Intoxicação por alumínio - Sociedade Brasileira de Nefrologia

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Intoxicação por alumínio
Ana Ludimila Espada Cancela
Grupo de Osteodistrofia Renal
Disciplina de Nefrologia - HCFMUSP


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Pontos importantes
A intoxicação alumínica ainda é frequente na
população renal crônica e é necessária
maior atenção a seu diagnóstico
As “Diretrizes Brasileiras de Prática Clínica
para o Distúrbio Mineral e Ósseo na Doença
Renal Crônica”, publicadas em 2008,
introduziram recomendações atualizadas
sobre o manejo da intoxicação alumínica.


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Alumínio
Metal muito frequente na natureza
 Sais insolúveis, absorção mínima pelo
trato gastrointestinal
 Absorção potencializada pela ingestão
concomitante de citrato
 Excreção renal
 Ligado a proteínas plasmáticas – não é
eliminado pela diálise



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Vias de contaminação
Água da diálise
 Sais utilizados na preparação do dialisato
 Usado como quelante de fósforo no
passado
 Contaminação de medicações orais
 Utensílios domésticos
 Contaminação de soluções parenterais



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Absorção de alúminio e citrato

Walker JA, Sherman RA, Cody RF. Arch Intern Med 1990; 150:2037
www.uptodate.com


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Alumínio


Efeitos tóxicos


Anemia hipocrômica e microcítica,
independente dos estoques de ferro



Cérebro






Provável fator de risco para doença de Alzheimer
Neurotoxicidade aguda
Encefalopatia dialítica crônica

Osso


Osteomalácia e doença óssea adinâmica


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Neurotoxicidade aguda










Elevação aguda da concentração sérica de alumínio a 4001000 µg/L
Contato com dialisato contaminado com altas
concentrações de alumínio (150-1,000 µg/L)
Ingestão de alumínio e citrato concomitantememte
Pode aparecer após o início do tratamento com
desferoxamina em pacientes com carga corporal de Al
elevada
Sintomas
 Agitação
 Confusão mental
 Mioclonias
 Crises convulsivas
 Coma e morte
Rara após a introdução da osmose reversa
Frequentemente letal


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Encefalopatia dialítica









Rara após o advento da osmose reversa
Início insidioso
Níveis séricos de alumínio elevados (150-350 µg/L)
Sintomas
 Distúrbios de fala
 Apraxia motora
 Mioclonias
 Crises convulsivas
 Alucinações auditivas e visuais
EEG alterado
Tratamento com desferoxamina


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Alumínio e osso
Reduz a formação e o crescimento da
hidroxiapatita
 Inibe a proliferação de células ósseas
 Reduz a atividade das células ósseas


OSTEOMALÁCIA
↓ mineralização
 volume osteóide
↓ remodelação óssea independente do PTH


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Prevalência







Prevalência de intoxicação alumínica em bx
ósseas
1985-1990: 61,3%
1991-1996: 38,7%
1997-2001: 42,5%
Redução na prevalência devido ao surgimento de
quelantes de P sem alumínio e osmose reversa


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Doença óssea relacionada ao Al


Apresentação clínico-laboratorial








Dores ósseas
Fraqueza muscular proximal
Fraturas
Hipercalcemia / hiperfosfatemia
Nível sérico de fosfatase alcalina normal com
PTH sérico elevado
Piora dos sintomas se houver redução do PTH
(PTX ou análogos da vit D) sem tratamento
prévio com desferoxamina


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Diagnóstico


Dosagem sérica



Teste com desferoxamina



Biópsia óssea


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Diagnóstico


Dosagem sérica







Sensibilidade e especifidade baixas
Interferência dos estoques de ferro
Variações na concentração de alumínio ao
longo do ano não refletem a carga corporal
Coleta em tubo seco sem alumínio
Luvas sem talco
Método: espectrofotometria de absorção
atômica com forno de grafite


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Desferoxamina (DFO)
Quelante de alumínio e ferro
 Mobiliza o alumínio dos tecidos
 Desloca o alumínio da ligação com a
transferrina sérica
 Formação da aluminoxamina, composto
hidrossolúvel removido pelas membranas
do dialisador e peritoneal
 Usada no diagnóstico e tratamento



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Desferoxamina – Efeitos colaterais


Mucormicose








Ligação da DFO ao ferro foma a ferrioxamina
Favorece a proliferação de microorganismos que utilizam
o ferro (ex: Rhizopus, agente da doença)
44% dos pacientes: formas disseminadas
31% dos pacientes: acometimento rinocerebral

Neurotoxicidade ocular e auditiva
Complicações agudas (anafilaxia, hipotensão, sintomas
GI)



Todos os efeitos colaterais eram mais comuns
quando doses maiores de DFO eram utilizadas


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Teste com desferoxamina


Hemodiálise







Coleta de sangue após 4 hs de jejum antes da
1ª sessão de HD da semana
Infusão de 5 mg/kg de DFO + SF0,9% ou
SGI5% 100 ml em 30 minutos ao fim da
sessão
Nova coleta de sangue após 4 hs de jejum
antes da 2ª sessão de HD da semana
Diferença () entre as dosagens superior a
50μg/L é diagnóstica


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Teste com desferoxamina


Diálise peritoneal





Coleta de amostra com cavidade vazia
Infusão de 5 mg/kg de DFO + SF0,9% ou
SGI5% 100 ml em 30 minutos
Coleta de nova amostra 5 horas após a coleta
da primeira
Diferença () entre as dosagens superior a
50μg/L é diagnóstica


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Teste com desferoxamina







77 pacientes em hemodiálise
DFO 5 mg/kg vs 10 mg/kg
Teste positivo com  > 50 μg/L (5mg/kg) ou > 70 μg/L (10
mg/kg)
15 patientes com intoxicação alumínica
Resultados
 Teste positivo associado a iPTH < 150 ng/L
 Sensibilidade 87%
Especificidade 95%
 VPP 80% (5 mg/kg
 O uso da dose de 10 mg/kg não ofereceu benefício
adicional
Nephrol Dial Transplant 1995 Oct;10(10):1874-84.


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Teste com desferoxamina


Indicações
 Anualmente em todos os pacientes em TRS
(HD ou DP) - Diretrizes SBN
 Sinais ou sintomas de intoxicação alumínica
 Suspeita laboratorial, com dissociação entre a
FA e o PTH
 Antes de paratireoidectomia
 Exposição ao alumínio recente
Obs:Não deve ser realizado se o Al basal for superior a
200 μg/L devido ao risco de neurotoxicidade aguda


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Biópsia óssea
Padrão-ouro
 Coloração por solocromo azurine
 Indicações







Suspeita clínica forte com teste com DFO
inconclusivo
Impossibilidade de realização do teste com
DFO

Diagnóstico


Superfície trabecular coberta por Al > 20%


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Coloração para alumínio positiva mostrando
impregnação da superfície trabecular


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Tratamento -  entre 50-299 μg/L


Hemodiálise




Diálise peritoneal




DFO 5 mg/kg + SF0,9% ou SGI5% 100ml
durante 30 minutos após a 1ª sessão de HD da
semana
DFO 5mg/kg IP na troca noturna (CAPD) ou
durante o dia (DPA) 1x/semana

Tempo



2 meses – K/DOQI
6 meses - SBN


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Cuidados


Não iniciar o tratamento se Al basal superior a 200 μg/L
 HD 6x/semana com membrana de alto fluxo e Al no
dialisato < 5 μg/L



Se  Al > 200 μg/L
 Infundir DFO 5 hs antes da HD 1x/semana por 4 meses
 Usar membranas de alto fluxo



Evitar administração de ferro durante o tratamento (risco
de infecção)



Repetir o teste com DFO ou bx óssea 1 mês após o término
do tratamento



Sempre que possível utilizar membranas de alto fluxo


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Prevenção


Diretrizes SBN


Quelantes de fósforo à base de alumínio NÃO devem ser
utilizados em pacientes com DRC com TFG inferiores a
60mL/min/1,73m2



A concentração de Al na água e no dialisato deve ser
monitorada semestralmente, sendo que essa
concentração deve estar abaixo de 5μg/L

J Bras Nefrol 2008;30(Supl 2):18-22


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Bibliografia












Barreto FC, Araújo SM Diretrizes Brasileiras de Prática Clínica para o Distúrbio Mineral e
Ósseo na Doença Renal Crônica - Intoxicação Alumínica na DRC JBN 2008;30(1-Supl.2): 1822
KDOQI Clinical Practice Guidelines for Bone Metabolism and Disease in Chronic Kidney
Disease Guideline 11: Aluminum overload and toxicity in CKD AJKD 2003; 42(4-Suppl.3):
S108-S116
KDOQI Clinical Practice Guidelines for Bone Metabolism and Disease in Chronic Kidney
Disease Guideline 12: Treatment of aluminum toxicity. AJKD 2003; 42(4-Suppl.3): S166S122
D'Haese PC, Couttenye MM, Goodman WG, Lemoniatou E, Digenis P, Sotornik I, Fagalde A,
Barsoum RS, Lamberts LV, De Broe ME Use of the low-dose desferrioxamine test to
diagnose and differentiate between patients with aluminium-related bone disease, increased
risk for aluminium toxicity, or aluminium overload. Nephrol Dial Transplant
1995;10(10):1874-84
Walker JA, Sherman RA, Cody RF. The effect of oral bases on oral aluminum absorption.
Arch Intern Med 1990; 150:2037
Domingo JL Aluminum and other metals in Alzheimer's disease: a review of potential therapy
with chelating agents..J Alzheimers Dis. 2006;10(2-3):331-41
www.uptodate.com