A Literatura Gótica

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Minicurso:
A Literatura Gótica:
sintonia entre
personagens e espaços
Alexander Meireles da Silva
Professor Adjunto do Departamento de Letras do CAC/UFG
Mas afinal de contas,
o que é Gótico?
• Etimologicamente o nome
“Gótico” deriva de “godos”,
uma
tribo
originária
provavelmente
da
Escandinávia ou da Europa
oriental.
• Entre o terceiro e quinto
séculos da nossa era os godos,
representados
pelos
ostrogodos
e
visigodos,
invadiram o sul da Europa e
saquearam Roma – a capital
do Império Romano.
Os godos e a Idade Média
• A queda do Império
Romano,
provocada
também pelos godos,
marcou o inicio da Idade
Média.
• Devido a este ato os
godos marcaram a Idade
Média por muito tempo
como uma época de
superstição, barbaridade
e paganismo.
As catedrais góticas
• Séculos
depois
do
desaparecimento dos godos
na Europa, o escritor
Giorgio Vasari manifestou a
sua
preferência
pela
arquitetura clássica ao invés
da medieval, e popularizou
o termo “Gótico” para se
referir a construções nãoRomanas e não-Gregas do
século doze ao dezesseis da
região do sul da Europa.
Nasce a literatura gótica
• Foi alías através de um dos
membros do Parlamento
inglês – Horace Walpole - que
a literatura Gótica nasceu na
forma do romance: O Castelo
de Otranto (1764).
• No inicio do século dezenove a
Revolução Industrial fomentou
o aparecimento de uma nova
criatura a ser temida: a
Ciência.
• Este medo seria refletido no
romance divisor da literatura
Gótica: Frankenstein (1818),
de Mary Shelley.
As transformações da literatura
gótica
• No fim do século
dezenove o romance
Gótico passaria a refletir
o contexto cultural da Era
Vitoriana em obras como
Dr Jekyll e Mr Hyde
(1886), de Robert Louis
Stevenson,
Drácula
(1897), de Bram Stoker e
O Retrato de Dorian Gray
(1891), de Oscar Wilde.
Uma literatura de excesso
• Sendo essencialmente uma literatura de excesso, o
gótico lida com a fascinação pela transgressão e com a
ansiedade em relação a limites.
• Neste sentido ele faz uso de elementos recorrentes, tais
como:
• Século dezoito: narrativas fragmentadas permeadas por
delírios e devaneios habitadas por personagens como
fantasmas, demônios, aristocratas malignos, monges e
freiras, donzelas ameaçadas
• Século dezenove: cientistas, pais, maridos, loucos, duplos
O espaço na narrativa gótica
• Desde a sua ascensão em fins do século dezoito o espaço
se constitui como um dos elementos centrais do
romance gótico.
• Neste período o castelo se constituiu como o espaço
predominante. Ele era conectado a outras construções
medievais, tais como, abadias, igrejas e cemitérios e
faziam conexão com o passado feudal associado de
barbaridade, superstição e medo. Em termos de
estrutura narrativa percebe-se aí uma intrínseca ligação
entre o espaço e o tempo na evocação do prazer do
horror por meio de imagens do passado que ressurgem
no presente (BOTTING, 1997, p. 2).
O espaço na narrativa gótica
O espaço na narrativa gótica
• No século dezenove a casa velha tomou
gradativamente o espaço do castelo como
lócus da ansiedade e símbolo da linhagem
familiar. Seu simbolismo se expressa
principalmente na oposição do sótão com o
porão (BACHELARD, p. 367, p. 367).
O espaço na narrativa gótica
• Na Europa fin de siècle, as contradições da Revolução
Industrial a rua se torna o unheimlich (WARWICK,
1998, p. 288-289), construída e habitada por
pessoas, mas desconhecida para o indivíduo. A rua e,
por extensão, a cidade também é um lugar de ruínas,
paradoxalmente nova mas sempre decadente, um
estado de morte em vida.
• A alienação, paranóia e perda da identidade também
se liga ao espaço urbano.
Referências
• BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad. Antônio da Costa Leal
e Lídia do Valle Santos Leal. 1ed. São Paulo: Abril cultural, 1974.
• BOTTING, Fred. Gothic. London: Routledge, 1997. (The New Critical
Idiom)
• KILGOUR, Maggie. The Rise of the Gothic Novel. New York: Routledge,
1997.
• SILVA, Alexander Meireles da. O admirável mundo novo da República
Velha: o nascimento da ficção científica brasileira. Rio de Janeiro,
UFRJ, Faculdade de Letras, 2008. 193 fl. digitadas. Tese de Doutorado
em Literatura Comparada.
• WARWICK, Alexandra. Urban Gothic. In: MULVEY-ROBERTS, Marie.
(ed.). The Handbook to Gothic Literature. New York: NY University
Press, 1998, p. 288-289.
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