Primeira Geração - Cursinho Vitoriano
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Transcript Primeira Geração - Cursinho Vitoriano
ROMANTISMO
Da revolução política às
transformações estéticas
Como escola literária, o Romantismo predomina na
Europa na primeira metade do século XIX.
Surgimento no período imediatamente posterior à
Revolução Francesa.
O ideal da Revolução Francesa era promover as
transformações sociais necessárias para a
construção de uma sociedade mais justa.
Liberalismo: visava assegurar a liberdade e a
igualdade proclamadas pelos revolucionários.
Nacionalismo: exigia a libertação dos povos
submissos e a unificação das nações divididas.
A redefinição da organização social, com a chegada
da burguesia ao poder, fez surgir o denominado
Movimento Romântico, resultado da necessidade de
transformar o cenário cultural europeu.
A liberdade guiando o povo (1830), de Eugéne Delacroix.
...
Século XVIII: postura racional associada ao Iluminismo
dominou a Europa, principalmente a França.
- Na literatura: revitalização dos modelos clássicos e
uma visão mais otimista da vida, traduzida nos poemas
árcades em que pastores e pastoras celebravam o
amor em um cenário de extremo bucolismo.
- A arte produzida até então tem como ponto de origem
e chegada a aristocracia. Ela é produzida pela elite e
para a elite.
- Era necessária uma transformação cultural equivalente
à política, que só poderia ser realizada pelos
burgueses, os maiores interessados.
A exaltação da imaginação e
dos sentimentos
Burguês: não tinha linhagem, tradição, estirpe,
não tinha “sangue azul”.
Os padrões estéticos estavam fundamentados em
modelos aristocráticos e eram, por isso,
inatingíveis para a burguesia.
Era necessário criar um novo parâmetro de beleza
→ surge uma arte fundamentalmente voltada para
a expressão do indivíduo.
A diferença entre o indivíduo e a sociedade em
que vive será de extrema importância para os
românticos.
A fuga do presente e da
realidade
Autor romântico: incompreendido pela sociedade
em que vive, porque defende valores que
diferem muito dos então vigentes (filosofia
iluminista = processos racionais e posturas
coletivas).
Essa incompatibilidade originará um dos temas
mais frequentes da literatura romântica: a fuga
da realidade.
O medo do presente, que o repele e ridiculariza,
leva o romântico a refugiar-se no sonho, ou
criando utopias, ou voltando-se para o passado,
agora idealizado, como fonte de inspiração.
O imaginário romântico é povoado por criaturas saídas dos sonhos e
pesadelos. Os artistas procuram, por meio de suas obras, resgatar a
presença do desconhecido, do irracional e do passional como
expressões palpáveis dos sentimentos humanos. (O pesadelo, de Henry
Fuseli – 1781-1782, óleo sobre tela).
Os filhos de uma mesma nação
Nacionalismo: consciência partilhada por um
grupo de indivíduos intrinsecamente ligado a
uma terra e detentores de uma cultura e uma
história comuns, marcadas por eventos vividos
em conjunto.
Revolução Francesa: sentimento nacionalista.
A recuperação do passado atua como fonte de
inspiração nacionalista.
Recapitulando: as características
definidoras do Romantismo
A
nova estética assumiu uma feição
anticlássica: liberdade individual do artista.
Valorização do heroísmo e da nobreza de
caráter: construção de uma identidade nacional
que recuperasse a alma do povo.
Livre
expressão
de
sentimentos:
sentimentalistas
e
individualistas
→
imaginação intensa.
Fuga da realidade.
...
Três momentos (ou gerações) distintos no
Romantismo:
1º) consolidação de uma ideia de nação
2º) aprofundamento da perspectiva subjetiva;
exploração do excesso sentimentalista
3º) perspectiva um pouco menos idealizada;
algumas questões sociais como a libertação
dos escravos.
ROMANTISMO EM
PORTUGAL
PRIMEIRA GERAÇÃO
1825:
marco inicial do Romantismo em
Portugal.
Camões, de Almeida Garrett (França)
As mudanças sociais têm início com a partida
da família real para o Brasil, então colônia
portuguesa.
Marcados por alguns traços clássicos, voltarão
para a recuperação do passado histórico
português, eminentemente medieval, que
acentuará o caráter nacionalista de suas obras.
ALMEIDA GARRET e a
dualidade do amor
Filho da burguesia portuguesa
que prosperou graças ao
mercado brasileiro e aderiu às
reformas pombalinas.
Sua obra revela um homem
claramente situado entre dois
mundos: um de influência
clássica; outro de inspiração
romântica.
O primeiro autor a publicar um
texto romântico em língua
portuguesa: Camões.
A Poesia...
Camões
- Poema dividido em 10 cantos e escrito em
decassílabos brancos.
- Uma espécie de biografia romântica de
Camões, destacando seus amores por
Natércia.
Dona Branca
- Tema medieval e utilizar o folclore nacional
em lugar da mitologia clássica.
...
Folhas Caídas:
- Maturidade poética
- Sua paixão por uma mulher casada causa
escândalo na sociedade e dá origem a
versos de tom confessional que impulsionam
o romantismo intimista na obra do poeta.
Seus olhos - se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! - e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
GARRETT, A. Folhas caídas.
Biblioteca Digital. Porto: Porto Editora.
(Col. Clássicos da Literatura Portuguesa)
A Prosa de Ficção...
Viagens na minha terra:
- 1846
- A mais bem acabada obra do autor
- Impressões de viagem (Santarém), registradas pelo
autor
- História de Carlos e Joaninha, “a menina dos
rouxinóis”, passada durante as lutas entre liberais e
miguelistas.
- Histórias entrecortadas por observações de natureza
moral, política, científica, tecnológica e artística.
O Teatro...
1)
Duas fases:
Tons claramente clássicos, inspirada nos modelos
greco-latinos e renascentistas;
2) Inspiração romântica, inaugurada pela peça D.
Filipa de Vilhena.
Frei Luís de Souza:
Triângulo amoroso: D. Manuel – Madalena – D.
João.
- D. Maria (filha D. Madalena) passa a ser bastarda
com a volta de D. João.
Maria morre no momento em que seus pais estão
entrando para a vida monástica.
ALEXANDRE HERCULANO: entre
o romance e a história
Temas políticos e
religiosos
+
reconstituição do
passado histórico
português
A Poesia...
Temas relacionados à religião, à liberdade e
à saudade associada ao contexto da guerra
civil e do exílio.
Tom mais contido
Estrutura rigorosa
A Prosa de ficção...
Novelas e contos
A reconstituição do passado como base para a
-
construção de uma identidade nacional.
Eurico, o presbítero:
História de um valoroso cavaleiro godo que serve ao
duque de Favila.
Eurico apaixona-se pela filha do duque, Hermengarda,
mas o romance é proibido.
Eurico, quando a península é invadida pelos árabes,
assume a identidade do misterioso Cavaleiro Negro.
Hermengarda é salva por Eurico.
Dividido entre o celibato e a paixão, Eurico opta pela
morte.
Hermengarda enlouquece.
Prosa historiográfica...
Quatro volumes da História de Portugal
Valorização das lutas sociais em lugar de
privilegiar os feitos individuais.
Portugalie Monumenta Historica: série de
documentos de um período que se estende
do século VIII ao XV.
SEGUNDA GERAÇÃO
Ultra-Romantismo
Crises de natureza política não ocorreram nesse
contexto.
Caráter bem mais pessoal e particularizado que passa
a caracterizar a produção literária.
O Romantismo era muito bem aceito pelas camadas
populares.
Romances em forma de folhetim.
O escritor profissional.
A burguesia começa a escrever para si própria.
Grande crescimento da interação autor-leitor.
Histórias de amor exacerbado são contadas em tons
melodramáticos.
Características Literárias
Exagero sentimental
Sentimentos arrebatadores
Poeta
completamente isolado da
sociedade
Imagem do herói romântico – luta por
valores (honestidade, amor, direito à
liberdade).
Uma natureza soturna e
ameaçadora
Cenário
preferido dos poemas ultraromânticos: natureza soturna (escura,
sombria) e tempestuosa (agitada).
Natureza: papel funcional
→ 2 funções:
1) PARADISÍACA (encantadora) – vislumbrada
pelos amantes em momentos de sonho
2) SOMBRIA (soturna) – refúgio final para os
desesperados sofredores
Naufrágio, de Claude-Joseph Vernet, 1759. A natureza ameaçadora,
reflexo do estado de desespero do artista, será o cenário preferido dos
ultra-românticos.
O “mal-do-século” e o fascínio pela
ideia da morte
Associação: excessos sentimentalistas e morte
Morrer de amor = disposição para se entregar
completamente ao mais puro sentimento que o
homem pode ter.
Amantes da noite e da escuridão
Bebidas
Tuberculose
Fascínio pela morte, pela escuridão, pela doença,
pela bebida, pelo tédio e por drogas (ópio e haxixe)
→ o “mal-do-século”.
CAMILO CASTELO BRANCO:
um ultra-romântico exemplar
Principal
representante do ultraromantismo português
Nasceu em 1825
Casou-se muito cedo
Esposa: Joaquina
Filha morreu aos 5 anos
1843: abandonou a esposa
Vida boêmia
1850: conhece Ana Plácido (casada).
Amantes são presos em 1860.
Na cadeia, escreve Amor de Perdição
(novela de amor)
Mais de 40 textos de ficção, pelo
menos 1 dezena de peças teatrais e
alguns livros de poesia.
Cegueira total leva-o ao suicídio
1890: suicídio com tiro no ouvido.
A produção literária
Homem de visão crítica
Novelas: a tragédia amorosa é o centro do
enredo
Sátiras: os exagerados românticos são
ridicularizados
Novelas passionais
O impedimento do amor é de ordem social
Sofrimento amoroso é enaltecido
Fim trágico: sentença punitiva
Amor de Perdição: uma obra-prima
no cenário romântico
Encenação portuguesa do drama shakespeariano de Romeu
e Julieta.
Simão Botelho: rapaz arruaceiro, causador de grande
desgosto aos pais (Domingos Botelho e dona Rita Preciosa).
Amor à primeira vista: Teresa de Albuquerque.
Proibidos de se verem, Simão vai para Coimbra e Teresa,
para o convento (para não casar com o primo, Baltasar
Coutinho).
Simão e Teresa comunicam-se por meio de cartas.
Simão decide visitar Teresa e encontra o pai e o primo da
moça. Os dois jovens brigam e Simão mata Baltasar.
Simão se entrega para a polícia para pagar pelo crime que
cometeu (perfeito herói romântico).
...
Preso na cadeia do Porto
Mariana da Cruz, filha do ferreiro, cuida de Simão, por quem
é apaixonada.
Mariana dispõe-se a ajudar Simão e Teresa com as cartas.
Simão provavelmente será condenado à força e, por isso,
Teresa adoece.
O pai de Simão, com seu status, busca trocar a pena pelo
degredo (exílio) do filho.
Mariana convence Simão a levá-la em sua viagem.
Teresa observa a partida de Simão, muito adoecida, do alto
do convento.
Simão vê um lenço sendo agitado ao longe, que, de repente,
desaparece: Teresa havia morrido.
...
No momento da partida do navio, uma velha senhora se
apresenta no porto com um embrulho de cartas para Simão.
São as cartas por ele enviadas a sua amada; sobre elas a
última carta escrita por Teresa.
A morte de Simão chega depois de um período de agonia,
tomado pela febre. Mariana sofre com a doença do amado.
Morto Simão, no momento em que seu corpo é lançado ao
mar, ouve-se o baque de outro corpo na água: é Mariana.
Mariana nada até abraçar Simão.
Os marinheiros do navio tentam resgatá-la, mas recuperam
apenas o maço de cartas dos amantes, enrolado no avental
de Mariana.
TERCEIRA GERAÇÃO
Um momento de transição
Após década de 1860: romances em que os
traços mais exagerados vão desaparecendo.
Indícios de mais aproximação com a
realidade.
JULIO DINIS
Joaquim Gomes Botelho
- Tuberculose
- As Pupilas do Senhor Reitor
- Retrata a vida em uma típica aldeia portuguesa.
- Personagens completamente idealizadas.
- Defende o valor das tradições
- Privilegia a ideia de progresso e de mudança.
As Pupilas do Senhor Reitor
Senhor Reitor: tutor de duas jovens órfãs.
Clara: “Clara possuía um gênio, com o qual se não davam as apreensões.
Não calculava conseqüências. A vida era o presente. (...) A sua confiança
em tudo chegava a ser perigosa. Um inesgotável fundo de generosidade,
elementos principal daquele caráter simpático.”
Margarida: “De caráter triste e sombrio, que é traço indelével que fica de
uma infância, à qual se sufocaram as naturais expansões e folguedos, em
que precisa de transbordar a vida exuberante e bela.”
Daniel: Amigo de infância de Margarida, filho do abastado José das Dornas,
também pai de Pedro. Margarida afeiçoara-se a Daniel. Daniel tem
constituição física frágil, o que leva o pai a direcioná-lo para o sacerdócio
por meio do Reitor.Como Daniel aos treze anos confessa que não tem
vocação para a carreira religiosa, o Reitor convence o pai a envia-lo ao
Porto para estudar medicina e ser doutor.
Pedro: irmão de Daniel e noivo de Clara.
Dr. João Semana: médico octagenário de idéias limitadas e ultrapassadas.
João da Esquina: comerciante, atento a intrigas e brigas locais,
representante do meio mesquinho e pequeno.
Velho Mestre: velho filósofo que se instalara na vila para procurar paz na
vida do campo e preparar-se para morrer. O velho servia de mestre a
Margarida, criando amizade com a moça, que muito aprendia com o
filósofo.
...
Num cenário povoado de tipos humanos cuja bondade só é maculada pelo
moralismo quase ingênuo de comadres fofoqueiras, desenrola-se o drama
amoroso.
Daniel, ainda menino, prepara-se para ingressar no seminário, mas o reitor
descobre seu inocente namoro com a pastorinha Margarida (Guida). O pai,
José das Dornas, decide, então, enviá-lo ao Porto para estudar medicina. Dez
anos depois Daniel volta para a aldeia, como médico homeopata. Margarida,
agora professora de crianças, conserva ainda seu amor pelo rapaz. Ele, no
entanto, contaminado pelos costumes da cidade, torna-se um namorador
impulsivo e inconstante, e já nem se lembra da pequena pastora.
A esse tempo, Pedro, irmão de Daniel, está noivo de Clara, irmã de Margarida.
O jovem médico encanta-se da futura cunhada, iniciando uma tentativa de
conquista que poria em risco a harmonia familiar. Clara, inicialmente, incentiva
os arroubos do rapaz, mas recua ao perceber a gravidade das conseqüências.
Ansiosa por acabar com impertinente assédio, concede-lhe uma entrevista no
jardim de sua casa.
Esse encontro é o ponto culminante da narrativa: surpreendidos por Pedro, são
salvos por Margarida, que toma o lugar da irmã.
Rapidamente esses acontecimentos tornam-se um grande escândalo que
compromete a reputação de Margarida. Daniel, impressionado com a
abnegação da moça, recorda-se, finalmente, do amor da infância. Apaixonado
agora por Guida, procura conquistá-la.
No último capítulo, depois de muita resistência e de muito sofrimento,
Margarida aceita o amor de Daniel.
TRANSIÇÃO
O Romantismo português vai, aos poucos, se
distanciando do exagero ultra-romântico e
preparando o caminho para a transformação
que chegará com os jovens idealistas da
famosa geração de 1870 – Eça de Queirós,
Antero de Quental, Oliveira Martins, entre
outros.
ROMANTISMO
NO BRASIL
PRIMEIRA GERAÇÃO
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Transferência da corte portuguesa para o
Brasil: abertura dos portos às nações amigas
Crescimento das transações comerciais e do
intercâmbio cultural.
Criadas escolas, museus, bibliotecas
Urbanização da capital
Circulação regular de jornais e periódicos –
criação da Imprensa Régia (imprensa nacional).
Um funcionário sai a passeio com a família, aquarela de Jean
Baptiste Debret. Observe na foto um costume da Corte trazido para a
ColÔnia. A hierarquia familiar: primeiro o chefe, depois os filhos, em
idade crescente, a mãe, a criada de quarto, a ama-de-leite, sua escrava
e os escravos homens.
...
Formação precária de um público leitor (a
maioria da população era analfabeta).
Construção de um circuito literário completo
em terras nacionais, com a vinda da corte
portuguesa.
Para muitos, apenas com o Romantismo
podemos
falar
de
uma
Literatura
genuinamente nacional.
A idealização de uma pátria e de um
povo
Grande
estímulo:
proclamação
da
Independência.
O desejo de uma identidade cultural brasileira.
1836: marco do início do Romantismo no
Brasil
Revista com temas de interesse nacional:
Niterói, Revista Brasileira de Ciências, Letras
e Artes.
“Tudo pelo Brasil, e para o Brasil”.
1836: Suspiros poéticos e saudades, de
Gonçalves de Magalhães. (poemas)
Gonçalves de Magalhães fala sobre a relação
entre literatura e colonização
Cada povo tem sua literatura própria, como cada homem
seu caráter particular, cada árvore seu fruto específico; mas
esta verdade incontestável para os primitivos povos,
algumas modificações contudo experimenta entre aqueles
cuja civilização apenas é um reflexo da civilização de outro
povo. Então, como nas árvores enxertadas, vêem-se pender
dor galhos de um mesmo tronco frutos de diversas
espécies; e posto que não degenerem muito os que do
enxerto brotaram, contudo algumas qualidades adquirem,
dependentes da natureza do tronco que lhes dá o
nutrimento, as quais os distinguem dos outros frutos da
mesma espécie. Em tal caso marcham a par das duas
literaturas, e distinguir-se pode a indígena da estrangeira.
MAGALHÃES, Gonçalves de. Discurso sobre a história
da literatura no Brasil.
...
Busca, no passado histórico, de elementos
definidores das origens nacionais.
Os principais escritores da Primeira Geração
passam a inspirar-se na América précabralina.
Primeira Geração = Geração Lusófoba (que
tem ódio a Portugal).
Nativistas (indianistas) – presença do índio
Índio: espírito do homem livre e incorruptível (o
bom selvagem).
Literatura: guardiã da memória de um povo.
GONÇALVES DIAS:
Um indianista amoroso
Nasceu no Maranhão, em 1823
Origem mestiça (retrato do Brasil)
Foi para Portugal
Direito (Univ. de Coimbra)
Influenciado por textos de Almeida Garrett e Alexandre
Herculano.
1846: Primeiros Cantos
Segundos cantos
As sextilhas do frei Antão (1848).
Os últimos cantos (1851)
Todos são livros de poesias
Temas fundamentais: natureza, pátria e religião.
Morreu, em 1864, vítima de um naufrágio.
Uma palmeira, um sábia e muitos
índios
Canção do Exílio – síntese do amor pela
pátria
Superioridade do Brasil
Extremo saudosismo
Inúmeros autores que, inspirados no poema,
também abordaram o tema do amor à pátria.
Gonçalves Dias = o poeta dos índios
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
De Primeiros cantos (1847)
...
I-Juca Prima
- “O que há de ser morto”
- História do último descendente da tribo Tupi, feito
-
-
prisioneiro pelos valentes Timbiras.
Idealização do índio
Exaltação da natureza
O jovem Tupi pede piedade, sendo interpretado
como covarde.
O jovem Tupi, liberto, encontra o pai, que renega o
filho que, diante do inimigo, demonstrou covardia.
“Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.
(...)
Sé maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és."
...
Decidido a provar sua coragem, o jovem Tupi
arremete contra os guerreiros timbiras.
Após luta intensa, pela coragem mostrada, o
tupi merece viver.
Canto X: mostra um velho Timbira contando,
para as crianças da tribo, a história do
valente tupi.
Um velho Timbira, coberto de glória,
guardou a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
do que ele contava,
Dizia prudente: - “Meninos, eu vi!
“Eu vi o brioso no largo terreiro
cantar prisioneiro
Seu canto de morte, que nunca esqueci:
Valente, como era, chorou sem ter pejo;
parece que o vejo,
Que o tenho nest'hora diante de mim.
(...)
Assim o Timbira, coberto de glória,
guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
do que ele contava,
Tomava prudente: "Meninos, eu vi!”
(GARBUGLIO, José Carlos. (org).
Os melhores poemas de Gonçalves Dias)
SEGUNDA GERAÇÃO
A grande marca temática que influenciou os
escritores da segunda geração foi a morte.
A idealização de temas e personagens,
contudo, continua forte como sempre.
Uma visão negativa do mundo e da sociedade
perpassa toda a obra dos escritores desse
período.
É no contexto das desilusões e da maneira
pessimista de encarar a própria existência que
a morte surge como solução, como alívio aos
sofrimentos.
... A temática do Amor e da Morte
A morte aparece nos poemas ultra-românticos
indissociada do amor não correspondido,
fonte do sofrimento insuportável.
Desejo de amar x desejo de morrer.
A imagem de perfeição feminina apresenta os
traços da morte, como que a condenar
implicitamente qualquer forma de manifestação
física do amor.
...
Quando o sentimento amoroso não era tratado numa
-
-
atmosfera de sonho e ilusão, aparecia simbolizado
pelo saudosismo de uma infância perfeita,
configurando-se, então, como algo ingênuo e
inocente.
Características da geração:
Subjetivismo pessimista
Desejo de fuga da realidade
Atração pelo mistério
Solidão do poeta
Natureza mórbida
Idealização absoluta da mulher virginal e etérea.
Meus Oito Anos
Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Como são belos os dias
Do despontar da existência !
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor !
Casimiro de Abreu
Fagundes Varela
Dentre os poetas da segunda
geração, Fagundes Varela foi
um homem que manifestou
também os primeiros sinais da
preocupação com temas sociais
que caracterizaria os autores da
terceira geração. Por
esse
motivo, é visto como um autor de
transição.
Juiz de Direito
Tragédia pessoal: o filho morreu
aos 3 meses
Boêmio
Cântico do Calvário
A cruz
Estrelas
Singelas,
Luzeiros
Fagueiros,
Esplêndidos orbes, que o mundo aclarais!
Desertos e mares, - florestas vivazes!
Montanhas audazes que o céu topetais!
Abismos
Profundos!
Cavernas
E t e r nas!
Extensos,
Imensos
Espaços
A z u i s!
Altares e tronos,
Humildes e sábios, soberbos e grandes!
Dobrai-vos ao vulto sublime da cruz!
Só ela nos mostra da glória o caminho,
Só ela nos fala das leis de - Jesus!
Álvares de Azevedo
Nasceu em SP, em 1831.
Faculdade de Direito
Nenhum dos livros foi
publicado em vida.
Morreu aos 21 anos.
Lira dos Vinte Anos: os suspiros
doloridos de um jovem poeta
Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da
lira interna que agitava um sonho, notas que o vento
levou - como isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do
mistério do meu amor e da minha solidão, agora que
ela vai seminua e tímida, por entre vós, derramar em
vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó
meus amigos, recebei-a no peito e amai-a como o
consolo, que foi, de uma alma esperançosa, que
depunha fé na poesia e no amor - esses dois raios
luminosos do coração de Deus.
(AZEVEDO, Álvares de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.)
...
Dividida em 3 partes.
1ª
e 3ª partes: sentimentalismo e
egocentrismo.
- Versos que revelam fascínio pela ideia de
morrer e atração pelas virgens pálidas e frias.
- A possibilidade de concretização do amor é
confinada ao mundo dos sonhos.
2ª parte: ironia e sarcasmo.
Noite na Taverna: a perdição dos
desejos da carne
- Silêncio, moços! acabai com essas
cantilenas horríveis! Não vedes que as
mulheres dormem ébrias, macilentas como
defuntos? Não sentis que o sono da
embriaguez pesa negro naquelas pálpebras
onde a beleza sigilou os olhares da volúpia?
AZEVEDO, Álvares de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
...
Relato de aventuras amorosas dos rapazes.
Desejo carnal: o lado negro do sentimento
amoroso.
Ressaltar a pureza do amor espiritualizado.
Apenas a morte é capaz de purificar.
A idealização (dessa vez feita em termos
negativos) chega às raias do absurdo.
TERCEIRA GERAÇÃO
1840: reinado de D. Pedro II
Grande crise econômica
Lutas sangrentas e revoltas.
1850: café chegou ao apogeu no mercado
Tráfico negreiro.
Lei Eusébio de Queirós (punições para o
tráfico de escravos).
Castro Alves
Baiano, nascido em 1847.
1860: morava em Recife.
Faculdade de Direito
Arrebatados poemas
Sensualidade explícita
Os relacionamentos são reais
Encontros furtivos dos amantes
Inesquecíveis noites de amor
Morreu aos 24 anos.
O CONDOREIRISMO: A vertente
social da poesia romântica
Envolvimento de Castro Alves com as questões
libertárias.
Castro Alves em SP: Cidade com muitos
melhoramentos urbanos.
Nos engenhos, as senzalas úmidas e frias eram
testemunhas da desgraça de um povo.
Inspirado pelos princípios libertários defendidos por
Victor Hugo, começa a escrever poemas sobre o tema
da escravidão.
Condor: símbolo da pujança e da força dos poetas que
põem sua pena a serviço da causa da liberdade.
A poesia torna-se instrumento de uma causa
social e faz com que o poeta assuma para si
a tarefa de denunciar as injustiças sociais.
Castro Alves: “Navio Negreiro” – poema
composto em seis cantos que trata do
sofrimento dos negros durante a travessia do
oceano, confinados num navio negreiro.