Teoria dos Movimentos Sociais –Gohn
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Teoria dos Movimentos
Sociais – Paradigmas
clássicos e
contemporâneos
MARIA DA GLÓRIA GOHN
As teorias clássicas sobre as ações
coletivas
A abordagem clássica dos movimentos sociais nas ciências sociais
norte-americanas: associada ao desenvolvimento da sociologia.
Abordagem clássica: predominou até os anos 60. Suas
características são: núcleo articulador das análises é a teoria da
ação social, a busca da compreensão dos comportamentos.
Comportamento coletivo institucional e comportamento coletivo
não-institucional.
Ação não-institucional: definida por normas sociais existentes,
formada pelo encontro de situações indefinidas ou
desestruturadas, entendidas como quebras da ordem vigente.
Autores clássicos analisavam os movimentos em termos de ciclos
evolutivos . As insatisfações que geravam as reivindicações eram
vistas como respostas às mudanças sociais e à desorganização
social.
Os indivíduos eram desorientados pelo processo de mudança
social que a sociedade industrial gerava.
Comportamentos coletivos eram frutos de tensões sociais.
Ideia de anomia social. O sistema politico era visto como uma
sociedade aberta a todos, mas os movimentos sociais não teriam a
capacidade de influenciar o sistema, devido às características
espontâneas e explosivas.
Quem tinham capacidade de influenciar o sistema político:
partidos políticos, grupos de interesse e alguns líderes.
Nesta abordagem clássica, a democracia seria elitista e pluralista,
com eleições livres, competição e participação da minoria por
meio de partidos e grupos de interesses.
Autores clássicos analisavam os movimentos sociais como ciclos
evolutivos em que seu surgimento, crescimento e propagação
ocorriam em um processo de comunicação que abrangia
contatos, rumores, reações circulares, difusão de ideias, etc.
Insatisfações – vistas como respostas às mudanças sociais e à
desorganização social.
Adesão ao movimento – respostas cegas e irracionais de indivíduos
desorientados pelas mudanças que a sociedade industrial gerava.
A abordagem clássica sobre a ação coletiva pode então ser dividida
em cinco grandes correntes: três foram chamadas de movimentos
sociais e as outras duas de ações coletivas.
São elas:
1 – A Escola de Chicago – primeira teoria dos movimentos sociais.
Herbert Blumer é o representante.
2 – Anos 40 e 50: teoria sobre a sociedade de massas, de Eric Fromm,
Hoffer e Kornhauser. Caracterizavam os movimentos como irracionais e
os consideravam antimodernos.
3 – anos 50 e trabalhos de Lipset e Heberle. Articulava as classes e
relações sociais em busca do entendimento dos movimentos
revolucionários e da mobilização partidária, do comportamento
diante do voto e do poder político dos diferentes grupos e classes
sociais.
4 – a quarta corrente: combinação da teoria da Escola de
Chicago e da ação social de Parsons. Referências: Goffman, Turner
e Killian, Smelser e Aberle. Analisaram desde formas elementares do
comportamento coletivo até a construção de ações coletivas em
grande escala.
5 – A quinta corrente é denominada de organizacionalinstitucional, representada por Gusfield, Selzinick. Foi retomada nos
anos 90 por pesquisadores dos movimentos sociais, entre eles
Gusfield.
A Escola de Chicago e os
interacionistas:
A Escola de Chicago teve uma importância enorme no
desenvolvimento da Sociologia. Objetivo da Escola: uma orientação
reformista, promovendo uma reforma social, em direção a um
caminho estável e harmonioso.
Outros objetivos da Escola eram: o desenvolvimento de comunidade e
o processo de participação e educação para o povo.
A participação dos indivíduos na comunidade, bem como os
mecanismos educativos teriam influencia sobre o ordenamento dos
processos sociais.
Unia estudos institucionais – decorrentes do método comparativo e
estudos psicossociais – decorrentes das análises sobre as atitudes
humanas.
Interação entre indivíduo e sociedade era o enfoque.
A mudança social passaria pela reforma social. A sociologia
mediaria este processo. No final, a transformação passaria pela
cooperação voluntária, resultado da integração grupal.
Os líderes seriam as elites detentoras de um conhecimento útil.
A participação ativa e a interação eram elementos indispensáveis
no cotidiano dos líderes.
O conflito era considerado natural e inevitável, decorrente do
choque cultural. Mas ele deveria ser trabalhado pelos líderes.
Surgem, assim, os movimentos sociais.
Estes movimentos seriam resultado de conflitos gerados entre s
multidões. E seriam equacionados pelos líderes, que entendiam os
mesmos como dinamizadores das mudanças sociais.
Lideres seriam agentes apaziguadores dos conflitos. Tarefas:
desmobilizar o conflito, dissolver o movimento, transformando-o em
instituições sociais.
Mudanças sociais seriam o clímax do processo: choque e encontro de
grupos resultando em uma acomodação em instituições, por meio do
controle dos líderes, que detinham a educação necessária para
conduzir a intermediação.
Resumo da teoria da mudança social da Escola de Chicago: a
educação e a criação de instituições são os eixos básicos. Movimentos
sociais eram vistos como ações de comportamentos coletivos
conflituosos.
Blumer – representante da
abordagem clássica
Blumer dividiu os movimentos em três categorias: genéricos, específicos e
expressivos.
Os genéricos seriam o movimento operário, de jovens, de mulheres e pela paz.
O movimento genérico seria resultado de mudanças operadas no âmbito
individual e psicológico.
Os movimentos específicos seriam formas evoluídas dos genéricos. Teriam
metas e objetivos definidos, organização e estrutura desenvolvida. Possuem
líderes bem reconhecidas.
Estágios dos movimentos específicos:
Inquietação individual: o agitador torna-se peça fundamental;
Inquietação popular: formam-se os objetivos;
Formalização: organizam-se as táticas, regras, políticas e disciplinas.
Institucionalização: cristalização da organização. O líder torna-se um
administrador.
O agitador na teoria de Blumer é essencial como um dinamizador
de mudanças.
Os movimentos específicos são divididos em: reformistas e
revolucionários.
Reformistas: mudanças em pontos específicos;
Revolucionários: querem construir inteiramente a ordem social.
A terceira categoria dos movimentos sociais de Blumer são os
chamados Expressivos, e são os movimentos religiosos, por exemplo.
Não tem objetivos de mudanças e ditam padrões que se tornam
cristalizados e produzem efeitos na personalidade dos indivíduos.
Segunda teoria sobre os MS no paradigma
clássico: sociedade de massas
Corrente preocupada com o comportamento coletivo das massas,
que via a sociedade como fruto da anomia e estruturada com
carências e privações.
Terceira teoria dos MS: Lipset e
Herbele
Heberle: movimentos sociais são tipo especial grupo social.
Criterios para ação de um grupo ser um movimento social:
consciência grupal, sentimento de pertença ao grupo,
solidariedade e identidade.
Movimentos teriam duas funções na sociedade: formação de uma
vontade comum e auxilio no processo de socialização,
treinamento e recrutamento de elites políticas.
Binomio integração x desintegração social.
Quarta teoria dos MS: comportamento
coletivo sob a ótica do funcionalismo
Parsons: comportamentos coletivos são originados em períodos de
inquietação social, incerteza, mal-estar e desconforto.
Existência de uma ordem social estável que necessita ser
controlada. O não-controle ou sua desintegração é que possibilita
a emergência dos movimentos sociais.
O indivíduo contrapunha-se à sociedade, em medida em que esta
a bloqueava e frustrava. Quando as tensões adquiriam um caráter
de insuportabilidade, os indivíduos se aglutinavam em torno de um
objetivo comum e criavam novas instituições. Surgia assim a
mudança social.
Condições para o surgimento dos MS: cultural (mudança de
valores), social (desorganização e descontentamento) e política
(injustiça social).