Transcript Opção 01
DIGA-ME COMO VOCÊ AVALIA E EU
DIREI COMO SEU ALUNO APRENDE
Avaliação e Mediação da
Aprendizagem
A Avaliação é uma valiosa estratégia de
mediação da aprendizagem. Nesse sentido,
ela deve:
encorajar o aluno a reorganizar o seu saber;
colocar aluno e professor em movimento;
Segundo Hoffman, o maior desafio é a tomada de
consciência por parte do professor com relação a
sua prática. É promover a transição da ação
coercitiva para a ação educativa.
TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO
DIAGNÓSTICA: verificar se os alunos dominam os
pré
requisitos
necessários
para
novas
aprendizagens;
FORMATIVA:
constatar
se
os
objetivos
estabelecidos foram alcançados pelos alunos;
fornecer dados para que o professor possa
realizar um trabalho de recuperação e aperfeiçoar
seus procedimentos.
SOMATIVA:
classificar
os
resultados
da
aprendizagem alcançados pelos alunos.
PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA
AVALIAÇÃO
SELECÃO DOS OBJETIVOS/CONTEÚDOS: voltados a
ajudar o aluno a compreender efetivamente a vida e o
mundo que o cerca – PADRÃO DE QUALIFICAÇÃO;
SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS
DIAGNÓSTICO:
CONSTATAÇÃO: retrata o estado de aprendizagem
em que o aluno se encontra;
QUALIFICAÇÃO DO OBJETO: atribuir uma qualidade –
certo ou errado – a partir de um determinado padrão;
TOMADA DE DECISÃO: o ato de avaliar, para se
completar, necessita da tomada de decisão.
LÓGICAS DA AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO A SERVIÇO DA
SELEÇÃO
Avaliação classificatória
Pontual: isolada do
processo ensino e
aprendizagem
Controle das condutas
Excludente: coloca para
fora os que não sabem.
Erro: associado a fracasso
Prova: acerto de contas
AVALIAÇÃO A SERVIÇO DAS
APRENDIZAGENS
Avaliação diagnóstica:
explicação das causas
Processual: dinâmica
Controle
Includente: acolhe a situação
tal qual se apresenta – Você
ainda não sabe
Erro: processo de conquista
Prova: momento privilegiado
de estudos
FINALIDADE DA PROVA
•
•
Verificar se houve a aprendizagem significativa de
conteúdos relevantes propostos pelo professor
Retratar a realidade
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES NA ELABORAÇÃO DE
TAREFAS AVALIATIVAS
Uso de palavras sem sentido preciso no contexto:
Evitar expressões como: comente, dê sua opinião, o que
você sabe sobre…discorra, conceitue você, como
você justifica…
Ex: Comente a frase de Sócrates: conhece-te a ti
mesmo.
• “Acho uma frase muito profunda, tão profunda que
nem consigo captar seu real significado. Mas acho
que Sócrates estava certo quando disse a frase, pois
sendo um sábio não teria dito besteira”
Outra forma de perguntar
No estudo que fizemos em filosofia da educação,
afirmamos que, para haver o desenvolvimento do
indivíduo para a cidadania, é preciso que ele conheça
seu contexto social. Além disso, que ele tenha um
profundo conhecimento de si mesmo. Nos debates que
fizemos em aula, citamos a frase atribuída a Sócrates
“conhece-te a ti mesmo”. Partindo da frase e das
discussões feitas em aula sobre o assunto, explique o
significado da frase no contexto da filosofia da
educação.
Falta de parâmetros para a correção
o
Deixa o aluno nas “mãos do professor”:
“Professor o que o Sr. quer na questão x ?”
Ex: Como é a organização das abelhas numa colméia?
R: É jóia!
“…o aluno assistiu a minha aula e deve responder da forma
que foi dado…”
Exploração exagerada da
memorização
Relacione os nomes das aranhas venenosas: (Ciências –
6ª Série)
1- Aranha marrom
( ) Latrodectes
2- Armadeira
( ) Lycosa
3- Tarântula
( ) Loxóceles
4- Viúva Negra
( ) Ortognata
5- Caranguejeira
( ) Phoneutria
Questões deste tipo apelam para a memorização
pouco significativa, sem uma análise ou explicação.
REVOLTADO OU CRIATIVO
Há algum tempo, recebi um convite de colega para
servir de árbitro de uma prova. Tratava-se de avaliar
uma questão de física, que recebera nota zero. O
aluno contestava tal conceito, alegando que merecia
nota máxima pela resposta, a não ser que houvesse
uma “conspiração do sistema” contra ele. Professor e
aluno concordaram em submeter o problema a um juiz
imparcial, e eu fui o escolhido.
Chegando à sala de meu colega, li a questão da prova
que dizia: Mostre como se pode determinar a altura de
um edifício bem alto com o auxílio de um barômetro.
REVOLTADO OU CRIATIVO
A resposta do estudante foi a seguinte: Leve o
barômetro ao alto do edifício e amarre uma corda nele;
baixe o barômetro até a calçada e em seguida levante-o,
medindo o comprimento da corda; este comprimento será
a altura do edifício.
Sem dúvida era uma resposta interessante e de
alguma forma correta, pois satisfazia o enunciado. Por
instantes vacilei quanto ao parecer.
Recompondo-me rapidamente, disse ao estudante que
ele tinha forte razão para ter nota máxima, já que
havia respondido à questão completa e corretamente.
REVOLTADO OU CRIATIVO
Entretanto, se ele tirasse nota máxima, estaria
caracterizada uma aprovação em um curso de
física, mas a resposta não confirmava isso. Sugeri,
então, que fizesse uma outra tentativa para
responder a questão. Segundo o acordo, ele teria
seis minutos para responder à questão, isto após ter
sido prevenido de que sua resposta deveria
mostrar, necessariamente algum conhecimento de
física.
REVOLTADO OU CRIATIVO
Passados cinco minutos ele não havia escrito nada.
Perguntei-lhe então se desejava desistir. Mais surpreso
ainda fiquei quando o estudante anunciou que não
havia desistido. Na realidade, tinha muitas respostas, e
estava justamente escolhendo a melhor. No momento
seguinte, ele escreveu essa resposta:
Vá ao alto do edifício, incline-se numa ponta do telhado e
solte o barômetro, medindo o tempo (t) de queda desde
a largada até o toque com o solo. Depois, empregando a
fórmula h= (1/2)gt², calcule a altura do edifício.
REVOLTADO OU CRIATIVO
Finalmente, concluiu, se não for cobrada uma solução
física para o problema, existem outras respostas. Pode-se
ir até o edifício e bater à porta do síndico. Quando ele
aparecer, diz-se: Caro Sr. Síndico, trago um ótimo
barômetro; se o Sr. Me disser a altura desse edifício, eu
lhe darei o barômetro de presente.
Perguntei ao meu colega se ele estava satisfeito com a
nova resposta e se concordava com a minha disposição
em conferir praticamente a nota máxima à prova.
Concordou, embora sentisse nele um expressão de
descontentamento, talvez inconformismo.
REVOLTADO OU CRIATIVO
A esta altura, perguntei ao estudante se ele não
sabia qual era a resposta “esperada” para o
problema. Ele admitiu que sabia, mas estava tão
farto com a tentativa dos professores de controlar
seu raciocínio e cobrar respostas prontas com base
em informações mecanicamente arroladas, que ele
resolveu contestar aquilo que considerava,
principalmente, um farsa.
CONCLUSÃO
A prática da avaliação da aprendizagem, para
manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do
melhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e,
não voltada para a seleção de uns poucos. Por si, a
avaliação é inclusiva é, por isso mesmo democrática. Por
ela, por onde quer que se passe, não há exclusão, mas
sim diagnóstico e construção. Não há submissão, mas sim
liberdade. Não há medo, mas sim espontaneidade e
busca, não há chegada definitiva, mas sim travessia
permanente, em busca do melhor. Sempre!
(Cipriano Carlos Luckesi)