Aula 8 - A importância da dialética hegeliana para a compreensão da obra de Marx.ppt

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A importância da dialética hegeliana para a
compreensão da obra de Marx
Retomada da última aula
Crítica aos Jovens Hegelianos
de esquerda:
•
•
•
O Estado hegeliano a ser
alcançado (liberalrepublicano) não pode ser o
parâmetro de uma crítica
Estado exterior,
institucionalismo, “fora e
acima” da sociedade
Retomada da última aula
Crítica aos Direitos de Cidadania e
aos Direitos Humanos:
•
•
•
Direitos de Cidadania não se
opõem a direitos para minorias e
grupos identitários, e são
falsamente emancipatórios
Direitos Humanos refletem o
individualismo da sociedade
burguesa
Retomada da última aula
•
•
•
Necessidade de uma crítica que não seja
teológica do Estado
Necessidade de uma crítica que não seja
idealista, que não veja o Estado como
instituição existindo “em si e por si”,
sobrepairando sobre a sociedade
Necessidade de uma crítica do Direito e
da Teoria do Estado que possa reduzi-lo
em última instância às relações sociais da
sociedade a que pertence
Marx e Engels
Agosto/1844: conhece
Engels
• Engels, A Condição da
Classe Trabalhadora
na Inglaterra
• Marx e Engels, A
Sagrada Família
•
Materialismo histórico e dialético:
primeiras elaborações
•
•
•
•
Manuscritos EconômicoFilosóficos de 1844
A Ideologia Alemã (1845)
Teses sobre Feuerbach
(1845)
Prefácio à Contribuição à
Crítica da Economia Política
Teses sobre Feuerbach
Tese 1: A principal insuficiência de todo o
materialismo até aos nossos dias - o de
Feuerbach incluído - é que as coisas [der
Gegenstand], a realidade, o mundo sensível são
tomados apenas sobre a forma do objecto [des
Objekts] ou da contemplação [Anschauung]; mas
não como atividade sensível humana, práxis, não
subjetivamente.
Por isso aconteceu que o lado ativo foi
desenvolvido, em oposição ao materialismo, pelo
idealismo - mas apenas abstratamente, pois que
o idealismo naturalmente não conhece a
atividade sensível, real, como tal.
Teses sobre Feuerbach
Feuerbach quer objetos [Objekte]
sensíveis realmente distintos dos objetos
do pensamento; mas não toma a própria
atividade humana como atividade
objetiva [gegenständliche Tätigkeit].
Ele considera, por isso, na Essência do
Cristianismo, apenas a atitude teórica
como a genuinamente humana, ao passo
que a práxis é tomada e fixada apenas na
sua forma de manifestação sórdida e
judaica. Não compreende, por isso, o
significado da atividade "revolucionária",
de crítica prática.
Teses sobre Feuerbach
Tese 2: A questão de saber se ao
pensamento humano pertence a verdade
objetiva não é uma questão da teoria,
mas uma questão prática.
É na práxis que o ser humano tem de
comprovar a verdade, isto é, a realidade e
o poder, o caráter terreno do seu
pensamento. A disputa sobre a realidade
ou não realidade de um pensamento que
se isola da práxis é uma questão
puramente escolástica.
Teses sobre Feuerbach
Tese 3: A doutrina materialista de que os seres
humanos são produtos das circunstâncias e da
educação, [de que] seres humanos
transformados são, portanto, produtos de outras
circunstâncias e de uma educação mudada,
esquece que as circunstâncias são transformadas
precisamente pelos seres humanos e que o
educador tem ele próprio de ser educado.
Ela acaba, por isso, necessariamente, por separar
a sociedade em duas partes, uma das quais fica
elevada acima da sociedade (por exemplo, em
Robert Owen). A coincidência do mudar das
circunstâncias e da atividade humana só pode ser
tomada e racionalmente entendida como práxis
revolucionante.
Teses sobre Feuerbach
Tese 4: Feuerbach parte do fato da auto-alienação
religiosa, da duplicação do mundo no mundo religioso,
representado, e num real. O seu trabalho consiste em
resolver o mundo religioso na sua base mundana. Ele
perde de vista que depois de completado este trabalho
ainda fica por fazer o principal. É que o fato de esta
base mundana se destacar de si própria e se fixar, um
reino autônomo, nas nuvens, só se pode explicar
precisamente pela autodivisão e pelo contradizer-se a si
mesma desta base mundana.
É esta mesma, portanto, que tem de ser primeiramente
entendida na sua contradição e depois praticamente
revolucionada por meio da eliminação da contradição.
Portanto, depois de, por exemplo a família terrena estar
descoberta como o segredo da sagrada família, é a
primeira que tem, então, de ser ela mesma
teoricamente criticada e praticamente revolucionada.
Teses sobre Feuerbach
Tese 5: Feuerbach, não contente com o pensamento abstrato,
apela ao conhecimento sensível [sinnliche Anschauung]; mas,
não toma o mundo sensível como atividade humana sensível
prática.
Tese 6: Feuerbach resolve a essência religiosa na essência
humana. Mas, a essência humana não é uma abstração
inerente a cada indivíduo. Na sua realidade ela é o conjunto das
relações sociais. Feuerbach, que não entra na crítica desta
essência real, é, por isso, obrigado: 1. a abstrair do processo
histórico e fixar o sentimento [Gemüt] religioso por si e a
pressupor um indivíduo abstratamente - isoladamente humano; 2. nele, por isso, a essência humana só pode ser
tomada como "espécie", como generalidade interior, muda,
que liga apenas naturalmente os muitos indivíduos.
Tese 7: Feuerbach não vê, por isso, que o próprio "sentimento
religioso" é um produto social e que o indivíduo abstrato que
analisa pertence na realidade a uma determinada forma de
sociedade.
Teses sobre Feuerbach
Tese 8: A vida social é essencialmente prática. Todos os
mistérios que seduzem a teoria para o misticismo encontram a
sua solução racional na práxis humana e no compreender desta
práxis.
Tese 9: O máximo que o materialismo contemplativo [der
anschauende Materialismus] consegue, isto é, o materialismo
que não compreende o mundo sensível como atividade prática,
é a visão [Anschauung] dos indivíduos isolados na "sociedade
civil".
Tese 10: O ponto de vista do antigo materialismo é a sociedade
"civil"; o ponto de vista do novo [materialismo é] a sociedade
humana, ou a humanidade socializada.
Tese 11: Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de
maneiras diferentes; mas o que importa é transformá-lo.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
•
•
•
Concepção materialista da sociedade (por
oposição a toda forma de idealismo, por
exemplo, historicismos, culturalismos, etc.)
Materialismo histórico: a explicação última da
história e da sociedade reside não em idéias,
formas institucionais ou estatais, discursos,
ideologias, culturas, etc., mas as condições
materiais do modo de produção de uma
sociedade é que, ao contrário, os determinam (a
dialética estava “de cabeça para baixo”)
Modo de produção: maneira como os seres
humanos produzem e reproduzem a si e a seus
meios de existência (forças produtivas + relações
sociais de produção)
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
•
György [Georg] Lukács (“O que é o
marxismo ortodoxo”, in História e
Consciência de Classe) dirá, no
tocante ao materialismo histórico, o
seguinte:
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
O que é o marxismo ortodoxo?
“Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de
maneiras diferentes; mas o que importa é transformálo.”
Esta questão, simples como é, tem sido o foco de muita
discussão nos círculos burgueses e proletários. Mas entre
intelectuais ficou gradualmente na moda cumprimentar
qualquer profissão da fé no Marxismo com irônico desdém.
Grande desunião prevaleceu até no campo “socialista”
quanto ao que constitui a essência do Marxismo, e que teses
é “admissível” criticar ou mesmo rejeitar sem perder o direito
ao título de “marxista”.
Consequentemente, fazer exegeses escolásticas de velhos
textos de uma maneira quase-bíblica, em vez de promover
um estudo “imparcial” dos “fatos” veio a ser pensado cada
vez mais como algo “não científico”.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
Esses textos, argumentou-se, tinham sido há muito tempo
“substituídos” pela crítica moderna e eles não devem mais
ser considerados como a única fonte da verdade.
Se a pergunta realmente devesse ser formulada nos termos
de uma antítese tão crua, mereceria no melhor dos casos
um sorriso compassivo. Mas de fato não é (e nem nunca foi)
tão simples assim. Admitamos, para argumentar, que a
pesquisa recente tenha refutado definitivamente cada uma
de teses particulares de Marx.
Mesmo se isto viesse a ser comprovado, cada marxista
‘”ortodoxo” sério ainda seria capaz de aceitar todas essas
descobertas mais modernas sem reservas, e então se
despedir de todas as teses de Marx in toto – sem ter de
renunciar a sua ortodoxia por um único momento sequer.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
O Marxismo Ortodoxo, por isso, não implica a aceitação
acrítica dos resultados das investigações de Marx. Ele
não é a “crença” nesta ou aquela tese, nem a exegese
de um livro “sagrado”.
Ao contrário, a ortodoxia refere-se exclusivamente ao
método. É a convicção científica que o materialismo
dialético constitui a trilha para a descoberta da verdade
e que os seus métodos apenas podem ser
desenvolvidos, expandidos e aprofundados a partir das
linhas estabelecidas pelos seus fundadores.
Ele é a convicção, além disso, de que todas as tentativas
de sobrepujá-lo ou “aperfeiçoá-lo” conduziram e devem
conduzir à hiper-simplificação, à trivialidade e ao
ecletismo.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
•
Um programa de pesquisa?
Já anunciei, no Deutsch-Franzoesischer Jahrbücher ,
uma crítica do Direito e da Ciência Política sob a
forma de crítica à filosofia hegeliana do Direito.
Entretanto, ao preparar o trabalho a ser publicado,
ficou evidente que seria assaz inconveniente uma
combinação da crítica dirigida somente à teoria
especulativa com a crítica de vários assuntos; isso
tolheria a exposição da argumentação e tornaria
esta mais difícil de ser acompanhada.
Ademais, eu só poderia comprimir tal riqueza e
diversidade de assuntos em um único livro se
escrevesse em estilo aforismático, e uma
apresentação assim aforismática daria a impressão
de sistematização arbitrária.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
Por conseguinte, publicarei minha crítica do
Direito, Moral, Política, etc., em diversos
opúsculos separados, e, por fim, tentarei,
em uma obra a parte, apresentar o conjunto
inter-relacionado, mostrando as relações
entre as várias partes e apresentando uma
crítica do tratamento especulativo desse
material. É por isso que, no presente
trabalho, as relações da Economia Política
com o Estado, o Direito, a Moral, a vida
civil, etc., são apenas abordadas na medida
em que a própria Economia Política trata
desses assuntos.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
•
•
•
•
Conceito nuclear: o trabalho
Modos de produção não-capitalistas:
alguma forma de relação direta com a
natureza para a satisfação das
necessidades humanas naturais
Modo de produção capitalista: mediação
necessária da relação ser humanonatureza pelo trabalho assalariado
Trabalho não visa a realização plena da
natureza humana, mas a acumulação de
mais capital
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
Examinemos agora, mais de perto, o fenômeno
da objetificação, a produção do trabalhador e a
alienação e perda do objeto por ele produzido,
nisso implícitas. O trabalhador nada pode criar
sem a natureza, sem o mundo exterior sensorial.
Este ultimo é o material em que se concretiza o
trabalho, em que este atua, com o qual e por
meio do qual ele produz coisas.
Todavia, assim como a natureza proporciona os
meios de existência do trabalho, na acepção de
este não poder viver sem objetos aos quais possa
aplicar-se, igualmente proporciona os meios de
existência em sentido mais restrito, ou sejam os
meios de subsistência física para o próprio
trabalhador.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
Assim, quanto mais o trabalhador apropria o mundo
externo da natureza sensorial por seu trabalho, tanto mais
se despoja de meios de existência, sob dois aspectos:
primeiro, o mundo exterior sensorial se torna cada vez
menos um objeto pertencente ao trabalho dele ou um
meio de existência de seu trabalho; segundo, ele se torna
cada vez menos um meio de existência na acepção direta,
um meio para a subsistência física do trabalhador.
Sob os dois aspectos, portanto, o trabalhador se converte
em escravo do objeto: primeiro, por receber um objeto de
trabalho, isto é, receber trabalho, e em segundo lugar por
receber meios de subsistência. Assim, o objeto o habilita a
existir, primeiro como trabalhador e depois como sujeito
físico. O apogeu dessa escravização é ele só poder se
manter como sujeito físico na medida em que é um
trabalhador, e de ele só como sujeito físico poder ser um
trabalhador.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
•
•
Conceito de alienação (Entfremdung),
“alheiamento”, “estranhamento”, “algo
meu se torna outro, alheio, estranho para
mim”
Modalidades de alienação:
•
•
•
•
Alienação do produto que o trabalhador
produz (do produto do trabalho)
O trabalho se torna impessoal (alienação
diante da atividade de produção)
Alienação de si próprio como produtor (de
sua essência específica)
Alienação de outros seres humanos
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
•
Alienação do produto que o trabalhador
produz (do produto do trabalho):
•
Perda do controle da forma do produto
•
Perda do controle do meio de produção
•
Reificação
•
Exploração (trabalho morto acumulado na
forma de capital)
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
•
O trabalho se torna impessoal (alienação
diante da atividade de produção)
•
•
•
•
Divisão social do trabalho e fragmentação
mecânica do ato de produção
(trabalhador-máquina)
Mercantilização da força de trabalho, que
aliena o trabalhador do produto do seu
trabalho, mediados pelo salário
Perda do controle do produto do trabalho
e da produção
Transformação do trabalhador em
instrumento e perda da satisfação no
trabalho
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
•
Alienação de si próprio como produtor
(de sua essência específica)
•
•
•
Perda da condição humana (redução à
condição de instrumento)
Embrutecimento e degradação das
potencialidades humanas (ser humano
reduzido à animalidade)
Adorno em textos, O Fetichismo na Música
e a Regressão da Audição
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
•
Alienação de outros seres humanos
•
•
•
Perda do propósito das ações (reduzidas a
ações padronizadas repetitivas, cuja
finalidade última, a produção da
mercadoria, ultrapassa o trabalhador)
Perda dos laços sociais de cooperação
entre seres humanos em sociedade, pois
se perde a finalidade da ação
Solidão, fragmentação, atomização social,
competição, meritocracia, hostilidade à
organização como classe, ideologia da
responsabilidade individual
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
Esse fato simplesmente subentende que o objeto produzido pelo
trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho,
como uma força independente do produtor. O produto do
trabalho humano é trabalho incorporado em um objeto e
convertido em coisa física; esse produto é uma objetificação do
trabalho.
A execução do trabalho é simultaneamente sua objetificação. A
execução do trabalho aparece na esfera da Economia Política
como uma perversão do trabalhador, a objetificação como uma
perda e uma servidão ante o objeto, e a apropriação como
alienação.A execução do trabalho aparece tanto como uma
perversão que o trabalhador se perverte até o ponto de passar
fome. A objetificação aparece tanto como uma perda do objeto
que o trabalhador é despojado das coisas mais essenciais não só
da vida, mas também do trabalho.
O próprio trabalho transforma-se em um objeto que ele só pode
adquirir com tremendo esforço e com interrupções imprevisíveis.
A apropriação do objeto aparece como alienação a tal ponto que
quanto mais objetos o trabalhador produz tanto menos pode
possuir e tanto mais fica dominado pelo seu produto, o capital.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
Todas essas conseqüências decorrem do fato de o trabalhador ser
relacionado com o produto de seu trabalho como com um objeto
estranho. Pois está claro que, baseado nesta premissa, quanto
mais o trabalhador se desgasta no trabalho tanto mais poderoso
se torna o mundo de objetos por ele criado em face dele mesmo,
tanto mais pobre se torna a sua vida interior, e tanto menos ele se
pertence a si próprio. Quanto mais de si mesmo o homem atribui a
Deus, tanto menos lhe resta.
O trabalhador põe a sua vida no objeto, e sua vida, então, não
mais lhe pertence, porém, ao objeto. Quanto maior for sua
atividade, portanto, tanto menos ele possuirá. O que está
incorporado ao produto de seu trabalho não mais é dele mesmo.
Quanto maior for o produto de seu trabalho, por conseguinte,
tanto mais ele minguará.
A alienação do trabalhador em seu produto não significa apenas
que o trabalho dele se converte em objeto, assumindo uma
existência externa, mas ainda que existe independentemente, fora
dele mesmo, e a ele estranho, e que com ele se defronta como
uma força autônoma. A vida que ele deu ao objeto volta-se contra
ele como uma força estranha e hostil.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
O que constitui a alienação do trabalho? Primeiramente, ser o
trabalho externo ao trabalhador, não fazer parte de sua natureza,
e por conseguinte, ele não se realizar em seu trabalho mas negar a
si mesmo, ter um sentimento de sofrimento em vez de bem-estar,
não desenvolver livremente suas energias mentais e físicas mas
ficar fisicamente exausto e mentalmente deprimido.
O trabalhador, portanto, só se sente à vontade em seu tempo de
folga, enquanto no trabalho se sente contrafeito. Seu trabalho não
é voluntário, porém imposto, é trabalho forçado. Ele não é a
satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para
satisfazer outras necessidades. Seu caráter alienado é claramente
atestado pelo fato, de logo que não haja compulsão física ou outra
qualquer, ser evitado como uma praga.
O trabalho exteriorizado, trabalho em que o homem se aliena a si
mesmo, é um trabalho de sacrifício próprio, de mortificação. Por
fim, o caráter exteriorizado do trabalho para o trabalhador é
demonstrado por não ser o trabalho dele mesmo mas trabalho
para outrem, por no trabalho ele não se pertencer a si mesmo mas
sim a outra pessoa.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
Tal como na religião, a atividade espontânea da fantasia, do
cérebro e do coração humanos, reage independentemente
como uma atividade alheia de deuses ou demônios sobre o
indivíduo, assim também a atividade do trabalhador não é
sua própria atividade espontânea. É atividade de outrem e
uma perda de sua própria espontaneidade.
Chegamos a conclusão de que o homem (o trabalhador) só
se sente livremente ativo em suas funções animais - comer,
beber e procriar, ou no máximo também em sua residência
e no seu próprio embelezamento - enquanto que em suas
funções humanas se reduz a um animal.
O animal se torna humano e o humano se torna animal.
Comer, beber e procriar são, evidentemente, também
funções genuinamente humanas. Mas, consideradas
abstratamente, à parte do ambiente de outras atividades
humanas, e convertidas em fins definitivos e exclusivos, são
funções animais.
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
Examinemos, agora, mais além, como esse conceito de
trabalho alienado deve expressar-se e revelar-se na
realidade. Se o produto do trabalho me é estranho e
enfrenta-me como uma força estranha, a quem pertence
ele?
Se minha própria atividade não me pertence, mas é uma
atividade alienada, forçada, a quem ela pertence? A um ser,
outro que não eu. E que é esse ser? Os deuses? É evidente,
nas mais primitivas etapas de produção adiantada, por
exemplo, construção de templos, etc., no Egito, Índia,
México, é nos serviços prestados aos deuses, que o produto
pertencia a estes.
Mas os deuses nunca eram por si sós os donos do trabalho
humano; tampouco o era a natureza. Que contradição
haveria se quanto mais o homem subjugasse a natureza
com seu trabalho, e quanto mais as maravilhas dos deuses
fossem tornadas supérfluas pelas da industria, ele se
abstivesse da sua alegria em produzir e de sua fruição dos
produtos por amor a esses poderes!
Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844
O ser estranho a quem pertencem o trabalho e o
produto deste, a quem o trabalho é devotado, e
para cuja fruição se destina o produto do
trabalho, só pode ser o próprio homem.
Se o produto do trabalho não pertence ao
trabalhador, mas o enfrenta como uma força
estranha, isso só pode acontecer porque pertence
a um outro homem que não o trabalhador.
Se sua atividade é para ele um tormento, ela deve
ser uma fonte de satisfação e prazer para outro.
Não os deuses nem a natureza, mas só o próprio
homem pode ser essa força estranha acima dos
homens.
Conclusões até aqui
1) Marx elabora uma crítica materialista,
entendida como oposta a todas as formas de
explicação idealista (entendida como gênero):
culturais, historicistas, institucionalistas, etc.
2) Marx, ainda próximo de Hegel, vale-se nestes
primeiros trabalhos do conceito de alienação para
proceder a uma primeira crítica das relações de
produção no modo de produção capitalista.
Conclusões até aqui
3) A crítica ainda é humanista, pois focaliza a
deformação da natureza humana num modo de
produção em que o trabalhador se torna parte da
máquina, e a força de trabalho se torna
mercadoria.
4) Marx concebe um projeto amplo e ambicioso
de crítica da sociedade em todas suas esferas
“Tempos Modernos”. Uma história de empenho, de
empreendedorismo individual. A cruzada da
humanidade em busca da felicidade.
Charlie Chaplin, Tempos Modernos (1933 - 1936)
Charlie Chaplin, Tempos Modernos (1933 - 1936)
Charlie Chaplin, Tempos Modernos (1933 - 1936)
Charlie Chaplin, Tempos Modernos (1933 - 1936)
Charlie Chaplin, Tempos Modernos (1933 - 1936)
Charlie Chaplin, Tempos Modernos (1933 - 1936)
Charlie Chaplin, Tempos Modernos (1933 - 1936)
Charlie Chaplin, Tempos Modernos (1933 - 1936)