Semana de Trabalho de Campo Antropológico Aldeia de Castelãos 25 de Abril a 1 de Maio de2009 Introdução No âmbito da disciplina de trabalho de.

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Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


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Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 3

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 4

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 5

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 6

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 7

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 8

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 9

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 10

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 11

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 12

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 13

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 14

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 15

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 16

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 17

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 18

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 19

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 20

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 21

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 22

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 23

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 24

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 25

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 26

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 27

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 28

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 29

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 30

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 31

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 32

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 33

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 34

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 35

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 36

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 37

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 38

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 39

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 40

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 41

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 42

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 43

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 44

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 45

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 46

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.


Slide 47

Semana de Trabalho de Campo
Antropológico
Aldeia de Castelãos
25 de Abril a 1 de Maio de2009

Introdução
No âmbito da disciplina de trabalho de campo
antropológico foi-nos proposta a elaboração de um
projecto de investigação inserido no projecto
“AQUAS”.
O projecto “AQUAS” pretendia avaliar a
saúde e a qualidade de vida de uma determinada
população através da aplicação de um inquérito
elaborado por investigadores na área da saúde. Em
paralelo à aplicação dos inquéritos, fizemos
entrevistas abertas à população com o intuito de
apontar e definir as principais ocupações de lazer da
população da freguesia de Castelãos.

Problemática
Os idosos sentem-se cada vez mais
isolados uma vez que em grande parte, em
lares ou no silêncio da sua casa, com
deficientes infra-estruturas, de terceira idade e
com o avanço da idade, vêem crescer o medo
da incapacidade e dependência.

Objectivos Gerais


Identificar o nível da qualidade de vida na aldeia em
estudo;



Identificar o nível de saúde física, psicológica e social
existente na população;



Caracterizar qualitativamente a freguesia em estudo;



Caracterizar a actividade de O.T.L. identificar os espaços

de O.T.L.


E mais importante: Divertirmo-nos!

Metodologia Utilizada


Métodos Qualitativos

(conversas informais,

entrevistas abertas, entrevistas estruturadas ,
observação, diário de bordo, notas de campo,
técnicas audiovisuais)


Métodos Quantitativos (questionário)

Qualidade de Vida
O conceito de qualidade de vida tem vindo a ser
debatido em contexto científico e tem sido também objecto
de alterações conceptuais recorrentes. Actualmente a
qualidade de vida representa,
“…o resultado da soma do meio ambiente físico; social; cultural;
espiritual e económico onde o individuo esta inserido; dos estilos de
vida que este adopta; das suas acções e da sua reflexão sobre si,
sobre os outros e sobre o meio ambiente que o rodeia. É também a
soma das expectativas positivas em relação ao futuro.” (LEAL,
2008: p. 10)

Ocupação dos Tempos Livres
O lazer,
“é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se

e

entreter-se

ou, ainda, para

desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.” (Dumazedier,1976, p.34)

A aldeia - Castelãos

Fonte:TCA

Localização Geográfica
A freguesia de Castelãos apareceu em 1839 no

concelho de Bragança, em 1852 no concelho de Chacim e
a partir de 1853 passa a pertencer ao concelho de
Macedo de Cavaleiros. Castelão situa-se nas fraldas da
Serra de Bornes, no cruzamento dos caminhos para Vilar
do Monte, Chacim e Macedo de Cavaleiros. Situa-se a 3

km da cidade.

História
O nome de Castelãos advém do antigo castelo de mouros

que existia onde está edificada a actual capela de S. Marcos que
conforme relata a história, dois dos habitantes deste castelo vieram
construir uma casa nas encostas deste cabeço onde possivelmente é a
aldeia. Como moradores do castelo chamavam-lhes «Castelãos» e daí

o nome da aldeia.
“(…) O castelo já habitado durante muitos anos e por motivos desconhecidos,
alguém expulsou do castelo duas pessoas que foram viver na encosta do Vale,

foram esses que deram origem ao nome Castelãos, ainda hoje as terras em
volta das fragas e da capelinha que se chamam Trás-do-Castelo (…)” (D.M.,
62 Anos, Auxiliar de limpeza).

A lenda do Forno dos Mouros
Existindo esta caverna na serra Castelãos, e como reza a
história dos antigos habitantes desta aldeia, em noites quentes de
verão quem passasse perto desta fraga, escutava batidos de um
tear a tecer. Dizia-se então que este tear era de ouro e que nesta
caverna estava uma linda moça filha de um rei mouro, que ao
apaixonar-se por um pastor que era cristão, seu pai castigou-a e ali
ficou eternamente encantada batendo as varas douradas desse
tear. “ (…) dizem que os mouros coziam lá o pão, faziam lá toda a lida
doméstica, mas isso já eu não tenho a certeza, mas diziam… (…)” (D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O Forno dos Mouros

Fonte:TCA

População
Com uma população de cerca de 560
habitantes, mais

ou

menos

300

são

emigrantes e 10 migrantes, abandonaram a
sua terra natal à procura de melhores
condições de vida para as suas famílias.

De acordo com os dados estatísticos do INE (Instituto
Nacional de Estatística) a faixa etária predominante em 2001 é
dos 15 aos 64 anos com uma percentagem de 66,7%. No que
toca ao nível de instrução em 2001 destaca-se essencialmente
uma amostra da população de 196 indivíduos com o 1º ciclo,
seguido de uma amostra de 82 indivíduos sem nenhum tipo de
instrução e por fim 34 indivíduos com o 2º ciclo. No que
respeita aos equipamentos disponíveis para a população só se
encontram disponíveis serviços de educação.

Actividades Económicas
A

população

essencialmente

da

de

Castelãos

vive

agricultura, pecuária,

panificação, construção civil e pequeno
comércio.

Actividades Económicas

Fonte: TCA

Festas e Romarias
A festa principal da aldeia é realiza-se
ao 3º domingo de Setembro, em honra de

São Zenão.

Fonte: Foto fornecida por um habitante da aldeia

A festa de São Marcos realiza-se dia
25 de Abril. Com a presença assídua da
banda de Mateus.

Fonte: TCA

Análise das Entrevistas

Fonte: TCA

Estado de Saúde da População
A maior parte queixava-se de dores no corpo em
situações mais extremas apresentavam mal-estar na
vesícula, falta de equilíbrio, apertos no coração, dor de
dentes, entre outras.
“…sinto-me mal, o almoço fez-me mal, comi peixe cozido com verdura e
sofro da vesícula! Enquanto não vomitar tudo não me passa…” (A.S., 73
Anos, viúva).

“…hoje não estou para conversas, não dormi em toda a noite com a dor de
dentes…” (C.D., 72 anos, reformado).

Alguns apresentavam-se também um pouco
deprimidos e tristes perante a idade que tinham
uma vez que não consideravam ter grande futuro
pela frente. A solidão é também um dos aspectos
negativos que mais observámos pois na sua

maioria eles eram viúvos e viviam sozinhos.

A Ocupação dos seus Tempos Livres
Em relação á ocupação dos tempos livres, todos
nos confessaram gostar de passear pela aldeia, gostar de
conversar uns com os outros, de fazer na renda, ir á igreja
“…gosto de visitar o santíssimo todas as tardes…” (A.S., 73
Anos, viúva) e ir ver a horta diariamente.
Os idosos consideram também a lide doméstica e o
convívio com os vizinhos, uma das suas principais
ocupações.

Quando questionados sobre o que achavam que seriam as
ocupações dos vizinhos e outros habitantes a opinião era unânime. Na
opinião deles havia muitos que não tinham nada que fazer e por isso
passavam muito tempo na rua “a dar á língua”, tentando depois
remediar o que tinham dito, acrescentavam que também deviam fazer
as suas obrigações.
“…Às vezes algumas estão á boa vida, não querem trabalhar…”
(A.S., 73 Anos, viúva)
Encontramos ainda uma antiga professora que para ocupar os
seus tempos livres frequenta a Universidade Sénior do Piaget e
aconselha a experiência a toda a gente. “Senti-me rejuvenescer!” (F.P.,
Viúva, Reformada)

O convívio entre os habitantes
de Castelãos
Enquanto uns não conviviam, ou porque não
tinham sido habituados assim ou porque preferiam
ficar em suas casas a descansar, outros tinham por

hábito estar no Largo da Fonte, largo principal da
aldeia, a conversar e a conviver.
De forma geral, podemos salientar que todos
os habitantes mantinham uma boa relação de amizade
e entre ajuda.

“(…)Convivo muito com os vizinhos, e com os habitantes da
aldeia, mas tenho pouco tempo, porque trabalho na cidade e
como cumpro horários, daí a pouca convivência. Mas se tivesse
mais tempo, dedicava todo o tempo a ajudar as pessoas que
não tivessem família e que precisassem de mim, e aturava-os
até á morte. (…) É muito importante e para mim os meus
vizinhos são a minha família. Quando dão um ai, eu estou lá,

mas quando eu preciso eles estão aqui e é muito importante.”
(D.M., 62 Anos,Auxiliar de limpeza).

O dia-a-dia dos Casteloenses
De manhã, geralmente pelas 7:30 ou 8:00 horas, levantam-se

procedendo de seguida à realização da sua higiene diária. Posteriormente
tomam o pequeno-almoço que na sua maioria das vezes é composto por café,
leite e torrada. Contudo encontramos um senhor que nos revelou o seu gosto
pelas sopas de alho logo pela manhã,
“ (…) Como sopas de azeite e alho…ponho a água a ferver, parto as
sopas fininhas…pão fininhas para uma malga, depois ponho-lhe um
bocadinho de azeite, eu ponho-lhe duas colheres, mas há quem lhe ponha
só uma e chega. Depois ponho-lhe um bocadinho de alho, e em cima
ponho-lhe a água a ferver e estão as sopas feitas.” (C.D., 72 anos,
reformado).

Durante a manhã as senhoras costumam a
sua lida da casa, dão um passeio para a conversa

em dia.

De seguida fazem o almoço e por

volta das 13:00 horas almoçam. Algumas vão ainda
trabalhar para a horta. Durante o período da
tarde lêem, vêem televisão, vão á igreja e ficam-se
por as ruas à conversa com os vizinhos.

Numa faixa etária mais jovem onde a entrevistada mantém
ainda uma vida profissional activa a rotina torna-se bastante diferente e
muito mais rígida.

“ (…) No meu dia-a-dia, começo a levantar, por o quarto arejar e fazer o
pequeno-almoço para mim. (…) Faço o pequeno-almoço para o meu
marido…… (…) Arrumo o quarto, tomo banho e as dez tenho que estar no
emprego. (…) Trabalho, só regresso as 7 da noite. (…) Sou auxiliar
de….limpeza, mas faço de tudo um pouco, ajudo a tratar das crianças
quando é preciso, limpo quando é preciso, ajudo na cozinha quando é
preciso…. e é a tempo inteiro, tudo o que me mandarem fazer. (…)”(D.M.,
62 Anos,Auxiliar de limpeza).

No que respeita à rotina diária dos
homens,

notámos

que

não

têm

tanta

responsabilidade. De manhã levantavam-se,
fazem a sua higiene diária, tomam o pequeno-

almoço, arrumam o quarto e

almoçam.

Durante a tarde vão até á horta e ficam-se
pelo largo da aldeia à conversa com os amigos.

A importância da Ocupação
dos Tempos Livres
Eles assumiam a ocupação dos tempos livres, não como

actividades de lazer mas sim actividades quer sejam elas lúdicas ou não,
que os mantinham ocupados para que não tivessem tempo e
disponibilidade de pensar nos problemas e inquietações do dia-a-dia.
Alguns enumeraram certas actividades que eles desenvolviam
no âmbito da ocupação dos tempos livres, tais como idas á praia e
excursões inseridas no contexto religioso, como visitas ao santuário de
Fátima. Os trabalhos manuais, como o crochet e a renda, eram também

considerados ocupações do tempo livre.

De uma maneira geral eles consideram este assunto de extrema
importância e consideram também que o convívio era mais uma valia

para todos tanto a nível social, psicológico e cognitivo,

“ (…) Muito importante…. (…)Eles junto connosco, ensinam-nos
várias coisas, mas também aprendem, e eles….os idosos gostam
muito de perguntar como se fazem as coisas, e então a explicarlhe a eles também nos dizem a nós “olha eu fazia desta maneira e
daquela” e também se aprende muito a ensinar. (…)”(D.M., 62

Anos,Auxiliar de limpeza).

Anseios da população para a
evolução da aldeia
Curiosamente o centro de dia é um dos projectos que toda a

população gostaria de ver edificado na aldeia. Segundo eles só traria vantagens
à população de Castelãos.

“ (…) Se eu pudesse, pedir ao Presidente da Junta, gostava que
construíssem um centro de dia para os mais velhotes… onde a gente se
pudesse encontrar e conviver com eles, para passarem melhor os dias, que
as vezes são tão difíceis de aguentar. E se fosse possível, lhe pudessem dar

[suspiro] …um lanche quentinho. (…) Os velhos não têm grande
carinho…um lanchinho quente e bom, para poderem passar melhor a
noite. (…)”(D.M., 62 Anos, Auxiliar de limpeza).

No centro de dia os idosos gostariam de realizar actividades
manuais, como rendas, bordados, tricô e costura. Gostariam também de ler,
jogar às cartas e dançar uma que eram todos idosos muito divertidos e
animados apesar dos problemas de vida. “ (…) Se tivesse saúde fazia o que tenho
feito até aqui, rendas e …tricôs…bordados. (…)” (P.I., 70 anos, casada)
Os habitantes da aldeia queriam também ver reabilitadas as casas
antigas fazendo com que ganhassem de novo o encanto de antigamente.
Vários habitantes referiram o desejo de ver retomadas as actividades
do “Grupo de Cantares” de Castelãos, que devido a problemas de
entendimento viu as suas actividades cessadas. Um melhor largo para a festa

principal da aldeia era também uma das sugestões que mais ouvimos.

Práticas desportivas na vida
dos Casteloenses
A prática desportiva é para eles uma coisa do passado, porque
apesar de alguns terem sido verdadeiros desportistas a sua saúde e
condição física já não lhes permite grandes aventuras neste campo.
Os idosos reconheciam que a ginástica e outros desportos

faziam bem á saúde, apesar de alguns admitirem não gostar dessa
prática.
No que respeita á modalidade mais em voga do campo
desportivo, ou seja, a hidroginástica, os idosos iam-nos dizendo “entre
dentes” que não lhes agradava muito a ideia porque não sabiam nadar
ou não se sentiam muito á vontade dentro de água.

A D.M. que pertencia a uma faixa etária diferente

dos entrevistados mostrou-nos um vasto leque de
actividades que ela tinha orgulho em praticar.
“ (…) Faço várias coisas, gostava de participar na
natação, na hidromassagem e hidroginástica. (…) E
já faço quando posso natação, sauna, massagem,

hidro-linfa, bicicleta, step e… (…) “ (D.M., 62 Anos,
Auxiliar de limpeza).

A importância da religião na
população de Castelãos
De uma maneira geral os habitantes de Castelãos revelaram
ter uma fé inabalável. Em todas as entrevistas que fizemos reparámos
que os habitantes têm por principal ocupação a veneração do
Santíssimo e tudo que esteja ligado á Igreja. Por exemplo uma idosa

que nos disse que tinha vindo da igreja pois tem rezado todos os dias,
várias vezes ao dia pois tinha uma irmã doente.
“ (…) Tenho uma irmã muito mal e prometi uma novena por
ela…de ir a rezar ao Divino Senhor da Misericórdia todos os dias
e já rezei um que fui ao Divino Espírito Santo e já rezo outro logo
às 6, meninas. Sou muito rezadeira! (…)” (A.S., 73 Anos,Viúva)

Conversámos também com uma senhora que tinha as chaves da
igreja da aldeia e é também zeladora do altar do São Zenão.

“ (…) Primeiro de manhã levanto-me e vou á igreja, que acendo a
lâmpada, abro a porta da igreja (…) Tenho a chave da igreja tenho que a
abrir e acender a lâmpada se estiver apagada…” (R.P.,Viúva, Reformada)

Confessou-nos também que as suas conversas e as das suas vizinhas
eram sempre sobre as “coisinhas” da igreja. Também na leitura os gostos
pessoais e a fé estão bem vinculados uma vez que todas elas nos informaram
que lêem a “Voz de Fátima”.

Análise da entrevista com o
presidente da junta de

freguesia

No decorrer da entrevista o Sr. Justo
mostrou-se satisfeito com o trabalho que tem
realizado, confidenciou-nos que conseguiu fazer 80%
das obras que achava necessárias e indispensáveis na
aldeia de Castelãos. Até ao final do presente

mandato tem a certeza que chegará aos 100%, isto é
sente o dever cumprido. Disse-nos que não fez
promessas, prometeu trabalho e do ponto de vista
dele tem-no conseguido.

Neste momento estão a decorrer três obras em
simultâneo, o arranjo do largo da fonte, da rua que liga a
aldeia ao cemitério e a casa mortuária.

No decorrer do presente mandato já fez
variadíssimas obras, tais como saneamento, levou a
electricidade e pavimentação do bairro da cazeta, a

construção do poli - desportivo, adicionamento da Etar,
o alargamento do cemitério e o arranjo e aquisição de
mobiliário para a sede da Junta de Freguesia.

Uma das obras que ele tem em mente
será a construção de uma centro de dia para a
população idosa, estabelecer um protocolo

com a Santa casa da Misericórdia para haver
colaboração entre as duas entidades, para
assim, os técnicos e profissionais da Santa Casa
prestarem auxílio especializado á população.

De uma forma geral toda a população elogiou o
trabalho realizado pela Junta de Freguesia.

“ (…) Olhe é assim….olhe menina, as alterações da aldeia, em
Castelãos eu acho que está tudo, sendo feito na medida do
possível. Pois temos um presidente da junta, que vale ouro…tudo o
que pode, ajuda as pessoas e também tem feito muito pela aldeia.
Vou frisar algumas coisas, arranjou o cemitério, o largo da Fonte, o
Polidesportivo, os caminhos rurais, o Etar da Caseta e alargou a via
e estão a fazer um belo trabalho na casa mortuária. Temos

também muita boa sinalização. (…)” (D.M., 62 Anos, Auxiliar de
limpeza).

Fonte: TCA

Reflexão Crítica
Visitámos todos os pontos emblemáticos da aldeia,
preocupamo-nos em deixar uma excelente imagem e impressão
junto da população de Castelãos, ficamos com a impressão de
termos concretizado positivamente a nossa investigação.
Sentimo-nos acarinhados pelos Casteloenses, todos os
habitantes foram afáveis connosco, convidaram-nos a entrar
para as casas, ofereciam-nos de comer, resumindo havia
preocupação da parte dos habitantes em fazer-nos sentir bem
naquela aldeia.

Gostámos de participar nas festividades da aldeia,

ressalvamos a manifestação de fé, com a religiosidade, a
devoção para com o padroeiro da aldeia, S. Marcos,
nomeadamente quando vimos várias pessoas a cumprir

promessas de diversas formas (ex: descalças).
As pessoas não ficaram constrangidas com as
perguntas mais ousadas do inquérito, responderam a
todas elas com naturalidade e à-vontade, de uma forma
geral as pessoas gostam de viver em Castelãos, sentemse confortáveis nas suas casas, no seu espaço e
principalmente na aldeia em geral.

É uma população que tem um bom relacionamento
entre eles, são amigos, gostam de estar juntos, ou seja, é uma
população que apesar de ser na maioria idosa gostam de
conviver, vê-se diariamente gente junta no largo da aldeia,

grupos de idosos, não se isolam em casa!
Podemos concluir desta semana de trabalho que fomos
muito bem recebidos e acarinhados por todos, o pequeno senão

é que não havia um único café aberto onde nos pudéssemos
encontrar e tomar uma bebida quente depois de apanharmos
muito frio e chuva.