FITOGEOGRAFIA- Aula 7 21-05-2010

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Fitogeografia – Eng. Florestal
Prof. Dr. Mauricio Romero Gorenstein
Aula 7 – Cerrado
Dois Vizinhos, 21/05/2010
Objetivo da Aula de hoje
Apresentar a fitogeografia da Cerrado;
Bibliografia:
p. 398 a 423; - Tratado de Fitogeografia do Brasil, Cerradão,
Cerrado.
Manual Técnico da Vegetação Brasileira, IBGE. Pag. 26-29.
Savana (Cerrado)
A denominação Savana foi primeiramente empregada por Oviedo e Valdez (1851)
para uma formação da Venezuela com “graminióides dos planaltos em geral cobertas
por plantas lenhosas” e posteriormente levado para a África. O termo cerrado foi
proposto por Warning (1908) a fim de caracterizar, no Brasil, os “Campos cerrados
ou vegetação xerofítica”, em face de um longo período seco bem marcado. A
nomenclatura atual adotada pelo IBGE é a de Savana (Cerrado), pois o cerrado é
uma forma particular de Savana regionalista que ocorre apenas no Brasil, com
fitofisionomia ecológica parecida com a da África e da Ásia.
Ocorre em toda a faixa tropical, e é marcada por dois andares típicos, um herbáceo
dominados por gramíneas e outro arborescente. Na África a Savana pode ocorrer em
áreas sem Árvores, porém é uma denominação errada. No Brasil, diferentemente da
África, o cerrado é semidecíduo e não caducifólio, e há predomínio de gramíneas no
estrato herbáceo. Na áfrica e Ásia podem ocorrem predomínio de palmeiras e
pinheiros no estrato arbóreo, o que nunca ocorre no Brasil.
É definida como uma vegetação xeromorfa, de clima estacional (mais ou menos com
6 meses secos < 60 mm de chuva), podendo também ser encontrada em clima
ombrófilo. Nos meses de chuva (200-350 mm) há abundância de água e a
pluviosidade média anual é de 1.300 mm.
Savana (Cerrado)
As condições ideais para desenvolvimento da vegetação incluem estação seca,
temperatura favorável (não ocorre em áreas de geada), solos profundos e bem
drenados com água armazenada e lençol freático profundo.
Algumas árvores desenvolvem sistema radicular profundo para atingir o lençol
freático na estação seca. A reprodução vegetativa também é bem comum nas
espécies de cerrado devido a ocorrência frequente do fogo.
Ocorre no Planalto Central Brasileiro (sua zona core), nos Estados de Goiás,
Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo,
atingindo também áreas descontínuas e em manchas no Paraguai, Paraná, Serra do
Mar e da Mantiqueira, Chapada do Araripe (CE e PE), Bahia, Pará, Amazonas,
Amapá, Rondônia e Roraima. Chega até a 25% da área do Brasil.
Cerrado
Ocorre em solos lixiviados aluminizados, com sinúsias de hemicriptófitos, geófitos,
fanerófitos oligotróficos de porte baixo, com ocorrência em toda faixa Neotropical.
A Savana (Cerrado) foi dividida em quatro subgrupos de formação:
Savana Florestada (Cerradão)
Savana Arborizada (Campo-Cerrado)
Savana Parque
Savana Gramíneo-Lenhosa
Savana Florestada (Cerradão)
Vegetação arbórea de cerrado com aparência de mata seca, distingue-se desta pela
fisionomia e estrutura, pela esclerofilia e florística.
Em comparação com o Savana arborizada, apresenta as mesmas espécies porém
com maior vigor, são mais altas, mais eretas e menos afastadas (Maior densidade).
Ocorre em solos com maior fertilidade, geralmente nos Latossolos vermelho
amarelos ou vermelho escuros.
A altura do Cerradão é de 10 a 15 metros, com 2.000 árvores por hectare. A maioria
das árvores não apresentam troncos retorcidos ou ramificações baixas. As copas das
árvores se tocam proporcionando sombra.
O cerradão é um cerrado que evolui para uma floresta devido a maior feritilidade do
solo e a ausência de fogo por um longo período, aliada a maior matéria orgânica
proporcionada pela ciclagem de nutrientes.
Espécies arbóreas típicas que formam o andar superior: Bowdichia virgilioides
(sucupira-preta), Kielmeyera coriacea (pau-santo), Qualea parviflora (pau-terra-defolha-miúda), Caryocar brasiliense (pequi), Anadenanthera peregrina (angico-docerrado).
Savana Florestada (Cerradão)
Um estrato arbustivo bem nítido, as vezes bastante denso constituído
particularmente de arbustos, na maioria esclerófilos.
No terceiro andar, herbáceo, poucas gramíneas, cyperáceas (tiriricão), bromeliáceas
(Ananas). Alguns subarbustos (Anacardium, Mandevilla), regeneração das árvores,
epífitas quase não se observam. Podem ocorrer lianas, as vezes bem grossas.
O cerradão é um tipo de floresta próprio do planalto central, as espécies são
bastante particulares e podem ser comuns tanto aos cerrados como às matas
estacionais semideciduais. Ex: Copaifera langsdorffii (pau-de-óleo), Platypodium
elegans (amendoim)
Savana Arborizada (Cerrado)
É considerado o cerrado típico ou Cerrado Stricto Sensu. Pode se natural ou
antrópico. Apresenta fisionomia arbustiva (até 2m) e arbórea rala (6m) e herbácea
vigorosa e contínua, dominada por gramíneas, sujeita ao fogo anual, principalmente
nos meses secos.
Ocorre em solos de baixa a média fertilidade, aluminizados e podem avançar para
um cerradão na ausência do fogo.
Possui composição florística semelhante ao cerradão, porém devido a localização
geográfica pode apresentar ecótipos típicos devido à região.
Amapá – Salvertia convallariodora (Vochysiaceae, pau-de-collher)
Maranhão, Piauí e Ceará – Parkia platycephala (Fabaceae, faveira)
Minas Gerais – Dimorphandra mollis (Fabaceae, faveiro)
São Paulo e Paraná - Stryphnodendron adstringens (Fabaceae, barbatimão)
Cerrado típico
Savana Parque
Apresenta fisionomia estritamente herbácea, dominada por gramíneas, podendo ter
espécies nativas e exóticas, entremeadas por arbustos e pequenas árvores (< 6
metros), dando aspecto de Parque.
A savana parque de natureza antrópica é encontrada em todo o país. As naturais são
encontradas em algumas áreas com os ecótipos regionais
Ilha de Marajó – Hancornia speciosa (Apocynaceae, mangaba)
Pantanal sul-matogrossense – Tabebuia caraiba (Bignoniaceae, paratudo)
Depressão do Araguaia e Ilha do Bananal – Byrsonima sericea (Fabaceae, faveiro)
Jalapão, Tocantins
Serra dos Parecis, Rondônia
Savana Gramíneo-Lenhosa
Também denominado de campo sujo, apresenta fisionomia quando natural de
gramados, entreamados por plantas lenhosas e raquíticas em extensas áreas
dominadas por herbáceas. Devido à pressão por fogo ou pastoreio, estas vão sendo
substituídas por espécies geófitas, com colmos subterrâneos, mais resistentes ao
pisoteio do gado e ao fogo. Composição florística bastante diversificada, com
ecótipos mais representativos as plantas lenhosas: angelim-do-cerrado, unha-devaca, fedegoso-do-cerrado. E as gramíneas: capim-do-cerrado, capim-barba-debode, capim-redondo, capim-flexinha. Muitos arbustos das famílias: Asteraceae,
Myrtaceae, Melastomataceae e Malvaceae.
Alto Paraíso, Goiás
Gradiente de formações (Coutinho, 1978)
Mapa de climas - Brasil
Espécies típicas
Caryocar brasiliense (pequi)
Espécies típicas
Stryphnodendron adstringens (barbatimão)