Causas relativamente independentes
Download
Report
Transcript Causas relativamente independentes
Nexo causal
Prof. Ms. José Nabuco Filho
[email protected]
Twitter: @Nabucofilho
1
Introdução
Crimes materiais
Consumam-se com o resultado
Imputado a quem deu causa
Art. 13, caput, primeira parte
2
Causa
Art. 13, caput, segunda parte
Teoria da conditio sine qua non
Equivalência das condições
Condições determinantes são causas (equivalentes)
Causa é condição que não pode ser excluída sem excluir o
resultado
Eliminação hipotética
3
Caso 1
Homem recebe um golpe de faca em um
bar. No hospital o enfermeiro o reconhece
como desafeto e, por isso, introduz sujeira
no ferimento. O homem morre de infecção.
4
Eliminação hipotética
Se não fosse a facada, o resultado teria ocorrido?
Não
Conclusão: a facada é causa do resultado
Se o enfermeiro não introduzisse sujeira no ferimento, o
resultado teria ocorrido?
Não
Conclusão: a sujeira é causa
Facada e sujeira são causas (equivalentes)
Conditio sine qua non
Causas relativamente independentes
5
Caso 2
Em um trem, uma mulher coloca veneno na
xícara de chá de seu namorado. Este bebe o
veneno, que demorará cerca de 30 min para
agir. Logo após a ingestão do chá
envenenado, o trem descarrila e o homem é
arremessado pela janela, vindo a ser
esmagado pelo vagão no barranco.
6
Eliminação hipotética
Se não existisse a conduta da mulher (veneno), o homem teria
morrido?
Sim
Conclusão: o veneno não é causa do resultado
Se o trem não tivesse descarrilado, o resultado morte teria
ocorrido?
Não
Conclusão: o descarrilamento é causa
Veneno não é causa da morte
Descarrilamento é causa da morte
Causa absolutamente independente
7
Críticas
Causalidade hipotética
Caso dos médicos nazistas que mataram doentes mentais
Argumento: se não tivessem feito – médicos substitutos o fariam
Importa é o resultado real
Não um resultado imaginado ou futuro
Causalidades alternativas
A e B adicionam doses letais na comida da vítima
Eliminada hipoteticamente a conduta de A, o resultado permaneceria.
Eliminada hipoteticamente a conduta de B, o resultado permaneceria
Solução: eliminação cumulativa
8
Classificação
Causas absolutamente independentes
Novo curso causal sem relação com o anterior
Ex: Caso 1 (veneno no trem)
Causas relativamente independentes
Novo curso causal decorre do primeiro
Ex: em razão do veneno, a vítima vai para a janela e morre, o
veneno e acidente – causas relativamente independentes
9
Exceção à conditio sine qua non
§ 1º, do art. 13
Situação excepcional que exclui a imputação do resultado
Ainda que pela conditio sine qua non seja o causador
Superveniência de causa relativamente independente
Causa superveniente
Produz por si só o resultado – exclui a imputação do resultado
Inaugura um novo processo causal
Não produz por si só – não exclui a imputação do resultado
10
Agrava o processo causal já existente
Análise da exceção do § 1º
A causa relativamente independente superveniente
produziu por si só?
Sim!
A superveniente exclui (“corta o nexo causal”) a imputação do resultado
ao autor da causa preexistente.
Não!
A superveniente não exclui a imputação ao autor da primeira causa
11
Caso 4 e 5
Caso 4
D desfere uma facada no abdome de Abinaldo. No
hospital, há muita demora no atendimento e
Abinaldo morre de hemorragia.
Caso 5
Sergmundo golpeia a cabeça de Oduvaldo. No
hospital, enquanto Oduvaldo aguarda o exame de
R-X, ocorre um incêndio, cuja fumaça intoxica e
mata Oduvaldo.
12
Caso 4
D desfere uma facada no abdome de
Abinaldo. No hospital, há muita demora no
atendimento e Abinaldo morre de
hemorragia.
13
Análise da exceção do § 1º (caso 4)
A causa relativamente independente superveniente
produziu por si só?
A demora no atendimento produziu por si só o resultado?
Não, a demora agravou o processo causal já existente.
Conclusão: o resultado é imputado ao autor da facada.
14
Caso 5
Sergmundo golpeia a cabeça de Oduvaldo.
No hospital, enquanto Oduvaldo aguarda o
exame de R-X, ocorre um incêndio, cuja
fumaça intoxica e mata Oduvaldo.
15
Análise da exceção do § 1º (caso 5)
A causa relativamente independente superveniente
produziu por si só?
A fumaça produziu por si só o resultado?
Sim, pois inaugurou um novo processo causal.
Conclusão: o resultado não é imputado ao autor da golpe.
16
Caso 6
Aprígio é atropelado por um veículo,
enquanto estava na faixa de pedestres. A
ambulância que o socorria capota e Aprígio
é arremessado ao rio, morrendo afogado.
17
Análise da exceção do § 1º (caso 6)
A causa relativamente independente superveniente
produziu por si só?
O capotamento produziu por si só o resultado?
Sim, pois inaugurou um novo processo causal.
Conclusão: o resultado não é imputado ao autor do atropelamento.
Será condenado por lesão corporal culposa.
18
Caso 7
Após levar uma facada na omoplata, com
sérias lesões musculares, Benerval recebe
alta com orientação de cuidados a serem
tomados: fazer cuidadoso curativo, tomar
antibióticos e não beber. Descumprindo
todas as orientações, Benerval sofreu
infecção generalizada, que não pôde ser
contida, causando sua morte.
19
Análise da exceção do § 1º (caso 7)
A causa relativamente independente superveniente
produziu por si só?
O descuido produziu por si só o resultado?
Não, pois agravou o processo causal já existente.
Conclusão: o resultado é imputado ao autor da facada.
20