Anne Frank - Temas de História

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Transcript Anne Frank - Temas de História

Primeira página do diário de Anne
15 de julho de 1944
“Vejo o mundo a ser lentamente transformado num
deserto (..), sinto o sofrimento de milhões de pessoas.
E contudo, quando ergo os olhos para o céu, tenho a
sensação de que tudo vai mudar para melhor, de que
esta crueldade acabará também, de que a paz e a
tranquilidade regressarão novamente.”
Anne Frank
“A nossa primavera"
A primavera está nas árvores, nos campos, nas florestas,
Mas aqui, no gueto, é outono e tudo é frio,
Mas aqui, no gueto, tudo está triste e gélido,
Como uma casa enlutada – em sofrimento
Primavera! Lá fora, os campos foram semeados,
Aqui, à nossa volta, só o desespero foi plantado,
Aqui, à nossa volta, crescem paredes defensivas,
Vigiados como numa prisão, durante a longa noite.
A Primavera, já chegou! Em breve maio chega,
Mas aqui, o ar cheira a pólvora e a chumbo.
O carrasco arou com a sua espada sangrenta
Um cemitério gigante – a terra.
Mordecai Gebirtig, 1942
Soldados alemães interrogam judeus capturados
durante a revolta do gueto de Varsóvia.
Polónia, maio de 1943.
O que foi o Holocausto?
“Porque aconteceu?
Quem foi responsável?
Como foi possível?
Quais as consequências?”
Iremos agora conhecer a
história de uma família,
os seus rostos, sonhos e
esperanças, que viu a sua
vida interrompida pelo
maior dos sofrimentos.
Fotografia da família Frank,Merwedeplein,
Amesterdão, maio de 1941.
Uma visita virtual ao Museu
Anne Frank, Amesterdão
Convidamos-te a fazer uma visita virtual ao Museu Anne Frank, a casa onde esta
adolescente alemã se escondeu das forças Nazis, com a família e amigos, durante 25
meses, entre 1942 e 1944. Foi neste Anexo Secreto que a jovem judia escreveu o seu
diário, a que deu o nome de Kitty, contando a sua vida enquanto refugiada. Após a
publicação do diário (1947), um dos livros mais traduzidos no mundo, o Anexo secreto
tornou-se num famoso museu.
Anne Frank morreu aos 15 anos no campo de concentração de Bergen-Belsen, com
febre tifóide, e tornou-se num dos símbolos do holocausto.
A história de
Anne Frank
A vida de Anne Frank
 A vida na Alemanha
 A emigração para a Holanda
 O esconderijo
 A Detenção
Anne Frank a escrever na mesa do seu quarto, no apartamento de Merwedeplein,
Amesterdão.
A história de Anne Frank
A vida de Anne Frank
A vida na Alemanha
Vida na Alemanha
1925
Judeus
Os judeus corriam perigo crescente
na Alemanha. Em março de 1933,
quando Anne tinha quatro anos, os
seus pais decidiram emigrar para a
Holanda.
Otto Frank e Edith Holländer casaramse em Aachen, a 12 de maio de
1925. Depois da lua de mel na Itália,
foram viver para Frankfurt am Main.
A 16 de fevereiro de 1926, nasceu a
primeira filha: Margot Betti. Um mês
depois, mudaram-se para Marbachweg,
uma casa grande num bairro tranquilo
na periferia da cidade, onde havia
muitas famílias com diferentes crenças
religiosas:
judaica,
católica
e
protestante. Annelies Marie Frank
nasceu a 12 de junho de 1929 em
Frankfurt am Main, Alemanha.
Os primeiros anos de casamento foram
muito felizes, mas a crise económica levou
Hitler ao poder em 1933. Otto e Edith Frank
ficaram profundamente preocupados e
procuravam sair do país.
Judeus e alemães
A família Frank era judia e alemã. Os Frank
e os Holländer viviam na Alemanha há
séculos. A família de Otto Frank vivia em
Frankfurt am Main durante gerações. A
família de Edith era oriunda de Aachen,
perto da fronteira holandesa.
Anos felizes
A crise estimula
sentimentos
radicais
A ascensão dos
Nazis
Na década de 1920, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
Alemães (NSDAP), de Adolf Hitler, era constituído um pequeno grupo
de dissidentes políticos. Mas a escalada da crise atraía cada vez mais
pessoas para os partidos radicais.
Hitler e o seu partido eram antissemitas, o que significa que
odiavam os judeus. Segundo eles, caso se livrassem dos judeus,
resolveriam todos os problemas da Alemanha. O NSDAP de Hitler foi
crescendo e tornou-se o maior partido político do país em 1932.
Crise e
antissemitismo
A economia alemã estava em crise. Os judeus eram culpados por isso. A
situação ficava cada vez pior, por isso, Otto e Edith Frank estavam
profundamente preocupados.
Principais preocupações
Para além do clima económico, também existiam problemas políticos no país. Os apoiantes do
partido de Hitler estavam a aumentar. Em julho de 1932, o NSDAP tornou-se o maior partido,
com 37% dos votos. Os membros das SA (tropas de assalto) marchavam pelas ruas cantando
músicas antissemitas. O judeus na Alemanha eram acusados ​de todos os problemas do país.
Procissão de velas com membros da SA, Berlim, 30 de janeiro de 1933.
“Lembro-me que já em 1932, grupos de tropas de choque
marchavam, cantando: "Quando sangue judeu respingar da faca.”
Otto Frank
Adolf Hitler (à esquerda) tornou-se chanceler em 30 de janeiro de 1933. A
Alemanha democrática transformou-se numa ditadura
Sem palavras e atordoado
Quando Hitler se tornou chefe do governo alemão, em 30 de janeiro de 1933, Otto e Edith
Frank estavam em casa de amigos. Otto descreveu esse momento: “Estávamos sentados à
mesa a ouvir rádio. Então veio a notícia de que Hitler se tinha tornado chanceler. Seguiu-se
um relato da procissão em Berlim em que podíamos ouvir gritos e aplausos. Hitler terminou o
seu discurso com as palavras: "Deem-me quatro anos." O nosso anfitrião, em seguida, disse
com entusiasmo: "Vamos ver o que o homem pode fazer!" Eu fiquei sem palavras e a minha
esposa atordoada. "
Otto e Edith Frank procuravam
uma forma de sair da
Alemanha. No início de março
1933, tomaram uma decisão: por
intermédio do cunhado Erich
Elias, Otto teve oportunidade de
criar uma empresa na Holanda.
Planos para
emigrarem
Otto Frank escreveu numa carta depois da
guerra: "Como muitos dos meus compatriotas
alemães se foram transformando em hordas de
nacionalistas, cruéis, antissemitas criminosos,
eu tive que enfrentar as consequências, e isso
magoou-me profundamente. Percebi que a
Alemanha não era o mundo e deixei o meu país
para sempre. "
Fonte: Cara Weiss Wilson, "Dear Cara: Cartas de Otto Frank, p. 45.
Foto de passaporte
10 de março de 1933
A história de Anne Frank
A vida de Anne Frank
Emigração para a Holanda
Em maio de 1934,
Anne começou a
frequentar o jardim de
infância Montessori.
Novo Lar
Otto Frank conseguiu montar um negócio em Amesterdão. Edith, Margot e Anne
seguiram-no para a Holanda. Foram viver em Merwedeplein. Os Frank sentiram-se
seguros e livres de novo. As crianças foram para a escola, Otto trabalhava arduamente no
seu negócio e Edith cuidava da casa.
Ameaça de Guerra
Através de amigos e conhecidos, a família Frank tinha conhecimento da situação na
Alemanha nazi. A discriminação contra os judeus continuava a aumentar. Haviam-se
tornado cidadãos de segunda classe no seu próprio país. Professores e funcionários
públicos judeus foram demitidos dos seus empregos, os casamentos entre judeus e nãojudeus foram proibido, e os judeus já não podiam ter os seus próprios negócios.
Kristallnacht (Noite de Cristal)
Durante a noite de 9 de novembro de 1938,
os nazis organizaram uma onda de violência
contra a judeus. Mais de 100 judeus foram
assassinados durante a "Kristallnacht".
Centenas de sinagogas e lojas judaicas foram
destruídas, milhares de homens judeus presos
em campos de concentração e prisões. Os
nazis também prenderam dois irmãos de Edith,
Julius e Walter Holländer. Como Júlio
combateu no exército alemão durante a I
Guerra Mundial, foi libertado quase
imediatamente. Walter foi libertado a 1 de
Kristallnacht (Noite de Cristal)
Durante a Kristallnacht a sinagoga de Aachen,
onde Otto e Edith Frank se casaram, é destruída.
dezembro.
Walter foi para a Holanda e acabou num
campo de refugiados. Júlio ficou em
Aachen, até conseguir um visto para os
Estados Unidos. Partiu em abril de 1939,
seguido por Walter em Dezembro. A mãe
de Edith também não quis ficar na
Alemanha. Em março de 1939, foi
autorizada a partir para a Holanda, mas
obrigada a deixar todos os seus bens. Foi
morar com a família Frank .
Oma Holländer
A Guerra Eclode
Em 1939, a ameaça de guerra
continuava a aumentar. A Alemanha
nazi havia criado um enorme exército
que, no dia 1 de setembro de 1939,
atacou a Polónia, marcando o início da
Segunda Guerra Mundial. A população
holandesa e os refugiados da Alemanha
esperavam que o país se mantivesse
Exército alemão em Grebbeberg
neutro, tal como acontecera durante a
Primeira Guerra Mundial
A história de Anne Frank
A 10 de maio de 1940, a Alemanha invade a
Holanda. A família Frank está novamente em
perigo.
A vida de Anne Frank
A invasão Alemã
A Holanda é ocupada
Anne escreveu:
"Depois de maio de 1940 os
bons tempos foram poucos e
distantes entre si: primeiro
houve a guerra, depois a
capitulação e a seguir a
chegada dos alemães, altura
em que começaram os
problemas para os judeus.”
O que era temido por todos, aconteceu em 10
de maio de 1940: o exército alemão atacou a
Holanda. Após quatro dias de combate, os
aviões alemães bombardearam o centro de
Roterdão. Quando o alto comando alemão
ameaçou bombardear outras cidades, o
exército holandês rendeu-se. A ocupação dos
Países Baixos começou a 15 de maio de 1940.
O centro de Roterdão foi bombardeado e destruído em 1940.
A Alemanha invade a Holanda
1940
Ocupada
Com a Holanda já ocupada, a vida muda para
a família Frank. As restrições não têm apenas
efeitos individuais, mas também para as
empresas de Otto. Quando Margot foi
chamada para ser enviada para um campo de
trabalho alemão, Otto e Edith consideraram
que os perigos se haviam tornado demasiado
grandes e decidiram esconder-se.
As medidas
antissemitas impostas
pelas forças de
ocupação eram cada
vez mais restritivas para
Anne. Para além de ser
obrigada a mudar-se
para uma escola
judaica, a piscina, o
cinema e o eléctrico
também foram
proibidos aos judeus.
Medidas
antissemitas
No início da ocupação, os judeus não foram impedidos de
terem o seu próprio negócio. Mas em outubro de 1940
tudo se alterou. Os funcionários públicos foram obrigados a
assinar uma declaração oficial expressando se eram ou não
judeus. Tal como já havia sido feito na Alemanha, os
funcionários e professores judeus foram demitidos. No
início de 1941, tiveram de se registar. Desta forma, o
ocupante, sabia exactamente onde viviam.
Anne escreveu:
“Não se podia fazer isso e
não se podia fazer aquilo,
mas a vida
continuava. Jacque
costumava dizer-me: ‘Já
não me atrevo a fazer seja
o que for, pois tenho medo
de que seja proibido'."
É proibido ter o próprio negócio.
A partir de outubro de 1940, os judeus deixaram de poder ter a sua própria empresa. De
forma inteligente, Otto Frank conseguiu manter a Opekta e a Pectacon fora das mãos dos
alemães. Este acordo também permitiu que permanecesse ativo no negócio, mas por trás
dos bastidores. Poucos meses depois, a empresa instalou-se em Prinsengracht.
Só é possível frequentar escolas judaicas
Após o verão de 1941, Margot e Anne foram obrigadas a frequentar a Escola judaica. Os
Alemães proíbiram os estudantes judeus de frequentarem as mesmas escolas do que as
crianças não-judias.Esta foi a primeira vez que as irmãs Frank frequentam a mesma
escola.
A estrela judaica
Para além disso, no início de maio de 1942, foram
forçados a usar uma estrela amarela com a palavra
"judeu".
No dia 12 junho de 1942, Anne Frank fez 13 anos e
recebeu um presente dos seus pais: um diário. De
imediato começou a escrever nele.
Decretos antissemitas
Anne, no seu diário, escreveu uma lista de coisas que deixaram de ser permitidas aos
judeus:
SÁBADO, 20 DE JUNHO DE 1942
"A nossa liberdade foi severamente restringida por uma série de decretos antissemitas: os
judeus tinham de usar uma estrela amarela; os judeus tinham de entregar as suas
bicicletas; os judeus estavam proibidos de usar os elétricos; os judeus estavam proibidos
de andar de carro, mesmo no seu próprio carro; os judeus tinham de fazer as suas
compras entre as 3 e as 5 da tarde; os judeus tinham apenas de frequentar barbearias e
cabeleireiras de propriedade judaica; os judeus estavam proibidos de andar na rua entre
as 8 da noite e as 6 da manhã; os judeus estavam proibidos de ir aos teatros, cinemas ou
qualquer outra forma de entretenimento; os judeus estavam proibidos de usar piscinas,
campos de ténis, campos de hóquei ou quaisquer outros campos desportivos; (…) os
judeus estavam proibidos de se sentarem nos seus jardins ou nos jardins dos seus amigos
depois das 8 da noite; os judeus estavam proibidos de visitar as casas de cristãos; os
judeus tinham de frequentar escolas judaicas, etc. “
Na placa pode ler-se “Proibido a Judeus”
Tudo parecia correr bem...
...mas depois chegou uma carta
Margot é
convocada
Naquela tarde, Anne estava deitada
ao sol a ler. A campainha tocou às 3
da tarde. Era o carteiro com uma
carta registada para Margot: uma
convocatória oficial. Margot tinha de
apresentar-se. Iria ser enviada para
um campo de trabalho nazi na
Alemanha. Esta convocatória não foi
uma completa surpresa. Há semanas
que se ouviam rumores sobre tal
decreto. Se Margot não se
apresentasse, toda a família seria
presa.
Anne escreveu:
“Eu fiquei atordoada. Uma
convocatória: toda a gente sabe o que
isso significa. Visões de campos de
concentração e células solitárias
passaram-me pela mente. "
Preparações para
ir para o esconderijo
Otto e Edith Frank estavam preparados. Tinham encontrado um
esconderijo secreto onde planeavam esconder-se a 16 de julho. Devido
à convocatória de Margot, a data prevista foi antecipada.
O esconderijo Secreto
O esconderijo secreto estava quase pronto. Não
apenas para a família Frank, mas também para
os Van Pels: Hermann, Auguste e o filho
Peter. Hermann van Pels era sócio de Otto na
empresa.
No dia seguinte, a família Frank foi para o
esconderijo, carregada de sacos. Naturalmente,
Anne levava o seu diário. Muito mais tarde,
escreveu: “A despreocupação dos dias de escola
desapareceu para sempre."
A parte vazia das instalações
O esconderijo localizava-se nas traseiras do
edifício de escritórios de Otto Frank, no
número 263 de Prinengracht.
Enquanto que a empresa, localizada na parte
frontal do edifício, continuava com o negócio,
as pessoas ficariam escondidas no Anexo
Secreto, na parte de trás.
Noite agitada
A noite de 5 de julho é
extremamente agitada.
Os membros do pessoal de Otto,
que conheciam o plano, ajudaram
a levar os bens pessoais da família
para o esconderijo. Na manhã
seguinte, bem cedo, Margot foi a
primeira a sair de casa. Foi de
bicicleta com Miep. Meia hora
mais tarde, Otto, Edith e Anne
partiram. Caminharam para o
esconderijo em baixo de chuva.
Anne escreveu:
“...estávamos embrulhados em tantas
camadas de roupa que parecia que íamos
passar a noite num frigorífico, e tudo
apenas para conseguirmos levar mais
roupa connosco. Nenhum judeu na nossa
situação se atreveria a sair de casa com
uma mala de viagem cheia de roupa. Eu
trazia duas camisolas interiores, três
pares de calcinhas, um vestido, e por
cima, uma saia, um casaco e uma
gabardina, dois pares de meias, sapatos
pesados, um boné, um cachecol e muito
mais.”
A história de Anne Frank
A vida de Anne Frank
 O esconderijo
Anne Frank a escrever na mesa do seu quarto no apartamento de Merwedeplein,
Amesterdão.
O esconderijo
1942
A ida para o
esconderijo
Prinsengracht situava-se
numa área onde se
localizavam muitas
pequenas empresas. À
esquerda existia uma
empresa de chá e à direita
uma de mobiliário. Esta
localização era favorável
para as pessoas
escondidas, porque
ninguém daria conta do
fumo que sairia da
chaminé aos fins de
semana.
O esconderijo em Prinsengracht era relativamente espaçoso. Havia espaço suficiente para
duas famílias. Isso era invulgar, uma vez que pais e filhos que iam para esconderijos eram
frequentemente separados. A maioria tratava-se de pequenos espaços em caves húmidas
ou sótãos empoeirados. As pessoas que se escondiam nas aldeias, por vezes conseguiam ir
para o exterior, mas apenas se não houvesse perigo de serem descobertas.
O esconderijo
Anne escreve:
"O anexo é um lugar ideal
para nos escondermos.
Pode ser húmido e torto,
mas provavelmente não
haverá esconderijo mais
confortável em
Amesterdão. Não, em toda
a Holanda."
"Agora o nosso Anexo Secreto tornou-se verdadeiramente secreto... o Sr. Kugler achou que
seria melhor construir uma estante em frente da entrada do nosso esconderijo. Gira sobre
dobradiças, e abre-se como uma porta. Sr. Voskuijl fez o trabalho de carpintaria. (Sr. Voskuijl
foi informado de estávamos sete pessoas aqui escondidas e tem sido muito prestável.)
Na clandestinidade
Anne escreveu:
"Não poder sair irritame mais do aquilo
que eu posso dizer, e
estou apavorada. Se
o esconderijo for
descoberto seremos
fuzilados."
Para além da família Frank, havia mais quatro judeus no Anexo Secreto: Hermann e
Auguste van Pels, o filho Peter e Fritz Pfeffer. Quatro funcionários de Otto ajudavamnos. Viviam todos com o medo constante de serem descobertos. E certamente não seria
fácil para oito pessoas viverem tão perto.
A família Van Pels chegou ao Anexo Secreto
uma semana depois. Anne ficou feliz
porque agora existiam mais pessoas para conversar.
Em julho de 1942, não sabiam que iriam passar mais de dois anos no Anexo
Secreto. Durante esse tempo, não puderam sair e tiveram de compartilhar a escuridão e a
humidade do esconderijo, sempre com medo de serem descobertos...
Fritz Pfeffer, em novembro
de 1942, foi a oitava pessoa a
juntar-se no esconderijo. Era
dentista e um conhecido das
famílias Frank e Van Pels.
Margot começou a dormir no
quarto dos pais e Anne passava a
partilhar com ele o seu quarto.
Quarto de Anne e Fritz Pfeffer
Muito cuidado
Sótão, onde Anne pode ver o castanheiro
Não podiam sair do esconderijo. Era
muito perigoso. As cortinas do Anexo
Secreto também não podiam ser
aberta durante o dia, caso contrário,
podiam ser vistos pelos vizinhos. A
pequena janela no sótão era a única
hipótese para obter uma lufada de ar
fresco. À noite, outras janelas eram
ocasionalmente abertas, mas apenas
uma pequena fresta.
Desejos
A 23 de julho de 1943, Anne escreveu os desejos de todos: "Margot e o Sr. Van Pels desejam,
acima de tudo, tomar um banho quente, numa banheira cheia até à borda, onde possam
ficar mais de meia hora. a Sra. Van Pels gostaria de comer um bolo, Pfeffer não pensa em
mais nada, senão em ver a sua Charlotte, e a Mamã está a morrer por uma chávena de café
a sério. O Papá gostaria de visitar o Sr. Voskuijl, Peter quer ir ao centro da cidade, e quanto a
mim, ficaria tão excitada que nem saberia por onde começar. Acima de tudo anseio por
termos a nossa própria casa, por poder andar livremente de um lado para o outro e por ter
alguém que me ajude com os meus trabalhos de casa, por fim! Por outras palavras, voltar à
escola!"
As pessoas do
esconderijo eram
ajudadas
por quatro
colaboradores de
Otto Frank: Miep
Gies , Johannes
Kleiman, Victor
Kugler e Bep
Voskuijl.
Os ajudantes
"Eles vêm cá cima todos os dias falar com os homens sobre os
negócios e política, com as mulheres sobre os alimentos e as
dificuldades em tempo de guerra e com as crianças sobre livros e
jornais. Trazem sempre uma expressão alegre, trazem flores e
presentes nos aniversários e feriados e estão sempre prontos para
fazer o que puderem. " Anne Frank
Providenciavam
alimentos, roupas,
livros e todo tipo de
outras
necessidades. Para
além disso,
mantinham-nos
atualizados com as
notícia do conflito,
sobretudo as que
transmitiam
esperança.
A Guerra continua
Rusga em Merwedeplein - Uma incursão, no verão de 1943, no bairro de
Merwedeplein, onde a família Frank viveu antes de se esconderem.
"Hoje só tenho notícias tristes e deprimentes para relatar. Muitos
dos nossos amigos e conhecidos judeus estão a ser levados em
massa ... transportados em vagões de gado para Westerbork, um
enorme campo de concentração em Drenthe, para onde estão a
ser enviando todos os judeus. Miep contou-nos a história de
alguém que tinha conseguido escapar de lá. Westerbork deve ser
terrível .”
Anne escreveu:
"Será que este ano de
1944 nos trará a vitória?
De momento,
continuamos sem saber
nada, mas a esperança
mantém-nos vivos, dá-nos
coragem para suportar as
múltiplas angústias,
privações e sofrimentos,
trata-se de manter a
calma e a perseverança,
mais vale enterrar as
unhas na carne do que
gritar!"
Notícias através dos ajudantes
Muitas vezes, durante a pausa para o almoço, e depois dos empregados do armazém
terem ido para casa, os ajudantes subiam ao Anexo Secreto para almoçar com as
pessoas do esconderijo. A situação da cidade era frequentemente discutida. Havia
muitos razias. Os judeus que não se entregassem voluntariamente eram apanhados
e enviados para o campo de trânsito (campos de concentração onde mantinham os
prisioneiros antes de os deportarem para outro campo de concentração ou de
extermínio) em Westerbork. Quase todas as semanas, um comboio saia de lá rumo a
destinos desconhecidos no leste da Europa. As pessoas do esconderijo já estavam
tão ansiosas e deprimidas, por isso os ajudantes omitiam muitas das coisas que
aconteciam no mundo exterior.
Quando estavam escondidos há quase dois anos no Anexo Secreto, surgiu uma notícia
fantástica: um desembarque maciço dos Aliados nas praias da Normandia. Será que os
países ocupados serão libertados em breve? Anne esperava voltar para a escola em
setembro ou outubro ...
Mapa da Normandia
Depois do Dia D, Otto Frank começou a marcar o progresso das forças aliadas.
"Só com uma
determinada
distribuição do tempo,
definida desde o início,
no sentido de cada um
ter as suas próprias
tarefas, poderíamos
ter esperança de
suportar aquela
situação.
Acima de tudo, as
crianças tinham de ter
bastante livros para
ler e
aprender. Nenhum de
nós queria pensar
[sobre] quanto tempo
duraria esta prisão
voluntária. "
Otto Frank
Atividades diárias
O tempo no “Anexo Secreto”
é passado a comer, a dormir,
a estudar e a ler. Em 16 de
maio de 1944, Anne, no seu
diário, fez uma longa lista
daquilo que estão a estudar e
a ler.
O estudo e a leitura
Otto en Edith Frank, como pensaram que iam permanecer no
esconderijo por um longo período de tempo, levaram os
livros escolares das filhas.
Anne escreveu:
“Odeio álgebra,
geometria e aritmética.
Gosto de todas as outras
disciplinas, mas a história
é a minha preferida!"
Outros também se
esconderam
Não foram apenas os
judeus que tiveram de ir para
um esconderijo. A vida de
outras pessoas também
estava em risco. Tal como os
judeus, precisavam
igualmente de encontrar
lugares para se esconder.
Algumas pessoas
esconderam-se em cidades,
outras no campo. O
Esconderijos podia ser grande
ou pequeno. Algumas tiveram
de ficar dentro de casa o dia
todo, enquanto outras
podiam andar livremente fora
porque tinham documentos
falsos.
A decisão de se esconder
Segundo estimativas, na Holanda
esconderam-se cerca de 300 000
pessoas, seja por um período de tempo
curto ou longo. Para a resistência,
(pessoas que lutavam contra os nazis de
várias formas: destruíam os registos da
população; criavam identificações e
senhas de comida falsas; ajudavam as
pessoas que se encontravam escondidas,
realizavam ataques, sabotavam vias de
comunicação, distribuíam jornais
clandestinos e informavam os aliados) a
questão de "se esconder ou não se
esconder?", na realidade, era uma falsa
questão. Se não queriam acabar na
prisão, tinham de se esconder. Muitas
famílias judias perguntavam-se porque
razão tinham de se esconder se não
haviam feito nada de errado? E os
campos talvez não fossem assim tão
maus...
Uma entrada secreta, através de uma casa de banho, para um esconderijo
crianças na clandestinidade
Alguns pais judeus enfrentaram uma decisão difícil durante a guerra. Por vezes, era mais
fácil esconder uma criança sozinha numa família. Para os pais, isso significava deixar o seu
filho para trás num esconderijo por conta própria.
Alguns ajudantes estavam dispostos a arriscar e ficar com uma criança. Para os adultos, era
mais difícil encontrar um bom esconderijo. As crianças judias ocultas dessa forma
tornavam-se simplesmente um membro da família. Os anfitriões poderiam alegar que a
criança tinha vindo de Roterdão, onde muitos registos se perderam durante os
bombardeamentos.
Denúncias
Dos 25 000 judeus que passaram a esconder-se, 8 000 foram descobertos. Muitas vezes
eram denunciados. Os detidos em esconderijos acabavam em campos de
concentração. Para os auxiliares, o resultado variava. Às vezes, só os que estavam
escondidos eram presos e os ajudantes escapavam. Outras vezes os ajudantes também
eram presos. Em teoria, havia penas pesadas para quem fosse apanhado a ajudar um
judeu, mas, na prática, isso nem sempre acontecia.
A história de Anne Frank
A vida de Anne Frank
 A detenção
A Prisão
1944
Denunciados
Anne é presa juntamente com
os restantes habitantes do
Anexo. No campo de
concentração de Auschwitz,
Anne, Margot e a mãe ficam
juntas. Mais tarde, Anne e
Margot são levadas para
Bergen-Belsen. Morre em
março de 1945, com 15 anos.
No dia 4 de agosto de 1944, Os habitantes do Anexo Secreto foram presos. Alguém os
denunciara. Primeiro foram deportados para o campo de trânsito de Westerbork e
depois para Auschwitz. Otto Frank foi a única pessoa do Anexo Secreto a
sobreviver. Todos os restantes morreram. Hermann van Pels foi morto nas câmaras de
gás e Auguste lançada à frente de um comboio durante um transporte. Os outros
morreram de doença e exaustão. Nunca se chegou a saber quem tinha denunciado
os clandestinos à polícia.
Num dia quente
de agosto de
1944,
concretizou-se o
principal medo
dos habitantes do
Anexo: foram
descobertos e
presos.
O dia da prisão
4 de agosto de 1944, um dia lindo e
soalheiro. O telefone tocou na sede da
Polícia. Era uma denúncia anónima
O oficial no comando, Julius Deetman,
atendeu a chamada e ordenou ao oficial de
serviço das SS, Karl Silberbauer, para se
deslocar a Prinsengracht. Com ele foram
quatro holandeses nazis.
Descobertos
Silberbauer e alguns dos seus homens foram
ao armazém, no piso térreo do edifício.
Aproximaram-se de Van Maaren, empregado
do armazém, que apontou em silêncio,
indicando o andar de cima. Entraram no
prédio e foram diretamente para o
escritório. Victor Kugler foi obrigado a
escoltá-los até ao Anexo Secreto. Os
habitantes do esconderijo haviam sido
denunciados...
“Fiquem sentados!”
Os funcionários do escritório estavam a trabalhar no segundo andar, quando a porta se
abriu de repente. Miep, mais tarde, descreveu este momento: "A porta abriu-se e
entrou um homem pequeno. Apontou-me a arma e disse: "Fiquem sentados! Não se
mexam! " Victor Kugler, que estava no escritório ao lado, ouviu o barulho e foi ver o que
estava a acontecer. Victor Kugler: "Eu vi quatro polícias, um deles usava o uniforme da
Gestapo”. Um dos polícias apontou-lhe a pistola e obrigou-o a mostrar o
caminho. Seguiram todos na direção da estante móvel e entraram no Anexo Secreto, com
as pistolas em punho.”
Apanhados de surpresa
Foram apanhados completamente desprevenidos. Viveram os últimos dois anos com a
ansiedade de serem descobertos e esse momento chegou. Otto Frank descreveu-o: "Foi
por volta de 10 e 30. Eu estava lá em cima, no quarto dos van Pels, a ajudar o Peter
com os trabalhos escolares... De repente, ouvimos alguém subir as escadas... então a
porta abriu-se e um homem estava parado, de frente para nós, apontando-nos uma
arma... A minha esposa, as minhas filhas e os Van Pels suavam com as mãos
levantadas". Poucos minutos depois, Fritz Pfeffer também foi escoltado até a sala.
Os objetos de valor
As pessoas escondidas tinham de
entregar todos os seus objetos de
valor. Silberbauer pegou na pasta que
continha as folhas e o diário de Anne e
despejou-a para poder levar os objetos
de valor que recolhia. As páginas do
diário de Anne caíram ao chão.
Otto Frank: "Então disse: Despachemse. Têm de estar aqui em cinco
minutos’". Miep Gies: "Mais tarde, ouvi –
os a descer as escadas, muito
lentamente."
Após a detenção, foram levados num
camião fechado com os dois ajudantes
do sexo masculino, Victor Kugler e
Johannes Kleiman, que também foram
presos.
Páginas do diário de Anne espalhadas pelo chão.
As pessoas do esconderijo e os dois
ajudantes do sexo masculino foram
presos e levados para interrogatório
numa prisão dirigida por alemães. Os dois
ajudantes posteriormente foram
transferidos para outra prisão da
cidade. Miep Gies e Bep Voskuijl são
deixadas para trás na Prinsengracht e
salvaram o diário de Anne Frank.
Enviados para a
prisão
Interrogatório
As oito pessoas do esconderijo foram levadas para uma prisão em Euterpestraat e
colocadas num espaço grande, com outras pessoas que também haviam sido presas. Mais
tarde, foram interrogados individualmente. A polícia tentava descobrir se conheciam
endereços onde outras pessoas podiam estar escondidas. Johannes Kleiman e Victor
Kugler recusaram-se a responder. Otto respondeu a essa pergunta dizendo que perderam
o contato com todos os amigos e conhecidos, porque estavam isolados há vinte e cinco
meses.
Separação
Após os interrogatórios, foram separados uns dos outros. Johannes Kleiman e Victor
Kugler foram levados para a cadeia da cidade vizinha de Amstelveenseweg, e as oito
pessoas do esconderijo para um centro de detenção em Weteringschans, no centro de
Amesterdão.
Bep e Miep encontram o diário de Anne
Miep Gies explicou: "Mais tarde, Bep e eu subimos para o quarto dos Frank. E lá
encontramos o diário de Anne deitado no chão. Vamos buscá-lo, disse eu. Bep estava
aturdida. Eu disse: Apanha-o, apanha-o, e vamos sair daqui! Estávamos com tanto
medo! Descemos e lá estávamos nós. E agora Bep? Então ela disse: ‘tu és mais velha. Fica
com ele‘."
A Deportação para
os campos
"Claro que todos nós tivemos de trabalhar no campo, mas à noite
éramos livres e podíamos ficar juntos. Para as crianças, especialmente,
foi um certo alívio. Já não estavam presas dentro de casa e podiam
falar com outras pessoas. No entanto, nós, adultos, temíamos ser
deportados para os célebres campos na Polónia. " Otto Frank
O campo de
Westerbork
A abrir baterias no campo de Westerbork.
A 8 de agosto de 1944, os oito prisioneiros foram levados de comboio para o campo de
Westerbork. Como não se entregaram voluntariamente, foram para os blocos de punição.
Havia barracas para homens e para mulheres.
Os prisioneiros tinham de trabalhar durante todo o dia a partir pilhas velhas. Ainda que
fosse um trabalho sujo e insalubre, podiam conversar entre si.
A deportação para
Auschwitz
Os comboios partiam com regularidade de Westerbork para campos de
concentração mais a leste. No sábado, dia 2 de setembro de 1944, os
nomes dos prisioneiros que partiriam no dia seguinte foram lidos em voz
alta. Os oito habitantes do Anexo Secreto estavam incluídos entre os
1019 nomes referidos
O comboio de mercadorias
Na manhã seguinte, um enorme comboio de mercadorias estava à espera. Cerca de
setenta presos eram empurrados para cada vagão. Homens, mulheres, crianças, jovens,
velhos, saudáveis, doentes. A maioria dos presos teve de ficar. A família Frank
conseguiu manter-se junta.
Lenie de Jong van Naarden também estava no comboio e recorda: "Muitas pessoas,
também as meninas Frank, dormiam encostadas à mãe ou o pai. Estávamos todos
morto de cansaço."
Transporte de Westerbork – Auschwitz
Exaustos
A viagem de comboio durou três dias. No vagão, um balde servia de sanita. Dentro
de pouco tempo o cheiro tornou-se insuportável. Os prisioneiros mal conseguiam
respirar.
Janny Brilleslijper: "Se, por acaso, viajássemos junto a alguma fresta por onde
entrasse ar fresco, teríamos algum alívio com o cheiro, mas poderíamos apanhar
uma constipação.
Rosa de Winter-Levy disse que “depois de dois dias, estávamos todos exaustos, um
homem morreu, e havia uma senhora idosa e crianças a chorar porque não
aguentavam mais.
Na plataforma,
em Auschwitz -Birkenau,
os homens e mulheres
eram separados. O
médicos nazis
determinavam quais os
prisioneiros que seriam
imediatamente mortos.
A Chegada a
Auschwitz
A separação
O comboio parou subitamente na terceira noite, por volta das 2 horas e as portas foram
abertas. Homens de roupas listadas gritavam em alemão Aussteigen, schnell, Schneller (Saiam,
rápido, rápido). Os recém-chegados tinham de deixar a bagagem no comboio. Os prisioneiros de
Auschwitz eram os responsáveis ​por tirarem as pessoas do comboio. Havia soldados alemães
das SS, desfilando para cima e para baixo da plataforma, com cães e chicotes nas mãos. O brilho
desagradável dos Holofotes iluminava a plataforma. Os homens tinham de alinhar-se num lado e
as mulheres no outro. Esta foi a última vez que Otto Frank viu a esposa e as filhas.
Seleção de prisioneiros na plataforma em Auschwitz-Birkenau. Os
médicos nazis decidiam que presos deveriam ser imediatamente mortos
Os médicos das SS avaliavam os
prisioneiros. As crianças, os idosos e
os doentes eram enviados para um
lado, os restantes presos para o
outro.
Rosa de Winter-Levy recorda: "O
polícia olhava para nós com um
olhar severo, não dizia nada, apenas
apontava para a direita... Todos os
que foram na outra direção, como
as pessoas mais velhas, todas as
crianças e as respetivas mães,
nunca mais foram vistos. Foram
imediatamente levados para a
câmara de gás. "As oito pessoas
do Anexo Secreto foram todas para
o lado direito.
O destino dos
habitantes do
Anexo
Portão de entrada do campo de Auschwitz
Cada homem e cada mulher recebia
um número, que era tatuado no
braço. As cabeças eram rapadas
e recebiam as roupas do campo. Os
homens eram colocados numa parte do
acampamento, as mulheres noutra.
O destino dos
Homens
Otto Frank, Fritz Pfeffer,
Hermann e Peter van
Pels conseguiram ficar juntos. A
maioria dos presos tinha de
executar um trabalho pesado a
cavar trincheiras​​. Peter teve mais
sorte: foi para os correios do
campo. Guardas e nãojudeus podiam receber
correspondência. Peter, como
lidava com os pacotes que
chegavam, por vezes,
conseguia"arranjar" um pouco
de comida extra.
Hermann van Pels
Todos os dias havia seleções: os prisioneiros que estavam muito doentes
ou fracos para trabalhar eram enviados diretamente para a câmara de
gás para serem mortos. Poucas semanas após a sua chegada, Hermann
van Pels, exausto, já não era capaz de trabalhar, por isso também foi
gaseado. Otto Frank e Peter van Pels testemunharam isso: "Eu nunca irei
esquecer aquele momento em que eu e Peter van Pels vimos um grupo de
homens selecionados. O pai de Peter estava entre eles. Foram levados
embora e, duas horas depois, passou um carrinho com suas roupas. “
Fritz Pfeffe foi deportado para o campo de
concentração de Neuengamme, em outubro de
1944. Milhares de prisioneiros morreram devido a
uma combinação de trabalho pesado, falta de
alimentos e más condições sanitárias. Fritz Pfeffer
estava entre eles. Morreu doente a 20 de
dezembro de 1944, com 55 anos.
Peter van Pels
Pouco antes da libertação do campo de
Neuengamme, o nazis evacuaram-no. Os presos que
ainda podiam andar foram com eles, nas chamadas
“marchas da morte” (longas caminhadas forçadas
que saiam dos campos de concentração, sob uma
guarda tirânica e condições absolutamente
degradantes).
Peter van Pels estava entre os prisioneiros. Chegou
ao campo de concentração de Mathausen, na
Áustria, no final de janeiro. Os prisioneiros tinham
de realizar um trabalho pesado. Peter van Pels
morreu de esgotamento a 5 de maio de 1945.
Otto Frank foi o único sobrevivente.
Em 27 de janeiro de 1945, os soldados
russos libertaram Auschwitz. Otto
Frank era um dos 7 650 prisioneiros
que ainda estavam vivos. Pesava
menos de 52 kg, enquanto que no
Anexo Secreto pesava mais de 68. Otto
lembrava-se dos uniformes branco
como a neve que os soldados russos
usavam e mais tarde disse: “Eram bons
homens. Não nos importávamos que
fossem comunistas. Não estávamos
preocupados com a sua política,
estávamos interessados ​em ser
libertados."
O destino das
Mulheres
Após a seleção, Edith, Margot e Anne ficaram no mesmo
alojamento. Auguste van Pels provavelmente foi enviada para
uma parte diferente do campo. Durante o dia, as mulheres
executavam um trabalho muito duro, tinham de carregar
pedras pesadas. Passavam horas a fio no exterior, mesmo sob
condições meteorológicas adversas.
Edith Frank
No inverno de 1944, o Exército russo estava a
avançar. Os nazis decidiram levar o maior
número possível de prisioneiros, os que ainda
eram capazes de trabalhar, de volta à Alemanha.
A saúde das mulheres presas era um fator
primordial. Edith não pode ir. Margot e Anne
foram deslocadas.
Rosa de Winter-Levy testemunha: “Depois foi a
vez das duas meninas ... E, por momentos, lá
ficaram elas, nuas e carecas. Anne olhou para
nós com os olhos inocentes, e depois foram
embora. Não sabemos o que lhes aconteceu
depois. Ouvimos a Sra. Frank gritar: "As
crianças! Oh Deus...“ Margot e Anne Frank foram
amontoados num comboio de mercadorias
lotado com destino ao campo de
concentração de Bergen-Belsen. Edith
Frank ficou em Auschwitz. Adoeceu e morreu a
6 de janeiro de 1945.
Margot e Anne em Bergen–Belsen
Após uma terrível viagem de comboio de três dias, Margot e Anne chegaram a BergenBelsen. Cada vez mais prisioneiros estavam a ser transferidos de outros campos de
concentração para este. Como o campo já estava muito cheio quando o comboio chegou,
foram colocadas em tendas que, poucos dias depois, foram destruídas por uma forte
tempestade. As prisioneiras tinham de encontrar espaço numa das barracas já
superlotadas.
Margot e Anne morreram no inverno de 1944-1945, quando a situação em BergenBelsen se deteriora. A comida escasseava e as condições sanitárias eram terríveis. Muitos
dos prisioneiros acabaram por adoecer. Margot e Anne Frank morreram com tifo apenas
algumas semanas antes do acampamento ser libertado.
Auguste van Pels
No final de novembro de 1944, outro comboio de
prisioneiros de Auschwitz chegou a BergenBelsen. Auguste van Pels estava entre os
prisioneiros, juntando-se a Margot e Anne. Alguns
meses depois, deixava Bergen-Belsen e era
transportada para Raguhn, que fazia parte do
campo de concentração de Buchenwald. De
Raguhn foi enviada para o campo de
Theresienstadt. Durante esse percurso, entre 9 de
abril e 8 de maio de 1945, Auguste van Pels foi
assassinada.
O regresso de Otto Frank
1945
O único
Depois de Auschwitz ter sido
libertado, Otto regressou a
Amesterdão. No caminho de
volta, ficou a saber da morte
de Edith.
Quando chegou, foi visitar
Miep e Jan Gies. Ainda
esperava que Anne e Margot
estivessem vivas, mas depois
descobriu que nenhuma delas
tinha sobrevivido.
Miep deu-lhe o diário de
Anne.
Anne queria que fosse
publicado após a guerra, e
seu desejo acabaria por se
tornar realidade.
Fim