revelação diagnóstica do hiv * a arte de comunicar más notícias
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REVELAÇÃO DIAGNÓSTICA DO
HIV – A ARTE DE COMUNICAR
MÁS NOTÍCIAS
Tânia Souza, Karina Wolffenbuttel, Márcia Santos
PECULIARIDADES DO HIV/AIDS:
Doença sexualmente transmissível
Associada a diversas orientações sexuais
Associada a grupos mais vulneráveis
Preconceito
Discriminação
Exclusão
Sofrimento
Perdas (simbólicas e reais)
Morte social
Morte iminente
Todos esses fatores tornam a revelação do
diagnóstico de HIV/aids uma tarefa complexa.
Em saúde, a comunicação de má notícia é
“Toda a informação que envolve uma mudança
drástica e negativa na vida da pessoa e na
perspectiva do futuro”.
Além disso, tanto para o profissional de saúde,
quanto para o paciente, está quase sempre
associada a morte iminente ou a incapacidade
física (Pereira, 2005).
COMO REVELAR UM DIAGNÓSTICO QUE PROVOCARÁ
MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS NA VIDA DE QUEM O RECEBE?
Dar más notícias nos coloca diante do
sofrimento do outro.
“Receber um exame com resultado positivo é o
primeiro impacto emocional causado pela aids.
Isso faz com que a pessoa se conscientize de
sua finitude”. (Souza, 2008)
RECOMENDAÇÕES:
FORMAÇÃO E HABILIDADES DO ACONSELHADOR:
Capacitação técnica
Disponibilidade de tempo
Ambiente adequado
Comunicação verbal e não verbal
Informação clara e precisa – “positivo ou reagente”;
negativo ou não reagente”
Lembre-se que uma coisa dita não quer dizer que
tenha sido ouvida e compreendida
AVALIAR O USUÁRIO:
Considere a capacidade de tolerância emocional.
Avalie as estratégias de enfrentamento, incluindo as
crenças religiosas e espirituais (80-90% da
população usam em eventos estressantes – Koenig,
2007).
Avalie o que e quanto o usuário quer saber.
Considere a singularidade do sujeito.
Respeite a autonomia, os valores e as prioridades de
cada pessoa.
ESTIMULAR A EXPRESSÃO DE SENTIMENTOS:
Encoraje a expressão dos sentimentos, reconheça e
valide o sofrimento.
Respeite o silêncio.
Proponha ações que valorizem o sujeito como
pessoa.
Não faça comparações, juízos de valores, nem
minimize as perdas.
Valorize as dificuldades enfrentadas pela mulher na
relação de gênero (negociação do uso de
preservativo, tratamento...).
Seja realista sem acabar com a esperança.
PLANEJAR ESTRATÉGIAS ASSISTENCIAIS:
Investigue apoio familiar e rede social.
Estimule a revelação do diagnóstico a alguém de
confiança.
Incentive a busca de informações. (livros, revistas,
internet, grupos de apoio, ONG)
Incentive o autocuidado.
Valorize a importância do tratamento imediato
(consulta agendada).
Aconselhamento continuado.
Conclusão:
A forma como o diagnóstico é revelado pode interferir na trajetória
da doença, facilitar a construção de vínculos, ser preditor na adesão
e consequentemente na qualidade de vida da PVHIV.
Comunicar o diagnóstico de uma doença com prognóstico reservado “é
um processo de escuta, de ouvir as perguntas e detectar os
sentimentos. Transmitir más notícias é uma especialidade, o
compartilhamento da dor e do sofrimento requer tempo, sintonia e
privacidade” (Kovács, 2006).
Neste momento é preciso ser continente para dar
oportunidade ao usuário expressar e elaborar seus
sentimentos e reorganizar sua vida.
Tânia Souza
Obrigada