Transcript Juca Pirama
I-Juca-Pirama
1.
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos – cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos da altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
I-Juca Pirama
Gonçalves Dias
Poema sobre o amor filial de um índio tupi.
Características marcantes:
Louvação aos primeiros habitantes destas terras, as raízes
do país.
Diferentemente do que era comum, não retrata o índio
como figura inabalável, heróica e nunca hesitante.
A história de um índio da tribo tupi que
amparava o pai, velho e cego. Certa vez,
quando caçava, foi capturado pelos
timbiras. No momento em que seria morto,
chora e pede ao chefe inimigo que o liberte
para que possa cuidar do pai. Quando este
morresse, ele voltaria para completar o
ritual de sacrifício.
O líder então o solta, mas antes
por julgá-lo covarde e não querer
manchar a história da própria tribo. O
jovem reencontra o pai, e este percebe
que o filho foi aprisionado. Mais tarde,
descobre que ele chorou. Eis um
trecho da parte mais conhecida e
comovente do poema:
‘Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
’
Ao filho, coube provar ao pai
sua bravura indo lutar contra os
guerreiros timbiras, que também
finalmente lhe reconhecem a
coragem e o sacrificam. O caso é
contado por um velho timbira a
crianças da tribo, a quem afirma
dizer a verdade: ‘Meninos, eu vi”.’
Outro ponto alto de I-Juca
Pirama (que significa 'o que há de
ser morto, e que é digno de ser
morto”) está na própria forma. Os
ritmos variados, a metrificação, o
uso do diálogo dão ainda mais
força dramática a este pequeno
poema de dez partes.
Enredo:
Poema em dez cantos
Composição
Épico/dramática
Canto I. Apresentação e
descrição da tribo dos Timbiras
Canto II. Narra a festa
canibalística dos timbiras e a
aflição do guerreiro tupi que
será sacrificado.
Canto III. Apresentação do
guerreiro tupi: I - Juca Pirama
Canto IV. I- Juca Pirama
aprisionado pelos Timbiras
declama o seu canto de morte e
pede ao Timbiras que deixemno ir para cuidar do pai
alquebrado e cego
Canto V. Ao escutarem o canto
de morte do guerreiro tupi, os
timbiras entendem ser aquilo
um ato de covardia e desse
modo desqualificam-no para o
sacrifício
Canto VI. O filho volta ao pai que
ao pressentir o cheiro de tinta
dos timbiras que é específica
para o sacrifício desconfia do
filho e ambos partem novamente
para a tribo dos timbiras para
sanarem ato tão vergonhoso para
o povo tupi.
Canto VII. Sob alegação de que
os tupis são fracos, o chefe dos
timbiras não permite a
consumação do ritual.
Canto VIII. O pai envergonhado
maldiz o suposto filho covarde.
Canto IX. Enraivecido o
guerreiro tupi lança o seu grito
de guerra e derrota a todos
valentemente em nome de sua
honra.
Canto X. O velho Timbira
( narrador ) rende-se frente ao
poder do tupi e diz a célebre
frase: "meninos, eu vi".