REABILITAÇÃO EM UM CÃO COM SEQUELAS DE CINOMOSE

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REABILITAÇÃO EM UM CÃO COM SEQUELAS DE CINOMOSE

Rehabilitation of a dog with distemper sequel Mayara de SOUZA¹; Marilia Gabriela LUCIANI 1 ;Kelly Mota FERNANDES 1 ; André Luiz Varella BAUMGÄRTNER 1 ; Mayara SECCO 1 ;Flávia Olinger VIEIRA¹; Verônica SALVAN¹Fabiano ZaniniSALBEGO 2 1. Graduanda do curso de Medicina Veterinária – CAV/UDESC; Av.Luis de Camões, 2090, Lages-SC; [email protected]

, [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

, [email protected]

, [email protected] 2. Médico Veterinário, Professor do Departamento de Medicina Veterinária – CAV/UDESC; [email protected].

Resumo

O objetivo do presente relato foi descrever o protocolo fisioterápico utilizado em um cão com sequelas de cinomose e os benefícios obtidos na melhora da qualidade de vida do animal. Foram empregadas as modalidades de massagem, ultrassom, hidroterapia e exercícios terapêuticos. Concluiu-se que o protocolo produziurecuperação parcial, porém significativa para a melhora qualidade de vida do animal.

Palavras-chave:

Morbillivirus; contratura; fisioterapia

Abstract

The aim of this report was to describe the physical therapy protocol used in a dog with distemper and sequelae of the benefits in improving the quality of life of the animal. Modalities of massage, ultrasound, hydrotherapy and exercise therapy were employed. It was concluded that the protocol produced partial recovery, but significant for improving quality of life of the animal.

Keywords:

Morbillivirus; contracture; physiotherapy

Introdução

A cinomose é uma doença multissitêmica altamente contagiosa causada pelovírus da cinomose canina, e que apresenta-se mais grave ao atingir o sistema nervoso central, e produzir sequelas comohiperestesia, rigidez cervical, convulsões, tetraparesia, ataxia, mioclonias, entre outros (NELSON E COUTO, 2010). As sequelas neurológicas são bastante comuns, sendo a fisioterapia e a acupuntura muito importantes no tratamento, como tentativa de melhoria do bem estar do animal(MILLIS et. al, 2004). O objetivo do presente relato foi descrever ANAIS 35ºANCLIVEPA p.0531

oprotocolofisioterápico utilizado em um cão com sequelasda doença e os benefícios obtidos na melhora da qualidade de vida do animal.

Descrição do caso

Uma cadela SRD, de 6 meses e 8 kg,foi encaminhada ao setor de fisioterapia do HCV-CAV/UDESC com sequelas de cinomose. O animalapresentavagrave atrofia muscular dos membros e músculos mastigatórios, trismomandibular, paresia dos membros torácicos e paralisia espásticados membros pélvicos,mantendo sepermanente em decúbito lateral e se alimentando através de sonda por via oral. O protocolo empregado consistiu de massagem por fricçãonos membros e na região dos músculos mastigatórios, por 10 minutos, seguido deultrassom terapêutico pulsado na dosimetria de 0,5W/cm 2 na região da coxa, durante 5 minutos. Em seguida instituiu-semovimentação passiva nas articulações dos membros e temporomandibular, em três repetições consecutivas de 15 movimentos. A partir da sétima sessão, associou-se a hidroterapia tipo turbilhão, a 40 o C, por 15 minutos, acompanhada dealongamento dos membros. Foram também acrescentados os exercícios de equilíbrio e sustentação do peso com auxílio de tipóia. O protocolo foi mantido porsete meses, em três sessões semanais com um dia de intervalo entre cada sessão.Ao término da 62 ⁰ sessão, o animal recebeu alta.

Resultados e Discussão

Após as sexta sessãohouve melhora visível, com inicio de movimentação voluntária dos membros torácicos e regressão do trismo mandibular,melhorando a amplitude de abertura da boca, facilitando o manejo nutricional do animal. Millis e colaboradores (2004) indicam as modalidades de massagem como técnica eficiente para redução do tônus de músculos em estado espástico, o que pôde ser observado no presente caso. Estes resultados, explicam PedroeMikail (2009), são obtidos devido aos efeitos mecânicos e reflexos sobre a rede de receptores nervosos, a melhora do fluxo sanguíneo e linfático ea reduçãodo acúmulo de líquidos e aderências, mobilizando a musculatura contraturada. O ultrassom terapêutico na forma contínua neste caso foi importante para promover o aquecimento profundo nos tecidos e facilitar o alongamento e a movimentação passiva. Levine (2008) cita que estes benefícios ocorrem devido a mobilização do tecido conjuntivo, pelo aumentona síntese e extensibilidade do ANAIS 35ºANCLIVEPA p.0532

colágeno, redução dosespasmos musculares e principalmente por alterar o processo de contração, diminuindo a atividade do fuso muscular. Conforme explicam PedroeMikail (2009), o alongamento auxilia na diminuição das tensões musculares melhorandoa coordenação motora em geral, aumentando a amplitude de movimento e alterando o componente plástico da fibra muscular. No presente caso, estes benefícios foram melhorobservados na terceira semana de tratamento, onde o animal passou a manter-se em decúbito esternal. A hidroterapia por turbilhonamentoteve um importante papel neste caso. Os efeitos combinados desta modalidade sobre o aquecimento e relaxamento muscular e o efeito de empuxo da água, auxiliaram no fortalecimento dos membros torácicos e no restabelecimento do equilíbrio. Segundo Millis e colaboradores (2004), esta modalidade reduzas aderênciasea dor local, pois aumenta oaporte sanguíneo ao músculo, melhorando a oxigenação e removendoo CO2 e o ácido lático. A grave contratura muscular dos membros pélvicos não pode ser revertida. No entanto, como o animal conseguia se alimentar voluntariamente e realizar as necessidades fisiológicas de forma satisfatória enquanto se locomovia pela tração dos membros torácicos, foi indicado o uso de uma cadeira ortopédica adaptada.

Conclusão

Embora o tratamento fisioterápico empregado não tenha conseguido uma recuperação completa do animal, conclui-se que o mesmo foi satisfatório no presente caso, pois quando comparado o estado geral do animal antes e após o tratamento, pôde-se notar uma evidente melhora na qualidade de vida do mesmo, com satisfação do proprietário.

Referências Bibliográficas

1. LEVINE, D. et al.

Reabilitação e fisioterapia na prática de pequenos animais.

São Paulo: Roca, 2008. 264p. 2. MIKAIL, S.; PEDRO, C. R.

Fisioterapia veterinária.

2. ed. São Paulo: Manole, 2009. 249p. 3. MILLIS, D. L.; LEVINE, D.; TAYLOR, R. A.

Canine rehabilitation and physical therapy.

Philadelphia: Saunders, 2004. 526p. 4. NELSON R. W.; COUTO C. G.

Medicina Interna de Pequenos Animais.

4.ed. São Paulo: Elsevier, 2010. 1468 páginas. ANAIS 35ºANCLIVEPA p.0533