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3. HISTÓRIA DA FILOSOFIA
3.1 Mitologia Grega:
Relatando a vida dos deuses e heróis e seu
'envolvimento com os homens’, os gregos criaram uma rica
mitologia - um conjunto de lendas e crenças que, de modo
simbólico, fornecem explicações para a realidade universal,
isto é, uma cosmogonia e teogonia - explicação sobre a
origem do universo baseada nos mitos.
- Kosmos - “mundo organizado”. cosmogonia é a narrativa
sobre o nascimento e a organização do mundo a partir de
forças geradoras (pai e mãe) divinas.
-Gonia: verbo gennao – engendrar, gerar, fazer nascer e
crescer, e o substantivo genos – nascimento, gênese,
descendência, gênero, espécie. Quer dizer “geração”,
nascimento a partir da concepção sexual e do parto.
Já a teogonia, palavra composta de gonia e theos, que,
em grego, significa “as coisas divinas, os seres divinos, os
deuses”. A teogonia é portanto, a narrativa da origem dos
deuses a partir de seus pais e antepassados.
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3.2 A AURORA DA FILOSOFIA: OS PRÉ-SOCRÁTICOS
A filosofia nasce na Grécia - conjunto de muitas
cidades-Estado gregas (polis), independentes umas das outras,
e muitas vezes rivais.
- No vasto mundo grego, a filosofia teve como berço a
cidade de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia
Menor.
- Caracterizada por múltiplas influências culturais e por
um rico comércio, a cidade de Mileto abrigou os três primeiros
pensadores da história ocidental a quem atribuímos a
denominação filósofos. São eles: Tales, Anaximandro e
Anaxímenes, entre outros.
-
Um dos objetivos desses primeiros filósofos, é a
construção de uma COSMOLOGIA
- kosmos – ordem e organização do mundo /
- Logos- pensamento racional, conhecimento – isto é,
a busca de uma explicação racional e sistemática
das características do universo que substituísse a
antiga cosmogonia (explicação sobre a origem do
universo baseada nos mitos).
Tentaram descobrir, com base na razão o
princípio substancial ou substância primordial (a
arché, em grego) existente em todos os seres
materiais. Encontrar a “matéria prima” de que são
feitas todas as coisas.
Cidade Grega e Filosofia - O declínio dos mitos
Na história do pensamento ocidental, a filosofia nasce
na Grécia entre os séculos VI e VII a.C., promovendo a
passagem do saber mítico (alegórico) ao pensamento racional
(logos). Essa passagem ocorreu durante longo processo
histórico, sem um rompimento brusco e imediato com as
formas de conhecimentos utilizadas no passado.
Durante muito tempo os primeiros filósofos gregos
compartilharam de crenças míticas, enquanto desenvolviam
o conhecimento racional que caracterizaria a filosofia.
O exercício da razão na polis grega
Na Grécia Antiga o momento histórico em que se afirma
a utilização do logos (a razão) para resolver os problemas da
vida está vinculado ao surgimento da polis, cidade-Estado
grega.
A polis foi uma nova forma de organização social e
política desenvolvida entre os séculos VIII e VI a. C. Nela,
eram os cidadãos que dirigiam os destinos da cidade. Como
criação dos cidadãos, e não dos deuses, a polis estava
organizada e podia ser explicada de forma racional, isto é, de
acordo com a razão.
A prática consiste da discussão política em praça
pública pelos cidadãos que fez com que, com o tempo, o
raciocínio bem formulado e convincente, se tornasse o
modo adotado para se pensar sobre todas as coisas, não só
as questões políticas.
Os filósofos pré-socráticos foram os primeiros em nossa
cultura a debruçarem a uma visão racional do mundo,
dizendo como a natureza se origina, como e de que ela se
compõe, qual o lugar do homem nela.
Assim, tentaram analisar o processo de gênese do
universo com a exatidão e a frieza objetiva que
caracterizam a ciência.
As principais características da sua cosmologia são:
- É uma explicação racional e sistemática sobre a origem,
ordem e transformação da natureza, da qual os seres
humanos fazem parte, de modo que, ao explicá-la, a filosofia
também explica a origem e as mudanças dos seres humanos.
-Busca o princípio natural (de onde tudo vem e tudo
retorna), eterno, imperecível e imortal, gerador de todos os
seres.
Esse princípio é uma natureza primordial chamado
PHYSIS (palavra grega que significa – fazer surgir, fazer
brotar, fazer nascer, produzir).
a causa natural, contínua e imperecível da existência de
todos os seres e de suas transformações. A physis
não pode ser conhecida pela percepção sensorial, pois
esta somente nos oferece as coisas já existentes, mas apenas
pelo pensamento – ela é aquilo que o pensamento descobre
quando indaga qual é a causa da existência e da
transformação de todos os seres percebidos.
A physis é a natureza tomada em sua totalidade.
- a natureza entendida como princípio e causa primordial
da existência e das transformações das coisas naturais
(incluindo os seres humanos) e entendida como o conjunto
ordenado e organizado de todos os seres naturais ou físicos.
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- a physis é imperecível, dá origem a todos os seres
infinitamente variados e diferentes do mundo, que, ao
contrário do princípio gerador, são seres perecíveis ou
mortais.
- a physis é imutável, os seres físicos ou naturais gerados por
ela, além de serem mortais, são mutáveis ou seres em contínua
transformação, mudam de qualidade e de quantidade.
Portanto, o mundo está em uma mudança contínua,
sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade. A
mudança – nascer, mudar de qualidade ou quantidade, perecer
– se diz em grego KÍNESIS (movimento).
O movimento das coisas e do mundo chama-se devir,
que segue leis rigorosas que o pensamento conhece, por isso
não é caótico. Essas leis são as que mostram que toda
mudança é a passagem de um estado ao seu contrário: dianoite, claro-escuro, quente-frio, seco-úmido bom-mau, ummuitos, vivo-morto, etc. e seu inverso: noite-dia, escuro-claro,
frio-quente, muitos, um, etc.
Todavia, os filósofos pré-socráticos não concordaram
ao determinar o que era a physis, cada filósofo encontrou
motivos e razões para determinar qual era o princípio eterno e
imutável que está na origem da natureza e de suas
transformações.
TALES DE MILETO (623-546 a.C. aproximadamente)
Pensava que a origem e o princípio de todas as coisas é
a água. O deus oceano (Posseidon) é o pai de todas as coisas.
Tales costuma ser considerado o primeiro pensador
grego, “o pai da filosofia”.
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Na condição de filósofo, buscou a construção do
pensamento racional em diversos campos do conhecimento
que, hoje, não são considerados especialidades filosóficas.
- Foi astrônomo e chegou a prever o eclipse total do Sol
ocorrido em 28 de maio de 585 a.C.
- Na área da geometria demonstrou, por exemplo, que todos
os ângulos inscritos no meio círculo são retos e que em
todo triângulo a soma de seus ângulos internos é igual a
180°.
Ele usou seus conhecimentos sobre Geometria e
proporcionalidade para determinar a altura de uma pirâmide. Em seus
estudos observou que os raios solares que chegavam à Terra estavam na
posição inclinada e eram paralelos, dessa forma, ele concluiu que havia
uma proporcionalidade entre as medidas da sombra e da altura dos
objetos.
ANAXIMANDRO DE MILETO (610-547 a.C.)
Procurou aprofundar as concepções de Tales sobre a
origem única de todas as coisas. Em meio a tantos elementos
observáveis no mundo natural – a água, o fogo, o ar, etc – ele
acreditava não ser possível eleger uma única substância
material como o princípio primordial de todos os seres.
Para ele, esse princípio é algo que transcende os
limites do observável, ou seja, não se situa numa realidade
ao alcance dos sentidos. O primeiro princípio é, assim, um
ser indeterminado, o apeíron (termo grego que significa o
indeterminado, o infinito), que seria a “massa geradora” dos
seres, contendo em si todos os elementos contrários. O ser
indeterminado vai sendo então ulteriormente caracterizado por
determinações que o limitam mais e mais, até formar as coisas
determinadas que vemos no mundo sensível.
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ANAXÍMENES DE MILETO (588-524 a.C)
Admitia que a origem de todas as coisas é indeterminada.
Entretanto, recusava-se a atribuir-lhe o caráter oculto de elemento
situado fora dos limites da observação e da experiência sensível.
Tentando uma possível conciliação entre as concepções de
Tales e as de Anaximandro, concluiu ser o ar o princípio de todas
as coisas. Porque o ar representa um elemento “invisível e
imponderável, quase inobservável e, no entanto observável: o ar
é a própria vida, a força vital, a divindade que “anima” (alma) o
mundo, aquilo que dá testemunho a respiração”.
PITÁGORAS DE SAMOS: O culto da matemática (570-490 a.C.
aproximadamente)
Para Pitágoras, a essência de todas as coisas reside nos
números, os quais representam a ordem e a harmonia.
Segundo alguns historiadores, pela primeira vez se
introduzia um aspecto mais formal na explicação da realidade,
isto é, a ordem e a constância.
Assim, a essência dos seres, a arché, teria uma estrutura
matemática da qual derivariam problemas como: finito e
infinito, par e ímpar, unidade e multiplicidade, reta e curva,
círculo e quadrado etc.
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O teorema de Pitágoras é uma relação matemática entre os três lados de
qualquer triângulo retângulo. Na geometria euclidiana, o teorema afirma que:
Em qualquer triângulo retângulo, o quadrado do comprimento da hipotenusa é igual à
soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos. Por definição, a hipotenusa é o lado
oposto ao ângulo reto, e os catetos são os dois lados que o formam.
O enunciado anterior relaciona comprimentos, mas o teorema também pode
ser enunciado como uma relação entre áreas:
“Em qualquer triângulo retângulo, a área do quadrado cujo lado é a hipotenusa é igual à
soma das áreas dos quadrados cujos lados são os catetos”.
PARMÊNIDES DE ELEIA (510-470 a.C.)
Para Parmênides o ser é o ‘logos’ (o pensamento e a
linguagem) as coisas que pensamos e dizemos são
permanentes, pois só podemos dizer e pensar aquilo que é
sempre idêntico a si mesmo sem contradições, imutável e
imperecível.
Se uma coisa torna-se contrária a si mesma, deixará de
ser e, em seu lugar, haverá nada, coisa nenhuma, pois o que se
contradiz se autodestrói. O devir, o fluxo dos contrários, é
aparência sensível, mera opinião que formamos porque
confundimos a realidade com nossas sensações, percepções e
lembranças.
A mudança, o movimento é sempre a passagem do ser
para o não-ser o nada, o impensável, o indizível, ou seja, o
perecer. Ou então, a passagem do não-ser para o ser, isto é, o
nascer. Ora, como o não-ser não existe, como ele não é nada,
não há passagem para o não-ser. Não há por igual, passagem a
partir do não-ser; do não-ser não pode sair nada. Isso significa
que não há perecimento nem nascimento, perecer e nascer são
ilusões, são meras aparências.
Pela lógica do pensamento, o não-ser não é nada. E
tudo aquilo que o não-ser determina está sendo determinado
como sendo nada, isto é, não é nada é pura ilusão. Para
Parmênides, não existe movimento e, se pensarmos que algo
está em movimento, trata-se de uma ilusão.
Parmênides é denominado enquanto o grande
intelectual da filosofia, pois foi ele que pensou sobre a
unidade da razão e do ser. Para ele tudo é uno - único e
imutável (imóvel). O todo e o uno, são o começo e o fim de
toda filosofia, e toda a ciência que se queira e se entenda
como a grande síntese.
Torna-se, assim, também, o primeiro filósofo a
formular os princípios lógicos de identidade e de nãocontradição, desenvolvidos depois por Aristóteles.
HERÁCLITO DE ÉFESO: O movimento perpétuo do
mundo (por volta do ano 500 a.C ) FOGO.
Heráclito é considerado o primeiro grande representante
do pensamento dialético. Concebia a realidade do mundo
como algo dinâmico, no qual tudo flui e em permanente
transformação. Daí sua escola filosófica ser chamada de
mobilista (de movimento). Para ele, a vida era um fluxo
constante, impulsionado pela luta de forças contrárias: a
ordem e a desordem, o bem e o mal, o belo e o feio, a
construção e a destruição, justiça e a injustiça, o racional e o
irracional, a alegria e a tristeza etc, ou seja, a luta é a
harmonia dos contrários, responsável pela ordem racional
do universo.
Assim, afirmava que “a luta (guerra) é a mãe, rainha e
princípio de todas as coisas”. É pela luta das forças opostas
que o mundo se modifica e evolui. Nossa experiência
sensorial percebe o mundo como se tudo fosse estável e
permanente, mas o pensamento sabe que nada permanece,
tudo se torna contrário a si mesmo. O ‘logos’ é a mudança
de todas as coisas, os conflitos entre elas.
É entre Parmênides e Heráclito que se abre o espaço
em que se faz filosofia. Parmênides, dizendo que tudo é uno,
fornece o elemento lógos universal que abrange tudo;
Heráclito, dizendo que tudo flui, que tudo é movimento de
pólos opostos, fornece o elemento da dialética “ o todo e o
uno” e “tudo flui” são desde então lemas de toda e qualquer
filosofia.
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EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO (490-430 a.C.)
Existem quatro substâncias fundamentais que
permanecem eternas e indestrutíveis – a água, a terra, o ar e o
fogo – o úmido, o seco, o quente e o frio. A determinação das
coisas variam conforme a composição nelas desses quatro
elementos.
A dosagem de líquido e de sólido, de fogo e de ar, a
proporção em que estes elementos se misturam é o que dá
forma e figura as coisas. Esses elementos são movidos e
misturados de diferentes maneiras em função de dois
princípios universais opostos:
amor (philia) – responsável pela força de atração e união e
pelo movimento de crescente harmonização das coisas.
Ódio (neikos) – responsável pela força de repulsão e
desagregação e pelo movimento de decadência, dissolução
e separação das coisas.
Para ele, todas as coisas existentes na realidade estão
submetidas às forças cíclicas desses dois princípios.
ANAXÁGORAS (500-428 a.C.)
Julga ser impossível construir a diversidade real das coisas
somente com os quatro elementos de Empédocles.
Postula,
para isso, a existência da Spermata, de espermas. Os espermas
seriam numericamente infinitos, de infinita variedade, cada um
divisível em si mesmo, sem com isso perder sua força
germinadora e determinante. Essa massa inicial é a matéria prima
do mundo. As determinações das coisas são então produzidas por
uma inteligência ordenadora, o nous, que mistura o esperma de
forma ordenada.
LEUCIPO DE ABDERA e seu discípulo DEMÓCRITO
DE ABDERA (460-370 a.C. aproximadamente)
Segundo os primeiros atomistas, o princípio de todas as
coisas são os a-tomos. Em grego, Tomein significa cortar,
átomo é aquilo que não é mais divisível, o que não pode ser
cortado por ser um elemento primeiro. Os átomos
indiferenciados um dos outros, constituem inicialmente uma
massa informe, os átomos e o acaso constituem os dois
elementos que explicam a natureza das coisas.
Para os atomistas, é a partir do movimento
‘vorticoso’, do movimento caótico dos átomos que o corpo
humano e todas as coisas se constituem, de um encontro de
átomos; e também a alma - a inteligibilidade e a
inteligência. A alma para os atomistas, também é
constituída de átomos, só que são átomos diferenciados,
átomos mais sutis, lisos e esferiformes de natureza ígnea,
que se propagam por todo o corpo que o vivifica - é o que
dá vida, o que dá movimento ao corpo.
Por serem átomos sutis tendem a sair do corpo, sendo
todos reintegrados novamente pela respiração, e quando esta
cessa, advém a morte dispersando todos os átomos ígneos do
corpo.