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AS MUDANÇAS PALEOCLIMÁTICAS DURANTE O QUATERNÁRIO
TARDIO NO BRASIL (Suguio, 1999).
Aula de Mudanças Ambientais Naturais e Antrópicas
Prof. Dr. Mauro parolin
O estudo dos paleoclimas, que resultam de intricada interferência de
causas e efeitos múltiplos, é tão complicado quanto ao da maioria dos
fenômenos naturais.
-Década de 50
-Discrepâncias entre distribuições faunísticas, florísticas e as feições
geomorfológicas e os climas atualmente reinantes em várias regiões do
Brasil.
Bigarella – atividades morfodinâmicas de evolução das vertentes teriam sido
regidas por processos de degradação lateral, levando ao desenvolvimento de
pedimentos, alternados com fases de dissecação vertical.
i)
Clima semi-árido com chuvas concentradas e torrenciais;
ii) Clima úmido.
-Dados fragmentários
-Sem datações absolutas
-Dificuldade de correlações
-Distribuição florística;
-Grande parte da vegetação primária do sul do Brasil encontra-se em
desacordo com as condições climáticas e edáficas vigentes.
IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS PALEOCLIMÁTICOS E AS QUESTÕES
BÁSICAS RELACIONADAS:
-Ameaça de mudança global do clima -- efeito estufa -- interesse por
estudos paleoclimáticos nas últimas decadas.
-A ciência necessita de dados globais -- informações regionais --
locaisconfiáveis--------------------------------Elaboração de modelos.
-Dados atuais e pretéritos (reconstituição climática)
As mudanças paleoclimáticas representam as variações no conjunto de
parâmetros meteorológicos pretéritos (paleotemperaturas, regime de
paleoventos e índices pluviométricos passados), que caracterizam os
estados médios típicos da superfície terrestre.
Essas mudanças processam-se em várias
escalas espaciais (mundiais, regionais e
locais) e temporais (centenas e dezenas
de milhões de anos até algumas dezenas
de anos).
Os objetivos dos estudos paleoclimáticos são análogos aos climáticos, pois
visam compreender as mudanças ocorridas através dos tempos geológicos
no sistema constituído pela atmosfera, hidrosfera e criosfera.
diferenças
i)
Escala de tempo;
ii) Metodologias e;mpregadas
iii) Participação ou não do Homem como importante agente de modificações do
paleoclima no Quaternário.
Medidas instrumentais
Proxy records
Questões básicas relacionadas aos estudos paleoclimáticos:
a) Sem medidas instrumentais, recorre-se à identificação
seguida de descrição e interpretação das assinaturas
(registros, traços, sinais e ou evidências) paleontológicas,
geológicas e geoquímicas-assinaturas complexas-quanto
mais antigo mais duvidosa sua interpretação.
Dificuldades dos
estudos
paleoclimáticos:
-Escassez e pela
descontinuidade das
informações;
-Dificuldades de
correlações
cronoestratigráficas
e de interpretação
das observações
b) Os registros geológicos são, em geral incompletos e
refletem mais diretamente as características paleoclimáticas,
que vigoraram nas proximidades da superfície terrestre.
Escala temporal dificulta as interpretações.
c) Os conjuntos de observações de eventos de natureza
paleoclimática detectados nos registros geológicos são, por
vezes, dificilmente explicáveis pelas condições atualmente
reinantes no sistema atmosfera-hidrosfera-criosfera,
ensejando acaloradas discussões sobre os possíveis
mecanismos, apesar da aplicação da técnica quantitativa.
d) Embora número crescente de possíveis explicações, sobre as
evoluções solar e planetária, venha contribuindo para o inventário das
possíveis causas das variações climáticas, parece estar longe o término
das dissensões sobre o tema---- múltiplos fatores - astronômicos -
terrestres-antropogênicos.
Clima fator decisivo -- controle da dinâmica externa
-Ciclo hidrológico
-Estratégias reprodutivas
-Distribuições biogeográficas dos organismos vivos
Mudanças paleoclimáticas
-Niveis dos lagos
-Distribuições da fauna e flora
ESTUDOS PALINOLÓGICOS
-Análises palinológicas + Datações absolutas C14 = ótimas interpretações
-Estudos no Brasil início da década de 80 e mais comum na de 90.
-Regiões centro-oeste, sudeste e sul do país.
a) Os critérios geomorfológicos, que foram os
pioneiros no reconhecimento de feições
características de climas secos, no mínimo semiáridos, desenvolvidos provavelmente durante o
Pleistoceno, em áreas atualmente ocupadas por
densa floresta tropical.
Maior interesse pelos
estudos paleoclimáticos do
Pleistoceno no Brasil foi
suscitado pelas seguintes
razões
b) O advento da teoria dos refugios, proposta por
Haffer (1969) para explicar as diversidades
faunística e florística encontradas na florestas
pluviais, em função da fragmentação florestal
durante o Pleistoceno.
OUTROS TIPOS DE ESTUDOS PALEOCLIMÁTICOS
A Antracologia e os paleoclimas
Estudo e a interpretação de
restos de madeira
carbonizados provenientes
dos solos, dos sedimentos
lacustres e paludiais, além de
dunas e sítios arqueológicos.
Esses restos de madeira
carbonizados registrariam
paleoincêndios, de origem
natural ou antrópica.
Orientação dos três planos anatômicos da
madeira em relação ao eixo de um tronco.
Plano transversal
Plano longitudinal
tangencial
Plano longitudinal radial
Caesalpinia echinata (Pau-Brasil, família Leguminosae)
Astronium lecointei (família Anacardiaceae)
Os Isótopos estáveis de carbono e os paleoclimas
Composições isotópicas em carbonos estáveis (13C/12C ou Delta13C) da Matéria
Orgânica do Solo registram informações concernentes às ocorrências de espécies de
plantas de ciclos fotossintéticos dos tipos C3 (Plantas Arbóreas) ou C4 (Gramíneas) nas
comunidades vegetais pretéritas, bem como as suas contribuições relativas na
determinação da produtividade primária líquida da comunidade vegetal.
DELTA C13
-C3 = -32 e -20 por mil -- valor médio -27 por mil;
-C4 = -17 e -9 por mil - com média de -13 por mil;
Exemplo de estudos paleoclimáticos do Quaternário Tárdio no Brasil: Serra
Sul de Carajás (PA)
-A Serra Sul de Carajás
constitui um platô
encouraçado e laterítico
desenvolvido sobre formação
ferrífera bandada, que se
ergue de 700 a 800 m acima
da paisagem circundante,
dominada pela floresta
tropical.
Corredor Seco = bosques de
árvores decíduas na floresta
tropical
-Fisionomia do platô é
caracterizada pela ausência
de floresta pluvial e pelo
desenvolvimento de savana.
Palinogia atual = 76%
de elementos
arbóreos - 63% do
total provém da
floresta pluvial que
circunda o platô.
-Região com
numerosas lagoas.
-No passado
confundidas com
dolinas (Karst)
-Hoje indicadas como
pseudocarsticas
-Testemunho de 6,50 m de comprimento no centro da lagoa.
Neste testemunho foram
reconhecidas 3 sequências
sedimentares, cada uma delas
iniciando-se com areia siderítica
contendo também grãos de
quartzo e hematita.
A transição da areia siderítica
para argila orgânica é mais ou
menos gradual, mas na base da
camada de areia siderítica IIIa,
provavelmente devido à
ressecação da lagoa seguida de
erosão (entre 23.670 e 12.520
anos AP.) o contato é brusco.
Provavelmente, hiato
semelhante pode ser observado
na base da camada de areia
siderítica IIa,porém os
dadosgeocronológicos são
insuficientes para se conhecer
esse hiato.
a) Períodos de retração da floresta – Os espectros polínicos das Zonas A1, B e D
mostram uma forte predominância de gramíneas e de táxons de savana. Certos
elementos da florestas pluvial densa, são quase completamente ausentes.
Desaparecimento, pelo menos parcial, da floresta pluvial ao redor do platô.
60.000 (A1), 40.000 (B) e 23.000 – 11.000 (D)
A zona palinologica E2 (7.500 e 3.000 anos AP) diferencia-se das anteriores pela baixa
representatividade dos táxons de savana e pela grande abundância de detritos vegetais
carbonizadosde granulação fina. Isto sugere incêndios florestais possam ter contribuído
para a abertura da floresta pluvial.
b) Períodos de expansão da floresta – Estes períodos foram definidos pelas frequências
elevadas de elementos arbóreos, sendo representadas pelas zonas palinológicas A2, C
E1 e E3, Nas duas primeiras o gênero Ilex é bem representado. Na zona C, a
abundância de Botryococcus sugere que uma lagoa relativamente profunda mantinhase na depressão.
A sua ressecação foi precedida por aumento na freqüência de gramíneas nos espectros
polínicos e talvez pela implantação de uma vegetação arbórea