Semântica da Enunciação (Coesão)

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Semântica da Enunciação
(Coesão)
Professora Sabine Mendes, Dn.
Universidade Veiga de Almeida
1/2012
Relações textuais - Coesão
• “as ligações, os elos criados, são de natureza
semântica”.
• Reiteração
• Associação – seleção lexical (palavras
semanticamente próximas)
• Conexão (preposições, conjunções, advérbios e
suas locuções)
Textos mínimos: Não há vagas
O tapinha que adestra
Para debatermos a respeito da implantação da lei que
proíbe os pais de "darem os tapinhas educativos",
devemos antes de qualquer coisa refletir sobre o que
significa
educar
através
de
castigos.
Educar, de forma extremamente resumida, é ensinar
algo a alguém, neste caso ao filho, e educar através
de
castigos é puni-lo por ele ter feito a
escolha
errado
que
contradiz
as
regras
impostas. Entretanto, este pequeno ser está
descobrindo que há muito mais coisas para se fazer
no mundo do que apenas aquelas impostas por seus
pais.
Infelizmente este aprendiz não terá chances de fazer
explorações, já que sofreu um ato violento, significando
que há limites proibidos de serem ultrapassados.
O ato violento que a lei considera diz respeito às
brutalidades físicas, no entanto, muitas vezes são as
violências psicológicas que deixam marcas mais profundas
e
mais
traumáticas.
Mas independente de qual violência for cometida, estamos
falando de algo que desi quilibra mais do que edifica, pois
os castigos impendem de percebemos sozinhos que
estamos errados (ou não!), e nos impede de refletir sobre
as causas e consequências. Dessa forma, ocorre uma ação
condicionante, ou seja, não fazemos mais tais coisas
porque isso significa que vamos nos machucar.
Reiteração
• Repetição/Substituição
• Em repetição: Paráfrase e paralelismo.
• Repetição propriamente dita.
Assim também acontece com o rato no laboratório. Ele não escolhe
determinada opção porque levará um choque e, portanto, é
condicionado a optar pelo caminho que o cientista arbitrariamente
escolheu
como
o
melhor.
Um outro problema da educação através dos castigos é que o ato
violento emudece, poda, cristaliza, prende e limita aquele que
está aprendendo, impedindo que transcorra a plenitude do
desenvolvimento
das
capacidades.
A criatividade surge quando não há represálias, a mente crítica
acontece quando lhe é permitida a livre expressão. Só
conseguimos nos manifestar como seres inteiros quando
conseguimos conhecer todas as possibilidades. E tudo isso é
possível quando não sofremos traumas, que são gerados em muitos
casos com a atividade desses "tapinhas educativos".
Quem educa ensina a pensar, quem castiga ensina a sermos
subjugados e vivermos como ratos.
SEGURA A ONÇA QUE EU SOU CAÇADOR DE PREÁ
(José Cândido de Carvalho em Os Mágicos Municipais)
Não passava de um modesto caçador de preá. Era Bentinho
Alves, dos Alves de Arió do Pará. Em dia de semana gastava os
olhos no pilulador da Farmácia Brito. Em tempo de feriado
consumia as vistas no rasto dos preás. Até que resolveu caçar
bicho de maior escama:
- Comigo agora é na onça! Ou mais que onça! Na tal da
pantera negra.
Foi quando deu em Arió do Pará um doutor de erva
aparelhado para fazer os maiores serviços de mato adentro.
Mediante uns trocados, o curandeiro botava macaco para
desgostar de banana e tamanduá correr com perna de coelho.
Bentinho, exagerado, mandou que o especial em erva preparasse
simpatia capaz de fazer morrer na pólvora de sua espingarda as
caças mais grossas, coisa assim no montante de uma capivara de
banhado ou uma onça das mais pintadas. E no ardume do
entusiasmo:
- Ou mais! É aparecer e morrer.
O curandeiro tirou uma baforada do covil dos peitos e
mandou que Bentinho largasse no rodapé do arvoredo
mais galhoso uma figa de guiné de sociedade com fumo de
rolo e pó de unha de tatu. Bentinho não fez outra coisa. E
montado nessa simpatia, uma quinzena adiante, o aprendiz
de botica entrava no mato. E bem não tinha dado meia
dúzia de passos já o trabalho do curandeiro fazia efeito na
forma de uma onçona de três metros de barriga por quatro
de raiva. Bentinho, diante daquela montanha de carne e
pêlo, largou a espingarda para subir de lagartixa pelo
primeiro pé de pau que encontrou na alça de mira. E
enquanto subia Bentinho falava para Bentinho:
- Curandeiro exagerado! Isso não é onça para aprendiz de
farmácia. Isso é onça para doutor formado. Ou mais!
E voltou para sua caça miúda de preá.
A pior das agressões
Em julho de 2010, foi enviado ao Congresso o projeto
de lei que proíbe aos pais castigarem seus filhos com
todo e qualquer tipo de agressão física. A criação do
projeto despertou polêmica entre os brasileiros, em
pais, especialistas e rodas de conversas informais. Há
quem seja a favor e quem seja contra. No entanto,
será que proibir as palmadas irá, de fato, inibir todo e
qualquer tipo de violência sofrido por menores? As
palmadas realmente não farão falta na educação das
crianças? O Estado tem estrutura para vistoriar o
cumprimento da lei? É necessário analisar alguns
pontos para responder a essas questões.
Primeiramente, é importante lembrar que a
palmada é utilizada há muito tempo como forma
de educação e imposição de limites pela maioria
dos pais no Brasil. Porém, há especialistas que
acreditam que essa é uma forma de dispersar a
violência, pois a criança passa a ter a concepção
de que todo e qualquer problema deve ser
resolvido com violência. Ou seja, o menor vê os
pais resolvendo os problemas com palmadas ou
até castigos mais graves - chinelos, cintos,
vassouras, entre outros modos de castigo - e
seguirão esse exemplo dado pelos pais durante
sua
vida.
No entanto, existem outras agressões piores do que a
palmada. É considerável analisar: o pai que chega, senta
na mesa, toma o café e fica com o jornal em frente ao
rosto, incapaz de reparar no corte de cabelo da
filha, é uma agressão menos nociva do que a palmada? O
Estado interfere na vida privada como pode, mas existem
agressões
as
quais
o
Estado
nunca
conseguirá lidar . Segundo psicólogos, quando as crianças
são muito pequenas - a ponto de não entender a
linguagem verbal - é necessária a palmada, pois é uma
linguagem rápida e fácil, que facilita o entendimento,
comunicação e imposição de limites à criança. Ou seja, a
palmada é, de certa forma, saudável à educação, desde
que moderada. Caso contrário, há o risco de a palmada
deixar de ser pedagógica para virar uma maneira dos pais
de descontar a raiva nos filhos. Com a proibição da
palmada, há o risco da autoridade e
forma de
educação
dos
pais
se
tornar
limitada.
.
A.
Lia,
Ligaram do Departamento de Contabilidade,
perguntando se já foram feitos os depósitos
solicitados. Há mais um, pedem que você
passe lá.
Rui (8h45)
B.
- Vocês chamaram de novo? De novo?
- Pois é, falhou, falhou...,cê tem de sair mais uma vez, pra
outro...pra outro depósito.
- Daí...vai atrasar o meu serviço, vai atrasar tudo.
C.
- A Lia...a Lia não está, foi fazer um depósito.
- De novo? Eu...preciso da ajuda dela. Avise assim que ela
chegar.
- Pois não, doutor...Doutor Eusébio, eu...eu dou o recado.
- Eu...eu preciso da sua ajuda também, venham...os dois à
minha sala, por favor, assim que...assim que ela retornar.
Posicionamento político
• “programa de estudo verdadeiramente
textual”.
• “Muito além da gramática” – Irandé Antunes.