Mulheres de Minas Gerais

Download Report

Transcript Mulheres de Minas Gerais

 O controle da
sexualidade feminina
 As prostitutas
 As concubinas
 As quitandeiras
 As vendeiras
 Mulheres na chefia
da família
 O papel das
mulheres
 Atividades
● No Brasil colonial, homens e mulheres tinham sua
intimidade pretensamente organizada, devassada,
controlada pela igreja Católica;
● Porém, o controle era maior com as mulheres, pois,
segundo a tradição cristã, estas eram sempre mais
Carlos Julião, Acervo da
propensas ao trato com o demônio;
Biblioteca Nacional
● Para as mulheres brancas, de famílias abastadas, era negada qualquer
possibilidade de andar desacompanhadas;
● A educação era voltada para a organização do lar;
●Não deveriam (ao menos teoricamente) ler qualquer literatura, pois
poderiam se influenciar muito facilmente;
● Muitas mulheres eram obrigadas a seguir vocação religiosa, como forma
de ostentar a religiosidade da família e não dividir a herança destinada aos
filhos varões;
● O isolamento das mulheres resultou, por vezes, em homossexualismo;
● A legislação da Coroa permitia a morte delas em caso de adultério.
Debret, Acervo da Biblioteca
Nacional
● A prostituição foi uma das formas de inserção social e
sobrevivência de uma parte das mulheres de cor nas
vilas e arraiais das Minas do século XVIII;
● A prostituição foi algo generalizado em Minas, devido
a entrada de grandes contingentes de homens solteiros
na região;
●A
pesada
carga
tributária
da
capitania
sobrecarregava as mulheres forras levando-as ao
meretrício;
● Por outro lado, muitos donos de escravas as
obrigavam à prostituição e também muitas escravas se
prostituíam como forma de obter capital para comprar
sua alforria;
● Dessa forma, a prostituição possuía, muitas vezes,
uma função de complementação de renda, pois, muitas
das meretrizes, também eram vendeiras e quitandeiras.
Carlos Julião, Acervo da
Biblioteca Nacional
● O concubinato foi, em grande medida, o meio que
grande parte da população encontrou para formar
uma família;
● A grande maioria das concubinas eram escravas e
mulheres forras;
● Impedimentos burocráticos e o preço para a
realização do matrimônio impediam a população mais
pobre de realizá-lo;
● Nas Minas Gerais haviam poucas mulheres de
origem européia;
●A Igreja não concordava com esse tipo de realização, havendo muitos
inquéritos, chamados devassas, no território mineiro;
● Um dos mais freqüentes crimes religiosos era o concubinato;
● As concubinas não eram desprestigiadas socialmente como as prostitutas;
● Muitas adquiriram considerável montante de bens e muitas tiveram
escravos;
● Um dos maiores exemplos é o da ex-escrava Chica da Silva;
● Entretanto, muitas outras não tiveram a mesma sorte;
● A condição de concubina nunca era a mesma de esposa e a inserção
social nunca era completa;
● No entanto, não se pode negar a ascensão social e econômica
promovida pelo concubinato;
● Muitos proprietários libertavam suas companheiras escravas, alguns
durante a vida e muitos outros em testamento;
● Nem sempre a coabitação era possível e o resultado era o
fracionamento da unidade familiar;
● As mulheres escravas, quando libertas, geralmente adquiriam
escravos assim que melhoravam de condição social, como forma de
distinção;
● As concubinas costumavam levar, quando companheiras de homens
ricos, uma vida mais próxima das que levavam as senhoras brancas
mineiras.
● O Estado Português não via com bons olhos o casamento entre
pessoas de condição desigual;
● Esse tipo de ligação era geralmente feito por casais que não podiam
se unirem oficialmente através do casamento. Os casos mais
freqüentes aconteceram entre senhores e escravas e entre brancos
livres e pardas e negras forras;
● Nas Minas Gerais, a escassa presença de mulheres brancas
impulsionou relacionamentos ilícitos, como o concubinato;
● Muitos senhores libertaram suas companheiras escravas, o que fez
com que a alforria fosse mais acessível às mulheres;
● Como conseqüência desse tipo de relacionamento, a sociedade
mineira apresentou um quadro de miscigenação ímpar e uma grande
camada de mulatos e negros forros.
Carlos Julião, Acervo da
Biblioteca Nacional
● As mulheres de cor, em sua busca por melhores
condições de vida, eram presença freqüente nas ruas;
● Preteridas dos pesados trabalhos da mineração, elas
assumiram um trabalho que, nas Minas colonial, se
tornou
essencialmente
feminino,
o
comércio
ambulante;
● Além de quitandeiras, muitas também ficaram
conhecidas como negras de tabuleiro;
● Essas mulheres cumpriram um importante papel na
vida urbana, abastecendo vilas e arraiais de diversos
gêneros;
● Muitas também foram prostitutas;
● A administração colonial proibiu o trabalho delas
próximo às áreas mineradoras, pois elas seduziam os
homens, vendiam álcool e também participavam do
contrabando de metais e pedras preciosas.
● Reconhecidos como lugares de contrabando, as vendas foram
permanentemente vigiadas e impedidas de se estabelecerem nos arredores
dos núcleos mineradores;
● Ao longo do século XVIII, o comando das vendas vai gradativamente
passando para as mãos das mulheres livres;
● Além do comércio, muitas vendas também eram locais de tavernaria e
prostituição;
● Muitas foram locais de encontro da população empobrecida;
● Preocupada com a possibilidade de conspiração nas vendas, a
administração colonial fez com que os balcões das vendas fossem colocados,
cada vez mais, para o exterior, diminuindo assim o espaço de convivência
no interior delas;
● A gestão de vendas também se constitui como mais um lócus feminino nas
Minas Gerais colonial.
Carlos Julião, Acervo da
Biblioteca Nacional
● Muitas foram as mulheres que chefiaram domícilios
durante o século XVIII nas Minas Gerais;
● Como conseqüência do concubinato, a maioria das
chefes de família eram mulheres forras, que adquiriam
esses bens após a morte de seu companheiro;
● Muitas assumiram também negócios e a gestão de
escravos;
● O resultado foi o enriquecimento de uma parcela
dessas mulheres;
● Nesse sentido, as Minas permitiram uma ascensão
social maior para a camada forra da população se
comparada a outras partes do Brasil colonial;
● A inserção dessa camada, majoritariamente feminina,
provocou um relaxamento dos costumes e uma maior
aceitação, embora o estigma da cor nunca tenha sido
esquecido e a escravidão tenha sido pouco perversa.
● As mulheres mineiras setecentistas não viveram à sombra de seus
esposos, irmãos, pais, amantes, compadres, amantes e concubinos;
● As mulheres dividiram com os homens a responsabilidade pela
direção dos acontecimentos;
● As Minas Gerais colonial parecem ter sido um lugar privilegiado
para a atuação das mulheres;
● As mulheres brancas eram disputadas pelos homens da elite e
podiam barganhar um casamento que melhor lhe apetecesse;
● Já as de cor, através do concubinato, do trabalho ou da prostituição
conseguiam se ascender socialmente, acumulando, por vezes, muitos
bens;
● Da mulher branca se exigia uma conduta moral incorruptível e às de
cor uma vida dura, de sobrevivência;
● O objetivo deste trabalho era estabelecer o espaço de atuação das
mulheres nas Minas Gerais do século XVIII em suas diversas esferas,
demonstrando que tal espaço foi amplo e importante para a formação
cultural, social, política e econômica mineira.
● Observe o texto abaixo e responda as questões:
“Das leis do Estado e da Igreja, com freqüência bastante
duras, à vigilância inquieta de pais, irmãos, tios, tutores,
e à coerção informal, mas forte, de velhos costumes
misóginos, tudo confluía para o mesmo objetivo: abafar
a sexualidade feminina que, ao rebentar as amarras,
ameaçava o equilíbrio doméstico, a segurança do grupo
social e a própria ordem das instituições eclesiásticas.” *
*ARAÚJO, Emanuel. A Arte da Sedução: Sexualidade feminina na colônia. In:
PRIORE, Mary Del. (org.). História das Mulheres no Brasil. 7ª Ed. São Paulo:
Contexto, 2004. p. 45.
a) Qual tipo de comportamento era vedado às mulheres?
b) Tais diretrizes se estenderam a todas as mulheres?
● Leia o texto abaixo:
“Madre Abadessa, sacristã, porteiras
Discretas do Mosteiro e mais canalha
Que estando já metidas na baralha
Quereis inda sugar como terceiras
Soberbas anciãs lascivas freiras.” *
*MATOS, Gregório de. Obras Completas, vol. 1, 1945, p. 237.
a) O poema de Gregório de Matos pretende relatar a
realidade de mulheres de que ambiente?
b) Como o poeta descreve essas mulheres ? O que ele
nos diz sobre a sexualidade delas?
● Observe o texto abaixo e responda as questões:
“Das leis do Estado e da Igreja, com freqüência bastante
duras, à vigilância inquieta de pais, irmãos, tios, tutores,
e à coerção informal, mas forte, de velhos costumes
misóginos, tudo confluía para o mesmo objetivo: abafar
a sexualidade feminina que, ao rebentar as amarras,
ameaçava o equilíbrio doméstico, a segurança do grupo
social e a própria ordem das instituições eclesiásticas.” *
*ARAÚJO, Emanuel. A Arte da Sedução: Sexualidade feminina na colônia. In:
PRIORE, Mary Del. (org.). História das Mulheres no Brasil. 7ª Ed. São Paulo:
Contexto, 2004. p. 45.
a) Qual tipo de comportamento era vedado às mulheres?
b) Tais diretrizes se estenderam a todas as mulheres?
● O quadro abaixo refere-se aos crimes de concubinato
ocorridos no arraial do Tejuco entre os anos de 1750 e 1753:
Crimes de Concubinato nas Devassas Episcopais no Tejuco (1750 e 1753)*
Sexo
Homens
Mulheres
Condição
Número
%
Livre
Forro
54
3
94,7
5,3
Total
57
100
Livre
Escrava
Forra
Sem Informação
3
15
39
1
5,1
25,9
67,3
1,7
Total
58
100
* FURTADO, 2003: p. 55
a) Homens de qual condição incorreram, majoriatariamente, no crime de
concubinato?
b) E as mulheres?
c) Segundo o quadro, entre quais tipos de homens e mulheres o
concubinato ocorria essencialmente?
d) Tente explicar as razões pelas quais esses homens e mulheres se
tornavam concubinos e não contraíam matrimônio
● Observe os dados abaixo:
Censo de 1738 realizado na comarca do Serro do Frio
Sexo
Condição
Número
%
Homens
Livres
Escravo
Forro
83, 5%
15, 5 %
37 %
Mulheres
Livre
Escrava
Forro
96,9 %
3,1 %
63 %
a) Com base no quadro acima, identifique que gênero
compunha, em sua maioria, a população da comarca.
b) Qual o motivo principal da presença marcante do
gênero majoritário?
c) Relacione a maior presença de mulheres dentre a
população forra com o concubinato.
“A família fracionada aparece como a mais perfeita síntese desse amplo
processo cultural: casais abriam mão da coabitação para manter a união
sem perigo da exclusão religiosa. O sentimento amoroso na cultura
popular resistiu ancorado nesse modelo de família para preservar o afeto
e protegê-lo da repressão dispersiva das instituições da cultura
dominante.*”
* FIGUEIREDO: 2004, p. 184.
a) Que tipo de família a imagem acima resgata?
b) De acordo com o texto, tal família seria resultado de
um concubinato? Por que?
● Observe o texto abaixo sobre as “negras de tabuleiro”:
“Formavam assim uma verdadeira multidão de negras,
mulatas, forras ou escravas que circulavam pelo
interior das povoações e arraiais com seus quitutes,
pastéis, bolos, doces, mel, leite, pão, frutas, fumo e
pinga, aproximando seus apetitosos tabuleiros dos
locais de onde se extraiam ouro e diamantes.”*
* FIGUEIREDO, 2004: p. 184.
a) Segundo o texto, que tipo de função exerciam as negras
de tabuleiro?
b) A administração colonial não via com bons olhos a
aproximação das quitandeiras nos núcleos de
mineração. Identifique no texto uma explicação para
este fato.
“O tecido e a forma do vestido indicavam o mundo em que vivia a mulher: as
abastadas exibiam sedas, veludos, serafinas, cassa, filós, debruados de ouro e prata,
musselina; as pobres contentavam-se com a blusa de algodão, baeta negra, picote,
xales baratos e pouca coisa mais; as escravas estavam limitadas a uma sai de chita,
riscado ou zuarte, uma camisa de cassa grossa ou vestido de linho, ganga ou
baeta.*”
* FIGUEIREDO: 2004,
p. 45.
Com base nas imagens e no trecho acima, discorra sobre a
importância da vestimenta na identificação e na distinção
social das mulheres.
Como as negras acima são retratadas? Suas vestimentas se
aproximam mais do restante das escravas ou das
senhoras brancas? Quais símbolos as distinguem das
escravas comuns?