A nova Des-Ordem Mundial

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ESTÁ A CAMINHO, UMA NOVA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL?

Prof. Dr. Dakir Larara Machado da Silva

ESTÁ A CAMINHO, UMA NOVA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL?

 O ordenamento mundial consiste num sistema fundado a partir da estabilidade dos territórios nacionais.

 Se o Estado-nação é um dos pilares desta ordem, o sistema a partir dele desdobrado, numa rede de relações internacionais, deve ser visto como o seu piso.

 A organização do espaço que predomina na atualidade é formada pelo recobrimento do planeta em Estados-nações, seus territórios, fluxos de relações, principalmente comerciais e geopolíticas, entre os mesmos.

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 Há, dessa maneira, a formação de campos e redes informais de relacionamento, assim como de estruturas não institucionais, que ultrapassam, superam e não se regulam pela mediação dos Estados nacionais, nem tampouco das organizações internacionais.

 Esta modificação no espaço mundial altera, no fundamento, o significado da criação dos territórios, o qual havia introduzido o princípio da subordinação das relações entre coletividades ao poder e à organização de suas respectivas comunidades territoriais. Pois, se a humanidade criou o território como um meio de “libertar-se” de imperativos espaciais banais como a convivência, colocando as relações sob seu domínio, então, a quê leva o rompimento dessa organização?

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 Rupturas na estrutura do ordenamento político, como a "inutilidade" das fronteiras e a desestruturação dos poderes territoriais tradicionais, são indicadores de mudanças na ordem e na organização do espaço mundial.

 Como decorrência, elas também manifestam-se em suas comunidades territoriais e econômicas, e em suas respectivas instituições.

 Em toda parte há territórios. Em todos eles o espaço está ocupado, completamente modificado a partir da sua forma natural e configurado como expressão econômica e instituição política da sociedade. Esta situação, como se vê hoje, tende à formação de um mundo completamente integrado a partir do período moderno de nossa história.

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 Tal integração, entretanto, agora já é possível apontar com segurança, pode ser diferenciada em três modalidades.

 (1) a integração sob a gestão do Estado, que implica no estabelecimento formal das relações entre estados;  (2) sob a influência e domínio de ações transnacionais que começam a se sobrepor à modalidade anterior; e  (3) por fim, como têm ocorrido mais recentemente, o aparecimento de formas globais de integração.

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 A

PRIMEIRA

corresponde à situação demarcada pelas relações entre nações, em que o Estado assume o papel primordial na estruturação das mesmas, seja através da diplomacia, do comércio externo ou, até mesmo, da guerra.

Tem sua fase inicial dada pela presença de uns poucos Estados organizados, dos quais parte a expansão a territórios de povos ditos não civilizados.

 Compreende a colonização, nacionalismo e a criação de organizações internacionais, dentre as quais a ONU constitui a expressão máxima como organismo de direito internacional.

a descolonização, o

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 A

SEGUNDA

, a transnacionalização, por sua vez, refere-se à transferência de investimentos de um Estado-nação a outro, por conta de empresas privadas, as quais possuem estabelecimentos em mais de uma nação.

 No caso, as transferências de uma a outra nação, ocorrem por gestões privadas e com reduzida interferência por parte dos governos nacionais.

 Esse quadro impulsiona, desde a II Guerra Mundial, para a criação de mecanismos de ordenamento do comércio e do sistema financeiro no plano mundial, bem como é resultado direto da ampliação do poder econômico de grandes conglomerados empresariais oriundos da união dos capitais financeiro e industrial.

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 A

TERCEIRA

, a globalização, que sob o viés econômico é um fenômeno que tende à unificação do mercado mundial, sem barreiras alfandegárias.

 Ao nível da empresa ou do grupo econômico, corresponde ao seu espalhamento em escala mundial, no lugar de manter limites e restrições na localização de suas unidades de produção de projetar-se a partir de uma ou poucas economias nacionais.

 Globalização no plano 1) ECONÔMICO, 2) POLÍTICO, 3)CULTURAL, 4) SOCIAL e 5) AMBIENTAL, segundo Boaventura de Souza Santos.

A NOVA DES-ORDEM MUNDIAL – REFLEXÕES SOBRE O MUNDO CONTEMPORÂNEO

 (1) Os conceitos básicos de estudo da Geografia (e da Geografia Política/Geopolítica) vêm mudando por causa de uma série de acontecimentos que, nos últimos 15 anos, alteraram os rumos da humanidade.

 (2) Talvez, um bom exemplo para representar essa reformulação mundial seria o fato de que, enquanto as torres gêmeas do World Trade Center foram derrubadas nos Estados Unidos em 2001, as torres Petronas permanecem firmes em Kuala Lumpur, capital da Malásia, o que, de forma simbólica, revela a ascensão de um novo poder no Oriente. A tarefa de reorganizar as regiões do planeta em função dessas mudanças para fins de estudo torna-se então o grande desafio da Geografia pós-moderna.

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 (3) A hegemonia do Ocidente e o pensamento moderno são incompreensíveis sem o conceito de colonização.

 No entanto, o mecanismo de exploração da Ásia e da África iniciado pelos europeus com a expansão marítima e comercial mudou a partir da Primeira Guerra Mundial.

 A busca por novas fontes de matéria-prima e mercados consumidores impulsionada pelo imperialismo gerou uma nova ordem, encabeçada pela Europa, pelos Estados Unidos e pelo Japão.

 Enquanto o comércio internacional crescia no início do século 20, a África, a Ásia e a América Latina viviam devastações ecológicas e sociais, por causa da nova divisão internacional do trabalho, que atribuiu aos países “centrais” a produção de tecnologia e a exploração dos recursos naturais e da mão-de-obra dos países “periféricos”. Essa geografia imperialista regeu o mundo por muito tempo, até o período em que os teóricos chamam de Pós modernidade.

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 (4) Essa nova era é marcada pelo advento da globalização e da internet, que permitiu maior integração internacional e criou um novo espaço público, o “território-mundo”, composto de uma sociedade mundial que compartilha os mesmos valores.

 A integração cada vez maior dos Estados e a soberania de um país através de um grupo – situação que os geógrafos chamam de capitalismo globalmente integrado – são demonstradas pela força dos blocos econômicos – como a União Européia –, que estabelecem uma concorrência acirrada entre si para manter a influência sobre seus parceiros comerciais. Nesse processo, interesses econômicos e políticos se mesclam o tempo todo.

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 (5) é possível identificamos um novo movimento de regionalização do espaço contemporâneo a partir de redes integradas ilegais de poder, como o tráfico de drogas e o terrorismo globalizado – por exemplo, a rede árabe Al Qaeda –, e de organizações não-governamentais (ONGs).

 Estas seriam talvez as melhores indicadoras da desordem na organização do território, por não atuarem em uma base específica.

 Sem dúvida, a existência dessas organizações civis comprova a crise do Estado, que não exerce o seu papel político em causas sociais.

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 (6) Por final (ou início), observamos uma reconfiguração dos territórios devido a mudanças nas relações de poder e ao hibridismo cultural.

 Isso também afeta e re-configura a Geografia Política e a agenda Geopolítica interna e externa dos Estados-Nação.