Esporte e Dependência Química Carolina F. S. Bernardo Psicóloga - Terapeuta Cognitiva Psicóloga Jurídica CRP: 06/98.154 O Atleta ... É bastante comum olhar um atleta de.

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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 2

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 4

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 6

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 7

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 9

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 10

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 11

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 12

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 13

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 14

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 16

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 18

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 19

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 20

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 21

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 22

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 23

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 24

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 25

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 26

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 27

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 28

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 29

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 31

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 32

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 33

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 34

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 35

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 36

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 37

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 38

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 39

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 41

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 42

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 46

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 47

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 48

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 49

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 51

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 52

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 53

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 54

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 55

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 56

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 57

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 58

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 59

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 60

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 61

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 62

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 63

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 64

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 65

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 66

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 67

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 68

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 69

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 71

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 72

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


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Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 74

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 75

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 76

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times


Slide 77

Esporte e Dependência Química
Carolina F. S. Bernardo
Psicóloga - Terapeuta Cognitiva
Psicóloga Jurídica
CRP: 06/98.154

O Atleta ...
É bastante comum olhar um atleta de alto nível como um herói, até mesmo
porque a mídia televisiva esportiva costuma tratá-lo assim.
Para a mídia brasileira, o atleta é um herói porque em geral:
• Ele é mal pago;
•Os treinamentos são muito rigorosos;
•Ele representa o nosso país.
E ele é ainda mais herói, em um país guiado por uma ideologia liberal, baseada
no princípio do vencedor, o perdedor não tem lugar.
O fato de muitos atletas terem sido premiados com o manto nobre do herói e
depois terem sido pegos em exames antidoping costuma chocar o público.
Choca, porque um herói que se preze seria um campeão por natureza, sem
precisar de auxílio químico.
Rúbio, 2012

O que liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antiguidade?
A visão do atleta como um
herói – aquele homem ou

mulher quase sobre-humano,
capaz de superar obstáculos
intransponíveis

para

os

mortais comuns e conquistar a

glória da vitória – é o único
traço

que

Olimpíadas
jogos

da

ainda

liga

modernas

as
aos

Antiguidade,

disputados em Olímpia, na
Grécia, desde o século 8
antes de Cristo até 394 da era
cristã.
Rubio, 2008

O herói é considerado, alguém que encontrou ou realizou
algo excepcional, que ultrapassou as esferas de sua própria
realidade.
Campbell (1990)

O herói se define “pela façanha executada. Herói e façanha, façanha e herói se
fundem, gerando um nome próprio. Em seu nome reside sua força e seu
esplendor. O herói é o personagem primordial que faz o que somente ele
pode fazer. É a possibilidade de o ser humano tornar-se pessoa singular,

fazer-se como indivíduo, traduzir-se como imparidade” (Alvarenga, 2009)

•Na prática esportiva essa representação se amplifica por viabilizar a
representação da possibilidade do vir a ser.
• Atletas já consagrados tiveram que, inevitavelmente, percorrer um
caminho comum e, assim como os heróis da Antiguidade, realizaram
feitos em um determinado momento que os elevaram em um nível
diferenciado de seus semelhantes, tornando-se exemplo para os mais
jovens e objeto de admiração para os mais velhos, alcançando muitas
vezes a posição de ídolos nacionais ou internacionais (Rubio,2001) .
• O herói é um personagem que faz o que somente ele é capaz de fazer
e por isso desperta no ser humano a possibilidade de ser singular, de
fazer-se como indivíduo, de traduzir-se como imparidade. E nesse
sentido desperta o processo de projeção e de identificação. (Alvarenga,
2008)

Como estes grandes heróis que se transformam em
mitos conquistam estes grandes feitos?

-Treino
-Equilíbrio emocional
-Motivação
-Boa equipe de treinamento
-Uso de substância

Não

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
saúde como sendo o estado de completo bemestar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de
saúde transcende à ausência de doenças e
afecções. Por outras palavras, a saúde pode ser
definida como o nível de eficácia funcional e
metabólica de um organismo a nível micro (celular)
e macro (social).

•Desde a Grécia Antiga, os atletas utilizaram ervas e cogumelos com o
intuito de melhorar sua performance atlética.
•No século XIX, atletas franceses beberam uma mistura de levedura de
coca e vinho chamada vin mariani. Foi constatado que essa bebida
reduzia as sensações de fadiga e de fome associadas ao exercício
prolongado.
(WAGNER, 1989)

•Durante e após a Segunda Guerra Mundial, algumas substâncias
bastante eficientes em aumentar a performance dos atletas surgiram no
mercado: as anfetaminas e os anabólicos esteróides.

• A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, sede e a fadiga.
•Os anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra, como uma
alternativa para reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de
guerra, encontrados em fase de desnutrição.

•Pouco tempo depois, o conhecimento que esta substância podia
aumentar a massa muscular chegou ao esporte através do levantamento
de peso e logo após aos atletas de arremesso, lançamentos, saltos e
velocidade.

O abuso de drogas por atletas
•Na era moderna o abuso de drogas por atletas foi considerado um
problema no início dos anos 50.
•O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952,
em Oslo, Noruega.

•Em 1954, suspeitou-se de que atletas russos usaram esteróides
anabólicos.
•Alguns anos depois, esteróides anabólicos foram testados em atletas
norte-americanos.
(MURRAY, 1983)

•Os anos 60 viram um aumento progressivo no abuso de drogas em
eventos esportivos.

•O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas,
inclusive um que participava das Olimpíadas de Roma, em 1960.

•A Olimpíada de 1964, em Tóquio, foi provavelmente a primeira a
envolver o abuso de drogas, especialmente de esteróides anabolizantes.

•O problema tornou-se tão grave a ponto de levar o Comitê Olímpico
Internacional (COI) a instituir o teste de drogas nos Jogos Olímpicos de
1968.
(MURRAY, 1983)

Um caso bastante noticiado aconteceu nas Olimpíadas de
Seul, em 1988. O teste para esteróides anabolizantes,
realizado no velocista Ben Johnson, deu positivo e sua
medalha de ouro teve que ser devolvida.

O uso terapêutico de drogas pelos atletas envolve seu emprego no
tratamento de doenças e lesões. Exemplos comuns são:
• Os broncodilatadores: usados no alívio dos sintomas da asma.
• Os agentes antiinflamatórios: usados para dores em articulações e
lesões leves.

Entretanto, os atletas se diferenciam das outras pessoas pelo fato de
utilizarem drogas como o álcool e a cocaína como forma de auxílio
ergogênico, não para fugir da realidade, como normalmente fazem as
outras pessoas.

(WAGNER, 1989)

•Para os atletas treinar é preparar o corpo para competir, não
para deixá-lo saudável.
•O corpo é tratado como um instrumento de precisão utilizado
para atingir metas. Além disso, o corpo de um atleta, embora
aparentemente saudável, muitas vezes não é.
•Atletas que competem em esportes cujo tamanho e força são
fundamentais podem consumir dietas que aumentam o risco de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, diabetes e
arteriosclerose.
•Portanto, os atletas consideram as drogas utilizadas para fins
ergogênicos como parte natural do treinamento, na melhor das
hipóteses, ou apenas como um mal necessário.
(WAGNER, 1989)

Os atletas que treinam para competir, não para seu bemestar, encaram o risco-benefício da utilização dos
esteróides anabólicos como favorável.
(WAGNER, 1989)

Os esportistas também abusam de drogas para relaxar, para
administrar o estresse ou para aumentar a autoconfiança.

The New York Times

Cultura X Uso de Álcool
Acredita-se também que os atletas estão mais suscetíveis
ao uso excessivo de álcool pela ligação cultural entre
álcool e esportes ao estilo de vida e à pressão dos
esportes.
(SAMPLES, 1989).

Pesquisas:
Um estudo publicado em 1995 na Noruega, investigou as possíveis
diferenças entre o consumo de álcool de diversos grupos engajados em
várias formas de atividade física comparado ao de grupos não engajados
em nenhum tipo de exercício.
Os resultados mostraram que, embora o comportamento de beber e as
atitudes pessoais em relação ao uso de álcool sejam aprendidos por
influências sociais não somente pelo esporte, parece que o consumo de
várias bebidas alcoólicas é parte integrante do estilo de vida dos
esportistas noruegueses.
Não foram notadas diferenças significativas entre o grupo controle e o
grupo de esportistas na quantidade de vinho consumida. A cerveja, no
entanto, estava associada à participação em esportes e, mais
notadamente, em esportes de equipe.
Para os noruegueses adultos, o vinho tende a ser uma bebida social
relacionada a um estilo de vida que também inclui atividades físicas.
(WATTEN, 1995)

Embora o alto consumo de álcool esteja tradicionalmente associado ao
rugby, apenas em 1993 um estudo foi realizado com 348 jogadores
neozelandeses, sendo 257 homens e 91 mulheres.

Apesar de a média etária ser de 19,6 anos para as mulheres e de 20,6
anos para os homens, os atletas foram recrutados em clubes e escolas e
não eram necessariamente universitários.

O estudo concluiu que o uso nocivo do álcool está colocando os atletas
em risco de uma variedade de resultados negativos em relação à
performance atlética, às lesões e ao tempo e qualidade de vida. Os
autores também afirmam que mais pesquisas são necessárias para
investigar o impacto de fatores, como propaganda e patrocínios da
indústria do álcool no esporte, na gênese desse comportamento tão
nocivo.
(QUARRIE e colaboradores, 1996)

De acordo com pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, os atletas
universitários ingerem quantidade similar de bebidas alcoólicas à de seus
colegas estudantes, mas, em períodos de descanso ou fora de temporada,
esse consumo aumenta.
No entanto, ainda existem diversas dúvidas quanto ao motivo desse
hábito. Alguns autores afirmam que isso ocorre em decorrência do
estresse, do cansaço e das pressões, tanto acadêmicas quanto
esportivas, à que estão expostos, como o ritmo incessante de
treinamentos, competições e estudos.
Outros acreditam que a justificativa para o aumento do consumo venha do
maior convívio social dos atletas, que os leva a se envolver em maior
número de bebedeiras e de situações de risco.
(Santos e Tinucci, 2004)

Algumas razões para o uso de substâncias por
atletas:
•Aumentar o volume de massa muscular e fortalecer músculos e ossos;
•Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos;
•Disfarçar as dores;
•Estimular o corpo ;
•Relaxar;
•Reduzir peso ;
•Esconder o uso de outras drogas .

Substâncias:

Algumas substâncias e seus efeitos colaterais:
1.

Estimulantes
Estimulantes (cocaína, efedrina, anfetamina,
cafeína, etc.), podem causar falta de apetite,
aumento da pressão arterial, alucinações,
tremores, alterações no ritmo cardíaco e até
mesmo gerar infarto e morte;

2. Analgésicos Narcóticos
Analgésicos narcóticos (morfinas) podem
provocar náuseas e vômitos, diminuição
da
capacidade
de
concentração,
depressão e insônia;

3. Anabolizantes
Anabolizantes (derivados de hormônios masculinos)
provocam esterilidade, aumento da pressão arterial,
derrame cerebral, agressividade, aparecimento de
acnes, problemas no fígado e crescimento das
mamas nos homens;

4. Diuréticos
Diuréticos (drogas que aumentam a quantidade
e excreção da urina), podem causar
desidratação, alterações no ritmo cardíaco,
cãibra e doenças renais;

5. Hormônios

Hormônios (GH e HCG) provocam o
aumento
da
pressão
arterial,
deformações ósseas, coágulos no
sangue, diabetes, infarto, convulsões
e embolia pulmonar.

O simples uso de um creme dermatológico ou até mesmo de um xarope
para gripe pode ser motivo para que o atleta seja pego no exame
antidoping, pois essas substâncias podem conter agentes dopantes.
Por isso, técnicos, preparadores físicos, atletas, médicos especialistas e
demais profissionais, envolvidos com o esporte de alto rendimento,
precisam estar sempre atualizados a fim de evitar que os atletas usem
acidentalmente alguma substância que possa transgredir as regras
antidopings. (Marques, 2012)

•Os estimulantes são substâncias que tem um efeito direto sobre o
sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do Sistema
Cardíaco e do metabolismo.
•As anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína, são usadas para
conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da
excitação. Podem aumentar ainda a capacidade de tolerância ao
esforço físico e diminuir o limiar da dor.
•Os esportes onde encontramos atletas que fazem uso dessas
substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

•Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representados pela
morfina e petidina. São derivados do ópio e atuam no sistema nervoso
central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse ultimo efeito o
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição
da sensação da dor pode ser prejudicial aos atletas, pois pode levar
que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao
agravamento.

•Essas substâncias são usados em esportes de bastante resistência
como a maratona e o triatlon.

•Os agentes anabolizantes ou esteróides anabólicos são compostos
derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando
administrados no organismo eles entram em contato com as células dos
tecido muscular aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que
os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício
físico.
•Essas substâncias são usadas por halterofilista, lutadores de artes
marciais e em todos os tipos de esporte que envolva força explosiva.
São utilizados por pessoas que querem um corpo mais musculoso.

•Um outro hormônio conhecido como eritropoetina, este hormônio
promove aumento de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e
proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Um dos
principais efeitos causados pelo o uso deste hormônio é a hipertensão
arterial, possíveis infartos do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e
convulsões.

•Esta é a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros
esportes de resistência.

Doping no Esporte:
O doping pode ser classificado como qualquer substância ilícita
utilizada a fim de aumentar o desempenho atlético. As substâncias
proibidas são distribuídas em 5 grupos principais, segundo o COI,
Comitê Olímpico Internacional, e são:
1 - Estimulantes
2 - Narcóticos e analgésicos
3 - Anabolizantes
4 - Diuréticos
5 - Hormônios peptídicos e análogos

Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas
e o Doping no Esporte – Parte II. Newton Santos

.
•Nos últimos anos foram registrados vários escândalos de doping. O COI
seleciona os atletas aleatoriamente para fazer o exame.
•Existe um controle nas competições, que é realizado após o termino de
uma prova e o controle fora de competição que pode ser feito a qualquer
momento.
•O terceiro tipo de teste é feito minutos antes da competição e é mais
frequente no ciclismo e em esportes de inverno como a patinação.
•Os testes podem ser feitos exames de sangue ou de urina.

No futuro, não será preciso injetar ou ingerir
substâncias proibidas para melhorar o rendimento
esportivo. Quem desejar recorrer a dopagem se
submeterá a manipulação genética. Esse é o futuro do
doping, segundo o presidente da Federação
Internacional de Medicina Esportiva e membro do COI,
o brasileiro Eduardo Henrique De Rose.

Fonte: Esteróides Anabolizantes - Aspectos Históricos, Complicações Clínicas e o Doping no
Esporte– Parte II. Newton Santos

A atleta marroquina Mariem Selsouli, dona da melhor marca do ano dos
1.500 m com 3min56s16, foi flagrada em exame antidoping realizado em
Paris no dia 6 de julho e está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.

Aos 28 anos, a corredora testou positivo para o diurético furosemida e
corre o risco de ser banida, já que em 2011 voltou a competir depois de
cumprir uma suspensão de dois anos também por doping.

Michael Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nos Jogos
Olímpicos de Pequim foi suspenso por três meses pela federação
americana de natação de todas as competições após a divulgação de
uma foto em que o nadador aparece fumando maconha.

Sócrates, morreu aos 57 anos, por hemorragia
decorrente do uso prolongado de álcool.

Acelino Popó, uso de diurético para perder peso antes
das lutas. Muitas vezes tinha que perder até 11kg em 1
semana.

Maradona, o uso contínuo de cocaína prejudicou sua carreira que
foi encerrada precocemente, e também teve efeitos negativos em
sua vida pessoal e saúde.

Cocaína estimula o sistema nervoso, o atleta passa a ter a
sensação de ter super-poderes. Se sente motivado, confiante,
corajoso e se torna resistente a dor.

Família
Favela

Amigos

Noitadas
Bebida
Carreira

Lesões

Patrocínio

Pressão
Desempenho

Cigarro

Cirurgia

Futebol

Giba, pego no doping pelo
uso de maconha.
Segundo suas declarações,
ele utilizou maconha em
uma fase difícil de sua vida,
onde estava se separando
da primeira esposa, estava
sozinho na Itália e havia
descoberto um problema de
saúde (tiróide).

Talvez, o caso mais chocante de doping tenha ocorrido
na antiga Alemanha Oriental entre as décadas de 1970
e 1980: engravidavam-se as atletas de modo que elas
chegavam à competição grávidas de dois a três
meses.
Nesse período, o organismo da mulher aumenta
naturalmente a sua taxa de hemoglobina, fazendo com
que aumente a sua capacidade aeróbia.
Após a prova, as atletas passavam por abortos e
voltavam aos seus treinamentos.

Modelo Cognitivo para Dependência Química
•Busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre o
comportamento. Sendo assim, o esforço do modelo volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do
álcool e outras drogas.
•Expectativas positivas podem promover consumos mais graves e
pesados.
•O modelo de prevenção de recaída, ressalta a importância dos
processos cognitivos na evocação e evitação de recaída.

Critérios Diagnósticos
•Sensação subjetiva de necessidade de consumir a droga
•Aumento a tolerância

•Sintomas de abstinência
•Alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo
•Relevância ou saliência do consumo
•Estreitamento ou empobrecimento do repertório
•Reinstalação do padrão de consumo anterior
A ocorrência de três indicadores positivos, é suficiente para pensar-se no diagnóstico de
dependência de substância.
(Edwards e Gross, 1976)

Critérios Diagnósticos DSM IV
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos seguintes
requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Tolerância
•Estados fisiológicos de abstinência
•Consumo de substâncias em quantidades maiores ou por um período mais longo do
que pretendia
•Expressão do desejo de reduzir ou regular o uso de substância com tentativas
frustradas

•Investimento de muito tempo obtendo a substância, usando-a ou recuperando-se dos
seus efeitos
•Comprometimento das atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais que giram
em torno da substância e podem ser afetadas em virtude de seu uso
•Afastamento das atividades familiares e/ou sociais, a fim de usar a substância em
segredo, ou passar mais tempo com os amigos usuários da mesma.

Critérios diagnósticos CID 10
Para o diagnóstico definitivo de dependência, deve-se observar que três ou mais dos
seguintes requisitos tenham sido vivenciados pelo indivíduo durante o ano anterior:

•Forte desejo ou compulsão para o consumo da substância

•Dificuldade para controlar o consumo, no que diz respeito ao início e
término, ou mesmo quanto ao nível de consumo
•Surgimento do estado fisiológico de abstinência, quando da redução do
uso ou cessação do mesmo

•Aumento da tolerância, ou seja, doses maiores da substância são
necessários, para que se alcance um resultado obtido anteriormente com
doses menores
•Abandono das atividades que geram prazer em favor do uso da
substância
•Persistência no uso, mesmo que consequências novas sejam evidentes.

Potencial de dependência
Tornam-se dependentes entre os que experimentam:
Maconha

1 entre 10
1 entre 8 (Fergusson, 2007)

Álcool

1 entre 7

Cocaína

1 entre 5

Heroína

1 entre 4

Tabaco

1 entre 3

(Anthony e col., 1994)

Estágios da Mudança

A motivação para a mudança varia em estágios ao longo
do tempo .

Prochasca & Diclemente

Pré-contemplação
O indivíduo não sente a necessidade da mudança. Muitas
vezes nem sequer percebe que os problemas que já tem estão
relacionados ao consumo.

Contemplação
O indivíduo percebe os prejuízos (atuais ou futuros) causados
pelo consumo de substâncias, mas sente-se incapaz de viver
sem elas.

Preparação
O indivíduo percebe sua condição e os prejuízos decorrentes
de sua dependência, vê-se incapaz de resolver o problema
sozinho e procura ajuda.

Ação
O indivíduo interrompe o consumo de drogas e inicia o tratamento.

Manutenção
A abstinência foi alcançada e o paciente procura mantê-la.

Recaída
O retorno ao consumo, pode ir de um lapso (breve retorno,
seguido de abstinência) a um retorno mais prolongado.

Modelo Espiral dos Estágios de Mudança
Prochaska e col. (1992)

Manutenção

Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Recaída
Pré-contemplação

Contemplação

Preparação

Ação

Modelo de recaída
Marlatt (1985)

Resposta
Positiva

Aumento da
Auto-eficácia

Diminuição
da Probabilidade
de Recaída

Situação
de Alto
Risco

Resposta
Negativa

Diminuição
da auto-eficácia

Resultado
e
Expectativas
Positivas

Começo
do uso

Efeito da
Violação da
Abstinência
+
Efeitos
contínuos
da
Substância

Aumento da
Probabilidade
de Recaída

Prevenção de Recaída
•É um termo genérico que se refere ao modelo que engloba várias
estratégias elaboradas para prevenir o retorno ao uso da
substância.
•O foco primário da Prevenção de Recaída é manter a mudança do
hábito.
•O objetivo é duplo: prevenir a ocorrência de lapsos iniciais quando
a pessoa entra no tratamento e/ou prevenir qualquer lapso que leve
a uma recaída total.
(Marlatt & Gordon, 1985)

Modelo Cognitivo
•Desenvolvido inicialmente em 1977
•Descrito na íntegra em 1993
•Similar ao modelo de Prevenção de Recaída (Marlatt,
1985)
•Incorpora conceitos da terapia cognitiva e dos
modelos pré-existentes da depressão e de outros
transtornos

Conceito central
•Importância do papel das crenças no desenvolvimento,
manutenção e tratamento do abuso de substâncias.
•O uso da substância (início ou recaída) numa certa
situação envolve um processo de tomada de decisões,
onde o indivíduo tem ou pode retomar o controle.
•Modelo serve para explicar o abuso de qualquer
substância e para indivíduo em diferentes estágios de
tratamento ou da condição de uso.

Estímulo
elicitador

Ativação de
crenças básicas
crenças sobre
drogas

Pensamentos
automáticos

Necessidade/
fissura

Conflito/
ambivalência

Uso continuado
lapso ou
recaída

Foco em
estratégia
de ação

Crenças
Facilitadoras
(permissivas)

Vai a loja
Comprar uma
ferrari

“As pessoas não
me reconhecem.”
Sou inadequado

O cara da
loja me
discriminou

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Gole. Não volta
para casa.
Segue bebendo

Planos de beber
Sai de caso só.
Compra um
chiclete

Só um não vai
me fazer mal.
Bebo só hoje

Abstinente há
3 meses.
Isolado em
um churrasco

“Sou feio, desajeitado
Não sou interessante
Não sei falar
Com bebida melhoro

Se eu tomar
Só um
Me transformo.
Fico relaxado

Forte desejo
de beber

Toma o primeiro
Repete algumas doses
Não se ‘enturma’
Sai do churrasco
para procurar
cocaína

Chama o
garçon

Não sou doente
um só não
faz mal.
Mereço beber

Abuso de substância/ conjunto de crenças

1. Crenças básicas (a respeito de si mesmo, do mundo e
dos outros) como resultados de experiências passadas.
Estas crenças podem ser amoldadas por novas
experiências, mas influenciam a interpretação do indivíduo
destas mesmas experiências

Abuso de substância/ conjunto de crenças
2. Crenças a respeito de drogas (expectativas de Marlatt/Gordon)
podem ser:

Antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá
recompensa, gratificação ou prazer: “um baseado é tudo que eu preciso
para me sentir bem...”

Orientadas para o alívio: expectativa de que o uso de droga aliviará
ou afastará algum desconforto ou sofrimento: “ou tomo um drinque ou
morro...”

Ou ainda fazer parte de um conjunto de crenças: facilitadoras,
que permitem a saída da ambivalência através do uso (consideram a
droga aceitável, apesar das consequências: “só um baseado não me
fará mal...”

3. Pensamentos automáticos são coerentes com a situação
vivida e estão embasados nas crenças a respeito das
drogas e centrais. Ex: “Eu não consigo enfrentar...”

Crenças mantenedoras do uso
Os sintomas de abstinência serão tão intensos que não poderei suportá-los...
Eu não serei feliz a menos que use...
Eu ainda posso controlar, mesmo após alguns drinques...
Não posso continuar me sentindo desse jeito...(ansiosos ou deprimidos)
A droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional.

A droga melhorará o funcionamento intelectual e social.
A droga trará prazer e excitação.
A droga fornecerá força e poder.
A droga terá efeito calmante.

Zanelatto, 2011

Crenças de controle
•Em oposição as crenças que favorecem a dependência os pacientes
apresentam crenças de controle, aquelas que diminuem a possibilidade
do uso e do abuso de substâncias.
•Os dependentes lidam com situações mistas, ou seja, convivem com a
coexistência de crenças permissivas e crenças de controle.
•Cabe a Terapia Cognitiva modificar e atenuar as crenças permissivas,
fortalecendo as crenças de controle do paciente e auxiliando-o a
desenvolver novas.

Crenças
Permissivas
(uso)

x

Crenças de
Controle
(abstinência)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•Auxiliar o atleta a examinar a sequência de eventos que o levam ao
consumo.
•Explorar as crenças básicas a respeito dos valores atribuídos ao álcool e
outras drogas.
•Treinar o atleta para avaliar e considerar as formas em que o pensamento
disfuncional produz stress e angustia.
•Auxiliar o atleta a modificar seus pensamentos, a fim de ter uma visão
mais realista dos problemas derivados de pensamentos disfuncionais.
•Identificar o “bloqueio cognitivo” – eliciando “fissura” no consultório,
através de imagens, e enquanto a fissura é forte, trabalhar o não uso.
(Childresss et. al. 1990)

Objetivo da Terapia Cognitiva
•O atleta deve ser treinado a fim de construir um sistema de
controle para ser utilizado quando confrontado com seus
impulsos.
•As ferramentas oferecidas pela Terapia Cognitiva podem e
devem ser utilizadas pelo paciente em outras áreas de sua
vida.

Sendo assim, é importante relatar que algumas equipes estão
criando programas de suporte para que o atleta recuperado
não sofra recaída.
Esses programas contam com aconselhamentos para atletas
com problemas pessoais, treinamentos com materiais
educativos sobre dependência química e outras questões de
saúde. Além disso, diversas ligas profissionais têm instituído
testes antidrogas e outros regulamentos que classifiquem o
uso de drogas, inclusive o álcool, como ilegal.
Para tentar acabar com a imagem de que os esportes e o
álcool estão intimamente ligados, a NFL (National Football
League) proibiu os jogadores de participar de qualquer tipo de
patrocínio, comercial ou promoção de bebidas alcoólicas.
(SAMPLES, 1989)

Obrigada!
Contato:
E-mail: [email protected]

Medicina Esportiva/Atividade Física
Uso de drogas por atletas gera dúvidas e ambivalência
18/11/2003

Não se pode ter certeza de que qualquer resultado em esportes de elite tenha
sido alcançado sem o uso de drogas que melhoram o desempenho, segundo o
depoimento de vários cientistas norte-americanos. As contínuas revelações sobre
o uso de drogas minaram, ou talvez tenham até mesmo destruído, a idéia de que
os esportes se constituem em jogos justos, afirmam.
Mas, se os fãs acreditam nisso ou se importam é uma outra questão. Embora
vários fãs estejam perturbados com o fato de atletas estarem conseguindo uma
vantagem injusta, as evidências sugerem que eles passaram também a aceitar o
"aprimoramento químico" em uma sociedade onde o uso de drogas recreativas e
terapêuticas é generalizado, assim como o aprimoramento físico por meio da
cirurgia plástica.

"Enquanto os nossos jogadores forem maiores e mais rápidos do que os seus, não nos
importamos", afirmou, aqui, no domingo, Jim DeSanto, de 49 anos, advogado e
presidente da Pequena Liga em Upper Darby, Pensilvânia, antes de os Philadelphia
Eagles enfrentarem os New York Giants. "Por que diríamos que tal conduta é terrível,
quando estamos pedindo a nossa próxima receita de Rogaine ou encomendando mais
Viagra".
À medida que os escândalos com drogas se disseminam, envolvendo o esteróide de
modelação física conhecido como THG nas pistas de atletismo e no futebol americano
profissional, além de cada vez mais gente admitir que há um problema com esteróides
na Grande Liga de Beisebol, alguns cientistas argumentam que chegou a hora de
decidirmos
se
vamos
combater
tais
drogas
ou
aceitá-las.
Outros especialistas insistem em dizer que a oportunidade para contenção já expirou. À
medida que centenas de milhares de pessoas usarem testosterona e hormônio humano
de crescimento de forma terapêutica para melhorar o desempenho sexual e retardar o
envelhecimento, a punição dos atletas pelo uso dessas substâncias passará a ser visto
como perseguição seletiva, argumenta há muito tempo John Hoberman, professor da
Universidade do Texas e especialista em aumento de desempenho esportivo.

Diana Nyad, a ex-nadadora de longa distância que estudou a questão do doping
exaustivamente, afirmou em uma mensagem enviada por e-mail: "Um dia, em um
futuro próximo, veremos atletas fazendo propaganda do THG em seus uniformes,
como ocorre hoje com produtos como o Gatorade. A batalha contra o uso de
drogas para melhora do desempenho será perdida".
Isso não significa que todos os atletas usem drogas. Na verdade, administradores
de esportes e cientistas acreditam que a maioria dos atletas não utiliza essas
substâncias. Mas não há maneira de provar tal coisa em um mundo onde os
exames para acusar a presença de drogas são imperfeitos e os esteróides de
modelação muscular podem não ser detectáveis, dizem os cientistas.
Assim, uma atmosfera corrosiva permeia esportes como futebol americano,
beisebol, basquetebol, atletismo, natação, ciclismo e pingue-pongue. A
desconfiança com relação à performance dos atletas é cada vez maior. Os pais
temem que seus filhos tenham que tomar drogas para competir. Os fãs assistem
aos eventos sem saber se os resultados são válidos. E os cientistas se
desesperam com o fato de parecerem sempre estar um ou dois passos atrás dos
atletas trapaceiros.

"Não há uma pista para se ter certeza sobre aquilo que estamos presenciando",
diz Donald H. Catlin, diretor do laboratório olímpico de exame para drogas da
Universidade da Califórnia em Los Angeles, e o primeiro cientista a detectar a
tetrahidrogestrinona, ou THG. "O atleta tanto pode estar 'limpo' como dopado".
E tão perturbador quanto os trapaceiros não serem descobertos é o fato de "os
inocentes não serem capazes de provar sua inocência", alerta Gary I. Wadler,
professor de medicina da Universidade de Nova York, que ajudou a escrever
códigos internacionais antidoping. "Todo atleta de elite que apresenta bom
desempenho é alvo imediato da pergunta: 'O resultado foi justo ou havia drogas
envolvidas?'".
Jere Longman
DA FILADÉLFIA, Estados Unidos

Tradução: Danilo Fonseca The New York Times