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Curso Educação em Direitos Humanos
Educação e Desigualdades
São Paulo – SP
2012
Denise Carreira
Brasil e desigualdades
Quase um lugar comum
EQUIDADE
políticas intencionalmente construídas para
promover justiça e igualdade de direitos
entre diferentes constituídos como
desiguais.
UMA DAS GRANDES TAREFAS DA
EDUCAÇÃO
Aumentar a INTOLERÂNCIA com
relação às desigualdades do país
DESIGUALDADES
distribuição desigual de recursos, de
poder, de conhecimentos e de
informações . Distribuição desigual dos
chamados bens sociais, daquilo que
possa responder às necessidades das
pessoas para que haja vida digna para
todos e todas.
A história da educação brasileira...
... é marcada profundamente pelo racismo, entendido de
forma ampla, pela negação do outro, pelo nãoreconhecimento da condição humana àquelas e
àqueles considerados diferentes em decorrência de
determinadas características físicas
1840
Brasil: menos de 20% da população escolarizada
Argentina e Uruguai: mais de 80% da população
escolarizada
O medo da revolução haitiana!
Final do século XIX
A abolição da escravatura e a proclamação da
República não trouxeram uma política universal de
educação
Década de 1930
Após o grande investimento na imigração europeia, como
forma de branquear a população brasileira, a proposta
de uma política de uma educação pública avança no
conflito entre grupos progressistas e conservadores,
expresso em nossa Constituição de 1934
Ditadura militar
A construção de uma política de educação nacional é
assumida pelo governo militar brasileiro como
parte de seu projeto desenvolvimentista. Porém,
baseado em um modelo de expansão com baixo
investimento por aluno e forte arrocho salarial dos
profissionais da educação
Redemocratização e a CF88
Conquistas na legislação e avanços em muitas
políticas estaduais e municipais, que foram em
grande parte sabotadas pela onda das reformas
neoliberais dos anos de 1990 na América Latina,
que pregavam:
O enxugamento do Estado
A ineficácia das políticas universais e a
Diminuição dos gastos públicos
A herança racista
Da negação do outro como ser humano, como
detentor de direitos, que cartacterizou parte do
século XIX e grande parte do século XX, passamos a
políticas que na prática reconhecem ao conjunto da
população o direito ao acesso à educação, mas
garantido com base em uma educação de baixa
qualidade para uma sociedade hierarquizada,
profundamente desigual: uma educação pobre para
pobres.
Governo Lula
Novas esperanças, ampliação dos espaços de diálogo
com a sociedade civil, programas e políticas são
criados, mas...
... O salto estrutural, a mudança na lógica do
investimento financeiro não acontece, apesar da
criação do Fundeb e do lançamento do PDE.
A manutenção de um modelo de desenvolvimento
concentracionista
Desigualdades educacionais no Brasil
Quando comparado a outros países com níveis de
desenvolvimento e renda per capita semelhantes,
desempenho educacional muito insatisfatório;
Melhoria de todos os indicadores educacionais nas
últimas décadas, mas com a manutenção das
desigualdades entre grupos da população, sobretudo
com relação à renda, raça/etnia, campo/cidade e
região.
Aumento do gasto educacional, mas insuficiente
diante da gigantesca dívida educacional.
Desigualdades Educacionais
O nível educacional médio da população é muito baixo
A universalização do atendimento escolar, mesmo para
a antiga faixa de ensino obrigatória (7 a 14 anos), não
ocorreu, mantendo cerca de 700 mil crianças e
adolescentes fora da escola, a maioria delas negras,
indígenas, quilombolas, deficientes, pobres, sob risco
de violência e exploração. Entre a faixa etária de 4 a 17
anos, são mais de 4 milhões de crianças e jovens fora
da escola.
Desigualdades Educacionais
O país apresentava em 2010 a maior taxa de repetência
na educação básica da América Latina (18,7%),
segundo a Unesco (2010), e a maior taxa de evasão
escolar do Mercosul (3,2% para o ensino fundamental
e 10% para o ensino médio)
Desigualdades Educacionais
O “funil” se agrava nas regiões mais pobres, entre a
população negra e entre as comunidades que vivem
nas áreas rurais do país.
Na maioria dos estados do Nordeste, o índice de
conclusão do ensino fundamental é inferior a 40%.
Para todas as regiões, quanto maior a série
freqüentada, maior a defasagem média dos alunos.
Desigualdades Educacionais
7,3 anos de estudo em áreas urbanas contra 4,2 anos
de estudo da população rural.
Forte seletividade na educação básica, na qual os
meninos negros são os mais atingidos pela exclusão
escolar.
Desigualdades Educacionais
No ensino superior, enquanto entre a população geral
temos 4,7% de pessoas com mais de 15 anos de estudo,
esse percentual cai para 1,7% em relação à população
negra e é de apenas 0,12% entre o total da população
indígena.
Desigualdades Educacionais
20,3% sua população considerada analfabeta
funcional, cerca de 30 milhões de pessoas que não
conseguem interpretar textos simples
(PNAD/IBGE/2010). Na região nordeste, o problema
atinge mais de 30% da população enquanto que na
região sudeste o percentual fica em 15%.
Informe Brasil – Gênero e Educação
as desigualdades persistentes entre as mulheres
brasileiras:
a situação de pior desempenho e de maiores
obstáculos para permanência na escola por parte
dos meninos brasileiros, em especial, dos meninos
negros;
a manutenção de uma educação sexista,
homofóbica/lesbofóbica, racista e discriminatória
no ambiente escolar;
Informe Brasil Gênero e Educação
a concentração das mulheres em cursos e carreiras
“ditas femininas”, com menor valorização profissional
e limitado reconhecimento social;
a baixa valorização das profissionais de educação
básica, que representam quase 90% do total dos
profissionais de educação, que – em sua gigantesca
maioria – recebem salários indignos e exercem a
profissão em precárias condições de trabalho;
o acesso desigual à educação infantil de qualidade.
Desigualdade educacional e desigualdade social
- visões
O enfrentamento da desigualdade e o avanço do
desenvolvimento somente vão avançar com a
educação;
a desigualdade educacional depende unicamente da
redução da desigualdades social;
é possível diminuir a desigualdade educacional por
meio das políticas educacionais;
desconsidera que a desigualdade educacional seja um
problema ou, no máximo, acredita que ela vai
desaparecer com o investimento em políticas
universais para todos.
A atuação da sociedade civil organizada
A luta pela estruturação de políticas universais de
educação como políticas de Estado, com metas de
médio e longo prazo e financiamento adequado,
por meio do Custo Aluno Qualidade (CAQ)
Fortalecimento da agenda de diversidade e
enfrentamento das desigualdades e discriminações
na educação
Educação como política universal de Estado
Finaciamento adequado
Valorização efetiva dos e das profissionais de
educação
Sistema Nacional de Educação e regime de
colaboração
Gestão democrática
A agenda da diversidade
Ampliação do conceito de qualidade
Questionamento da função social da escola
Reconhecimento das diversas identidades,
histórias, corpos,saberes etc
Ações afirmativas
O que isso significa para a escola?
Escola com professores com condições de trabalho e de
vida;
fixação dos professores nas unidades escolares;
trabalho coletivo;
ampliação da participação de famílias, estudantes e
comunidades;
processos de formação continuada que façam sentido
no cotidiano escolar;
turmas com menor número de alunos
Avaliação contextualizada
Superação de culturas discriminatórias
Valorização da diversidade como algo integrado a um
projeto de escola
Meta de equalização
As metas de equalização nascem da constatação de que
as políticas universalistas, como vem sendo formuladas
e implementadas, tem sido insuficientes para diminuir
muitas das desigualdades presentes na realidade
brasileira.
Uma agenda para avançar no campo educacional.
Obrigada!
[email protected]