Fenômeno Religioso nas Tradições Religiosas de Matriz
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Transcript Fenômeno Religioso nas Tradições Religiosas de Matriz
FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO
RELIGIOSO
Ensino Religioso: O FENÔMENO RELIGIOSO NAS
TRADIÇÕES RELIGIOSAS DE MATRIZ INDIGENA
Texto: Ângela Maria
Ribeiro Holanda
10/09/2011
email: [email protected]
13/04/2015
1
Questionamentos
Quais os conhecimentos que temos sobre os povos
indígenas?
Como o índio se relaciona com Deus?
Quais os fundamentos legais e pedagógicos desse
estudo no currículo da educação básica ?
Quais as aprendizagens a serem inseridos no currículo
do Ensino Religioso?
Quais as temáticas a serem estudadas?
BASE LEGAL: Nacional –
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
A Lei Federal nº 11.645/2008 ( Art. 26 A da LDB ) que
estabelece no currículo da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática História e Cultura
Afrobrasileira e Indígena , é parte das ações
implementadas pelo Estado Brasileiro, em consonância
com as declarações e resoluções assumidas como
estado membro da ONU (Organização das Nações
Unidas).
BASE LEGAL: Nacional –Constituição Federal
Constituição Federal de 1988
Art.231 – São reconhecidos aos índios sua
organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras
que tradicionalmente ocupam, competindo a União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
bens.
BASE LEGAL: ESTADUAL – RESOLUÇÃO
CEB/CEE/AL Nº 003/2002
ENSINO RELIGIOSO
A cosmovisão das sociedades
nativas do atual
território brasileiro: o fenômeno religioso nessas
sociedade.
POVOS INDIGENAS
750 mil pertencentes a 235 etnias no Brasil (Eram
912 etnias )
São faladas mais de 180 línguas e dialetos
No Nordeste são cerca de 60 etnias
Em Alagoas – 11 etnias
Povos Indígenas em Alagoas
POVOS INDIGENAS EM ALAGOAS
1- Aconã - município de Traipu
2- Xukuru-Kariri – município de Palmeira dos Índios;
2- Kariri-Xokó – município de Porto Real do Colégio;
3- Karapotó– Terra Nova – município de São Sebastião
4- Karapotó Plakiô – município de Feira Grande
5-Tingui-Botó – município de Feira Grande;
6- Wassu- Cocal – município de Joaquim Gomes;
7- Karuazu, 8- Geripankó; 9 -katokin; 10- kalankós município de Pariconha;
11- koiupanká - Inhapi
QUESTIONAMENTOS COTIDIANO – COMO O
ÍNDIO PERCEBE DEUS?
É verdade que adoram o sol?
Deus é tão grande, onipotente que a ideia sobre o sol
perpassa pelos seguintes aspectos:
grande reflexo de Deus, aquele que banha a terra de
vida e de ânimo,
ao entardecer vai embora,
mas a esperança é que ele volta trazendo novamente
a luz, o ânimo para a vida.
Ideia sobre Deus
Deus é um grande mistério
É majestoso
Na língua tupi guarani:
Tu – magnífico/majestoso
Pã – Quem és?
Há outras linguagens – índios Terena - ITOKOÓVITI
– quem criou todas as coisas.
ESTRUTURA DAS RELIGIÕES INDIGENAS
Permite o equilíbrio humano e a harmonia com a Mãe
Terra – condição básica para a sobrevivência e
elemento inseparável de seus ritos e encontro com o
transcendente;
Caracterizam-se pela praticidade, tudo gira em torno
da experiência do sagrado e não numa fundamentação
teórica;
O cotidiano da vida está impregnado de religiosidade
As práticas religiosas caracterizam-se de ritos de
defumação, cantos, uso de instrumentos musicais,
incorporação, transe e uso de remédios retirados das
plantas e ervas.
RELAÇÃO – INDIO E TERRA
NATUREZA - LUGAR SAGRADO
Mãe Terra
Espaço de Vida,
Lugar para viver bem
Terra é de todos – é propriedade coletiva
Passa pela questão religiosa - o índio estabelece um
relacionamento de afeto e acolhimento.
DEUS , “ o Grande Espírito” o “ Grande Pai” ou o “
Grande Avô”, ordena e orienta para que se trate bem
a natureza por que dependemos dela.
As cachoeiras – lugar de inspiração para os Pajés. As
aldeias ficam sempre próximas a cachoeiras e rios.
POVOS SEM PROSELITISMO
Importante não é o código escrito e imutável, mas as
tradições orais baseadas em mitos e falas dos mais
velhos
Não há separação do profano e sagrado
Tudo é sagrado: a natureza, a vida e a morte
VISÃO ORGANICA DE MUNDO
E ORGANZIAÇÃO DA VIDA SOCIAL
Tudo está em harmonia – os elementos da natureza
(terra, água, ar e fogo), os astros
A aldeia é uma grande família, todos cuidam das
crianças, protegendo-a e ensinando os costumes da
tribo;
Os alimentos vindos da pesca, da caça, da agricultura
são socializados entre todos
Os direitos são iguais para todos: casa, alimento,
educação e medicina das ervas dos Pajés
A generosidade é a marca da cultura indígena, não há
propriedade particular, o que é de um é de todos.
Os idosos não são desprezados e nem abandonados,
são tratados com carinho e respeito
RITOS : ONDE TUDO TEM SENTIDO
Marcos que pontuam momentos importantes na vida
das pessoas;
Os rituais estão associados a vida cotidiana e as
normas religiosa que lhes acompanham as várias fases
da vida: gestação, nascimento das crianças, passagem
para vida adulta, casamento e a morte e outras
situações
As festas acontecem na época de abundância de
colheita do milho, da caça, da pesca e coleta do mel.
Nestas festas utilizam-se várias cores: vermelho,
preto e o branco cujas tintas são extraídas do
urucum, jenipapo. Na ausência é usado o pó de carvão
ou barro e calcário
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS DE NASCIMENTO
1- Entre os Tupinambá, quando nascia uma criança, se
fosse menino, o pai cortava cordão umbilical com os
dentes e se fosse menina, era a mãe quem o fazia.
2- Levavam a criança num rio para ser banhada
3- Em casa era colocada numa rede, colocando um
arco e flecha, para o menino, unhas de gavião ou
garras de onça enfeitavam a rede para que o menino
quando adulto se tornasse um valente guerreiro
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
4-No caso de menina , recebia uma cabaça, as
jarreteiras para as pernas que eram braceletes de
algodão que iriam deixar as pernas fortes e um colar
de dente de capivara para que crescesse com dentes
para bem mastigar a mandioca no preparo da bebida
chamada cauim.
5- Durante 3 dias o pai só podia comer uma espécie de
farinha, sendo proibido qualquer outro alimento.Não
faziam nenhum trabalho até o umbigo da criança cair,
pois caso contrário a criança e a mãe iam ter cólicas.
6- Caindo o umbigo este era cortado em pedacinhos e
ficavam dependurados nas vigas da casa a fim de que o
menino tornasse um bom chefe de família.
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS DE CASAMENTO
- Entre os Xavantes são os pais que escolhem os
cônjuges para seus filhos. As mães trazem suas filhas
ainda menina e as deitam junto a seus noivos, que
cobrem o rosto com as mãos e estes ficam de costas
para elas. Ficam apenas um momento nessa posição,
sendo retiradas logo em seguida. O rapaz deve
esperar que a noiva cresça para morar com ela e, ao
nascer o primeiro filho passa a morar na casa da
família da esposa.
- Entre os Bororo – é sempre a moça que toma
iniciativa, por isso prepara uma refeição e,
acompanhada pela mãe, leva-a à cabana onde mora o
rapaz, por volta de meio dia. A mãe da moça é quem
entrega o alimento, dizendo: Meu genro, vi com minha
filha que deseja viver contigo, porque te quer bem
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS DE CASAMENTO
- Entre os Bororo – é sempre a moça que toma
iniciativa, por isso prepara uma refeição e,
acompanhada pela mãe, leva-a à cabana onde mora o
rapaz, por volta de meio dia. A mãe da moça é quem
entrega o alimento, dizendo: Meu genro, vi com minha
filha que deseja viver contigo, porque te quer bem. Em
geral o rapaz não responde imediatamente e continua
e continua a fazer o trabalho como nada tivesse
acontecido. Após a saída da moça e da mãe o jovem
toma decisão: se quer casar saboreia o alimento, se
não quer casar não come. Encarrega então sua mãe
para devolver o recipiente cheio ou vazio.
- Há sociedades indígenas que não marcam o casamento
com ninguém ritual.
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS FUNERÁRIOS
- Os Kaingâng (PR) o Pajé recita uma fórmula tradicional
ao som do maracá, três homens levam o cadáver para o
cemitério, toda vez que colocam o cadáver no chão
para descansar fazem um sinal numa árvore próxima,
acreditam que há uma vida além dessa. O espírito do
morto deve ser afugentado para não oferecer perigo à
comunidade pois pode trazer doença. Nos meses
seguintes realiza-se um rito com danças, cantos e
bebidas para que o morto vá embora.
- Os Bororo – quando percebe que vai morrer deixa de
se alimentar e até relata como deseja o funeral. A
morte não é uma festa, mas não é uma tragédia.
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS PARA SE TORNAR ADULTO
A pessoa começa a participar da vida adulta muito
cedo. A mulher se torna mãe aos 13 ou 14 anos e o
homem, com 15 ou 16 anos já pode estar assumindo
uma família.
ESPAÇOS SAGRADOS
OURICURI – espaço onde os povos indígenas se
encontram e realizam ritos sagrados de resistência;
PORÓ
- um lugar sagrado onde acontecem quase
todos os rituais. Esse espaço é fechado e quem
participa é à comunidade, exceto para aqueles que têm
permissão de frequentar. Mulheres e meninas não
participam desses rituais dentro do Poró. É um lugar
onde acontecem também reuniões de interesse de todo povo,
em especial, no que se refere às questões religiosas. Lá se
vivenciam as relações entre o sagrado e o mundo real.
DANÇAS SAGRADAS
DOS POVOS INDIGENAS
TORÉ
Dançado ao ar livre por homens, mulheres e crianças,
em qualquer época do ano, dependendo apenas da
disposição da comunidade;
Dança-se preferencialmente final de semana sem hora
para terminar, varando noite e dia em certas ocasiões.
O ritmo é marcado pelo baque surdo dos pés ao ritmo
marcado por maracás
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS
INDIOS TINGUI BOTÓ FEIRA GRANDE
DANÇANDO O TORÉ
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS
PRAIÁ
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS
PRAIÁ – abençoando a dona da casa
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS
INDIGENAS
• PRAIÁ - Ritual dos povos Pankararu e
Gerinpánkó – representa o centro do segrego
religioso indígena.
• Os Praiá externam o mundo sagrado por meio
dos encantados presentes nos rituais
• É uma representação da divindade,
incorporado simbolicamente por um ser vivo
representado
com vestimenta própria e
única.
DANÇAS SAGRADAS DOS
INDÍGENAS EM ALAGOAS
PRAIÁ - GERIPANKÓ
E PANKARAU
DANÇA SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS
PRAIÁ
CAROÁ PARA INDUMENTÁRIAS DO
PRAIÁ
COMUNIDADE INDÍGENA
GERINPANKÓ
OS ENCANTADOS
• Os encantados são antepassados que
enquanto estavam vivos se transformaram e
se tornaram parte da natureza.
• Estão associados a algum elemento natural,
como por exemplo, o encantado Cinta
Vermelha que está associado ao umbu.
• Os encantados estão diretamente ligados ao
sistema medicinal kalankó e atuam de forma a
prevenir e curar doenças.
OS ENCANTADOS
• Havia encantados como a Sereia do Mar que
apesar de não possuir veste e não atuar mais
no Praiá mantinha seus Torés na comunidade
• Além da Sereia do Mar, existiam outros
encantados que se destacavam no “tempo dos
antepassados”: Manoel Brabo, Caboclo da
Meia Noite, Caboclo da Imburana, Caboclo
Xofreu, Lenço Branco, Mestre Bizunga e
Quebra Pedra.
OS ENCANTADOS
• Cada encantado tem um número específico de músicas.
Quanto mais cantos possuir, mais forte ele é. Os
encantados mais fortes entre os Kalankó são Carro
Branco, Sereno, Lambuzinho e Cinta Vermelha.
• O mundo encantado se assenta em uma ordem
hierárquica: comandante, capitão, dono de batalhão,
mestre e caboclo.
• Os encantados do alto sertão alagoano também fazem
parte de um sistema mais abrangente e acabam
atuando em todas as comunidades indígenas do alto
sertão nordestino.
OS ENCANTADOS
• Para os Kalankó, a “força encantada” decorre
da presença e atuação dos encantados no
terreiro.
• Esta força atua em três níveis: no Toré,
quando a partir do canto, os encantos apenas
observam o evento; no Praiá, quando a “força
encantada” chega ao terreiro e é
compartilhada com todos os dançadores; e no
Serviço de Chão, quando é incorporada pelo
cantador e, dessa forma, o encantado fala
diretamente com os presentes.
INSTRUMENTOS E INDUMENTÁRIAS
Maracá
Flauta
Chocalho
Flecha- utilizados nas cerimônias
Cocá – utilizados nas cerimônias
Alimentação
Feijão; Farinha de mandioca; Milho; Abóbora, Tomate;
Batata doce; Cará – inhame; Abacate; Caju; Goiaba;
Jabuticaba; Abacaxi ; Cacau
Milho Avaty – alimento sagrado usado nas cerimônias e
nas viagens.
LINHAS MESTRAS /PILARES
DA CULTURA INDÍGENA
Vida e Morte – viver bem ajuda a morrer bem, quando
trabalho bem a vida a morte não é chocante; Deus não
os proíbe de nada, lhe deixa livre para viver.
Deus – quem é e como entende Deus – não é fiscal, não
tem chicote, não há inferno na concepção indígena,
não precisam andar com cuidado com medo do castigo,
bondoso, criador, cuida de todos e quer vê-los felizes
LINHAS MESTRAS /PILARES DA CULTURA
INDÍGENA
Equilíbrio - está em Deus, não há diabo lutando, não
tem adversário, o cosmo está em paz, Deus está em
paz por isso vive-se e morre-se em paz. Deus
ordenou tudo no devido lugar – harmonia,
Educação – de que forma passam os ensinamentos
para seus filhos? Valorizam os ensinamentos dos mais
velhos. Os velhos são reverenciados. Ensinam a partir
da prática, aprendem para não terem dúvida.
APREDIZAGENS BÁSICAS
- Conhecer semelhanças e diferenças entre os
ritos de sua tradição religiosa e as dos
indígenas
- Desmitificar conceitos equivocados que foram
construídos sobre os povos indígenas
- Reconhecer a relação do índio com a natureza
- Compreender o sentido da generosidade e da
partilha entre os povos indígenas
TEMÁTICAS SUGERIDAS
Ritos e rituais dos povos indígenas
Sentido da terra para os povos indígenas
Ideia e representação do transcendente nas
tradições indígenas
A influência da cultura indígena na nossa
cultura
O valor da família na educação indígena
O idoso na cultura indígena
TEMÁTICAS SUGERIDAS
Os lugares sagrados dos povos indígenas
Danças sagradas dos povos indígenas
A presença da mulher na cultura indígena
REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do
Ensino Religioso - Fórum Nacional
Permanente do Ensino Religioso. – São Paulo:
Mundo Mirim, 2009.
______. Ensino Religioso: Culturas e Tradições
Religiosas. Eixo Curricular do Ensino
Religioso. Caderno Temático 2.Curitiba: Ideal
Gráfica, 2001
_______. Fenômeno Religioso nas Tradições
Religiosas de Matriz Indígena. Caderno de
Estudo nº 5- Curitiba: Ideal Gráfica, 2001.
REFERENCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do
Ensino Religioso - Fórum Nacional
Permanente do Ensino Religioso. – São Paulo:
Mundo Mirim, 2009.
______. Ensino Religioso: Culturas e Tradições
Religiosas. Eixo Curricular do Ensino
Religioso. Caderno Temático 2.Curitiba: Ideal
Gráfica, 2001
_______. Fenômeno Religioso nas Tradições
Religiosas de Matriz Oriental. Caderno de
Estudo nº 6 - Curitiba: Ideal Gráfica, 2001.