Bíblia e Pastoral- Fr.Vicente Artuso

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Transcript Bíblia e Pastoral- Fr.Vicente Artuso

Bíblia e Pastoral- Prof. Vicente
Artuso-2012-PUCPR
Urgências da ação Evangelizadora da Igreja
1-Igreja em estado de missão
2-Casa da iniciação a vida cristã
3-Lugar da animação bíblica da vida e da pastoral
4- Igreja comunidade de comunidades
5- Igreja a serviço da vida plena para todos
Bíblia:Uma necessidade para a vida
cristã
• Contato pessoal e comunitário com a Palavra é o
lugar privilegiado para encontro com Cristo
• Há necessidade de anunciar: iniciação a vida
cristã e Palavra de Deus estão ligadas.
• Ignorar a Escritura é ignorar Cristo (S.Jerônimo)
• O mundo tem sede da Palavra
• No excesso de informação, o desafio é ser
discípulo missionário OUVINTE da Palavra(Is.50,5)
O que é animação bíblica da Pastoral?
• -Vai além de uma pastoral bíblica, pois a biblia anima
todas as pastorais.
• -Nos conduz a uma iluminação bíblica de toda a vida.
• -É caminho de conhecimento, interpretação da palavra,
comunhão, oração com a palavra e caminho de
EVANGELIZAÇÃO e PROCLAMAÇÃO da Palavra.
• É celebrar a Palavra na vida. Especialmente a Liturgia é
o lugar privilegiado onde Deus fala e o povo responde
(lex orandi, lex credendi) e portanto cume e fonte de
toda vida cristã (SC 10)
Fundamentos
• A Fé vem da pregação e escuta (Rm 10,9-15)
Pregar o Evangelho é uma necessidade, obrigação
(1Cor 9,16)
• Pelo anúncio da Revelação: a pessoa ouvindo crê,
crendo espera, esperando ama (cf.DV 1)
• Apegados a Palavra de Deus na Escritura e
Tradição os cristãos são perseverantes na
doutrina dos apóstolos, na comunhão, fração do
pão e orações (At 2,42) (DV 10)
• Toda pregação e religião devem ser orientados
pela Escritura. A Igreja venera a Escritura como
venera o Corpo do Senhor (DV 21)
• -O Estudo da Escritura é alma da teologia (DV 24)
e alma do estudo Teológico (VD 47)
• Há uma analogia da Palavra que se fez carne com
a Palavra que se fez livro (VD 18)
• “As palavras de Deus expressas em linguagem
humana tornaram-se semelhantes a linguagem
humana, assim como o Verbo do eterno Pai se
assemelhou aos homens tomando a carne da
fraqueza humana (S.Ambrósio)(DV 13)
• A leitura acompanhada da oração torna-se
diálogo com Deus (DV 25, Interpretação da Bíblia
na Igreja,p.153). O encontro com Cristo dá a
chave de toda a revelação bíblica.
• A leitura orante tem a finalidade de suscitar amor
afetivo a Sagrada Escritura, fonte de vida interior
e fecundidade apostólica (Interpretação da Bíblia
na Igreja, p.150)
• Assim a comunidade cresce na escuta, na
celebração e no estudo da Palavra de Deus (VD 3)
• A Interpretação da Bíblia na Igreja, da Pontifícia
comissão bíblica (p.154)lembra que o apostolado
bíblico tem como objetivo:
• Fazer conhecer a Bíblia como Palavra de Deus e
Fonte de Vida
• Suscitar formas de Pastoral e iniciativas
• Como: cebs, que coloca a leitura da bíblia na
perspectiva da fé e engajamento
• Valorizar a leitura popular com objetivo de
conhecer a bíblia, construir comunidade, servir o
povo.
Desafios:Interpretação da Bíblia
• Leitura fundamentalista (VD 44).-Literalismo, ignora o aspecto
humano da palavra, separa a Palavra de Deus da vida.
• Remédio: formação bíblica e estudo do texto a nível histórico,
literário e teológico. Leitura a luz da fé. Fé é lanterna e porta para
entrar na bíblia (S.Boaventura)
• Textos difíceis: Considerar o conteúdo na unidade da Escritura e a
analogia da fé. Nem todos os textos são doutrina! Ver Nota: - A
palavra humana, na bíblia não foi absorvida pela palavra de Deus,
mas assumida;
Outras revelações privadas: Seu papel não é completar a revelação.
Tem valor enquanto orienta para a única revelação pública que é a
Revelação na Bíblia, que termina com o último apóstolo.
Perspectivas de ação e meios de
animação bíblica(Diretrizes-)
• Ações: Que todos tenham bíblia
• Ajudar a ler corretamente a bíblia, oferecendo
sugestões e roteiros de leitura
• Incrementar a animação bíblica de toda a
pastoral criando equipes de animação bíblica
Meios de animação bíblica
• Cursos bíblicos na paróquia, escolas bíblicas.
• Encontros, congressos, formação de grupos de
reflexão, leitura orante,animação da liturgia com maior
valorização da Palavra.
• Uso da Bíblia na administração dos Sacramentos,
valorizar celebração da Palavra, celebrações
ecumênicas, espaços nas rádios e meios de
comunicação, mês bíblico.
• homilias, estudo do tema do ano, manter contato com
grebin (grupo de reflexão bíblica da cnbb, Serviço de
Animação bíblica das Paulinas, Centro Bíblico VerboS.Paulo), utilizar os recursos da internet, sites bíblicos,
investir na formação de agentes.
Leitura Orante
O Sínodo sobre a Palavra de Deus apresenta uma síntese da lectio divina VD 87:
Lectio: O que o texto diz em si, estudo do conteúdo;
• Meditatio: O que o texto diz para nós? Qual seu sentido para nossa vida? aqui
entra a descoberta do sentido espiritual, que ultrapassa a letra. É o trabalho de
ruminar a palavra, até sua assimilação.
• Oratio: O que dizemos ao Senhor em resposta à Palavra? Pedido, intercessão,
ação de graças, louvor é o primeiro modo como a Palavra nos transforma.
• Contemplatio: Assumimos como dom de Deus o seu próprio olhar, ao julgar a
realidade. Nesse nível nos perguntamos: qual é a conversão da mente, do
coração e da vida que o Senhor nos pede? “Não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos pela renovação de vossa mente, a fim de
conhecer o que é bom, agradável e perfeito”(Rm 12,2).
Exegese medieval
• Essa prática de busca de sentidos e interpretação é antiga.
Tradicionalmente no século XIII, se falava de quatro
sentidos da Escritura: Literal, alegórico, moral e anagógico
(ou escatológico): Littera gesta docet, quid credas allegoria,
moralis quid agas, quid speres anagogia. O literal ensina os
fatos; o alegórico o que se deve acreditar; o moral, o que se
deve fazer; o anagógico o que se deve esperar (ou em outra
citação: “quo tendas anagogia” “o anagógico para onde te
diriges”, que não altera o sentido).
• Texto de Agostinho da Dácia, OP que era de origem
escandinava (Dinamarca) e morreu em 1282. Em 1260
publicou um compêndio de Teologia intitulado Rotulus
Pugillaris, de cuja obra é tirado o presente texto (Obra
citada em Joseph Fitzmeyer. A bíblia na Igreja, p. 76).
Síntese do trabalho de exegese
• 1-Texto: (busca do significado original, ver as variantes textuais
mais importantes –crítica textual- e tradução)
• 2- Contexto (imediato e amplo)
• 3- Gênero literário (o modelo que o autor mais usa)
• 4- Filologia (esclarecer os termos e expressões mais importantes)
• 5- Estrutura e movimento do texto (propor uma divisão em várias
partes – para tal ver os personagens, suas ações presentes,passadas,futuras- e como se articulam)
• 6- Textos paralelos próximos e distantes
• 7- Significado do texto (na perspectiva do autor, no seu contexto
histórico, e na unidade da Escritura) Seria aqui a análise teológica.
• 8- Atualização
• Textos para análise: Gn 45,1-15; Is 5,1-7; Sl 130; Gl 4,1-11; Mt
18,10-14; Ap 3,1-6.
• ( Cf. BUZZETTI, Carlo. Um único trecho bíblico e vários “fazeres”,
Paulus, p.64-65)
Sentidos da Escritura
• a) o sentido literal é o sentido expresso diretamente pelos autores
humanos inspirados, no tempo que escreveram. Não significa sentido
literalista, pois a mensagem da Escritura é expressa em gêneros literários
diferentes. Assim comenta J. Fitzmeyer (a Bíblia na Igreja, p. 77)
Geralmente o sentido literal da Escritura é um, embora se reconheça que
um autor humano, pode falar ou escrever em mais de um nível de
realidade, e tem-se que lidar com uma pluralidade de significados (cf. Jo
11,50 por exemplo).
• b) sentido espiritual acomodado á situação da pessoa que é de natureza
subjetiva, o sentido expresso pelos textos bíblicos logo que são lidos por
influência do Espírito Santo.
• c) o sentido pleno que é o sentido mais profundo do texto desejado por
Deus mas não claramente expresso pelo autor humano. Deve ser buscado
na relação com o conteúdo de outros textos e com a unidade da Escritura.
Exegese Medieval
• Tradicionalmente no século XIII, se falava de quatro
sentidos da Escritura: Literal, alegórico, moral e
anagógico (ou escatológico):
• Littera gesta docet, quid credas allegoria, moralis quid
agas, quid speres anagogia. O literal ensina os fatos; o
alegórico o que se deve acreditar; o moral, o que se
deve fazer; o anagógico o que se deve esperar (ou em
outra citação: “quo tendas anagogia” “o anagógico
para onde te diriges”, que não altera o sentido).
• Texto de Agostinho da Dácia, OP que morreu em 1282.
Em 1260 publicou um compêndio de Teologia “Rotulus
Pugillaris”, de cuja obra é tirado o presente texto (Obra
citada em Joseph Fitzmeyer. A bíblia na Igreja, p. 76).
Leitura Popular
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Fr.Carlos Mesters, profundo conhecedor do método da leitura popular é que nos explica:
existe uma dinâmica interna no processo de leitura popular. O conhecer leva ao conviver, o
conviver leva ao servir. São tres ângulos a partir dos quais o povo lê a Bíblia:
1- Servir o povo - Partir da realidade. Os pobres levam consigo para dentro da Bíblia os
problemas da vida. Lêem a Bíblia a partir de sua luta e da sua realidade. Tem em mente a
situação do povo a que querem servir. Por isso, no espelho da Bíblia eles encontram o reflexo
do que vivem. Isto cria neles uma certa Familiaridade com a Bíblia.
2- Criar comunidade - Partir da fé da comunidade. Ao ler a Bíblia eles têm nos olhos a fé da
comunidade. A leitura torna-se uma atividade comunitária, uma prática orante, um ato de fé.
Esta fé em Deus que é Pai que nos criou e nos salva. Esta fé de que a bBíblia é o nosso livro
escrito para nós (1 Cor 10,11) gera uma certa liberdade frente à Bíblia.
3- Conhecer a Bíblia - Respeitar o texto. Fazem uma leitura obediente pois respeitam
profundamente o texto. Desarmados, colocam-se à escuta do que Deus tem a dizer.
Transparece uma atitude de Fidelidade de quem não só houve a palavra, mas também
procura colocá-la em prática. (Mesters, C., Flor sem defesa, Petrópolis, Vozes ed.1983; CEBI
Reg. Sul, Palavra Partilhada, Metodologia da Leitura Popular, pp.5-16).
Passos amplos do Estudo Bíblico
• Traduzindo para o nosso contexto eclesial o estudo da
Bíblia contempla os seguintes passos:
• -Fazer exegese (Estudo analítico dos textos, com os devidos
métodos)
• -Fazer Teologia (Buscar a mensagem teológica. A Escritura
Sagrada é alma da Teologia),
• -Fazer Meditação (buscar o sentido espiritual existencial
para nossas vidas, a lectio divina por exemplo).
• -Fazer Pastoral: (Pela evangelização e catequese. A Palavra
pode ser anunciada, daí que o estudo bíblico e teológico é
direcionado para os desafios da evangelização nos tempos
atuais) (cf. Carlo Buzzetti. Um único trecho bíblico e vários
“fazeres”, p.61-126).
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Documentos Pontifícios
• Providentissimus Deus (Leão XIII-1893). Quer
proteger a interpretação católica da bíblia contra
os ataques da ciência racionalista. Havia polêmica
contra a fé da Igreja, sob influência do
racionalismo e da exegese liberal
• Divino Afflante spiritu (Pio XII, 1943) Preocupa-se
em defender a interpretação católica, contra os
ataques que se opõem à utilização da ciência, por
parte dos exegetas, e que querem impor uma
interpretação não científica, chamada espiritual. O
contexto era o medo que o estudo crítico-científico
da bíblia causasse prejuízos à fé.
• DEI VERBUM (Vat II, 1962-1965)
• Trata da divida revelação divina numa dimensão mais
cristocêntrica e antropológica.
• Diferencia-se do caráter polêmico e mais apologético
das anteriores. É o documento mais importante de
todos.
• A Interpretação da Bíblia na Igreja (Pontifícia
Comissão Bíblica, 1993) –João Paulo II- Faz um grande
passo, valorizando todos os métodos e abordagens da
Escritura, com seus valores e limites.
VERBUM DOMINI
Bento XVI • Trata-se da exortação apostólica como resultado
do sínodo sobre a Palavra de Deus na Vida e na
Missão da Igreja, que aconteceu de 5 a 26 de
outubro de 2008. (Publicada em 2010)
• -Retoma a teologia da Palavra e a Fé como
resposta. Procura responder os desafios
presentes na interpretação da bíblia na Igreja.
• Nela aparece clara preocupação com a leitura
teológica e vista do encontro e experiência de
Cristo.
Leitura Popular da Bíblia
• A Igreja acolhe todos os métodos e abordagens para a
Interpretação da Bíblia.
• Valoriza o método histórico-crítico como indispensável
para o estudo do sentido dos textos antigos.
• Valoriza igualmente a leitura popular “Deve-se alegrar
em ver a Bíblia tomada por mãos de gente humilde,
dos pobres, que podem trazer à interpretação e à sua
atualização uma luz mais penetrante do ponto de vista
espiritual e existencial do que aquela que vem de uma
ciência segura dela mesma (Mt 11,25)”
• (Pontifícia Comissão Bíblica. A Interpretação da bíblia
na Igreja, p.155)
Aspectos da Leitura Popular
• -Ligação da Palavra e Vida (Jo 1)
• -Deus fala hoje: pela Vida, Bíblia, Comunidade
• -Objetivos da leitura popular: Conhecer a
bíblia, servir o povo, criar comunidade
• -Método é inspirado em Lc 24,13-35; At 8,2640
• -A chave de interpretação é a defesa da vida
mediante a ligação fé-vida.
Aspectos da leitura popular
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-Leitura comunitária
-Leitura Ecumênica
-Leitura Libertadora na ótica do pobre
-Leitura que liga Palavra e Vida
-Leitura celebrativa
-Leitura tradicional-respeita o texto transmitido
-Leitura na ótica da fé
-Leitura sociológica(análise pelos quatro lados)
Triângulo da leitura popular
Lc 24,13-35; At 8,26-40
Mudanças no método-acentuação
no estudo da Bíblia