Formação da Campanha da Fraternidade 2015

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Transcript Formação da Campanha da Fraternidade 2015

Diocese de Osasco
Formação da Campanha da Fraternidade
2015
Tema: Fraternidade: Igreja e Sociedade
Lema: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45)
A relação Igreja e sociedade à luz do
Magistério da Igreja
 Magistério: a palavra se prende à ideia de ensino, à função do
mestre.
 Na Igreja, em termos gerais, pode-se dizer que o Magistério é, por
força de uma consagração, a função/serviço de ensino da
vontade/verdade
de Deus e da permanência nesta
vontade/verdade.
 Por um lado, pode-se dizer que exercem o magistério o Bispo, por
força de sua ordenação episcopal, o colégio dos Bispos em
comunhão com o Papa e o Papa individualmente.
 Este magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a seu
serviço (DV 10)
 Aqui, poderíamos utilizar o esquema ecclesia docens e ecclesia
discens.
 Por outro lado, poderíamos dizer, em termos gerais, que toda
Igreja exerce o serviço de aprender e de ensinar.
 Por força da consagração batismal e crismal toda Igreja é
chamada
a ensinar (sobretudo pelo testemunho) a
vontade/verdade de Deus e a permanecer nesta verdade. Neste
caso, toda a Igreja teria, pelo imperativo do testemunho, a
função de Igreja docente (sobretudo para o mundo)
 Por outro lado, toda a Igreja é aprendiz do Pai, do Espírito, de
Jesus Cristo. Assim a Igreja toda é discente, isto é, aprendiz do
Evangelho, ouvinte da Palavra de Deus. Ela não é dona ou
detentora da verdade, mas servidora e anunciadora da
verdade de Deus. Assim, ela é chamada a fazer memória ativa e
profética dessa verdade.
 Falando do magistério enquanto autoridade, é preciso ressaltar
que “essa autoridade magisterial nada mais faz do que explicar,
desenvolver e atualizar em concretização histórica sempre nova
a mensagem de Cristo, sem propriamente aumentá-la em nada
e sem receber nenhuma nova revelação.(Rahner, Karl, Curso
Fundamental da Fé, p. 443)
 É verdade que a fé dá o que pensar, mas dá, sobretudo, o que
fazer.
 A Verdade revelada é para ser conhecida, mas, sobretudo, para
ser vivida.
 Lembrar o caráter dinâmico da fé. Dinâmico não significa
mutável, mas o caráter de força sempre atual da fé.
 Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará na verdade
plena. (Jo 16, 13)
 E a necessidade de permanecer, de recordar sempre de novo a
fé.
 Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome,
vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos disse. (Jo14, 26)
 Nenhum bem se conhece perfeitamente, se não é
perfeitamente amado. (S. Agostinho)
 Cognitio visa a contructio (Santo Tomás) O conhecimento visa à
edificação
 O indicativo de Deus não deve ser para a história um mero
subjuntivo, mas se transformar em imperativo em cada tempo
(Sinais dos tempos).
 Pode-se dizer da Proposta de Deus e da resposta humana.
 Desafio de se passar do amor à sabedoria à sabedoria do amor.
 Faz parte da nossa fé, a convicção de que Deus intervém no
mundo (Providência). Esta intervenção acontece na
interioridade da pessoa, nas relações intersubjetivas e também
na história (aqui poderíamos falar em sociedade, política,
militância, etc.).
 Existe a possibilidade (a tendência?) de reduzir a Providência
ao âmbito pessoal/individual. Desse modo, a fé, a teologia, a
pastoral correm o perigo de certa fuga da vida concreta,
desengajamento da história da salvação, afastamento do
compromisso do amor mais amplo.
Igreja: comunidade dos seguidores
de Jesus a serviço da sociedade
 “A presença dos cristãos nas sociedades seja animada daquela
caridade com a qual nos amou Deus. Ele deseja que também nós
nos amemos uns aos outros com a mesma caridade.” (AG 12)
 O mesmo decreto conciliar diz que a Igreja, ao servir e amar,
não espera vantagem alguma nem gratidão. (cf. AG 12)
 A Igreja, por seus filhos, se liga a todos os homens de qualquer
condição e particularmente aos pobres e oprimidos,
dedicando-se a eles prazerosamente. (cf. AG 12)
 “Trabalhem e colaborem os cristãos com todos os outros na
reta ordenação dos problemas econômicas e sociais.
Dediquem-se, com cuidado especial, à educação das crianças e
da juventude por meio das várias espécies de escolas, as quais
devem ser consideradas não só como meio exímio de
formação e promoção da juventude cristã, mas também,
simultaneamente, como serviço da maior importância para os
homens, e em particular para as nações em vias de
desenvolvimento, a fim de elevar a dignidade do homem e
preparar condições de vida mais humanas. Além disso, tomem
parte nos esforços dos povos que, lutando contra a fome, a
ignorância e a doença, se afadigam por melhorar as condições
de vida e por assegurar a paz no mundo. Nesta atividade
prestem os fiéis, com prudência, a sua colaboração efetiva às
iniciativas promovidas pelas instituições particulares e públicas,
pelos governos, pelos organismos internacionais, pelas diversas
comunidades cristãs e religiões não-cristãs.” (AG 12)
 “A Igreja, porém, não quer, de maneira nenhuma, imiscuir-se
no governo da cidade terrena. Nenhuma outra autoridade
reclama para si senão a de, com a ajuda de Deus, estar ao
serviço dos homens pela caridade e pelo serviço fiel.” (AG 12)
 “Reconheçam-se, conservem-se e promovam-se os direitos de
todas as pessoas, famílias e grupos, assim como o seu
exercício, juntamente com os deveres, aos quais estão
obrigados todos os cidadãos.” (GS 75)
 O documento segue
 “Entre eles é preciso lembrar o dever de prestar à nação os
serviços materiais e pessoais exigidos pelo bem comum.” (GS
75)
 O documento segue
 “Os governantes acautelem de entravar as associações
familiares, sociais ou culturais, as corporações ou organismos
intermediários, nem os prive de sua ação legítima e eficaz.
Antes procurem promove-la, de boa vontade e regularmente.”
(GS 75)
 O documente continua
 “Os cidadãos, todavia, seja individualmente seja em grupos,
evitem atribuir demasiado poder à autoridade pública e não
exijam dela inoportunamente privilégios e proveitos
exagerados, de tal modo que diminuam a responsabilidade das
pessoas, das famílias e grupos sociais.” (GS 75)
O anúncio do Evangelho nos
modernos areópagos
O anúncio do Evangelho nos
modernos areópagos
 Encíclica de S. João Paulo II Redemptoris Missio (07/12/90)
 No n. 37, em referência ao Apóstolo Paulo em Atenas no
areópago, fala de areópagos modernos (cf. RM 37)
 São João Paulo II escreve: “o areópago representava, então, o
centro da cultura do douto povo ateniense, e hoje pode ser
retomado como símbolo dos novos ambientes onde o
evangelho deve ser proclamado.”
 Ele considera areópagos modernos:
 O mundo das comunicações (para muitos são o principal meio de
informação e de formação);
 Empenho pela paz;
 O desenvolvimento e a libertação dos povos;
 A promoção da mulher e da criança;
 A proteção da natureza;
 Vastíssimo areópago da cultura, da pesquisa científica, das relações
internacionais que favorecem o diálogo e levam e novos projetos de
vida (RM 37)
 O fenômeno do “ressurgimento religioso” (RM 38)
A opção pelo ser humano e
preferencialmente pelos pobres
 “Partindo da comunhão dentro da Igreja, a caridade abre-se,
por sua natureza, ao serviço universal, frutificando no
compromisso dum amor ativo e concreto por cada ser
humano. Este âmbito qualifica de modo igualmente decisivo a
vida cristã, o estilo eclesial e a programação pastoral. É de se
esperar que o século e o milênio que estão a começar hão-de
ver a dedicação a que pode levar a caridade para com os mais
pobres.
 Se verdadeiramente partimos da contemplação de
Cristo, devemos saber vê-Lo sobretudo no rosto
daqueles com quem Ele mesmo Se quis identificar:
 ‘Porque tive fome e destes-Me de comer, tive sede e
destes-Me de beber; era peregrino e recolhestes-Me;
estava nu e destes-Me de vestir; adoeci e visitastesMe; estive na prisão e fostes ter Comigo’ (Mt 25,3536).
 Esta página não é um mero convite à caridade, mas
uma página de cristologia que projeta um feixe de luz
sobre o mistério de Cristo. Nesta página, não menos
do que o faz com a vertente da ortodoxia, a Igreja
mede a sua fidelidade de Esposa de Cristo.
 Ele, o Filho de Deus, uniu-Se de certo modo a cada homem;
mas, segundo as palavras inequívocas do Evangelho que
acabamos de referir, há na pessoa dos pobres uma especial
presença de Cristo, obrigando a Igreja a uma opção
preferencial por eles. Através desta opção, testemunha-se o
estilo do amor de Deus, a sua providência, a sua misericórdia,
e de algum modo continua-se a semear na história aqueles
gérmenes do Reino de Deus que foram visíveis na vida
terrena de Jesus, ao acolher a quantos recorriam a Ele para
todas as necessidades espirituais e materiais.” (Carta
Apostólica Novo Milennio Ineunte, 49)
 Papa Bento XVI afirma: “a opção
preferencial pelos pobres está
implícita na fé cristológica naquele
Deus que se fez pobre por nós,
para enriquecer-nos com sua
pobreza (cf. 2Cor 8,9)” (Discurso
Inaugural da V Conferência, 3)
 Conforme
Papa
Francisco:
“Deriva da nossa fé em Cristo,
que Se fez pobre e sempre se
aproximou dos pobres e
marginalizados, a preocupação
pelo desenvolvimento integral
dos mais abandonados da
sociedade.” (EG, 186)
A missão eclesial exige uma
conversão pastoral
 “Não podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos
templos, mas é urgente ir em todas as direções para
proclamar que o mal e a morte não têm a última palavra, que
o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória
pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca em Igreja , e
quer multiplicar o número dos seus discípulos na construção
do seu Reino em nosso Continente!” (DA 548)
 “A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá
além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral
decididamente missionária. Assim será possível que ‘o único
programa do Evangelho continue introduzindo-se na história
de cada comunidade eclesial’ (NMI, 20) com novo ardor
missionário, fazendo com que a Igreja se manifeste como mãe
que vai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola
permanente de comunhão missionária” (DA 370)
A relação Igreja-sociedade à luz da
doutrina social
A pessoa humana, a sociedade e a
subsidiariedade
 A Pessoa Humana “Imago Dei” (CDSI, 108-114)
 O drama do pecado (CDSI, 115-119)
 Universalidade do pecado e universalidade da
salvação (CDSI, 120-123)
 A pessoa humana é por natureza social,
na sociedade ele se desenvolve,
desenvolve suas capacidades e
responde à sua vocação. Ela é e deve ser
o princípio, o sujeito e o fim de todas as
instituições sociais.
 A sociedade é um conjunto de pessoas
vivendo de modo orgânico, é uma espécie de
assembleia visível e também espiritual.
Assume o passado e prepara o futuro. (cf. CF
2015 Texto Base, 176)
 Subsidiariedade: “uma sociedade de ordem
superior não deve interferir na vida interna
duma sociedade de ordem inferior, privando-a
das suas competências, mas deve antes apoiálas, em caso de necessidade, e ajudá-la a
coordenar a sua ação com a dos demais
componentes sociais, com vista ao bem
comum” (Catecismo da Igreja Católica, 1883)
A família: primeira escola das
virtudes sociais
 Família: necessidade de considera-la
com atenção redobrada por ser “uma
das instituições sociais que mais
corresponde à natureza humana”. (cf.
CF 2015 Texto-Base, 179)
O bem comum e o desenvolvimento
da sociedade
 O bem de cada um está relacionado ao
bem comum e este não pode definir-se
senão a partir da pessoa humana. (cf. CF
2015 Texto-Base, 188)
A comunidade política e o serviço ao
bem comum
 As autoridades políticas devem ter
o bem comumpor objetivo e é para
isto que existem. (cf. CF 2015 TextoBase, 194-195)
A participação na promoção da
justiça social
 Garantia de permanência da democracia
 Envolvimento voluntário nas questões sociais
 A pessoa participa do bem dos outros e da sociedade,
cuidado na educação da família
 Consciência com que se realiza o trabalho (cf. CF 2015
Texto-Base, 201-203)
A relação entre Igreja e Estado
 Por ter uma finalidade religiosa, a Igreja se
confunde com a comunidade política nem está
ligada a qualquer sistema político.
 Há uma pluralidade de formas de relação, a
colaboração com o estado não implica em
privilégios. (cf. CF 2015 Texto-Base, 208-211)
Quais os desafios e esperanças do
Setor Pastorais Sociais
1) Que não seja de direita nem de
esquerda nem de centro, mas que se
deixe conduzir pelo Espírito e se
esforce para alcançar as coisas do
alto (cf. Cl 3,1) e seja samaritana (cf.
Lc 10,25-37)
2) Que seja sem cor partidária
3) Que abarque diferentes
espiritualidades e ênfases
teológicas e pastorais
4) Que viva mais de esperança do
que de saudade
5) Que mesmo dando maior ênfase à
“diakonia” e à “martyria”, não se
descuide da “koinonia” e da
“leitourgia”
6) Que o êxito imediato não seja
o único nem o principal critério
de motivação pastoral
7) Que viva a gradualidade pastoral e
missionária, mas não perca de vista que “’não
pode haver verdadeira evangelização sem o
anúncio explícito de Jesus como Senhor’ e sem
existir uma ‘primazia do anúncio de Jesus
Cristo em qualquer trabalho de evangelização’”
(EG 110, citando J.Paulo II, Ecclesia in Asia, 478)
8) Que busque o Reino de Deus e sua
justiça (cf. Mt 6,33), como reinado e
soberania de Deus (cf. Ratzinger, Joseph,
Jesus de Nazaré, do Batismo no Jordão à
transfiguração, 64s), do Deus que cria e
salva o ser humano.
Que Deus nos ajude!