O Gerativismo. A sintaxe

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Transcript O Gerativismo. A sintaxe

Gerativismo e
Gramática Funcional.
A sintaxe
Universidade de Vigo, 2008
Noam Chomsky
Noam Chomsky (1928)
 Forma-se no âmbito da tradiçom
distribucionalista norte-americana
 Doutora-se brilhantemente sob a
direcçom de Zellig Harris em 1955,
com a tese intitulada “A estrutura
lógica da teoria linguística”.
 Incorpora-se ao MIT (Massachussets
Institute of Technology) no mesmo
ano.
 Em 1957 publica um extracto da sua
tese, sob o título de Estruturas
Sintácticas, que vai revolucionar a
linguística teórica.
 Actualmente é mui conhecido
também polos seus escritos sobre
política e economia.
A gramática gerativa
 Translada o seu foco de interesse para o
campo da sintaxe
 Suporá umha reacçom contra o
distribucionalismo
 Umha teoria deve explicar os fenómenos, nom só
descrevê-los
 Mentalismo (e, portanto, anticondutismo): existe um
mecanismo ou dispositivo mental inato que permite a
aquisiçom linguística. A linguagem é criativa e
independente do esquema estímulo-resposta
pressuposto polo condutismo.
 O mentalismo implica um carácter psicológico
e, em última instância, biológico para a
linguagem.
A gramática gerativa
 A gramática gerativa compreende na realidade
um conjunto de modelos teóricos que
tenhem em comum a sua intençom de estudar
o dispositivo mental inato responsável pola
produçom linguística.
 Cada um dos modelos propostos representa
umha tentativa de formalizar esse
conhecimento linguístico de jeito simples,
exaustivo e geral.
A gramática gerativa
 Modelos teóricos transformacionais:
 Teoria Padrom (Standard theory) e Teoria Padrom Alargada
– modelos propostos originalmente por Noam Chomsky que
estiverom vigentes até fins dos anos setenta.
 Modelo de princípios e parâmetros. Compreende duas
fases:
 Teoria de recçom e ligamento – vigente dos anos oitenta até
meados dos anos noventa.
 Programa minimalista – desde meados da década de noventa
até a actualidade.
 Outros modelos gerativos forom propostos por outros
autores desde a década de setenta, a partir dos
postulados de Chomsky:




Gramática Léxico-funcional
Gramática de estrutura sintagmática generalizada
Gramática sintagmática nuclear
Gramática relacional
A gramática gerativa
 Princípios básicos do gerativismo:
 Existe umha gramática universal, responsável
pola aquisiçom da linguagem, que fai parte da
herdança genética da espécie humana.
 Diferença entre competência e desempenho:
 Competência: conhecimento linguístico inato de que
disponhem os falantes. Será o objecto de interesse do
linguista. ( ~ «língua» de Saussure, mas de carácter individual)
 Desempenho: a execuçom da competência. ( ~ «fala»)
 O papel da experiência: Os estímulos linguísticos
contextuais interagem com a gramática universal
para dar forma a cada língua particular.
A gramática gerativa

Princípios básicos do gerativismo:
 Recursividade: umha gramática gerativa deve ser capaz de gerar um número
infinito de construções sintácticas a partir dum número limitado de regras e
unidades.
 Estrutura Superficial e estrutura profunda. É umha diferenciaçom própria dos
modelos padrom. Supom que cada sentença dumha língua tem dous níveis
de representaçom.
 Estrutura profunda: representa o núcleo das relações semânticas da oraçom. O
significado seria umha série de traços mínimos: [+animado], [+animal], [+felídeo] a
inserirem-se nos moldes da estrutura profunda.
 Estrutura superficial: está mui próxima da forma fonológica da oraçom. A
passagem da estrutura profunda à superficial faria-se por meio de certas regras de
transformaçom.
 Chomsky supunha também que as estruturas profundas seriam mui similares
em todas as línguas e aproximariam-se da gramática universal. Existiriam, por
sua vez, um número reduzido de regras básicas capazes de gerar todas as
possíveis estruturas profundas. Estas seriam universais e inatas:
 Regras de base + léxico > estrut. prof. > regras de transformaçom > estrut. superf.
 Forma lógica e forma fonética. Som os níveis de representaçom do modelo
minimalista, que vinherom substituir as estruturas profunda e superficial. Nas
fases mais recentes do desenvolvimento deste modelo já nom som mais
empregados.
A gramática gerativa
 Estrutura Superficial e estrutura profunda:
 Mesma estrutura superficial, mas diferentes
estruturas profundas:
 Fijo cortar o cabelo ao seu filho
 Fijo cortar o cabelo ao cabeleireiro
 Mesma estrutura profunda, mas diferentes
estruturas superficiais:
 O pequeno comeu o queijo
 O queijo foi comido polo pequeno
A gramática gerativa
 Valorizaçom:
 Na realidade, Jakobson já tinha procurado, no
âmbito da Fonologia, as estruturas profundas -mais
simples e de alcance mais geral- que geram
mediante determinadas regras as complicações e
ambiguidades das estruturas superficiais.
 No entanto, o gerativismo supujo em seu dia umha
importante e necessária reacçom contra o estéril
distribucionalismo norte-americano, limitado à
análise dos pequenos elementos da linguagem.
 Actualmente é umha escola que continua a ter
vigência e ser desenvolvida (mesmo por parte do
próprio Chomsky), mas já nom conta com os apoios
e entusiasmo que provocou aquando do seu
aparecimento.
A gramática gerativa
 Repercussões para a tradutologia:
 Certos autores e escolas tradutológicas de base
gerativa consideram que a traduçom é realizada
através das estruturas mais simples comuns às
duas línguas (p.ex. Nida):
 Análise: reduçom do TF aos seus núcleos mais simples e
semanticamente mais evidentes
 Transferência: o significado da LF passa para a LA num
nível estruturalmente simples
 Reestruturaçom: geraçom dumha expressom estilística e
semanticamente equivalente na língua da traduçom
A Gramática
Funcional
A Gramática Funcional
Simon C. Dik (1940 - 1995)
 Simon Dik ocupou a cátedra
de linguística geral da
Universidade de Amsterdam
desde 1969 a 1994.
 Nesse período desenvolveu
o modelo conhecido como
Gramática Funcional.
 É discípulo de Michael
Halliday, autor da
denominada gramática
sistémico-funcional.
A Gramática Funcional
 A gramática funcional concebe a língua como
um instrumento de comunicaçom, e admite
que esta nom pode tratar-se dum objecto
autónomo, mas dumha estrutura submetida às
circunstâncias próprias das diversas situações
comunicativas
 A estrutura gramatical deve relacionar-se com
a situaçom comunicativa no seu conjunto: o
propósito do acto de fala, os seus participantes
e o seu contexto discursivo.
A Gramática Funcional
 O sistema lingüístico, pois, está
intrinsecamente ligado ao sistema social, ao
uso:
 “ ...everything that is said or written unfolds in some context
of use (...) Language has evolved to satisfy human
needs...” (Halliday, 1985)
 A gramática funcional estuda como som
empregadas as palavras, sintagmas e
orações, e a adequaçom desses elementos
segundo o contexto e situaçom comunicativa
em que se utilizarem
A Gramática Funcional
 P.ex: Dik propom um modelo de
interacçom verbal que tem lugar em
torno de umha expressom linguística,
mas esta tem só o papel de mediadora
entre os falantes. Um falante deseja
obter umha modificaçom na informaçom
pragmática do outro, enquanto o outro
antecipa e reconstrói essa informaçom,
reactivando todo o modelo:
A Gramática Funcional
A Gramática Funcional
 A atençom ao contexto é um elemento comum às outras
focagens próprias do funcionalismo linguístico, mas há
uma diferença decorrente do conceito de funçom. Para a
gramática funcional a funçom alicerça-se no conceito de
relaçom, enquanto para as outras correntes se alicerça
no contexto.
 Esta atençom às relações linguísticas fai-lhes criticar
outras focagens, especialmente o gerativismo, dado que
estas concediam maior importância às noções
categoriais. A gramática funcional, no entanto, centra-se
no componente funcional, ou seja,nas relações.
 Isto implica que umha mesma categoria (adjectivo, frase
adjectiva, cláusula, etc) poderá desenvolver diferentes funções
(núcleo, predicado, modificador...etc.)
A Gramática Funcional
 Por outro lado, as diferentes funções
acontecem em três diferentes níveis de
estruturaçom:
 semântico: refere-se ao papel semântico que
desenvolvem os referentes: Agente, Paciente,
Acçom...
 sintáctico: inclui as funções sintácticas:
Complemento Indirecto, Predicado, Modificador...
 pragmático: remete para o valor informativo dos
componentes do enunciado: Tema, rema...
A Gramática Funcional
 Os esquemas sintácticos estarám relacionados
com os esquemas semânticos subjacentes,
ainda que nom biunivocamente. Umha mesma
funçom semântica pode remeter para mais
dumha funçom sintáctica, e vice-versa:
 Joam comprou um livro (Agente + Acçom + Termo)
 O livro foi comprado por Joam (Termo + Acçom +
Agente)
 Os esquemas semânticos, por sua vez,
dependem das características semânticas
(valenciais) do predicado:
A Gramática Funcional
 O interesse da gramática funcional polo
contexto e polo uso da língua, insere-a, a
través de Halliday e Firth, numha
tradiçom linguística britânica, de corte
empirista, que constitui o quadro teórico
que substenta actualmente a conhecida
como linguística com corpora.
A Sintaxe
A Sintaxe
 Gramática = Morfologia + Sintaxe (morfosintaxe)
 Análise gramatical: segmentaçom de umha
sequência tantas vezes como seja preciso
para chegar aos elementos mínimos que a
constituem.
 No caso da análise sintáctica, a análise
detém-se ao atingir a unidade palavra. A partir
daí começa a análise morfológica.
A Sintaxe
 A análise dumha expressom pode ser
realizada com critérios e factores que
mudam segundo as diferentes
aproximações. Para o funcionalismo, a
funçom sintáctica a desempenharem os
diversos elementos será o factor decisivo
para a organizaçom das sequências
A Sintaxe
 Na análise funcional o texto vai sendo dividido
progressivamente nos elementos funcionais que
se acham nele, tendo em conta que
 a) nom há implicaçom mútua constante entre tipo e
subtipo de unidade e o valor funcional. As unidades
definirám-se polos seus traços internos, nom pola sua
funçom.
 Nos esquemas de representaçom sintáctica de índole
funcionalista costuma representar-se as funções em letra
maiúscula e as unidades em letra minúscula.
 b) nom há axiomas binaristas na segmentaçom
A Sintaxe
Relações sintácticas
 Saussure estabelece umha primeira diferença:
 Relações associativas (ou in absentia). Hjelmslev
redefinirá o conceito e denominará-as
paradigmáticas. Som as relações que se
estabelecem entre umha unidade lingüística
pertencente a umha cadeia e todas as unidades que
poderiam desempenhar a sua mesma funçom
 Relações sintagmáticas (ou in praesentia). Relaçom
que se estabelece entre os elementos copresentes
pertencentes a umha mesma cadeia. Se os
elementos nom pertencerem à mesma cadeia seriam,
em todo o caso, relações sintagmáticas indirectas.
 Cadeia linguística: unidade constituída por outras de nível inferior
e com um valor global unitário, global, na unidade superior em que
se integra.
Relações sintácticas
 Há, primariamente, dous tipos de
relações sintagmáticas:
 Relações todo-parte (ou parte-todo)
 Relações parte-parte
Relações sintácticas
 Relações todo-parte (e parte-todo): tenhem lugar
quando umha unidade está formada por outras
unidades de nível inferior (ou seja, quando nom é
umha unidade mínima).
 Relações constitutivas (todo-parte) e relações integrativas
(parte-todo): som de tipo geral e estám presentes sempre que
nom se trata de unidades mínimas.
 Há elementos a manterem relações integrativas que som
constantes e outros variáveis (prescindíveis).
 P.ex: //O cam// COME// o osso
(o 2º é constante)
 Relações funcionais: o valor organizativo, de carácter formal
(nom substancial), que adquire um elemento ao integrar-se
numha unidade superior e que expressa um valor semântico
determinado. Dam-se naquelas unidades cuja flexibilidade
estrutural permite várias formas de integraçom (ou seja, nas
unidades sintácticas).
Relações sintácticas
 Relações parte-parte: Dam-se entre unidades do mesmo nível de
estrutura hierárquica a fazerem parte dumha outra unidade superior.
 Relações sequenciais: tenhem lugar entre todos aqueles constituintes
que, pola sua própria natureza sonora -ou gráfica- tenhem de ordenarse sucessivamente. Só fai sentido falar em relações sequenciais entre
constituintes directos dumha mesma unidade.
 Relações conectivas: o valor concreto de cada elemento depende da
necessidade que este apresenta da presença de outros elementos do
seu mesmo nível (dentro dum mesmo sintagma). Há três tipos, definidos
pola Glosemática:
 Interdependência (ou interordinaçom): relaçom entre duas (ou mais)
unidades em que a presença de cada umha delas é necessária para a
presença da(s) outra(s).
 Determinaçom (ou subordinaçom): relaçom entre duas ou mais unidades em
que a presença dumha delas é necessária para a presença das outras, mas
nom ao contrário.
 Constelaçom (ou coordenaçom): relaçom entre duas ou mais unidades em
que a presença de cada umha delas nom é necessária para a presença das
demais.
Modelos de análise
sintáctica
 Constitutivos: o seu fim é a descriçom da
estrutura constitutiva das unidades sintácticas
 Dependenciais: partem do estudo das relações
entre as partes para estabelecer a estrutura
das unidades
 Mistos: participam de algumha das
características dos outros dous
Unidades sintácticas
 Definem-se pola sua organizaçom interna e pola sua
capacidade para formarem enunciados
 Critérios:
 a) Unidades endocêntricas e exocêntricas
 Unidades endocêntricas: um dos seus elementos pode
desenvolver o papel da unidade de que fai parte. Denomina-se
Núcleo. O outro chama-se modificador.
 Unidades exocêntricas: nengum dos seus elementos pode
desenvolver o papel da unidade de que fai parte.
 b) Unidades simples e complexas:
 Unidades simples: Estám formadas por unidades de níveis
inferiores
 Unidades complexas: Estám formadas por umha ou mais
unidades de nível igual ou superior
 C) Unidades dependentes e independentes:
 Unidades independentes: podem formar enunciados por si
mesmas
 Unidades dependentes: som incapazes de formar enunciados
Unidades sintácticas
 Unidade palavra: Unidade mínima da
análise sintáctica.
 Problemas para a sua definiçom
Unidades sintácticas
 Unidade frase: Carece dum elemento obrigatório
 Com conexom de subordinaçom (carácter
endocêntrico):
 Frase substantiva: o núcleo é um substantivo
 Frase adjectiva: o núcleo é um adjectivo
 Frase adverbial: o núcleo é um advérbio
 Com conexom de interordinaçom (carácter
exocêntrico):
 Frase nominal: Um dos elementos desenvolve a funçom
de determinante e o outro age como um nominal.
 Frase preposicional: sintagma constituído por umha
preposiçom e um outro elemento, que desenvolvem as
funções de director e termo.
Unidades sintácticas
Unidades sintácticas
 Unidade cláusula: Unidade caracterizada por
possuir um elemento a desenvolver a funçom
de Predicado. Nos casos mais claros será um
verbo em forma pessoal.
 Compreende as chamadas “orações simples” da
gramática tradicional e as compostas por
subordinaçom que apresentam um esquema de
elementos funcionais agrupados em torno a um
predicado (Trata-se só de recursividade).
Unidades sintácticas
Unidades sintácticas
 Unidade oraçom: Carece dum elemento
obrigatório. Possui umha estrutura bipolar, com
umha relaçom de interordinaçom entre os seus
membros