Capítulo 9.0 Morfofisiologia vegetal e movimentos

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Transcript Capítulo 9.0 Morfofisiologia vegetal e movimentos

Morfofisiologia vegetal e movimentos vegetais

Organologia vegetal

O corpo das plantas traqueófitas é dividido em três grandes partes:  Raiz;   Caule; Folhas.

São denominados órgãos vegetativos.

Raiz

   Se origina a partir da radícula do embrião.

Funções: absorção

minerais e

fixação

de água e sais do vegetal ao solo.

Como na maioria das vezes é subterrâneo, não faz fotossíntese,sendo assim, depende dos outros órgãos vegetais.

Morfologia externa da raiz

A raiz pode ser dividida em quatro regiões:

1.

Zona de multiplicação ou meristemática:

ocorre a produção de novas células, proporcionando o crescimento da raiz. Envolvida por uma região onde

coifa

que a protege contra o atrito do solo e ação de microrganismos;

2.

3.

4.

Zona lisa:

também chamada de

zona de distensão

de

elongação

meristemática; , é nela que ocorrem a elongação e a diferenciação das células produzidas na zona ou

Zona pilífera:

caracteriza absorventes na epiderme, com função de absorção de água e nutrientes; se pela presença de pelos

Zona secundária:

ramos secundários da raiz. É a parte mais velha da raiz, revestida de súber.

região onde ficam localizados os

Morfologia interna da raiz

 Junto com o crescimento primário da raiz ocorre também o crescimento secundário (em espessura), podemos então falar de

estrutura primária

e

estrutura secundária.

Estrutura primária

 

A estrutura primária da raiz

Estrutura primária é aquela com a qual o órgão surgiu. Pode ser sucedida em algumas plantas pela estrutura secundária.

A estrutura primária de uma raiz cortada na zona pilífera é constituída por:

Epiderme:

formada por uma camada de células que podem se diferenciar em pelos absorventes. 

Córtex:

constituído por parênquima de preenchimento, muitas vezes armazenador de reservas.

 

Endoderme:

formada por uma camada de células selecionadoras de materiais que irão atingir os vasos. Nas monocotiledôneas o reforço é de lignina e forma uma letra U. As dicotiledôneas possuem as

estrias de Caspary

que são fitas que impedem a passagem de substâncias por entre as células.

Periciclo:

formado por uma camada de células que rodeiam os vasos condutores.

Vasos do xilema e floema:

alternam-se de diferentes maneiras nas dicotiledôneas e nas monocotiledôneas.

Monocotiledônea

Dicotiledônea

Estrutura secundária

   Na raiz em estrutura secundária, já ocorreu crescimento em espessura, em função dos meristemas secundários:

câmbio

e

felogênio

.

Câmbio:

atua produzindo xilema, voltado para o interior da raiz e floema para o exterior.

Felogênio:

produz súber para o exterior e parênquima para o interior.

    

Funções secundárias de raízes

Além das funções primárias das raízes (fixação e a absorção), algumas podem executar outras funções que resultam em importantes adaptações para diferentes condições ambientais.

Raízes tuberosas:

armazenam grande quantidade de amido e sacarose. Ex.: cenoura, mandioca, beterraba etc.

Raízes respiratórias (pneumatóforos):

adaptadas a realizar a troca gasosa. Ocorrem em plantas que vivem em solos alagados e com pouco oxigênio.Ex.: plantas de mangue.

Raízes suporte:

árvore.

aumentam a capacidade de fixação da

Raízes cintura:

desenvolvem-se sobre o tronco de outra árvore sem prejudicá-la. Ocorrem em plantas epífitas, como orquídeas e bromélias.

Raízes sugadoras ou haustórios:

penetram no tronco de outras árvores, sugando sua seiva. Ex.: erva-de passarinho e cipó-chumbo.

desenvolvem-se e

Raízes tuberosas

Raízes respiratórias

Raízes suporte

Raízes cintura

Raízes sugadoras

Caule

    Tem origem a partir do caulículo do embrião.

Função primária:

raízes.

elevar e sustentar a copa (facilitando a fotossíntese) e realizar a integração entre caule e raiz, possibilitando a subida de água e sais das raízes para as folhas e a descida da seiva elaborada das folhas às Dotados de

gemas

ser

apicais

(células meristemáticas), que podem (que possibilita o crescimento primário) e ou

laterais

(ou

axilares

laterais ou folhas).

que pode dar origem a ramos A região onde se encontra as folhas e gemas são chamadas de

nós

e os espaços entre são chamados de

internós

.

Morfologia interna do caule

 Assim como ocorre na raiz, o caule que não sofreu crescimento em espessura está em estrutura primária; e o que sofreu, em estrutura secundária.

Estrutura primária do caule

Nos caules, xilemas e floemas se encontram agrupados formando feixes. Floema ficam do lado de fora e xilema ficam do lado de dentro.

Ao redor dos feixes condutores, encontram se parênquimas de preenchimento.

Nas

dicotiledôneas

os feixes dipõem-se regularmente como se estivessem ao longo de uma circunferência.

Nas

monocotiledôneas

dipõem-se desorganizadamente.

As monocotiledôneas não apresentam crescimento em espessura, pois não desenvolvem câmbio e felogênio. As dicotiledôneas apresentam crescimento secundário.

Estrutura secundária do caule

O caule das árvores é constituído principalmente por xilema, que geralmente apresenta uma região central mais escura, o externa mais clara, o

cerne alburno

(formado por xilema inativo, impregnado por corantes e resinas, que impedem a proliferação de microrganismos que poderiam apodrecer a planta, é bastante utilizado para trabalhos de marcenaria), circundada por uma região (formado por vasos lenhosos ativos).

Anéis de crescimento

Um tronco cortado transversalmente mostra círculos concêntricos de xilema chamados de anéis de crescimento.

Resultam da atividade do câmbio vascular em resposta a alterações climáticas.

Em países onde as estações do ano são bem definidas o número de anéis de crescimento corresponde ao número de anos de existência da árvore, pois durante o inverno a atividade do câmbio é interrompida, sendo retomada na primavera.

Tipos de caules

 Na maioria das vezes os caules são aéreos, podendo ter os mais diversos tipos, formatos e tamanhos. Alguns são subterrâneos, e muitos acabam desempenhando funções secundárias.

Exemplos:

Caules aéreos

      

Tronco:

são eretos, robustos e com muitas ramificações.

Estipe:

robustos, com ramificações apenas no ápice. Ex.: palmeiras e coqueiros.

Colmo:

caules flexíveis, pouco desenvolvidos e divididos em gomos. Ex.: cana-de açúcar e bambu.

Haste:

caules flexíveis, revestidos por epiderme e clorofilados. Ex.: capins e gramas.

Trepadores:

caules flexíveis, que fixam as plantas em outras hospedeiras. Ex.: maracujá.

Estolão ou estolho:

caule que cresce paralelo ao chão e produz gemas que permitem propagação vegetativa. Ex.: morango, abóbora e melancia.

Cladódio:

caule que realiza fotossíntese. Ex.: cactos.

Tronco

Estipe

Colmo

Haste

Trepadores

Estolão ou estolho

Cladódio

Caules subterrâneos

 

Rizomas:

caules que crescem paralelos ao solo e fixam o vegetal.Ex.: samambaias e bananeiras.

Tubérculos:

caules que armazenam amido. Diferem das raízes tuberosas por apresentarem gemas. Ex.: batata-inglesa.

Bulbos:

conjunto formado por caule e folhas modificadas, com função reprodutiva e de reserva nutritiva. Ex.: cebola e alho.

Rizomas

Tubérculos

Bulbos

Folhas

 Surgem partir do tecido meristemático do caule.

  Possuem certa durabilidade, sendo substituídas periodicamente.

Funções primárias: trocas gasosas, fotossíntese e transpiração.

Anatomia externa

As folhas possuem normalmente quatro partes:  

Limbo:

é a lamina foliar, responsável pela fotossíntese, transpiração e trocas gasosas. Pode ser dividida em folíolos.

Pecíolo:

caulículo que liga o limbo ao caule.

 

Bainha:

expansão da base da folha, que envolve o caule.

Estípula:

apêndices, localizados junto da bainha, com função de protegê-la.

Anatomia interna

A fotossíntese ocorre principalmente nas folhas de uma planta. A morfologia interna da folha se dá por:  Duas epidermes achatadas que revestem: o

preenchimento (parênquima)

e o

tecido de tecido condutor

.

 

Tecido de preenchimento:

constituído por duas camadas de células clorofiladas e vivas, o

parênquima paliçádico

(células organizadas) e o

parênquima lacunoso

(células irregulares).

Tecido condutor:

compõe as nervuras. Há dois tipos de vasos.

do xilema Vaso do floema

(seiva bruta).

(seiva elaborada) e

vaso

 O

parênquima clorofiliano

responsável em nutrir a planta através da realização da fotossíntese.

(paliçádico e lacunoso) é

Tipos de folhas

Algumas folhas podem ser modificadas, assumindo, assim, a realização de funções secundárias. Por exemplo: 

Gavinhas:

folhas que se enrolam sobre um eixo, para fixação. Em alguns casos podem ser caules modificados. Ex.: uva e ervilha.

 

Espinhos:

folhas curtas e duras. Diminuem a superfície transpirante além de proporcionar defesa. Ex.: cactos.

Catáfilos:

folhas subterrâneas dos bulbos. Armazenam substâncias nutritivas. Ex.: cebola e alho.

 

Brácteas:

folhas protetoras de flores. Servem também para atrair agentes polinizadores. Ex.: antúrio.

Sépalas, pétalas, estames e carpelos:

participam da constituição das flores das angiospermas.

Gavinhas

Espinhos

Catáfilos

Brácteas

Sépalas, pétalas, estames e carpelos

Transpiração e trocas gasosas

 A transpiração vegetal é a eliminação de água no estado gasoso.

 As trocas gasosas, corresponde a entrada de CO2 (utilizado na fotossíntese).

 Os eventos ocorrem principalmente nas folhas, onde se encontram os estômatos (na epiderme).

Estrutura e funcionamento dos estômatos

    Funcionam como válvulas reguláveis que podem abrir ou fechar, possibilitando a ocorrência simultânea de transpiração e trocas gasosas.

Formado por duas células-guardas, são dotadas de cloroplastos, possuem uma forma de rim (reniformes), essa forma é determinada pela existência de uma concavidade em cada célula, formando uma abertura, o ostíolo.

Quando as células-guardas absorvem água, ficam túrgidas e o ostíolo se abre, ocorrendo a transpiração e troca gasosa.

Quando as células-guardas perdem água o ostíolo se fecha interrompendo a transpiração e a troca gasosa.

Mecanismos que determinam a abertura dos estômatos

A umidade do ar

A abertura e o fechamento dos estômatos dependem da água existente no interior das células-guardas, são chamados de

movimentos hidroativos

. 

A luz

Geralmente a luz permite a abertura dos estômatos enquanto sua falta favorece seu fechamento. A seguir duas hipóteses para explicar a participação da luz nos chamados

movimentos fotoativos

dos estômatos.

 O vegetal só pode eliminar água se houver possibilidade de reposição através da raiz.

  O CO2 pode entrar nas folhas, na presença de luz, para ser utilizado na realização de fotossíntese.

Mas o que leva as células-guardas a absorver ou perder água em cada um dos casos?

  

Fotossíntese das células-guardas:

concentração, abrindo os estômatos.

ao receberem a luz, as células-guardas realizam fotossíntese produzindo glicose, aumentando assim a sua

Conversão do amido em glicose:

na presença de luz enzimas convertem amido em glicose, aumentando a concentração das células-guardas, que recebem água. Na ausência de luz a glicose é convertida em amido.

Hipótese do potássio (mais importante):

concentração e recebendo água.

na presença de luz, as células-guardas absorvem íons potássio das células vizinhas, aumentando a sua

Transpiração

Estômatos abertos são um convite para a saída de moléculas de vapor d’água, fenômeno conhecido como

transpiração estomatar

e que corresponde à maior parte de água perdida pela planta. Existe também a

transpiração cuticular

que é a perda de água pela cutícula.

A

transpiração estomatar cuticular

corresponde a água diariamente.

e a

transpiração transpiração total

e essa remove da planta grande quantidade de

Experimentos que demonstram a transpiração

Fatores biológicos que interferem na transpiração

 Quanto maior a largura da folha, maior a intensidade de transpiração.

Espessura da cutícula

Quanto mais espessa a cutícula que reveste a epiderme, menor a intensidade de transpiração.

Pelos

Os pelos ajudam a reter umidade sobre a folha e refletem a luz solar, diminuindo o aquecimento da folha e consequentemente a transpiração.

Numero de estômatos

Quanto mais estômatos na folha, maior intensidade de transpiração. Com relação à localização dos estômatos, as folhas podem ser: epiestomáticas, hipoestomáticas e anfiestomáticas.

Fatores externos que interferem na transpiração

Temperatura

Até um determinado limite, a temperatura acelera o metabolismo vegetal, consequentemente a transpiração.

 A transpiração é mais intensa durante o dia.

 

Luminosidade Umidade do ar

O ar seco intensifica a evaporação.

Vento

O vento retira o vapor excessiva.

d’água da superfície das folhas, facilitando a transpiração. Se ele for intenso, os estômatos se fecharão, evitando a transpiração

Transporte vegetal

  O transporte de água e nutrientes ocorre em parte por difusão de célula em célula e na maior parte do trajeto ocorre no interior dos vasos condutores.

Seiva bruta

(inorgânica)---vasos do xilema-- internamente no caule 

Seiva Elaborada

(orgânica)---vasos do floema---periferia do caule

A condução da seiva bruta

A pressão positiva da raiz

Resultante de um mecanismo osmótico a água entra pelos pêlos absorventes por osmose, pois a concentração é maior do que a solução do solo, até chegar no xilema.

 A sucção está relacionada aos processos de

fotossíntese

caracterizando um fluxo continuo de água.

transpiração

folhas, mais água será reposta no xilema pelas raízes, e da planta. Quanto mais água for removida pelas 

A sucção exercida pelas folhas A capilaridade

A ascensão da seiva do xilema ocorre por capilaridade. No entanto, esse fato não explica a subida da seiva inorgânica.

A condução de seiva elaborada

De modo geral, os materiais orgânicos são translocados para órgão consumidores e de reserva, podendo haver inversão do movimento quando necessário.

A hipótese de Münch

As células do parênquima foliar realizam fotossíntese e produzem glicose. A concentração dessas células aumenta, o que faz com que absorvam água do xilema das nervuras. O excesso de água absorvida é deslocado para o floema, arrastando moléculas de açúcar em direção aos centros consumidores ou de reserva.

O anel de Malpighi