A Orla de enxugo

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Transcript A Orla de enxugo

MEDICINA LEGAL
TRAUMATOLOGIA
FORENSE
BALÍSTICA
• Conceito de Balística Forense: É aquela parte
do conhecimento criminalístico e médico legal,
que tem por objeto, especial, o estudo das
armas de fogo, da munição e dos fenômenos e
efeitos próprios dos tiros destas armas, no que
tiverem de útil ao esclarecimento e à prova de
questões de fato, no interesse da justiça tanto
penal como civil. RABELLO, Eraldo – Balística
Forense.
CONCEITO
• É uma parte da física, compreendida dentro
da Cinemática e da Dinâmica, que estuda o
movimento dos corpos e projéteis no
espaço.
• Estuda a trajetória e os efeitos dos projéteis,
visando compreender os fenômenos que
ocorrem desde que o projétil deixa a arma e
os efeitos que o mesmo poderá causar,
principalmente no alvo humano.
“Estudo da trajetória e efeitos dos projéteis”.
DIVISÃO
• Balística Interior: Dentro do cano da arma.
• Balística Exterior: Deslocamento do projétil
após sair da arma e antes de atingir um alvo.
• Balística Terminal: Efeitos dos projéteis.
Balística Interior
• Percussão;
• Iniciação da Espoleta;
• Queima da carga de projeção;
• Vôo livre e tomada do raiamento;
• Aceleração do Projétil no interior do cano;
• Saída do Projétil.
Balística Exterior
Fatores exógenos que influenciam na trajetória
Massa e densidade do projétil;
* Estabilidade do projétil;
* Resistência do ar;
* Gravidade;
* Densidade do ar;
* Forma do projétil.
ARMA DE FOGO
• Armas de fogo são engenhos mecânicos
destinados a lançar projéteis no espaço
pela ação da força expansiva dos gases
oriundos da combustão da pólvora.
Armas de Fogo
ARMAS DE FOGO QUANTO À
ALMA DE SEU CANO
•
•
•
•
•
•
•
As armas de porte individual, também conhecidas por armas leves, dividemse em dois grandes grupos: as armas com canos de alma (parte interna do
cano) lisa, e as armas com canos de alma raiada.
de alma lisa
Armas de porte individual
de alma raiada
As raias são sulcos ou escavações produzidas na parte interna do cano
(alma) por meio de fresas apropriadas, dando origem a um determinado
número de ressaltos e cavados, dispostos de forma helicoidal e cuja
finalidade principal é imprimir ao projétil um movimento de rotação ao redor
de seu próprio eixo centro-longitudinal. A ilustração mostra o raiamento no
interior do cano, que pode ser dextrógiro (para a direita) ou sinistrógiro (para
a esquerda) e as correspondentes marcas deixadas no projétil.
ARMAS DE ALMA RAIADA
• As armas de alma raiada são
aquelas que utilizam cartuchos
de munição com projéteis
unitários. Podem ser curtas
(revólveres,
garruchas,
pistolas, etc.), ou longas
(carabinas, fuzis, etc). As
armas de alma lisa são as que
utilizam cartuchos de munição
com projéteis múltiplos e são
geralmente usadas para caça
(espingardas) ou tiro esportivo.
• O raiamento tem a finalidade de imprimir ao projétil um
movimento de rotação ao longo de seu eixo, para lhe dar
maior estabilidade. As armas de alma lisa e portanto,
sem raiamento, quando disparam projéteis únicos, não
tem a mesma precisão dos projéteis expelidos por armas
de cano raiado.
TIPOS DE MUNIÇÕES
Reprodução em corte, dos
componentes de munição
PROJÉTIL
• Os projéteis de chumbo nu são geralmente cilíndricos, apresentando
base plana ou côncava.
• Os projéteis encamisados, também chamados de jaquetados, e os
semi-encamisados ou semi-jaquetados apresentam núcleo de
chumbo ou outros metais (inclusive o aço) e uma camisa de latão
denominada liga tomback, formada por 90 % de cobre e 10 % de
zinco.
• Os projéteis semi-encamisados por vezes são dotados de ponta oca
(hollow point) e a camisa com entalhes longitudinais. Essa
conformação permite que o projétil se expanda, ao atingir o alvo,
razão pela qual são chamados de expansíveis (ilustração). Esse tipo
de projétil quando no corpo humano, produzem lesões de grande
monta.
MUNIÇÃO DE ARMAS DE FOGO (ALMA LISA)
• Os cartuchos de munição para as armas de alma lisa
(espingardas) são geralmente municiados com projéteis
múltiplos
denominados
"balins",
podendo,
excepcionalmente, abrigar um único projétil de grandes
proporções denominado balote.
• Os chumbos têm formato esférico e tamanho variável,
sendo identificáveis por números ou letras. Não há,
entretanto, uma padronização internacional relativa ao
tamanho dos chumbos e cada país utiliza um sistema
diferente para sua identificação.
• Os calibres das espingardas foram
estabelecidos há muitos anos e não
foram baseados em qualquer sistema
convencional de medida. Tomou-se,
como base, o número de esferas de
chumbo que perfazem uma libra.
• Converteu-se uma libra (453,6 g) de chumbo
puro em 12 esferas de iguais peso e
diâmetro. Se uma dessas esferas se
encaixava perfeitamente num determinado
cano, o calibre deste era "12". Estas esferas
tinha 0,730 polegada de diâmetro, ou seja,
18,5 mm. De igual peso de chumbo (1 libra),
foram feitas 16 esferas e chegou-se ao
calibre 16, assim procedendo-se com os
demais calibres.
No Brasil a CBC utiliza um código misto de números
e letras, conforme o quadro a seguir:
Número do chumbo
•
•
•
•
••
12
11
9
8
7½
7
• • •••
6
5
3
1
T
•
3T
Diâmetro em mm
1,25 1,50 2,00 2,25 2,38 2,50 2,75 3,00 3,50 4,00 5,00 5,50
Quantidade média de
chumbos em 10 g
870 457 216 151 130 110
83
64
40
27
14
10
ILUSTRAÇÃO DO DISPARO DE CARTUCHO
DE CAÇA
• A identificação dos projéteis disparados por arma de fogo e
relacionados com crimes, é um dos exames periciais de maior
relevância. Essa identificação é feita utilizando-se o microscópio
comparador como os reproduzidos ao lado; sendo que alguns deles
são acoplados a um computador.
A perícia irá procurar identificar o projétil denominado de suspeito, como tendo sido
disparado por uma determinada arma. Para isso, a arma ou as armas levadas a
exame são disparadas para se obter os projéteis padrões ou testemunhas. E
seguida, é que será feito o exame de confronto propriamente dito.
O exame se baseia na pesquisa de elementos de ordem geral (número de raias,
sentido do raiamento, etc) e de natureza específica (microestriamento). Quando o
resultado é positivo, as imagens dos projéteis comparados, formam um todo, onde
existe perfeita correspondência entre esses elementos, como se vê nas reproduções
fotográficas abaixo.
Fotografia obtida no microscópio comparador, onde se vê a
perfeita coincidência das raias e do micro estriamento .
IDENTIFICAÇÃO DE ESTOJOS
O microscópio comparador permite, também, o exame dos cartuchos das
unidades de munição, principalmente na área onde é percutido, sendo possível
filiar o estojo, como tendo sido disparado por determinada arma.
Cada arma, tal como sucede com o raiamento, percute a espoleta de
modo particular, o que possibilita a identificação.
RESIDUOGRAFIA METÁLICA E NÃO
METÁLICA
• Os resíduos expelidos pelo disparo do cartucho, podem deixar as
mãos do atirador impregnadas dos restos da carga propelente e de
micropartículas do projétil. A pesquisa desses resíduos, quer nas
mãos do atirados ou das vestes deste e da vítima, serão sempre
objetos de exame importante na investigação do caso.
• Convém, todavia, alertar que, nem sempre, isso ocorre. Fatores
como empunhadura e tipo da arma, podem fazer com que a
pesquisa residuográfica seja negativa, sem que, contudo, se possa
excluir o suspeito de ter feito uso da arma.
• O revólver é o tipo de arma mais propício a deixar vestígios do
disparo, tendo em vista que entre as câmaras do tambor e a entrada
do cano, existe um espaço por onde os gases resultantes da
detonação do cartucho saem, além é claro, da própria boca do
cano.
• Desenho esquemático
dos resíduos expelidos
por revólver.
• R1
–
resíduos
expelidos pelo cano.
• R2
–
resíduos
expelidos pela câmara
(tambor)

Fotografia de disparo realizado com
revólver, onde se pode Observar a
saída de resíduos pelo cano e pelo
tambor.
Momento da detonação de cartucho .38 SPL+P Verifica-se o escape dos gases
entre o tambor e cone de forçamento.
Após o projétil ter deixado o cano, há maior facilidade de escoamento dos gases.
Fotografia de disparo realizado com revólver, onde
se pode observar a saída do projétil e de resíduos
pelo cano e pelo tambor.
Comparação entre os resíduos expelidos por diversos
tipos de arma
• As pistolas semi-automáticas,
por sua própria constituição,
não são tão suscetíveis de
expelirem resíduos na mesma
quantidade; os quais saem
pela janela do extrator e pelo
próprio cano.
• Os resíduos que se alojam nas
mãos do atirador, normalmente
abrangem
as
regiões
mostradas na ilustração ao
lado.
• Outros tipos de arma
longas, como
espingardas, carabinas
metralhadoras, além dos
resíduos nas mãos,
geralmente impregnam
outras partes do corpo e
também as vestes do
atirador.
LESÕES PÉRFURO-CONTUSAS
• Lesões que causam
 perfuração e
 ruptura dos tecidos
• Características do
ferimento
 bordas irregulares
 predomínio da
profundidade
 caráter penetrante ou
transfixante
LESÕES PÉRFUROCONTUSAS
• Ao atingir o corpo, o projétil provoca
 rompimento na pele, formando um orifício em forma
tubular no qual se enxuga de seus detritos (orla de
enxugo)
 arrancamento da epiderme (orla de contusão)
• Ao se formar o túnel de entrada
 pequenos vasos se rompem formando equimoses em
torno do ferimento (orla equimótica)
EFEITOS DOS PROJÉTEIS NO CORPO
HUMANO:
ORIFÍCIO DE ENTRADA – ORLAS
(SEMPRE PRESENTES)
• ORLA DE CONTUSÃO: a pele se invagina e se
rompe devido à diferença de elasticidade de
derme e epiderme
• ORLA EQUIMÓTICA: zona da hemorragia
oriunda da ruptura de pequenos vasos
• ORLA DE ENXUGO: zona de cor escura que se
adaptou às faces do projétil, limpando-os dos
resíduos da pólvora
ORIFÍCIO DE ENTRADA - ZONAS
• ZONA DE TATUAGEM: é resultante da
impregnação de partículas de pólvora
incombusta que alcançam o corpo
• ZONA DE ESFUMAÇAMENTO: é produzida
pelo depósito de fuligem da pólvora ao redor do
orifício de entrada
• ZONA DE CHAMUSCAMENTO: tem como
responsável a ação superaquecida dos gases
que atingem e queimam o alvo
ORLAS E ZONAS DE CONTORNO
Orla de contusão - A
Orla de enxugo - B
Câmara de mina - tiro encostado
Zona tatuada - C
Zona de chamuscamento - D
C
A
B
D
ORLA DE CONTUSÃO E ENXUGO
ANEL DE FISH
ORIFÍCIOS DE ENTRADA
• Podem ser
 circulares (90°)
 ovais ou arredondados (ângulo diverso de
90°) ou
 tangencial, de acordo com o ângulo de
incidência
TIRO ENCOSTADO
ORIFÍCIOS DE ENTRADA – TIRO
ENCOSTADO
a) forma irregular (estrelado) pela dilaceração dos
tecidos pelos gases explosivos (mina de
Hoffmann)
b) sem zona de tatuagem ou de esfumaçamento
c) diâmetro do ferimento maior que o projétil
(explosão dos gases)
d) halo fuliginoso nos ossos: (sinal de Benassi)
e) impressão (pressão) do cano da arma (sinal de
Werkgaertner)
f) quando transfixante: trajeto com orifício de
entrada e saída
Sinal do Funil de Bonnet
(define entrada e saída de projéteis em crânio)
Sinal de Benassi
halo fuliginoso
Câmara de Mina de Hofmann
Sinal de Pupe Werkgaetner
ORIFÍCIO DE ENTRADA – TIRO A
CURTA DISTÂNCIA
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
cone de dispersão do tiro
forma arredondada ou circular
orla de escoriação ou contusão
orla equimótica
orla de enxugo
zona de tatuagem
zona de esfumaçamento (removível)
zona de queimadura (chamuscamento)
Zona de Esfumaçamento
Chamuscamento e Esfumaçamento
Zona de Tatuagem
ORIFÍCIO DE ENTRADA
TIRO À DISTÂNCIA
a) forma arredondada
b) diâmetro menor que
o do projétil
c) com orla de
escoriação
d) com orla equimótica
ORIFÍCIO DE ENTRADA
TIRO À DISTÂNCIA
ORIFÍCIO DE SAÍDA
a) de forma irregular ou
dilacerado
b) maior que orifício de
entrada
c) maior sangramento
d) ausência de orlas,
zonas e halos
e) bordos evertidos
Lesões Pérfurocontusas
Orifício de Entrada x Orifício de Saída
Entrada
Saída
Regular
Invertido
Dilacerado
Evertido
Normalmente proporcional ao
diâmetro do projétil (exceção aos
Desproporcional ao diâmetro
do projétil
projéteis de ponta oca, principalmente os
expansivos)
Com orlas e zonas
Sem orlas e zonas
Exceções podem ocorrer:
• tiro encostado
• ricochete, o projétil perde sua propulsão (“bala perdida”)
• dois ou mais projéteis sucessivos atingem o mesmo ponto na pele
TRAJETO/TRAJETÓRIA
• Trajeto: é o caminho percorrido pelo projétil dentro do corpo da
vítima
 pode ser
• transfixante
• não transfixante (projétil retido)
• Trajetória: é o caminho percorrido pelo projétil fora do corpo (da
arma até a superfície atingida)
 por ser
• trajeto simples: resultante de projétil único
• trajeto múltiplo: resultante de projéteis múltiplos
FERIMENTOS POR PROJÉTEIS MÚLTIPLOS
FIM