ARCADISMO (ou NEOCLASSICISMO)
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Transcript ARCADISMO (ou NEOCLASSICISMO)
ARCADISMO (ou
NEOCLASSICISMO)
Casa no campo
(Composição: Zé Rodrix e Tavito)
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais
Características
. Arte
ligada ao Iluminismo.
Oposição ao poder (barroco) da
Igreja.
Afirmação da racionalidade.
Razão = Verdade = Simplicidade
e clareza.
Culto da simplicidade.
Como se atinge a mesma?
Através da imitação (não no sentido
de cópia, mas no de seguir modelos
já estabelecidos).
Imitação dos clássicos;
* Bucolismo: adequação do homem
à harmonia e serenidade da
natureza.
* Pastoralismo: celebração da vida
pastoril, vista como um eterno
idílio entre pastores e pastoras.
Ausência de subjetividade. O autor
não expressa o seu próprio eu,
adotando uma forma pastoril
Há o uso de pseudônimos
Arcadismo no Brasil
* Decorrência da atividade mineradora e da
urbanização que dela resultou.
* Instituição em caráter regular de um sistema
literário: autores - obras escritas dentro de uma
tendência comum - público leitor permanente.
* Relação com a Inconfidência Mineira.
Tomás Antônio Gonzaga foi degredado e
Cláudio Manuel da Costa se suicidou na
prisão.
Marília de Dirceu
Tomás Antônio Gonzaga
Sobre o autor
Nasceu em Portugal (1744) e vem para o Brasil com
o pai, com um ano, após a morte de sua mãe.
Em 1792 foi nomeado ouvidor (juiz) de Vila Rica.
Em 1793 conhece Maria Dorotéia Joaquina de Seixas,
por quem se apaixona.
Ela tinha 17anos e ele 40anos.
No início a família não queria o casamento, mas
depois de uns anos acabam aprovando
Próximo do casamento ele é acusado de participar da
Inconfidência Mineira. Em 1789 é preso por três
anos, no Rio de Janeiro.
Separado de sua amada, escreve nesse tempo a maior
parte de suas liras (principalmente a segunda parte).
Em 1792 sua pena é transformada em desterro e
o poeta é enviado para Moçambique, na África.
No desterro ocupou os cargos de Procurador da
Coroa e o de Juiz de Alfândega de
Moçambique.
Casa-se com Juliana de Souza Mascarenhas,
uma moça rica, filha de um comerciante de
escravos com quem teve dois filhos.
Vive rico e feliz até morrer em 1810, devido
uma grave doença.
Na obra
O sujeito lírico é o pastor Dirceu, que
confessa seu amor pela pastora Marília. Mas
na verdade, nos pastores se projeta o drama
amoroso vivido por Gonzaga e Maria
Dorotéia.
Por isso dizemos que a obra tem um caráter
autobiográfico.
Personagens presentes nas liras
Maria Dorotéia Joaquina de
Seixas (Marília). Há uma
diferença entre o retrato de
Marília (figura vaga, sem
existência concreta - objeto
ideal de poesia) e o de
Maria Dorotéia (amada de
Gonzaga, adolescente de
17 anos).
Por isso, Marilia ora é morena – como Maria
Dorotéia,ora é loira – ideal de beleza clássico.
O que comprova não ser a pastora, Maria
Dorotéia na vida real, mas uma figura
simbólica que servia à poesia de Tomás
Antonio Gonzaga.
Tomás Antônio Gonzaga
(Dirceu): Pode-se afirmar
que as liras são a
expressão do "eu" do
poeta, onde se revela
altivo e apaixonado. Fala
com naturalidade e
abundância da sua
inteligência, posição
social, prestígio e
habilidades.Preocupa-se
com a aparência física e a
erosão da idade, com o
conforto, futuro, planos e
glória.
Além disso, ora assume a postura de pastor que
cuida de ovelhas e vive numa choça no alto do
monte, ora a do burguês Dr. Tomás Antonio
Gonzaga, juiz que lê altos volumes instalados
em espaçosa mesa.
Cláudio Manuel da Costa
(Glauceste ou Alceste). Em
algumas liras percebemos a
presença de Cláudio M. da
Costa e da amizade que unia
os dois poetas. Percebe-se
também a admiração que
Gonzaga nutria pelo poeta
mais velho.
A obra quanto ao conteúdo
pastoralismo e bucolismo
Carpe diem
elementos da cultura greco-latina - presença de
deuses da mitologia clássica (ninfas, Apolo,
Cupido, Narciso, Netuno)
convencionalismo amoroso
idealização amorosa ( traço pré-romântico)
racionalismo
Estrutura
O poema é dividido em 3 partes:
A primeira, com 33 liras, com refrões
guardando certa similitude entre si.
A segunda, de 38 liras, revela um teor mais
melancólico e desesperançoso.
A terceira, com 9 liras e 16 sonetos e 2 odes.
Cada lira é um dialogo de Dirceu com sua
pastora Marília, mas, embora a obra tenha
a estrutura de um diálogo, só Dirceu fala
(trata-se de um monólogo), chamando
Marília em geral com vocativos.
Devido a isso, muitos acreditam que
Marília é apenas um pretexto para o poeta
falar de si mesmo. Ficando melhor o
título de “Dirceu de Marília”.
Características
A poesia de Tomás Antônio Gonzaga apresenta
as típicas características árcades e neoclássicas:
o pastoril, o bucólico, a Natureza amena, o
equilíbrio e descrição de paisagens brasileiras.
Paralelamente, possui características préromânticas (principalmente na segunda parte de
Marília de Dirceu): confissões de sentimento
pessoal, ênfase emotiva estranha aos padrões do
neoclassicismo.
Há o predomínio do tom didático-pedagógico
em que Dirceu está sempre ensinando lições
sobre a vida á inexperiente Marília
O Fluir do tempo, a noção da efemeridade da
vida, também aparecem com freqüência no
texto.
1ª Parte (antes da prisão)
Apresenta o poeta cheio de esperanças, fazendo
projetos conjugais, defendendo o ideal de vida
burguês.
Predomina o convencionalismo arcádico,
embora possamos já constatar a presença de
manifestações pré-românticas que se acentuarão
na Parte II.
Presença da mitologia, do bucolismo, da
imitação, do racionalismo - postulados estéticos
arcádicos e neoclássicos.
O pastor canta a beleza de Marília.
Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder do meu cajado:
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha,
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
2ª parte (na prisão)
A segunda parte das liras traz a marca dos
dias de masmorra, longe de sua pastora e
de seu rebanho, curtindo a amargura da
prisão.
Daí o caráter nitidamente pré-romântico
que perpassa as diversas liras que a
constituem.
Presenciamos a dor e angustia da
separação e o sentimento de ter sido
acusado injustamente.
Lira XII
Quando à janela saíres,
Sem quereres, descuidada,
A minha pobre morada.
Tu dirás então contigo:
"Ali Dirceu esperava
"Para me levar consigo;
E ali sofreu a prisão."
Mandarás aos surdos Deuses
Novos suspiros em vão.
(...)
(...)
Numa masmorra metido,
Eu não vejo imagem destas,
imagem, que são por certo
A quem adora funestas.
Mas se existem separadas
Dos inchados, roxos olhos,
Estão, que é mais, retratadas
No fundo do coração.
Também mando aos surdos Deuses
Tristes suspiros em vão.
3ª parte:
Bem menor que as outras, apresenta liras e
sonetos mas sem uma temática definida.
Somente 8 dessas poesias apresentam
referência a Marília.
Há dúvidas quanto a autoria dessa última parte.
Lira V
Eu não sou, minha Nise, pegureiro,
que viva de guardar alheio gado;
nem sou pastor grosseiro,
dos frios gelos e do sol queimado,
que veste as pardas lãs do seu cordeiro.
Graças, ó Nise bela,
graças à minha estrela!
(...)
(...)
Maldito seja aquele, que só trata
de contar, escondido, a vil riqueza,
que, cego, se arrebata
em buscar nos avós a vã nobreza,
com que aos mais homens, seus iguais, abata.
Graças, ó Nise bela,
graças à minha estrela!
(...)