Ano 15 Ed 173 Outubro 2014 - Colégio de Umbanda Sagrada Pena

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Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
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A Umbanda hoje
A PALAVRA DO EDITOR
Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: [email protected]
A Umbanda, hoje, é moderna, é
contemporânea, é atual. A Umbanda,
hoje, tem curso, tem internet, tem Facebook e tem Instagran. A Umbanda,
hoje, tem literatura, tem estudo e tem
conhecimento. A Umbanda, hoje, é a
mesma Umbanda de ontem. A Umbanda, hoje, é a mesma Umbanda de
antes de ontem.
A Umbanda, hoje, é a mesma Umbanda de 1970. A Umbanda, hoje, é a
mesma Umbanda de 15 de Novembro
de 1908. A Umbanda, hoje, é a mesma
Umbanda de Zélio de Moraes, do Caboclo das Sete Encruzilhadas e da Tenda
Espírita Nossa Senhora da Piedade.
A Umbanda, hoje, é a mesma
Umbanda que foi debatida no Primeiro
Congresso Brasileiro do Espiritismo de
Umbanda em 1941. A Umbanda, hoje,
é a mesma Umbanda que se popularizou na década de 1950.
A Umbanda, hoje, é a mesma Umbanda que levou milhões de pessoas à
Festa de Iemanjá em 1970. A Umbanda,
hoje, é a mesma Umbanda que foi cantada na voz de Clara Nunes, Elis Regina,
Martinho e também de J.B. de Carvalho.
A Umbanda, hoje, é a mesma
Umbanda pé no chão, arruda na mão
e vela no altar. A Umbanda, hoje,
continua com o cheiro de charuto,
o fumacê do turíbulo e o aroma de
café. A Umbanda, hoje, é a mesma
Umbanda de ontem!
Hoje e ontem, a mesma Umbanda.
Mas o mundo não é o mesmo. A vida
não é a mesma. Nossa realidade não
é a mesma. As expectativas não são
as mesmas. A forma como as pessoas
vivem e se relacionam não são a mesma de vinte, trinta ou cem anos atrás.
Reconheça: esta Umbanda é a mesma
Umbanda; a mesma Umbanda, que
vem crescendo desde o seu nascimento.
Desapegue-se! Deixa a Umbanda
crescer, livre e solta, como deve ser!
A Umbanda não te prende, não queira
prender a Umbanda! Umbanda é Amor
e Liberdade, amor com liberdade, liberdade com amor! Consciência, nossa
doutrina é esta!
P.S.: A Umbanda não precisa
evoluir, quem precisa evoluir somos
nós, Umbandistas! A Umbanda já está
pronta no astral desde sempre! No entanto, há tanta coisa a ser feita aqui na
Terra. Cabe a nós aceitar nossa missão,
ou não, sem peso, apenas com AMOR!
Vamos trabalhar por amor, vamos
expediente:
Revisão: Marina B. Nagel Cumino
E-Mail: [email protected]
Diretor Fundador: Rodrigo Queiróz
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Vamos estudar, Umbanda é uma
cultura, Umbanda é uma riqueza
O JORNAL DE UMBANDA SAGRADA
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fazer a caridade por generosidade,
vamos estudar para conhecer melhor!
Se há algo para se conhecer, se há
algo que vale compartilhar e transmitir,
então todos os meios são válidos!
não vende anúncios
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Nossa capa:
É uma obra filantrópica, cuja missão
é contribuir para o engrandecimento
da religião, divulgando material teo­
ló­gico e unificando a comunidade
Umbandista.
Os artigos assinados são de in­
teira res­ponsabilidade dos auto­
res, não refletindo necessaria­
mente a opinião deste jornal.
As matérias e artigos deste jor­nal
podem e devem ser reproduzidas em
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Favor citar o autor e a fonte (J.U.S.).
Foto: Guias Mirins (Imagens Bahia)
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cultural, Umbanda é junto todas as
culturas que deram formação a esta
cultura brasileira.
E o que você está esperando
para mergulhar neste mar cultural?
Umbanda é alimento para sua alma!
Alimente-se!
Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
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As chaves da Umbanda
Por RUBENS SARACENI - Contatos: [email protected]
A UMBANDA É uma religião espiritualista
que ensina que a vida é eterna e que a
nossa curta passagem aqui no plano material destina-se à evolução, ao aperfeiçoamento e à conscientização dos espíritos.
Ela é uma síntese dos mistérios de fácil
aplicação na vida das pessoas, porque
dispensa maiores cuidados nas suas
ativações e suas dinâmicas de ações são
controladas pelos espíritos-guias, todos
ligados a um ou a vários desses mistérios.
Cada guia espiritual de Umbanda
sagrada é um espírito iniciado no mistério que seu nome simboliza ou oculta.
Sim, há nomes simbolizadores e nomes
ocultadores.
• o nome “Sete Flechas” é simbolizador.
Já o nome “Pai João do Congo” é ocultador.
• o nome “Tranca Ruas” é simbolizador.
Já o nome “Zé dos Cocos” é ocultador.
• o nome “Sete Encruzilhadas” é simbolizador. Já o nome “Maria Padilha” é ocultador.
• o nome “Sete Espadas” é simbolizador.
Já o nome “Maria Molambo” é ocultador.
E assim é com todos os nomes usados
pelos guias espirituais de Umbanda Sagrada, todos eles iniciados em um ou vários
mistérios da Criação, incorporados religiosamente por ela durante sua codificação
divina, codificação esta já ocorrida no plano astral antes da manifestação histórica
do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas
no seu médium, o nosso saudoso Pai Zélio
Fernandino de Moraes, este sim, iniciador
terreno da Umbanda. Sim, há um iniciador
da Umbanda no plano material e este é
Pai Zélio de Moraes.
Quanto aos que propugnam que ela
teve início em eras remotas ou entre
outros povos, estes fazem apenas um
exercício de comparatividade, porque confundem a prática de incorporar espíritos,
tão antiga quanto a própria humanidade,
com a Umbanda.
Só não vê quem não quer que o ato
de incorporar espíritos, evoluídos ou não,
é antiquíssimo e anterior ao próprio espiritismo, tão bem codificado por Allan Kardec.
O próprio Zélio de Moraes, ainda
moço, foi expulso de uma sessão espírita
porque incorporou os espíritos de um
“Caboclo” e de um “Preto-Velho”. E estes
espíritos já vinham sendo expulsos, assim
como seus médiuns, de outras sessões
espíritas de então.
O astral serviu-se de um espírito, o
Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas,
e de um médium, o nosso saudoso Pai
Zélio Fernandino de Moraes, para fundar
uma religião de espíritos manifestadores
religiosos de mistérios da Criação de Deus.
Se a incorporação é um dom e muitas
pessoas possuem esse dom, assim, também a Umbanda é uma religião que tem
nesse dom um dos seus fundamentos.
Agora, que já existiram, existem e sempre
existirão religiões mediúnicas, disso não
temos dúvidas. Os cultos afros e ameríndios são fundados na incorporação coletiva
ou individual de forças invisíveis.
• O xamanismo também se fundamenta
na incorporação de forças invisíveis.
• o espiritismo incorpora forças invisíveis.
• as pitonisas gregas e egípcias incorporavam forças invisíveis.
• os profetizadores de todos os tempos
incorporam forças invisíveis.
MAS NENHUM ERA OU É UMBANDISTA, CERTO? Que alguém vá até um pajé
indígena, até um xamã mongol ou siberiano
e até um feiticeiro africano e diga-lhe que ele
é umbandista e, com certeza, esse alguém
ouvirá essa pergunta: “O que é umbandista?”.
Será um tanto embaraçoso para esse
alguém explicar para o pajé, para o xamã e
para o feiticeiro africano o que é a Umbanda, já que eles praticam algo similar ao que
praticam os médiuns umbandistas e, com
certeza, eles perguntarão: “Qual é a idade da
sua religião?”. E ao saberem que ela só tem
um século de existência, dirão isto: “vocês
copiaram nossas práticas que são seculares,
não?”. E não adiantará dizer-lhes que a
Umbanda é a fiel depositária dessas práticas
milenares, distorcidas após a “queda” disso
ou daquilo, certo?
O fato é que a Umbanda é uma religião
praticada por muitas pessoas, a maioria possuidora dos mesmos dons dos xamãs, dos
pajés, dos feiticeiros e dos médiuns espíritas.
Apenas, exercitam estes dons segundo uma
dinâmica própria, já que, os dons, todos os
possuem em maior ou menor intensidade. E
ponto final!
Agora, quanto aos mistérios, há várias
formas de serem ativados e colocados em
nosso benefício. A Umbanda coloca-os em
ação a partir dos guias espirituais ou de certas
práticas de magia adaptadas à nossa espoca,
à cultura e às necessidades dos seus adeptos.
• Que negue quem quiser que a Umbanda
é religião iniciada por Pai Zélio de Moraes.
• Que aceite quem quiser que ela começou com ele.
• Que todos aceitem que a mediunidade,
uma em suas muitas faculdades, é exercitada
desde os primórdios da humanidade, e, portanto, a Umbanda é uma religião mediúnica.
• Mas que NINGUÉM negue que ela é,
de fato, uma religião dos mistérios de Deus!
SÉRIE MESTRE E DISCÍPULO I
Antes de cobrar alguma coisa
DEPOIS DE UM DIA de caminhada pela
mata, mestre e discípulo retornavam ao
casebre, seguindo por longa estrada. Ao
passarem próximo a uma moita, ouviram
um gemido. Verificaram e descobriram
um homem caído. Estava pálido e com
grande mancha de sangue, próxima ao
coração. Tinha sido ferido e já estava
próximo da inconsciência.
Com muita dificuldade, mestre e
discípulo o carregaram para o casebre
rústico, onde viviam. Lá trataram do
ferimento. Uma semana depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido
assaltado e que ao reagir fora ferido por
uma faca. Disse também que conhecia seu
agressor, e que não descansaria enquanto
não se vingasse.
Disposto a partir, o homem disse ao
sábio: Senhor, muito lhe agradeço por ter
salvado a minha vida. Tenho que partir e
levo comigo a gratidão por sua bondade.
Vou ao encontro daquele que me atacou
e vou fazer com que ele sinta a mesma
dor que senti.
O mestre olhou fixo para o homem e
disse: Vá e faça o que deseja. Entretanto,
devo informá-lo de que você me deve
Autor Desconhecido
3.000 moedas de ouro, como pagamento
pelo tratamento que fiz. O homem ficou
assustado e disse: Senhor, é muito dinheiro.
Sou um trabalhador e não tenho como lhe
pagar esse valor.
Com serenidade, tornou a falar o sábio:
Se você não pode pagar pelo bem que recebeu, com que direito quer cobrar o mal que
lhe fizeram? Antes de cobrar alguma coisa,
procure saber quanto você deve.
Não faça cobrança pelas coisas ruins
que aconteçam em sua vida, pois a vida
pode lhe cobrar por tudo de bom que lhe
ofereceu.
Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
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PRIMAVERA:Tempo de libertação
Mensagem do CABOCLO PEDRA DO SOL - Por MARIA DE FÁTIMA GONÇALVES - Contatos: [email protected]
NÃO DEIXE QUE a tristeza tome
o lugar do Amor em seu coração.
Tristeza guardada, prolongada, gera
amargura.
A amargura leva ao desânimo.
E o desânimo é uma porta aberta
para a atração de ataques negativos.
Desencarnados que ainda se comprazem no mal, passando a viver nas
sombras que para si mesmos criaram,
nada podem contra um coração pleno
da leveza do Amor. No entanto, são
atraídos pelo desânimo que abate
alguns encarnados: colam-se a eles,
sugando-lhes a energia vital.
É que o desânimo mina a vitalidade
natural do ser humano, cujo sistema
imunológico, então, deixa de funcionar
a contento. Essa baixa nas defesas
naturais da pessoa faz com que ela
entre mais fortemente na frequência de
energias igualmente enfermiças. Persistindo, tal sintonia irá desequilibrar-lhe
o campo emocional e o mental, para
depois abater-lhe o físico.
O processo é silencioso. Começa pela repetição de pensamentos
negativos que parecem surgir do
nada. Depois, a menor contrarieda-
de dispara o pensamento negativo,
depois as emoções e os sentimentos
em desequilíbrio; e o ciclo fica se
repetindo. Se a pessoa não reage
(por meio da oração, da meditação,
da busca de um passe magnético,
ou de outro mecanismo de limpeza
espiritual), todo o seu equilíbrio estará
em risco; sobrevindo as sensações de
desconforto, depois a revolta, depois
o abatimento.
Dependendo do grau de evolução
da pessoa, isso poderá acontecer em
pouco tempo ou, então, no decorrer
de alguns anos. Quanto mais informações a pessoa acumule a respeito
dessas questões, maior será a sua
responsabilidade em repelir os pensamentos, emoções e sentimentos
negativos. Bem informada, ela será
capaz de identificar que aquele padrão
emocional/mental não é seu e, de
pronto, precisará afastá-lo. Caso não
o faça, os efeitos do ataque espiritual
serão rapidamente sentidos.
Para libertar-se, basta dizer a si
mesma, com sincera convicção: “Esse
pensamento/sentimento/emoção não
me pertence; que volte ao ponto de
origem e seja absorvido pela Lei e
pela Justiça Divinas”. Imediatamente,
os Tronos da Lei e da Justiça entrarão
em ação na defesa daquele fiel e no
encaminhamento do “vampirizador
invisível”, pois o Criador a ninguém
desampara!
A limpeza mental e emocional é
tão ou mais necessária do que a higiene do corpo físico. Precisa ser feita
diariamente, e até várias vezes ao dia.
Não podemos nos permitir o acúmulo
de negatividades em nosso íntimo.
O nosso coração é a Casa do
Amor, é o ponto de contato com o
Amor Maior que rege a Criação. É um
canal que não pode andar obstruído
por vibrações menores. Somos os principais responsáveis pela sua higidez.
Podemos fazer isso. Precisamos!
E quando cuidamos do nosso
equilíbrio, ao mesmo tempo, e ainda
que não o saibamos, também auxiliamos outros irmãos que precisam
dessa ajuda. Quando um irmãozinho
desencarnado, que se encontre enfermo como aqui mencionamos, é
afastado do nosso campo magnético
por Obra da Lei e da Justiça de Deus,
no mesmo instante, ele recebe mais
uma oportunidade de ajuda.
Se ele irá aceitá-la ou não, isso
não nos compete julgar. Fizemos
a nossa parte: identificamos-lhe a
presença em desequilíbrio que fora
atraída pelas nossas próprias negatividades; então nos limpamos, e o
entregamos nas Mãos do Pai-Mãe de
tudo e de todos, para que também se
corrija. Pedimos a nossa libertação e
a dele. Demos-lhe um presente, inspi-
rados pelo Amor que a tudo sustenta;
mas não podemos exigir que o nosso
irmãozinho o aceite... Na compreensão dessas questões, ocorre que cada
um tem o seu próprio tempo. Aceitar
e respeitar esse fato só fará bem ao
nosso coração.
Então, que aproveitemos o advento da Primavera para nos libertar:
banhando o nosso coração nas Cores
da Luz do Sol Maior do Amor Divino.
Paz e Luz a todos! Namastê!
O nosso universo umbandista
Por ANDRÉ COZTA - Contatos: [email protected]
NO NOSSO Universo Umbandista, convivemos cotidianamente com manifestações divinas, naturais e espirituais.
É neste universo que nos conectamos
com o divino, por intermédio dos manifestadores dos Mistérios Maiores (os
Orixás Sagrados), ou por meio de espíritos humanos atuantes nas linhas de
trabalhos (de direita ou de esquerda),
ou, até mesmo, espíritos naturais ou
encantados, também manifestadores
dos Mistérios Maiores. Além, é claro,
dos seres divinos manifestadores dos
Orixás.
Adentrar um templo umbandista,
assistir ou participar ativamente de
um trabalho espiritual, de uma engira,
é simples. Não tão simples assim é
absorver no íntimo o nosso universo
umbandista.
Digo isso, por que, infelizmente,
ainda podemos perceber em alguns
umbandistas certa resistência às manifestações que ocorrem nos trabalhos,
fruto da falta de uma base sólida de
conhecimento, o que acarreta na manifestação de preconceitos calcados
em mitos criados por pessoas que
pouco sabem acerca da lógica da
manifestação natural da Fé. Manifestação natural da fé que é milenar e se
reproduz, na atualidade, aqui no Brasil,
entre outras religiões, na Umbanda.
E o que é a manifestação natural
da Fé? Ora, é a simples manifestação
de Deus, Seus Poderes e Mistérios, a
partir da Natureza, seus elementos,
fenômenos e Divindades.
Então, podemos concluir que num
simples galho de arruda há uma manifestação divina? Na chama de uma
vela e num copo d’água também? Sim,
nestes elementos citados e em tantos
outros mais. Porque não somos mentalistas, abstracionistas. A manifestação
divina se dá, para nós, a partir do que
é concreto, ou seja, da Natureza Mãe.
Tudo isso é perfeitamente compreensível, até que barremos no velho
preconceito manifestado por muitos
que se sentem incomodados com a
forma de cultuar o que é divino por
nós, os umbandistas. Pois bem, então,
após esta dissertação, meu recado
vai para os umbandistas. Pretendo
provocar uma breve, porém, profunda
reflexão.
Quando adentramos um Templo
de Umbanda, devemos fazê-lo com
reverência, amor, fé, devoção, afinal,
estamos entrando na Casa de Olorum,
nosso Pai.
Tendo dado este primeiro passo,
precisamos compreender tudo o que
compõe aquele espaço e também
o ritual que se iniciará. E quando
falo tudo, é tudo mesmo, desde um
incenso, passando pelo defumador,
elementos usados pelos guias, imagens e tudo o mais que possa fazer
parte da ritualística. Ritualística esta
que não é fetichismo, misticismo ou
qualquer outra definição maliciosa que
se possa dar; é, em si, a manifestação
da nossa fé.
Mas, tenho, por um acaso, enquanto umbandista, vergonha de
manifestar a minha fé?
Então, respondo o que penso: se
eu ainda sinto vergonha de me dizer
umbandista aos quatro ventos, se
questiono as manifestações, baseando
estes meus questionamentos em pré-conceitos advindos de adeptos de
outras doutrinas (de onde, em alguns
casos, muitos de nós viemos), eu não
sou de fato um umbandista.
Se ainda questiono acender uma
vela de anjo de guarda em minha
casa, ou firmar elementos para meus
guias a fim de que possam se servir
do axé destes para trabalharem em
meu benefício, eu não sou de fato um
umbandista.
Com todo o respeito que devo à
todas as formas de se pensar a Fé
(por que todas são legítimas), coloco
aqui, encerrando esta reflexão: somos umbandistas e nosso Universo
é Natural. Prossigamos cultuando e
reverenciando o que é Divino a partir
da Natureza, pois, o terreiro é uma
extensão dos campos de forças naturais e este é e sempre será “O Nosso
Universo Umbandista”.
Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
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Umbanda, uma religião sem dogmas
Por ADRIANO SANTOS - Contatos: [email protected]
DE ALGUNS ANOS para cá, tenho visto
muita gente reclamar (com razão) que
gostaria de frequentar uma religião,
mas que, na maioria delas, existem
dogmas que estão muito fora da realidade dos tempos atuais. Se o indivíduo
é um livre pensador, é curioso, presa a
liberdade, questiona as coisas ao seu
redor e é científico, muito provavelmente não se sentirá bem em nenhum
desses sistemas religiosos dogmáticos.
Os dogmas não deixam a maioria das
religiões evoluírem.
O mundo evoluiu muito nesses
últimos 2000 anos, mas, se você
analisar, houve um aceleramento
nessa evolução no final do século
XIX e em todo século XX; sendo que,
nos meados dos anos 60, houve um
avanço tecnológico incrível que fez
avançar ainda mais essa evolução.
Agora, no século XXI, estamos vivendo
a “era da informação”, temos acesso
à informação de tal forma que, se
essa tecnologia que usufruímos hoje
fosse divulgada há uns 40 anos, se-
ria vista como ficção científica pela
maioria das pessoas. E, nesse novo
mundo de informação, você pode se
encontrar virtualmente com pessoas
de outras culturas, outras etnias e
dos lugares mais remotos da terra, e
assim compartilhar das mais diversas
experiências.
Tudo ficou extremamente dinâmico,
mas, infelizmente, para a maioria das
religiões, isso não ocorreu. Enquanto
houver dogmas, não haverá evolução
plena dentro do sistema religioso. O
indivíduo, em um sistema dogmático,
evolui até certo ponto, ou seja, até
onde os dogmas o permitem ir, pois é
proibido ir além. Isso me faz lembrar
de um trecho de uma música do Raul
Seixas chamada Rock do Diabo, que diz
assim: “Mamãe disse a Zequinha; Nunca
pule aquele muro; Zequinha respondeu;
Mamãe aqui tá mais escuro…”.
O que isso quer dizer? Que muitas
vezes, dentro de um sistema religioso
dogmático, lhe é dito para fazer algo
que não faz sentido, que não faz parte
da natureza humana, que contradiz o
bom senso comum, e pior, que não
tem lógica. Então, o indivíduo aceita porque é um dogma da religião,
mas vai contra a sua natureza e, na
maioria das vezes, ele não tem uma
explicação do por que daquilo. Na minha opinião, esse é um dos principais
fatores que têm afastado as pessoas
da religião. Se as religiões dogmáticas
não mudarem, elas estarão destinadas
ao fracasso, pois vem causando nas
pessoas mais esclarecidas uma certa
antipatia com relação às religiões de
maneira em geral.
E, nesse aspecto, o que a religião
de Umbanda tem de diferente?
Primeiro, dentro da religião de
Umbanda não existem dogmas, tabus
e pecado! A Umbanda tem um sistema
livre e uma via evolutiva em todos os
sentidos. A Umbanda, além de ter um
sistema iniciático, faz o papel que a
religião deve, ou pelo menos deveria
fazer, que é dar os subsídios para ligar
o homem a Deus. Ela procura fazer
isso da seguinte forma: trazer ao indivíduo o contato com o divino, de forma
livre, sem dogmas, preconceitos, tabus
e principalmente sem cobrar por isso.
Além disso, a Umbanda também
tem uma face iniciática disponível a
quem quer se iniciar nos seus mistérios, através dos estudos e desenvolvimento mediúnico. Os estudos são
práticos e teóricos e, com o desenvolvimento mediúnico, o adepto entra em
contato com esses mistérios divinos
através de várias ritualísticas. Começa
a receber o mistério diretamente, sem
intermediador, sendo que o trabalho
do sacerdote, nesse caso, é preparar
o médium para que ele se inicie nos
mistérios e depois que estiver preparado, caminhe com as próprias pernas,
e não que ele, o sacerdote sirva de
muleta ou de único intermédio com
as divindades de Deus.
O adepto (médium umbandista)
tem a liberdade de questionar, de
saber o por que das coisas dentro da
religião, liberdade de estudar outras
vertentes e outras religiões. Ele é
incentivado a procurar a lógica dentro
da própria religião, é incentivado a
caminhar com as próprias pernas, é
esclarecido de que a vida que o cerca
é resultado das ações dele (lei de
ação e reação) e não de um pseudo
Deus com uma grande disposição a
castigar alguém, porque, afinal, se
Deus é um ser vingativo, ele não é
Deus, é humano.
Como a religião de Umbanda
não tem a intenção de controlar as
massas, não tem a intenção de escravizar o indivíduo, não tem a intenção
de arrecadar rios de dinheiro para
construção de templos mirabolantes,
então, ela faz o que toda religião séria
deveria fazer: proporcionar esse contato com Deus e suas divindades de
forma livre, igual a todos e fraterna.
Através da religião de Umbanda,
podemos participar de um sistema
religioso livre de dogmas, tabus, preconceitos e direcionado à evolução em
todos os sentidos.
prática do amor, do bem e da caridade;
que conduz a um fortalecimento da
fé, a um desenvolvimento maior de
seus dons naturais, de suas virtudes,
e ao autoencontro, para assim vencer
seus monstros internos, se autoconhecer e ter liberdade de consciência;
conduz ao desenvolvimento de sua
mediunidade, de seu aprimoramento
moral; conduz a um aprendizado material/espiritual na convivência com
os irmãos de caminhada, pois neste
contexto as ligações acontecem por
afinidade, necessidade evolutiva, de
todos os envolvidos e comprometidos
no processo.
Mudanças acontecem, pessoas
saem e entram umas nas vidas das
outras. Os laços de amor e amizade,
perduram além das escolhas de cada
um, quando são profundos, verdadeiros. Quando o aprendizado termina,
algo acontece e outro caminho se
apresenta, vamos aprendendo a dar
os próprios passos, e isto é natural.
Nada é eterno. Embora a eternidade
exista; tudo no universo é cíclico, nada
é permanente na evolução, pois até
mesmo o planeta terra está evoluindo
e sua paisagem se alterando com o
passar dos milênios.
Então sigamos pelo caminho que
a força da VIDA nos instiga, e que lá
possamos permanecer com toda fé,
amor, que formos capazes de sentir
e emanar. E quando o íntimo emanar
uma mudança, de atitude, de caminho,
que busquemos ouvir a voz que fala
na alma e sigamos pelo caminho que
trouxer paz, sem deixar de sermos gratos por todas as experiências, pessoas,
ensinamentos e acontecimentos que
nos trouxeram SABEDORIA.
Gratos até mesmo pelas lições que
vieram através da dor e da decepção,
e que dor e decepção não sejam sementes lançadas intencionalmente por
nossas mãos no caminho que nossos
pés pisarem. Que aprendendo como
algumas atitudes nos feriram, não as
pratiquemos com os outros. A DOR
como sábia conselheira faz parte do
caminho, mas que as lições de amor
possam ser mais presentes e que o
respeito com o nosso próximo possa
nos conduzir a nunca segregar ou negar a mão a um irmão que necessite
de ajuda.
DEUS fala em nosso íntimo e, ao
seguirmos sua voz, tudo o mais será
acrescentado. Nesta estrada, todos
são irmãos de caminhada, independentemente do nível e entendimento
acerca do que é FRATERNIDADE, os
grupos espirituais existem para acolher
e orientar as almas. A necessidade
evolutiva nos conduzirá por onde for
necessário e lá permaneceremos o
tempo que for preciso para aprendermos o que precisamos e ensinar
o que já compreendemos, se não em
palavras, em atitudes.
Sim, todos estamos aprendendo/
ensinando, mesmo quando erramos/
acertamos, pois o erro/acerto é “ilusório”, só existe na realidade maior o
APRENDIZADO de cada experiência
vivida.
Caminho
Por DENISE SANTOS - Contatos: [email protected]
Tudo no universo, é “energia”
e está em constante movimento.
Chamamos de energia a tudo: o que
conhecemos e o que desconhecemos.
Dentro do universo existem infinitos
tipos, formas, manifestações, irradiações e emanações energéticas. Até
mesmo quando uma energia cósmica
atua nos seres para decantar, ou paralisar, um sentido a fim de que o ser
mude suas atitudes e ações diante da
vida, diante do caminho a ser seguido,
até neste momento existe uma força
maior EM MOVIMENTO para que isto
aconteça.
Então por que com o caminho
evolutivo seria diferente? Por que um
ser deveria seguir por uma mesma
trilha, se o seu íntimo o instiga a
desbravar novos mares? Se deseja
conhecer, sentir, aprender em novos
rumos? Quem sabe trilhando um
caminho diferente?
Esta força maior que rege O
TODO está dentro de todos os seres,
de todas as criaturas, em todos os
universos. Quando ela atua é maior
que tudo, maior que a sensação de
controle que sentimos sobre os acontecimentos, maior que as certezas e
maior até mesmo que o conhecimento
que temos sobre nós mesmos e os
outros!
A energia criadora, mantenedora,
movimentadora, renovadora, está
agindo em TUDO, está regendo o
TODO em todas as suas manifestações: no mineral, vegetal, animal, em
todos os seres, em todas as organizações, sejam elas sociais, culturais,
filosóficas, religiosas, políticas.
As religiões são caminhos, que
conduzem rumo ao retorno a casa do
Pai. Os templos, tendas, grupos religiosos e filosóficos são as diferentes
formas de trilhar e conduzir as almas
neste caminhar. Um caminho espiritual
pode ser trilhado de várias formas
e serve, na estrada evolutiva, para
conduzir os seres a um FIM MAIOR,
que nada mais é que uma religação
com o plano espiritual e a vivência da
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Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
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O amor de
Mamãe Oxum
Por MARINA CUMINO Contatos: [email protected]
PEDRO era um menino muito educado,
que gostava muito de seus amigos e
de sua família. Mas, como todo menino, às vezes ele esquecia de alguma
tarefa, ou ficava triste porque queria
brincar ou ver televisão, e não ajudar
sua mãe. Ele estava sempre tão ocupado com tantas brincadeiras...
Quando sua mãe ia chamá-lo para
comer, ou para dormir, ou para tomar
banho, ele ficava bravo.
Seus pais frequentavam um terreiro de Umbanda, e ele gostava de
ouvir o som dos atabaques e de ver
os espíritos falando coisas bonitas por
meio das pessoas vestidas de branco.
Mas, às vezes, ele não queria parar de
brincar para ir ao terreiro.
Um dia, ele chegou lá chateado,
porque estava no meio de um jogo
muito importante e teve que parar.
Quando a gira começou, ele já ficou
um pouco mais calmo, porque realmente adorava ouvir os atabaques.
Pedro estava distraído, quando viu
uma moça começar a rodar e rodar, e
a mexer as mãos. Ele perguntou para
sua mãe por que ela estava dançando
assim. E ela respondeu:
- Com essa moça, está Mamãe
Oxum, meu filho. O orixá do amor.
- Orixá do amor, mamãe?
- Isso. Ela é a força de Deus que
traz o amor para nossas vidas. Uma
mãe que nos ensina a amar a tudo
e a todos. E sempre traz tudo o que
precisamos.
- Se ela nos dá tudo o que precisamos, então ela vai me dar muitos
brinquedos?
- Não, meu filho. Ela também nos
ajuda a conseguir as coisas que queremos, mas não é só isso que ela faz.
Ilustração: Lisa Pereira
Nós somos
a parte,
a Umbanda
é o todo!
Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: [email protected]
Nós somos umbandistas!
A Umbanda é muito mais que todos nós juntos!
O terreiro é de Umbanda!
A Umbanda é muito mais que todos os terreiros juntos!
A Umbanda está além do que pode ser apreendido dentro de um terreiro.
A parte não pode conter o Todo,
Nenhum de nós alcança o Todo!
A Umbanda é mais, muito mais do que podemos conceber.
Cada parte manifesta um pedacinho do Todo,
Cada terreiro é um pedacinho deste Todo, a Umbanda!
Ela nos traz a calma para compreender
as necessidades dos outros, ao invés
de prestarmos atenção só no que
queremos. Ela nos ensina a dividir o
que temos, para que possamos receber muito mais. Ela nos ensina que o
amor de nossa família, de nossos pais
e irmãos, é a coisa mais importante
do mundo. Assim como eu te amo,
Pedro, Mamãe Oxum também te ama
e entende que, muitas vezes, é difícil
abrir mão de algo importante para
cumprirmos com nossas obrigações.
Mas cada vez que ajudamos alguém,
o amor de mamãe Oxum cresce dentro
de nós e nossa vida fica mais bonita,
pois todos ficam felizes. E logo podemos voltar a fazer o que gostamos.
- E como eu faço pra Oxum me
ajudar, mamãe?
- Você pode acender uma vela pra
ela... pode ser rosa ou amarela, você
escolhe. E junto colocamos uma rosa
e oferecemos pra ela. Ela adora flores!
Quando damos algo pra ela, mamãe
Oxum agradece trazendo muito amor
para nossas vidas.
Ah... Oxum mora nos rios e cachoeiras. Esse é o lugar da natureza onde
podemos sentir melhor a presença
de mamãe Oxum, sentir a sua força.
E, claro, podemos rezar. Quer rezar
comigo?
- Eu quero, mamãe.
- “Oxum,
Amada mãe dos rios e cachoeiras
Acalma o nosso coração
Banha nossa alma com o teu amor
Nos ensina a ter compaixão
Traz a abundância e a beleza
A riqueza em todos os sentidos
A força da sutileza
Abençoa nossa família
Cuida do nosso amor”.
Cada cabeça é um universo diferente,
Cada coração é uma porta para unir estes universos.
Cada templo é um lago que apenas reflete a Lua,
Cada guia é um dedo apontando para a Lua.
Cada terreiro é um universo particular,
Cada terreiro é uma porta aberta para o coração de Olorum!
Não se apegue à parte,
Não se apegue à cabeça,
Não se apegue ao lago,
Não se apegue ao dedo!
Vá direto ao coração,
Vá direto à Lua,
Vá direto à Umbanda,
Vá direto a Olorum!
As partes não devem se apegar a outras partes, mas se unirem ao Todo,
Por isso a Banda se une ao UM e temos a UMBANDA!
UMBANDA, onde a parte se une ao Todo, uma só cabeça, um só coração.
Uma única banda, a banda do UM.
Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
Página - 8
Nossos monstros Estado mediúnico de
cada médium
internos
Por FABIANA CARVALHO- Contatos: [email protected]
ANTES DE sermos médiuns, somos
todos humanos encarnados - com
falhas, defeitos, medos, desequilíbrios
e negatividades humanas. E um sacerdote nunca pode esquecer a parcela
humana encarnada, ou analisar uma
situação potencialmente espiritual.
É comum ter no corpo mediúnico
algum médium, novo ou mais antigo
na Casa, que reclama constantemente
de estar sofrendo ataques espirituais,
ter sofredores a incomodá-lo, obssessores que não o deixam em paz e
magias negras que são feitas e refeitas
contra ele sempre, o tempo todo.
Nas primeiras reclamações, o
sacerdote lhe dá atenção redobrada,
ensina e orienta para fazer oferendas,
faz procedimentos específicos no
terreiro de descarrego e limpeza só
para ele, incorpora seus Guias para lhe
darem um passe e orientações. Então,
tudo melhora. Em pouco tempo, novos
ataques espirituais, mais sofredores,
obsessores, quiumbas e magos negros
voltam a persegui-lo. E o sacerdote,
novamente, dispõe de todo seu arsenal macumbístico para ajudar esse
filho. E novamente ameniza, mas logo
voltam os ataques.
Então, esse dirigente se pergunta
o que há de errado: estou enfrentando
forças poderosas das trevas? Sou um
sacerdote despreparado? Onde está
minha falha? Cadê os Guias deste filho
para protegê-lo? E busca a resposta
do lado de fora... quando, na verdade, está dentro, dentro do emocional
deste médium.
Os ataques espirituais mais fortes
e pesados (se realmente existiam)
foram resolvidos logo nos primeiros
procedimentos de oferendas, rituais,
banhos, descarregos e passes com
os Guias.
A Umbanda é especialista em
lidar com o baixo astral e o sacerdote, um mestre na arte da limpeza,
desobsessão e quebra de magia.
Então, o que sobra e se apresenta
nos “ataques” subsequentes é a carência e a necessidade desta pessoa
de chamar a atenção do sacerdote,
dos seus irmãos de terreiro e/ou de
sua família - sua fragilidade emocional, seus medos, seus anseios, suas
frustrações, que ele não consegue
lidar sozinho e que se apresentam
como sombras e fantasmas em seu
campo mediúnico.
O dirigente umbandista tem que
saber diferenciar o que vem de fora
para dentro e o que se apresenta
de dentro para fora. Deve perceber
em qual caso aquela situação se
encaixa e ter uma conversa franca
com seu médium. Não deve ter
medo de magoar ou ofender aquele
filho apontando a origem interna de
seus supostos ataques. É o que se
espera de um orientador religioso...
ORIENTAÇÃO!
Se os monstros são internos, é
preciso conhecê-los para enfrentá-los e vencê-los. E conhecedor de
que seu desequilíbrio é interno e está
em seu emocional, esse médium irá
permitir que seu sacerdote o ajude a
levantar-se, fortalecer-se e encontrar
seu ponto de equilíbrio novamente
com rituais, oferendas, defumações,
banhos e orações de devoção aos Pais
e Mães Orixás, que são os verdadeiros
“médicos e terapeutas” de Deus.
Por FÁBIO SILVA - Contatos: [email protected]
CONSCIENTE
É o médium que sabe da sua
missão mediúnica, chega à porta do
terreiro e saúda os guardiões da porteira, Orixás e Guias espirituais que
regem a casa.
Sabe que, independente da sua
posição social ou profissão, todos no
ambiente são iguais perante a espiritualidade, ou seja, entende que não
é vergonhoso varrer o espaço, limpar
os bancos e organizar o ambiente
de modo geral para a recepção dos
consulentes. Lembrando que isto
vale tanto no início, como no fim
dos trabalhos.
Não fica de conversas paralelas,
principalmente na entrada do terreiro
onde ocorre a passagem dos consulentes, pois a primeira impressão é a
que fica.
Sabe que sua mediunidade não é
melhor ou superior à do irmão, independente do grau mediúnico, cursos,
ou tempo de casa.
Sabe que não há diferença alguma
entre médium que incorpora e médium
que não incorpora. Entende que cambone está a serviço da espiritualidade
e não do médium.
Respeita as regras da casa e
preceitos pré-determinados pelo dirigente espiritual, guia chefe ou mentor
da casa.
Toma banhos energéticos periodicamente, acende velas para o anjo
de guarda, firma sua esquerda e seus
Orixás.
Evita fofocas, intrigas entre irmãos
ou comentários maliciosos.
SEMICONSCIENTE
INCONSCIENTE
Conhece a sua jornada espiritual
e mediúnica. Chega ao terreiro e,
algumas vezes, saúda a esquerda/
guardiões da porteira.
Não entende o fundamento de
saudar a esquerda, os Orixás e Guias
espirituais que regem a casa. Pouco conhece dos fundamentos da sua religião.
Tem plena convicção que é diferenciado
perante aos irmãos de fé e, quando o
assunto é organização, limpeza física
do ambiente, fica de cara fechada. Ao
final dos trabalhos, é o primeiro a sair,
sem antes abraçar os irmãos e desejar
um bom final de semana.
Tem ciência da sua posição, mas
quando o assunto é organização da
estrutura física do terreiro, como
pinturas, ajustes estruturais, limpeza
do altar/conga, varrer, passar pano e
faxina em geral, o faz, mas não com
amor, mas com obrigação.
Quando chega no terreiro fica o
tempo todo conversando e, muitas
vezes, falando alto, sem perceber a
presença dos consulentes que ali estão
presentes.
Por vezes, sem que a conversa
esteja em pauta ou em evidência,
fica contando os cursos que possui,
tempo de umbanda, ações dos seus
guias, como se estivesse em alguma
empresa fazendo entrevista.
Acha que tem diferença mediúnica
entre incorporar e não incorporar.
Algumas vezes, torce o nariz
quando é estabelecido alguma regra
ou um novo método de trabalho.
Acha que o cambone é seu empregado e, ao final dos trabalhos, deixa
tudo que foi feito por seu guia e nada
recolhe. Acredita que sua mediunidade é superior aos irmãos de trabalho.
Não faz visitas aos campos de
força, não acende vela para seu anjo
de guarda, muito menos para seus
Orixás e Guias. Está sempre envolvido em fofocas e conversas paralelas,
ou até mesmo fazendo comentários
maliciosos.
Claro, ninguém é perfeito e nem
santo, mas essas são algumas dicas
que servem para refletirmos, afinal
de contas, a luta pela reforma íntima
é eterna.
Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
Página -9
O fascínio espiritual
Por NIKOLAS PERIPOLLI - Contatos: [email protected]
VIVEMOS EM uma religião espiritual,
onde o contato com o plano espiritual
é direto, simples e eficaz. Dispensa
complicações e une a tudo e a todos.
Na Umbanda, não há escolhidos, não há
elite, e, sim, trabalhadores espirituais,
sem pompa, sem frescura: mão na
massa, fé no coração e amor no que
acreditamos e fazemos.
Porém, sabemos que entre nós,
umbandistas, existe uma ideia implantada no inconsciente coletivo de
que, no plano espiritual, tudo será
melhor, tudo será fácil. Chegaremos
lá e encontraremos nosso caboclo,
nos abraçaremos e entraremos em
grandes bibliotecas, grandes reuniões
sobre o futuro da humanidade, e tudo
é luz e paz.
Essa ideia existe em nosso inconsciente coletivo, pois é uma reação, um
reflexo de nossas frustrações terrenas e
momentâneas, pois, dia após dia, projetamos nossos sonhos de que em algum
momento, em uma outra vida, no plano
espiritual, tudo será melhor.
Paramos por aqui! Vamos mudar
isso! Não joguemos nas “costas” do
plano espiritual ou dos guias a paz que
tanto queremos, os nossos sonhos de
paz, amor, harmonia e o fim de nossos
problemas. Paremos de projetar nossa
vida, nossos sonhos, para um tempo que
não é o hoje.
Se não resolvermos nossa vida aqui,
encarnados, não será diferente no plano
espiritual. No plano espiritual, existem
faixas positivas e faixas negativas que
vibram cada uma em um padrão e
magnetismo específico, para as quais
são enviados por afinidade os espíritos
que tem a mesma energia afim. Ou
seja, vamos trabalhar nosso íntimo para
melhorarmos como pessoas, como seres
humanos, aqui.
Nossa vida não vai melhorar quando formos para a Aruanda. Nossa vida
melhora quando nós saímos da zona de
conforto e vamos trabalhando, observando nossos pontos fracos, nossas “feridas”,
nossos “calos”. Nesse momento, você
cresce, você pega o rumo da sua vida,
segura as rédeas do seu destino e, aí sim,
a luz brota de dentro de você.
Muito já foi falado para não usarmos
nossos guias como bengalas para nossos
problemas, e estendo isso para o plano
espiritual. Não use as histórias bonitas
que lemos sobre as esferas positivas para
jogar todas nossas frustrações e desejos
de paz e amor para “quando formos” para
lá. Quebre a bengala, levante sua cabeça
e vamos amadurecer.
A Umbanda não presta
e eu sou crente
Por FÁBIO VERCH - Contatos: [email protected]
Templo de Doutrina Umbandista
Pai Oxalá
e
Pai Ogum
MAGIA DIVINA DAS
SETE PEDRAS SAGRADAS
segunda-Feira: Das 20h00 às 22h00
SACERDÓCIO
terça-Feira: Das 20h00 às 22h00
COM O PASSAR do tempo, fui me aprofundando cada vez mais nos estudos
e aprendendo mais sobre a Umbanda.
Aprendi duas coisas: A Umbanda não
presta e eu sou crente.
Nos últimos 10 anos, aprendi que
Umbanda não presta para pessoas
que não têm caráter. Não presta para
pessoas que vivem da religião, e não
para a religião. Não presta para aqueles
que usam o nome de Deus em vão. Não
presta para aqueles que vivem de ilusão,
para aqueles que buscam uma vida fácil
e sem nenhum sacrifício.
A Umbanda realmente não presta
para aqueles que não têm amor ao
próximo, que não buscam a caridade
como meio de se elevar ao nosso grande
Pai. A Umbanda não presta para aqueles
que não buscam estudar e se aprimorar
como ferramentas para que seus guias
encontrem caminhos de se manifestarem.
A Umbanda não presta para aqueles que
não entendem a simplicidade de um preto
velho, a humildade de um caboclo e a
pureza de uma criança.
A Umbanda não presta para aqueles
que não se arrepiam com o som do
atabaque vibrando no peito, não sentem
o perfume da defumação, o significado
da pemba e a simbologia das imagens.
A Umbanda não presta para quem não
tem fé.
Aprendi também que ser crente,
por definição do dicionário é: ”1 Que, ou
pessoa que tem fé religiosa. 2 Sectário
ou sectária de uma religião. 3 Que, ou
pessoa que acredita.” Assim sendo, sou
crente, pois acredito, creio e confio nessa
Religião pela qual, a cada dia, eu me
apaixono mais.
Sou crente nos Orixás, sou crente nos
Pretos-Velhos. Sou crente que um dia nossa Umbanda possa ter mais filhos do que
afilhados. Mais bandeiras espalhadas pelo
mundo. Mais caboclos gritando e atirando
flechas para o alto.
Sou crente naquilo que faz meu coração querer bater mais alto que o atabaque.
Sou crente na Umbanda. Sou Umbandista,
graças a Deus!
Desenvolvimento mediúnico
Quinta-Feira: Das 20h00 às 22h00
SÁBADO: das 14h00 às 16h00
MAGIA DIVINA DAS SETE LUZES SAGRADAS
SÁBADO: das 10h00 às 12h00
Rua Tietê, 600 - Vila Vivaldi
Rudge Ramos - S.B. do Campo
Tel. (11) 4365-1108 - à partir das 13h00
www.paioxalapaiogum.com.br
O JORNAL DE UMBANDA SAGRADA
não vende anúncios ou assinaturas
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Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014
Página -11
Passos certos
Mensagem de PAI JACÓ - Por PAULO RENATO BREDARIOL - Contatos: [email protected]
CAMINHO COM meus pensamentos. Destino
não tenho, o vento me leva até onde tenha que
chegar. Marco meus passos com meu cajado,
para que outros se guiem pelos meus passos.
Muitos se sentem vazios, mas nada procuram
fazer para mudar. No tempo em que se vive,
a escolha do que se busca para si é o que se
deve plantar.
Não se colherá amor, se amor não plantar;
não se colherá prosperidade, se as sementes
do sucesso não conseguir plantar. Não é preciso acreditar, caso queiras em minhas palavras
não acreditar. Minhas palavras servem para
apenas prevenir o que um dia podem a vir
precisar. Acredite apenas que o amor é capaz
de transformar, é capaz de trazer de volta a
crença que tens escondida dentro de ti em
algum lugar; só você poderá achar.
Brigas e confusões acontecem a tua volta,
estas jamais podem ser aceitas por ti. Brigas
não se resolvem com brigas. Julgar e determinar o fim de quem erra é a prova da incapacidade da crença. Para mudar, é preciso aprender
a acertar. Use tua palavra e teu conhecimento
para ajudar, não para julgar ou condenar; verás
que, ensinando, você aprenderá.
Olha para o seu coração, veja quais ensinamentos que dentro dele existem, o que ele
tem de aprendizado. Seus primeiros passos não
foram dados por você sem ajuda de ninguém.
Em vários momentos da vida, precisarás ter
próximo a ti pessoas que te ajudem a dar os
primeiros passos; seja humilde para aceitar.
A sabedoria faz com que os grandes mes-
tres andem com seus discípulos, lado a lado.
O verdadeiro sábio saberá que tem muito a
aprender com seus discípulos. Andando lado
a lado se aprende o respeito e a humildade,
sem ordens, apenas com respeito.
A humildade no desabafo deve esta estar
acompanhada de compaixão e preocupação
com o todo. Não se pode esconder o que se
sente, o que se pensa, o que se faz; sempre
com verdade no olhar.
Nos caminhos de cada um, ficam registrados momentos de alegria, sofrimento, dor,
vitória, derrota. Supere todos os traumas e
medos, acredite na tua força para mudar.
Caminhe em passos que teu corpo pede para
que caminhe.
Veja o que conseguiu construir ao teu
redor. Saiba que não podes querer perto de
ti hoje aquele que se rende pelo que tu és.
Creia, o melhor é aquele que te critica, este
estará te ajudando a melhorar, te ensinando;
entenda.
Teu trono não pode ser o causador do
que tu tens a tua volta, pois, quando não
estiveres mais nele, não terás ninguém. O
importante a ti deve ser o teu carisma, tua
preocupação, teu amor, tua dedicação, tua
doação, tua luz, tua paz, tua sabedoria, teu
sorriso puro e sincero.
Acredite que a maior das crenças se
baseia na verdade do que vive. A religião
é um ato de amor, é um círculo com boas
vibrações, onde quem ali está deve assim agir
para que as vibrações não tenham interferências, principalmente por aqueles que ali
pisam para o amor. Entenda que amor não
combina e não se alinha com outros sentimentos que são contrários a eles; deve-se
ter apenas amor para iniciar e se colocar
pronto a se doar.
Muito se usa de vaidade e superioridade
em qualquer lugar que seja. Estes sentimentos devem ser superados, pois com vaidade
não se faz a caridade e muito menos se tem
humildade.
Creia no amor de Deus e siga os seus passos com relação ao próximo. Muitos podem se
envergonhar e não ir a ti, pois podem se sentir
inferiores. Se demonstrares ser como eles,
irás te despir dos males da vida sem receios.
Faça com que a tua chama brilhe com
a intensidade que tem tua luz, com o fogo
do sol, com o poder de todos as benções de
Deus, com a crença de tudo que mais sagrado
é. Lembra-te que ressurgir após permanecer
caído durante tempos só é possível quando
se admite que no chão estava, sem saber o
que se fazer.
Livra-te da covardia, assuma tuas falhas
e cresça com o aprendizado, se apresente
novamente para a vida de luz que existe
dentro de ti.
A treva continuará no seu devido lugar;
esta deverá existir dentro de cada um, mas
o brilho da tua chama interna deve ser muito
maior do que a escuridão da treva interna que
habita em ti.
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Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro/2014