Relações Brasil e continente africano séculos XX e XXI

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As relações entre o Brasil e o continente africano

Séculos XX e XXI

Política Externa Independente

• Década de 60 – um olhar para as oportunidades diplomáticas e comerciais que se desenrolavam no continente vizinho • Por quê?

Independências

• Líbia – 1951 • Gana – 1957 • 1960 – Benim, Burquina Faso, Camarões, Chade, Rep. Centro-Africana, os dois Congos, Costa do Marfim, Gabão, Madagascar, Mali, Mauritânia, Níger, Senegal, Somália, Togo • 1990 – Namíbia • 1993 - Eritréia

Governos Militares

• 1961 – importante referencial na reaproximação do país com o continente africano – refletindo se concretamente nos governos militares pós-68 • África Atlântica vista como estratégica pelos governos Médici (1969-1974), Geisel (1974 1979) e Figueiredo (1979-1985) • Destaque para a Nigéria, com quem país tem relações mais antigas por causa do petróleo

Contexto

• Década de 50: Brasil era economia agrária e exportava produtos primários • Anos 60: grandes investimentos na industrialização • Desenvolvimento da indústria nacional através do plano de substituição de importações produtos importados para produtos fabricados no Brasil • Brasil se torna importante exportador de produtos manufaturados • África se torna parceira de grande importância

Câmara de Comércio Afro Brasileira

• 1968 = deputado Adalberto Camargo • “para muita gente, na África só tinha Tarzan e Chita” • Incremento do comércio bilateral entre o Brasil e o continente africano + aproximação entre povos + desenvolvimento de negócios, atividades culturais, científicas, tecnológicas e cooperação

Consequências diretas

1972

• Missão do embaixador Mario Gibson a nove países: Senegal, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim, Nigéria, Camarões, Zaire e Líbia.

• “Abertura ao Sul” - aproximação diplomática com nações recém emancipadas ou ainda em processo de luta anticolonial brasileiro).

• brasileiros até hoje: Odebrecht

1975

• Brasil reconhece independência do governo angolano (reprimenda do governo americano e recriminação de setores do regime militar • Contrapartida: garantia de portas abertas para empreendimentos

Mais contexto

Brasil assume sua condição terceiro-mundista e como país não-alinhado

1955 Movimento dos países não-alinhados

cooperação horizontal, em nível regional e intra-regional, entre os países do Sul.

• identidade terceiro-mundista valorização da •

1973 Crise do Petróleo

• Volume de comércio entre o Brasil e a Nigéria • Passa de US$ 25 milhões, em 1972, para US$ 600 milhões em 1978 • Exportações brasileiras para a África crescem cerca de 130% • Importações da África também crescem 300%

África durante a crise do petróleo 1973

• importantes reservas de petróleo, além de outras matérias-primas • mercado africano passa a ter importância estratégica para intensificação das exportações • necessidade de aumentar valor de exportações e contribuir para equilíbrio da balança de pagamentos

Para a África

• busca de autonomia perante ex-metrópoles coloniais européias e centros do capitalismo mundial • procura de novos investidores e parceiros comerciais.

• O atlântico oferece parceria comercial e estratégica com país de tecnologia “tropical” adaptada às circunstâncias africanas • Ampliação do intercâmbio favorece interesses mútuos: nações africanas = fontes de petróleo + buscam diminuir dependência econômica em relação ao Norte • Brasil, carente dessa matéria-prima = bens e serviços a oferecer

Políticas de facilitação

• 1967 - Governo Costa e Silva - desenvolvimento econômico e social do país – executa política de facilitação das exportações por isenções fiscais e abertura de linhas de crédito •

Befiex

• programa especial de incentivos = beneficiava empresas nacionais e estrangeiras instaladas no Brasil • 1977 - Volkswagen inicia exportação de carros para a Nigéria e Angola • IBM do Brasil desenvolve ação semelhante

Finex (Banco Central)

• recursos a taxas privilegiadas de financiamento •

Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil (Cacex)

• liberações de empréstimos a empresas brasileiras interessadas no mercado africano • Abertura de agências do BB em Abidjã, Lagos, Cairo, Casablanca, Dacar, Libreville e Túnis • Facilita ação de empresas e financiamento às importações africanas de produtos brasileiros

Década de 70

• Brasil = 20% das ações do Biao – Banco Internacional da África Ocidental (21 agências na África e cinco na Europa) • linhas de crédito = Angola, Moçambique, Senegal, Costa do Marfim, Gabão, Guiné-Bissau, Níger, Mali e Togo.

• Participação no Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD) = US$ 20 milhões (uma das cinco maiores participações) • Contribui para facilitar a participação do empresariado brasileiro nas concorrências e projetos financiados pelo BAD (Banco Africano de Desenvolvimento)

Década de 80

• •

Estagnação da economia brasileira considerada “década perdida” Grave desequilíbrio nas contas externas e inflação alta, quase incontrolável.

Inovação na relação com a África

Countertrade -

pagamento parcial ou total de mercadorias por meio de outras mercadorias • Importante instrumento para a facilitação das trocas na África

Relação estratégica

• Nigéria se mantém como maior parceiro comercial do Brasil na África • 1983 - Criação da Câmara de Comércio Brasil Nigéria em setembro de 1983 • 1984 - Câmara de Comércio Nigéria-Brasil, em Lagos, Nigéria • A Nigéria = primeiro país africano a estabelecer um contrato por

countertrade

com o Brasil. • Brasil importava + de cem mil barris de petróleo/dia e exportava o equivalente a quarenta mil barris/dia em veículos, peças e outros produtos

• 1984 -

countertrade

com Angola = construção da hidrelétrica de Capanda, a maior da África • Odebrecht se associou a empresa soviética fornecedora de turbinas • O custo da construção US$ 650 milhões (maior envolvendo construtora brasileira no exterior) mil barris diários.

– parcialmente pago com petróleo angolano: dez • Angola =

countertrades

para fechar negócios entre a Sonangol, estatal angolana, com Petrobras, Petrofina e a BP

Fim dos anos 70 e começo dos 80

• Moçambique (barcos pesca e máquinas agrícolas) • Zaire (frotas de carros e peças de reposição) • Tanzânia, Senegal, Mauritânia, Libéria e Costa do Marfim (Estreitamento apartir de 1978).

Comércio de armas

• 1974 – Brasil desenvolve capacidade na produção de armas • 1977 – exportação de tanques, armas manuais e de artilharia, aviões de treinamento e de guerra • Nigéria - principal compradora de armas brasileiras • Gabão, Marrocos, Sudão, Togo, Alto Volta e Zimbábue

Outros nichos

• Construção de obras públicas e de infra estrutura • exploração de petróleo • implantação de projetos agrícolas • estudos de viabilidade de prospecção mineral • mapeamento de solos

Exemplos práticos

• • • • • • • • • • • • •

Mendes Júnior

construção da Transmauritânia construção de estradas e aeroportos na Nigéria e na Mauritânia;

Norberto Odebrecht

projetos de construção de estradas, hidroelétricas e hotéis em Angola setor de óleos por meio de sua subsidiária Tenenge

Ecisa

construção da rodovia Morogaro-Dodoma, na Tanzânia

Andrade Gutierrez

utilizou o sistema

built-operate-transfer

para contratos de construção e gerenciamento de minas de ouro no Zaire Construção de estradas nos Camarões e no Congo (em 1984, rodovia de 134 km na floresta equatorial = dois mil trabalhadores, 500 brasileiros

Sisal

Reforma de hotéis em Luanda

Anos 90 Declínio das relações

• •

Crise econômica do fim dos anos 1980 atinge economias africanas - incapacidade de ampliar relações com o Hemisfério Sul Brasil renegocia dívida externa e perde liquidez

• Segunda metade dos anos 1980 e anos 1990: • instabilidade política e econômica da maioria dos países africanos, desencoraja investimentos e gera “custo África” que diminui interesse pelo continente

Outros fatores

• Sucesso do Mercosul a partir de 1991 – convergência do empresariado e dos investidores brasileiros para os vizinhos • Extinção das linhas diretas semanais que ligavam Brasil a diversas cidades africanas, como Lagos (Nigéria), Abidjan (Costa do Marfim), Luanda (Angola) e Maputo (Moçambique)

Século XXI - retomada

• 1) avanço gradual dos processos de democratização dos regimes políticos e a contenção dos conflitos armados • 2) crescimento econômico + performances macroeconômicas satisfatórias + responsabilidade fiscal e preocupação social • 3) elevação da autoconfiança das elites por meio de novas formas de renascimentos culturais e políticos

• Entre 2003 e 2007 - África subsaariana, considerada a região mais pobre do mundo, cresce entre 5% e 6% ao ano.

• Inflações médias contidas na faixa de 6% desde 2003.

• O número de países africanos com conflitos armados internos cai de 13 para cinco

Por que a África ainda atrai

• 66% do diamante do mundo • 58% do ouro • 45% do cobalto • 17% do manganês, • 15% da bauxita • 15% do zinco • 10% a 15% do petróleo • 30 recursos minerais no subsolo africano • Participação em míseros 2% do comércio mundial • 1% da produção industrial global

Chegada da China

• • • • • • • • • • • 1990 – criação do Fórum de Cooperação África-China - 80 ministros de Estado africanos levados à Pequim e à Guandong (área industrial) para um show room da puijança chinesa e capacidade de investimento 2000 segunda edição do Fórum + terceira visita do presidente Hu Jintao à África (Nigéria, Sdão e Moçambique) produtos chineses de baixo custo varrem as principais ruas e casas comerciais de grandes capitais africanas. Obra públicas imponentes com recursos chineses. infra estrutura importante de aeroportos e estradas com mão chinesa.

Países de língua portuguesa: Angola - cresce em torno de quase 20% ao ano Cabo Verde internacionalização crescente São Tomé e Príncipe - normalizam vida política e abrem portas para os investimentos em petróleo.

Guiné Bissau - assiste a sopro de esperança de normalização política.

Moçambique - mais do que todos, só necessita modelar a inserção internacional.

Governo Lula

• Clara a opção por diversificar relações internacionais brasileiras. Ênfase Sul-Sul.

• Continente africano = prioridade.

• Das atuais 34 embaixadas brasileiras e dois consulados na África, 16 foram abertos desde 2003 • Visitou o continente africano dez vezes • Foi a 20 países.

• Semelhanças de clima, vegetação e cultura entre o continente e o Brasil facilitam trocas e experiência.

• Destaque: escritório da

Embrapa

abril de 2008 aberto em Gana em transferência de tecnologia brasileira para mais de 20 países da região.

Mais Brasil

• Inauguração do primeiro escritório internacional da Fiocruz (Fiocruz África) em Moçambique - outubro de 2008.

• Coordenação de ações de cooperação em saúde para todo o continente africano.

• Instalação de fábrica de antirretrovirais em Maputo + transferência de tecnologia brasileira.

Governo Lula

• área estratégica de investimentos diplomáticos e comerciais • Transferência de tecnologia e treinamento de mão-e obra especializada nas áreas de Saúde e Agricultura • Roteiro de visitas e assinatura de acordos sem precedentes na história das relações entre o país e o continente

Hoje

• Brasil = mais uma centena de acordos de cooperação técnica e cultural com países africanos • Somam-se aos 176 existentes até 2003.

• Crescimento do comércio Brasil-África em 414,5% entre 2002 e 2008 • De US$ 5,039 bilhões em 2002 para US$ 25,926 bilhões em 2008.

• Fluxo de comércio no Atlântico (nos dois sentidos) = passou de US$ 6 bi em 2003 para US15 bi em 2006

Governo FHC

• Entre o primeiro e o segundo mandatos • Crescimento inexpressivo de 3% para 5,5% do total de exportações do Brasil

Principais parceiros comerciais

• Angola • Nigéria • África do Sul • 1985-2006 • Bens manufaturados: 82.9% • Semi-manufaturados: 7,8% • Básicos: 9,2%

Angola

• 1975 • Brasil foi o primeiro país do sistema internacional a reconhecer a independência do país • Investimentos do Brasil na infraestrutura, transporte e área petrolífera • Petrobras, Furnas, Odebrecht, Vale do Rio Doce, Camargo Correa, Andrade Gutierrez – energia, minério e serviços

Exportações brasileiras

• Veículos de carga / agrícolas • Gasolina refinada • Telefones celulares • Fios e cabos e aço e cobre • Móveis e outros mobiliários • Açúcar • Carne de frango

Marcas brasileiras em Angola

• Bob ´ s • Richard’s • Mundo Verde • Fisk • Sapataria Futuro

Moçambique

• Infra-estrutura, agricultura, saúde, educação, transporte e energia.

• Vale do Rio Doce é a que mais investe = exploração de carvão em Moatize (norte de Maputo) = US$ 4,5 bilhões + Odebrecht • Outras empresas: • Camargo Corrêa • Grupo Bandeirantes de Comunicação • Concremat • Petrobrás • Fiocruz África = instalação de fábrica de antirretrovirais em Maputo.

Julho de 2010

• I Cúpula Brasil-Cedeao (Cabo Verde) • Guiné Equatorial = Encontro Empresarial Brasil Guiné Equatorial + Teodoro Obiang Mguema Mbasogo.

• Quênia + Mwai Kibaki = Seminário empresarial Brasil Quênia.

• Tanzânia = Encontro Empresarial Brasil Tanzânia + Jakaya Mrisho Kikwete

• Zâmbia + Rupiah Bwezani Banda = primeira visita oficial de um chefe de Estado brasileiro + Seminário empresarial Brasil Zâmbia.

• Fórum Empresarial África do Sul-Brasil