UMA INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DO CURRÍCULO

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UMA INTRODUÇÃO ÀS
TEORIAS DO CURRÍCULO
Elaine Ferraz do Amaral Vallim
Mestre em Lingüística
Professora de Língua Portuguesa
2008
Qual conhecimento ou saber é
considerado importante ou válido ou
essencial para merecer ser
considerado parte do currículo?
Portanto a pergunta é O quê?
Ocurrículo é resultado de seleção
Por que “esses conhecimentos” e não
“aqueles?
Entretanto a pergunta “ O quê?” nunca
deve estar separada de outra
importante pergunta “ O que eles ou
elas devem ser?” O que eles ou elas
devem se tornar?”
O currículo busca modificar as pessoas
que vão seguir aquele currículo.
- Qual é o tipo de ser humano desejável para
um determinado tipo de sociedade?
- Será pessoa racional e ilustrada do ideal
humanista de educação?
- Será a pessoa otimizada e competitiva dos
atuais modelos neoliberais de educação?
- Será a pessoa ajustada aos ideais de
cidadania do modelo estado-nação?
- Será a pessoa desconfiada e crítica dos
arranjos sociais existentes preconizada nas
teorias educacionais críticas?
Currículo vem do latim: Curriculum. “Pista
corrida”. Podemos dizer que
no curso dessa “corrida” que é o
currículo, acabamos por nos tornar o que
somos. Por isso uma escola pode formar
alunos e outra, apenas informar. Depende do
currículo.
A palavra currículo está centralmente,
vitalmente envolvida naquilo que
somos, naquilo que nos tornamos: na
nossa identidade, na nossa
subjetividade.
O currículo está envolvido em questões
de poder.
Selecionar é uma operação de poder.
Privilegiar um tipo de conhecimento é
uma operação de poder.
Destacar, entre as múltiplas
possibilidades, uma identidade ou
subjetividade como sendo a ideal é
uma operação de poder.
Teorias Tradicionais
Ensino
Aprendizagem
Avaliação
Metodologia
Didática
Organização
Planejamento
Eficiência
Objetivos
Teoria Tradicional
Racionalização de resultados
Modelo institucional – fábrica (Bobbit)
Sistema de modelagem
Pretendem ser teorias neutras,
científicas, desinteressadas
A resposta ao “O quê?” como dada
Buscam responder à questão “Como?”
As Teorias Críticas
Teorias Críticas
Ideologia
Reprodução cultural e social
Poder
Classe social
Capitalismo
Relações sociais de produção
Conscientização
Emancipação e libertação
Currículo oculto
Resistência
Teorias pós-críticas
Identidade, alteridade, diferença
Subjetividade
Significação e discurso
Saber-poder
Representação
Cultura
Gênero, raça, etnia, sexualidade,
muticulturalismo
Teorias Críticas
Nenhuma teoria é neutra ou
desinteressada
Poder
Conceitos de ideologia e poder
Novas perspectivas
Onde a crítica começa: ideologia,
reprodução, resistência.
Desconfiança
Questionamento
Transformação
O que o currículo faz e não como fazer
O que as teorias críticas preconizam?
Althusser – conexão entre ideologia e
educação
A sociedade capitalista não se
sustentaria sem os mecanismos e
instituições que garantem esse lugar.
1º. Mecanismo:
aparelhos repressivos de estado ( a
polícia, o judiciário)
2º. Mecanismo:
aparelhos ideológicos de estado ( a
religião, a mídia, a escola, a família)
A escola constitui-se num aparelho
ideológico central porque atinge
praticamente toda a população por um
período prolongado de tempo.
Como a escola transmite a ideologia? A
escola atua ideologicamente através do
seu currículo.
Atua de forma discriminatória
- Qual é o papel da educação e da
escola nesse processo?
- Como que a escola e a educação
contribuem para que a sociedade
continue sendo capitalista, para que a
sociedade continue sendo dividida
entre proprietários de um lado e
trabalhadores do outro?
Althusser nos deu um tipo de resposta.
A escola contribui para a reprodução
da sociedade capitalista ao transmitir,
através das matérias escolares, as
crenças que nos fazem ver os arranjos
sociais existentes como bons e
desejáveis.
Para Bourdier e Passeron, a dinâmica
da reprodução social está centrada no
processo de reprodução cultural.
E na escola?
De acordo com Bourdieu e Passeron, a
escola não atua pela inculcação da
cultura dominante às crianças e jovens
de classes dominadas, mas ao
contrário, por um mecanismo que
acaba por funcionar como um
mecanismo de exclusão.
O currículo da escola está baseado na
classe dominante.
Código indecifrável.
Classe dominante – alunos bem
sucedidos.
Classe dominada – fracasso, ficam pelo
caminho.
Completa-se o ciclo da reprodução.
O currículo é um campo de luta:
Valores
Significados
Propósitos sociais
Imposição
Domínio
Resistência
Oposição
A escola e o currículo
Discussão
Participação
Questionamentos sobre o senso comum
Professores – não burocratas, técnicos
Envolvidos na crítica e questionamento
A serviço do processo de emancipação
e libertação
Discurso
Em suma, não podemos mais olhar
para o currículo com a mesma inocência
de antes. O currículo tem significados
que vão muito além daqueles aos quais
as teorias tradicionais nos confinaram.
O currículo é lugar, espaço, território.
O currículo é relação de poder.
O currículo é trajetória, viagem,
percurso.
O currículo é autobiografia, nossa vida,
curriculum vitae: no currículo se forja
nossa identidade.
O currículo é texto, discurso,
documento.
O currículo é documento de identidade.
Tomaz Tadeu da Silva
Bibliografia:
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos
ideológicos de Estado. Rio: Graal, 1983.
BOURDIEU, Pierre. Escritos de
educação. Petrópolis: Vozes, 1999.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de
identidade – uma introdução às teorias
do discurso. Belo Horizonte: Autêntica,
2007.