Avaliação na Educação de Jovens e Adultos: onde
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Transcript Avaliação na Educação de Jovens e Adultos: onde
“Avaliação na Educação de
Jovens e Adultos: onde
moram nossos
paradigmas?”
Adriana Alves Fernandes Vicentini
[email protected]
De onde falo...
Pedagoga. Professora Educação de Jovens e
Adultos. Mestre em Educação pela Faculdade
de Educação da UNICAMP. Doutoranda pela
mesma
Universidade
com
Doutorado
Sanduíche na Universidade de Lisboa –
Portugal.
Ementa
Este minicurso é destinado a todos os
profissionais que trabalham com jovens,
adultos e idosos. Possui o objetivo de abordar
os principais paradigmas em avaliação
presentes na prática pedagógica. Diante disso,
discutiremos
as
expectativas
de
aprendizagem, diferentes conteúdos e
instrumentos no processo educativo de
avaliar.Assim, o trabalho será pautado na
prática educativa docente cotidiana.
Leitura compartilhada
Pra pensar e responder...
• O que avaliamos quando avaliamos?
• O que significa “avaliar como um todo”?
• Para que serve a avaliação?
• Como (através de quais meios) identificamos o
que o aluno sabe?
‘‘A existência da avaliação só se
justifica se for pensada a favor
da qualidade da aprendizagem
de todos os alunos’’
"Onde Fica a Casa do Meu Amigo?", filme de Abbas Kiarostami
http://www.geocities.com/Hollywood/Agency/8041/ondefica.html
Funções da avaliação
• diagnosticar os conhecimentos prévios ‘trazidos’ pelos
alunos para poder planejar o ensino;
• possibilitar a identificação das ajudas específicas que
eles necessitam;
• subsidiar o feedback do professor ao aluno sobre sua
aprendizagem;
• analisar o valor da ação pedagógica em relação aos
objetivos propostos
Modalidades de avaliação
• diagnóstica
• formativa
• final
Parâmetros de avaliação
• Para avaliar de forma justa a
aprendizagem
dos alunos é preciso ter como referência
três parâmetros ao mesmo tempo:
o aluno em relação a ele mesmo
o aluno em relação ao que se espera dele
o aluno em relação aos demais, que tiveram as
mesmas oportunidades escolares.
O que considerar
• as capacidades que os alunos precisam
desenvolver
• se a distribuição e a abordagem dos
conteúdos favorecem o desenvolvimento
dessas capacidades
• critérios e indicadores de avaliação que
permitem acompanhar os avanços obtidos
pelos alunos e replanejar o ensino.
O que observar
os erros dos alunos
as perguntas que eles fazem
o envolvimento deles com as propostas
o produto do conhecimento que eles
conseguem demonstrar por meio dos
instrumentos de avaliação
• o tipo/nível de pensamento que eles
expressam – relações estabelecidas,
inferências, classificações, generalizações
•
•
•
•
Reflexões importantes
• Avaliei o que os alunos de fato pensam e
sabem ou apenas o que eles reproduzem?
• O tipo de atividade de avaliação que
organizei permite reconhecer o
conhecimento construído por eles e os
recursos intelectuais que já conseguem
utilizar?
Reflexões importantes
• Foram oferecidas todas as oportunidades
possíveis de aprendizagem?
• Foram trabalhados os
conteúdos/atividades necessários?
• As intervenções pedagógicas foram as mais
adequadas, considerando o nível de
aprendizagem dos alunos?
Reflexões importantes
• Os alunos foram orientados em seus
estudos para que pudessem superar as
dificuldades identificadas nas situações de
avaliação?
• Foram discutidas com a equipe de gestão
as necessidades dos alunos com maiores
dificuldades em busca de auxilio e outras
possibilidades de intervenção?
Diferenças que fazem diferença
Para cada tipo conteúdo,
uma forma mais adequada de avaliar.
fatos, acontecimentos, dados
São avaliados geralmente com
perguntas/questões, para as quais
o aluno dá respostas certas
ou erradas: se estiverem certas, é
porque ele sabe, se estiverem
erradas é porque não sabe.
por exemplo:
Para verificar se o aluno sabe
a tabela periódica (de química),
basta propor questões para
verificar o quanto ele já conseguiu
memorizar sobre os seus
elementos.
por quê?
Como fatos, acontecimentos e dados
são informações simples, que se
aprendem por memorização, e não
exigem nenhum tipo de construção
conceitual, basta verificar se o aluno
sabe o conteúdo ‘de memória’.
conceitos, princípios
São avaliados com situaçõesproblema que requerem o uso de
procedimentos de aplicação do
conhecimento sobre os
conceitos/princípios e/ou a
explicitação do nível de compreensão
sobre eles.
por exemplo:
Para conhecer o nível de apropriação
dos conceitos de divisão de números
racionais, de globalização ou de
energia nuclear, é preciso criar
situações-problema em que o aluno
precisa explicitar o que/quanto já
compreende sobre essas questões
complexas.
por quê?
O conhecimento conceitual não é
construído de uma hora para outra
por memorização, mas por
aproximações que acontecem
progressivamente e que vão
ampliando a compreensão do aluno
com o tempo.
não tem sentido, portanto,
propor provas de perguntas que pedem
respostas com definições e/ou
informações memorizadas para
verificar o nível de conhecimento do
aluno sobre estes e outros conteúdos
conceituais, pois eles têm uma
complexidade que não se resolve pela
simples fixação na memória.
procedimentos, métodos,
técnicas, estratégias ou habilidades
São avaliados pela verificação de como o
aluno procede, que tipo de uso ele faz dos
métodos e técnicas, das estratégias e
habilidades.
Ou seja: pela observação do aluno em
atividade ou pela análise do seu
desempenho em situações em que pode
demonstrar o que sabe por escrito.
por exemplo:
Para verificar se o aluno sabe
revisar seu próprio texto, é
preciso observá-lo revisando o que
escreveu se ele apagar e corrigir
sem que o professor veja, não será
possível saber como procede.
por exemplo:
Já para saber se o aluno sabe
armar e resolver uma operação, é
preciso propor que ele ‘arme’ e
resolva e então, pelo resultado,
será possível verificar se ele sabe
ou não.
por quê?
Tudo que é de fazer só pode ser
avaliado a partir da verificação de
como se faz.
O fazer é a explicitação do nível
de conhecimento não só sobre
como se faz, mas também sobre os
conceitos envolvidos.
não tem sentido, portanto,
propor provas de perguntas que
pedem respostas com definições
e/ou informações memorizadas
sobre os conceitos que precisam ser
utilizados nas situações de revisão e
resolução da operação proposta (ou
qualquer outro procedimento).
esse tipo de verificação se produz
• pela observação direta do aluno em
ação
• pela escuta de suas explicações sobre
como faz ou fez
• pela análise das respostas que dá a
questões que lhe permitem realizar
tarefas que indicam como ele faz
normas, valores, atitudes
São avaliados pela observação de
como o aluno age, que tipo de
conduta (ou posicionamento frente a
situações que põem em jogo seus
valores) ele tem.
por exemplo:
Para verificar se o aluno valoriza a
leitura ou se é persistente quando
enfrenta dificuldades ou se é
ético, é preciso analisar suas
atitudes, posturas e condutas, bem
como o que diz a respeito.
por quê?
Porque saber sobre
como se deve agir não garante
atitudes compatíveis e coerentes
com os valores e as normas
de conduta valorizados
nos grupos sociais e instituições
dos quais se participa (a escola, por ex).
não tem sentido, portanto,
fazer perguntas que pedem
respostas discursivas sobre o que é
melhor em termos de atitudes,
normas e valores, pois o ‘discurso
sobre’ não revela a capacidade de
‘agir de acordo’.
esse tipo de verificação se produz
• pela observação das atitudes (que
revelam se o aluno é de fato capaz
de ‘praticar’ os valores e as normas
de conduta considerados pertinentes)
• por meio de situações-problema que
apresentem ‘dilemas’ para que ele
se posicione
o grande equívoco
do qual padecemos nós, professores,
e (pior) sofrem as consequências os
alunos é acreditar que qualquer tipo
de conteúdo se aprende e se avalia
da mesma forma: utilizando a
memória.
Para a formulação de uma prova que se pretende
adequada, sugere-se considerar aproximadamente:
•30% de questões de Nível 1 (questões objetivas)
•40% de questões do Nível 2 (questões que requerem o
estabelecimento de relações entre dados, fatos, conceitos etc.)
•30% de questões de Nível 3 (questões que requerem
generalizações).
Além disso, é fundamental:
•utilizar linguagem clara, compreensível mesmo para os
alunos menos proficientes na leitura;
•elaborar enunciados curtos para as questões, porque
facilitam o entendimento dos alunos sobre o que é solicitado;
•enumerar as solicitações, sempre que for necessário incluir
várias delas na mesma questão;
Análise de Provas
Agora vamos socializar os tipos de
apoio pedagógico necessários
aos alunos que apresentam
desempenho escolar
insatisfatório
Propostas que
podem interessar
Projetos
capazes de responder
a necessidades dos alunos
PROJETOS POSSIBILITAM
• tomar
o aluno como protagonista da própria
aprendizagem (e também o professor)
• elaborar conjuntamente algumas propostas a
serem desenvolvidas
• experimentar, na prática, a construção coletiva
de um ‘empreendimento’, o que tende a fortalecer
o ‘espírito de grupo’
PROJETOS POSSIBILITAM
• construir algumas certezas compartilhadas,
discutir encaminhamentos e refletir sobre incertezas
• contextualizar as propostas, o que é sempre uma
‘vantagem pedagógica’
• responder ao mesmo tempo a objetivos didáticos
e a objetivos de realização pessoal do aluno
(que, de modo geral, tendem a não coincidir)
PROJETOS POSSIBILITAM
• aproximar a ‘versão escolar’ e a ‘versão social’ de
práticas e conhecimentos que são conteúdo escolar
e planejar situações o mais parecidas possível
com o que acontece fora da escola
• trabalhar a favor de dois produtos ao mesmo
tempo: o que é previamente definido por todos
como produto final e – o mais importante – o
aprendizado decorrente do projeto.
TRÊS EXEMPLOS DE PROJETOS
• mural geral
• blog
• rede de saberes
MURAL
• um espaço de publicação e de circulação de informações
• um portador de textos de diferentes gêneros, definidos
conforme o tipo de mural que se pretende fazer e de
organização que se deseja
• um tipo de projeto que requer trabalho coletivo,
definições compartilhadas e divisão de tarefas
• um material que exige cuidado com a apresentação
e atualização para garantir o interesse dos leitores
UM MURAL FAVORECE
• o empenho com um empreendimento coletivo
• a articulação entre alunos de diferentes turmas
• o trabalho contextualizado de leitura e escrita de diferentes
gêneros textuais
• o uso real da escrita – uma vez que os textos se tornam
públicos e têm leitores ‘de verdade’
• a discussão de acontecimentos do mundo, da atualidade, de
temas de interesse, que despertam curiosidade e ampliam o
universo de conhecimentos
• a análise da diferença entre informação e opinião etc
BLOG
• é uma espécie de mural ou portfólio, só que publicado
na Internet
• tem uma página principal em que o que é mais atual
está na parte superior, e é o que aparece primeiro, assim
que se ‘entra’ no espaço (é o contrário de um caderno,
onde o que é mais atual está no fim e não no começo)
• comporta informação escrita, links que remetem para
outros textos e fontes da Internet, vídeos, imagens etc
• pode ter uma ‘administração’ compartilhada, bastando
para isso que a senha de acesso seja conhecida
UM BLOG FAVORECE
[as mesmas práticas que o mural, e mais]
• o trabalho com ferramentas do computador e da internet
• a pesquisa e o uso de informação e linguagens de todo tipo
• a divulgação ampla, imediata e simultânea, para muitos
destinatários ao mesmo tempo do que se produziu e publicou
• a multiplicação da produção em outros blogs, criados por
outras pessoas/turmas, professores e gente da comunidade
• o gosto por produzir textos endereçados a destinatários reais
• a obtenção de respostas dos que escrevem comentários ao
receber informação sobre as novidades
REDE DE SABERES
• uma proposta de valorização dos saberes locais, em que se
pode, ao mesmo tempo, compartilhar com a comunidade os
conhecimentos construídos na escola (por alunos e
profissionais) e convidar os familiares e demais pessoas da
comunidade a ensinar o que sabem
•
um a possibilidade de constituir uma comunidade de
‘aprendentes’, ou seja, um espaço de aquisição e intercâmbio
permanente de conhecimentos para todos: alunos,
educadores, funcionários, familiares e colaboradores externos.
UMA REDE DE SABERES FAVORECE
• o reconhecimento dos saberes das pessoas da
comunidade como relevantes e úteis para a escola
• o trabalho com depoimentos e informações de
diferentes tipos e a seleção do que é mais relevante
para projetos e atividades em curso nas diferentes disciplinas
• a construção de procedimentos necessários
para organizar situações comunicativas que envolvem tomar
depoimento, entrevistar, debater etc
• a organização de registro escrito do que é comunicado
pela fala (e eventualmente gravado em vídeo ou áudio).