mauricio Canêdo Pinheiro EPGE/FGV e IBRE/FGV Heleno Martins Pioner University of Chicago.

Concentrações Verticais
Mauricio Canêdo Pinheiro
EPGE/FGV e IBRE/FGV
Heleno Martins Pioner
University of Chicago
1. Motivação e Objetivos
• O SBDC tem analisado diversos atos de
concentração entre empresas verticalmente
relacionadas.
• O Guia-H, não contempla explicitamente aspectos
relacionados a estes tipos de concentrações, cabe
ampliá-lo nesta direção.
2. Aspectos Teóricos Preliminares
• Fechamento de Mercado (input foreclosure e
customer foreclosure): aumento dos custos dos
rivais, seja pela diminuição do acesso a insumos,
seja por diminuição do acesso aos consumidores.
• Facilitação de Colusão: ainda não está muito bem
fundamentada teoricamente, mais intuitivamente
uma concentração vertical pode tornar mais fácil a
colusão no mercado upstream, pois facilita a
observação dos preços downstream. Também pode
facilitar a colusão se a fusão envolve de um
comprador de insumos agressivo.
3. Guia
• Pretende-se seguir RIORDAN & SALOP (1995), ou
seja, análise em quatro etapas: (i) o preço do insumo
aumenta?; (ii) o custo dos rivais aumenta? (iii) o
preço cobrado dos consumidores aumenta?; (iv) as
eficiências contrabalançam os efeitos negativos?
• Críticas: excessiva ênfase em participações de
mercado [REIFFEN & VITA (1995), DANIEL (2000)].
• Difícil avaliar CV baseado em dados pré-fusão, ou
seja, não dá para mapear fatores estruturais de
mercado em um guia. Desse modo tenta-se listar
alguns quesitos que a autoridade antitruste deveria
observar.
ETAPA I
ETAPA II
Definição do(s) Mercado(s)
Relevante(s)
As participações de
mercado justificam
preocupação com
fechamento do
mercado?
Não
Parecer
Favorável
Sim
Há aumento dos
custos dos rivais?
ETAPA III
Não
Parecer
Favorável
Sim
Há aumento do
preço cobrado no
mercado
downstream?
Não
Parecer
Favorável
3. Guia
Sim
ETAPA IV
Eficiências
ETAPA V
Custos do exercício
do poder de mercado
maiores que as
eficiências?
Sim
Parecer Negativo
Não
Parecer
Favorável
3. Guia
• Etapa I – Definição dos Mercados Relevantes
3. Guia
• Etapa II – Abordagem Inicial (Participações de
Mercado)
– Participações de Mercado: market shares elevados estão
longe de significar que CV não são desejáveis. No entanto, a
literatura destaca que efeitos anticompetitivos de CV são
pouco prováveis (ou muito pequenos) na ausência de poder
de mercado.
– A Europa já usa regra com este espírito: CV com
participações inferiores s 25% no MU e no MD são
aprovadas [EUROPEAN COMMISSION (2000)].
– No entanto, se a preocupação é com o customer foreclosure,
também cabe incluir na regra a participação de mercado na
compra do insumo.
3. Guia
• Etapa II – Abordagem Inicial (Nexo Causal)
3. Guia
• Etapa III – Impacto nos Custos dos Rivais
– Capacidade Ociosa: se os rivais da firma integrada possuem
capacidade ociosa, a estratégia de fechamento de mercado
tende a ser pouco lucrativa [DANIEL (2004)]. Nesse sentido,
cabe comparar a capacidade ociosa dos rivais com o
consumo de insumo. Também se mostra importante ter uma
idéia do crescimento do consumo e das previsões de
expansão de capacidade.
– Contratos de Longo Prazo: se boa parte das relações entre
fornecedores e clientes é governada por contratos de longo
prazo, a estratégia de fechamento de mercado torna-se pouco
provável, em especial se os contratos estipulam regras para
formação de preços [DANIEL (2004)].
3. Guia
• Etapa III – Impacto nos Custos dos Rivais
– Barreiras à Entrada: se as barreiras à entrada são pequenas,
os incentivos para o fechamento de mercado são reduzidos.
No entanto deve ser levado em conta que, em certas
circunstâncias, a CV pode criar ou aumentar estas barreiras,
em especial se faz com que a entrada deva ser feita
simultaneamente nos dois mercados (MU e MD).
3. Guia
• Etapa III – Impacto nos Custos dos Rivais
– Custos para Troca de Fornecedor: quanto maior o custo em
se trocar de fornecedor, maior tende a ser o impacto da
estratégia de fechamento de mercado [CHEN (2001)].
– Presença de Outras Firmas Verticalmente Integradas: se a
maior parte das firmas se mostra verticalmente integrada
antes da fusão, a possibilidade de uma CV gerar efeitos
anticompetitivos é pequena, na medida em que a maioria das
firmas upstream (downstream) tem boa parte da demanda
pelo insumo (oferta do insumo) garantida.
– Relação entre Preço do Insumo e Custo de Produção: o
fechamento de mercado passa pelo aumento dos custos dos
rivais. Desse modo, se o insumo responde por uma pequena
parcela do custo de produção, o efeito desta estratégia tende
a ser pequeno [DANIEL (2004), LUGARD (2004)].
3. Guia
• Etapa III – Impacto nos Custos dos Rivais
– Poder de Barganha: se, mesmo após a CV, os demandantes
de insumo detiverem poder de barganha significativo, os
impactos anticompetitivos tendem a ser pequenos
[SCHEFFMAN & HIGGINS (2004)].
– Escala Mínima Viável: um fornecedor pode sair do mercado
se a CV fizer com que ele produza abaixo da escala mínima
viável. Além disso, mesmo continuando no mercado, seu
incentivo para competir pode ser reduzido, via aumento no
custo marginal ou pela redução do incentivo ou da
capacidade para efetuar investimentos.
3. Guia
• Etapa III – Impacto nos Consumidores
– Competição no Mercado Downstream: o impacto nos
consumidores tende a ser pequeno se o nível de competição
o mercado downstream se mantém suficientemente
competitivo. Também pode ser útil ter uma estimativa de
quanto do aumento presumido de custo é repassado aos
consumidores.
– Lucratividade da Firma Fusionada no Mercado Downstream:
a lucratividade da estratégia de fechamento de mercado é
afetada pelos ganhos auferidos no mercado downstream.
Nesse sentido, cabe avaliar se a firma fusionada possui
capacidade ociosa para expandir a produção e qual a margem
de lucro que poderia ser auferida com esta expansão.
3. Guia
• Etapa III – Impacto nos Consumidores
– Diferenciação de Produto: se os produtos da firma fusionada
e o de seus rivais não são substitutos muito próximos, o
impacto nos consumidores tende a ser menor, pois aumentos
nos preços dos rivais tendem a ser respondidos com
pequenos aumentos por parte da firma fusionada.
– Poder de Barganha: cabe verificar se os consumidores
possuem poder de barganha.
3. Guia
• Etapas IV e V – Eficiências
– Coordenação no Desenvolvimento e Produção: firmas
verticalmente integradas podem obter melhores resultados no
desenvolvimento de novos produtos. Estes benefícios
tendem a ser maiores em indústrias menos maduras e podem
vir associadas a impactos anticompetitivos, principalmente
nas situações abordadas em CHURCH & GANDAL (2000) e
CHOI & YI (2000).
– Internalização de Incentivos: estes ganhos ocorrem quando
existem atividades que geram externalidades positivas nas
firmas em elos adjacentes da cadeia, por exemplo,
investimentos em propaganda e pesquisa e desenvolvimento.
3. Guia
• Etapas IV e V – Eficiências
– Eliminação de Mark-Up Duplo: a firma integrada elimina
uma das margens da cadeia produtiva. Este efeito tende a ser
menos na presença de contratos não-lineares [HART &
TIROLE (1990), REY & TIROLE (2003)] ou se a firma
downstream envolvida na fusão já era capaz de conseguir
preços próximos ao custo marginal de produção do insumo.
3. Guia
• De Volta à Etapa II – Consumo e Fornecimento
Cativo de Insumo
– Mercado Centralizado [HENDRICKS & MCAFEE (2000)]:
fusões que envolvem firmas mais desbalanceadas distorcem
mais, então se mostra importante levar em consideração o
consumo e fornecimento cativos de insumo. Ao invés do
HHI, faz mais sentido usar um índice de concentração
modificado, que leva em consideração este argumento:
 ( S i   i ) 2   S i2 (1   i )    i2 (1  S i ) 
MHI   


(
1

S
)(
1


)


(
1


)


(
1

S
)
i 
i
i
i
i

onde:
  1
Q
,
 
  1  Pp
1

e

p 1
P 
.
3. Guia
• De Volta à Etapa II – Consumo e Fornecimento
Cativo de Insumo
– Mercado Descentralizado [FONTENAY & GANS (2004), GANS
(2005)]: mesma intuição do modelo anterior. Sendo assim,
constrói-se um índice de concentração modificado:
VHHI   S i max{S i ,  i }
i
3. Guia
• De Volta à Etapa II – Consumo e Fornecimento
Cativo de Insumo
Exemplo 2
Exemplo 1
– Mercado Descentralizado (Exemplos):
10%
10%
20%
10%
10%
25%
25%
25%
25%
10%
10%
10%
10%
25%
25%
25%
25%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
3. Guia
• De Volta à Etapa II – Consumo e Fornecimento
Cativo de Insumo
Exemplo 2
Exemplo 1
– Mercado Descentralizado (Exemplos):
AntesdaFusão
2500
HHI(Upstream)
1000
HHI(Downstream)
1000
VHHI
AntesdaFusão
2500
HHI(Upstream)
1300
HHI(Downstream)
1300
VHHI
DepoisdaFusão
2500
HHI(Upstream)
1000
HHI(Downstream)
1150
VHHI
DepoisdaFusão
2500
HHI(Upstream)
1300
HHI(Downstream)
1400
VHHI
Intuição: se as firmas envolvidas na CV não são grandes fornecedores
líquidos de insumo, o impacto tende a ser menor.
4. Para Onde Ir?
• Melhorar o link entre teoria e circunstâncias em que CV
devem ser investigada com mais cuidado.
• Desenvolver o algoritmo que permita implementar a
simulação a partir do modelo de HENDRICKS &
MCAFEE (2000).
• Entender melhor como modelos de simulação podem
ser usados para lidar com o pass-through de reduções de
custo marginal para os preços [FROEB, TSCHANTZ &
WERDEN (2002)] e como estimá-lo [ASHENFELTER,
ASHMORE, BAKER, MCKERNAN (1998)].
• Identificar técnicas econométricas que permitam
identificar a natureza da relação contratual entre
fornecedores e clientes [VILLAS-BOAS (2004),
BONNET, DUBOIS & SIMIONI (2005)].