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GEOGRAFIA DO BRASIL
-Ecossistemas Brasileiros25/11/2014
A GEOGRAFIA: DA NATUREZA À
SOCIEDADE
É objeto de preocupação da Geografia de hoje
conhecer cada dia mais o ambiente natural de sobrevivência do
homem, bem como entender o comportamento das sociedades
humanas, suas relações com a natureza e suas relações
socioeconômicas e culturais.
A organização da sociedade na agricultura e na
indústria, a dinâmica demográfica, o crescimento e a
organização das cidades, suas causas e conseqüências fazem
parte da preocupação da Geografia.
A superfície da Terra é o rígido suporte de apoio à
sobrevivência dos homens e dos demais seres vivos.
1. As estruturas e as formas de Relevo
Relevo são as formas e compartimentos da superfície do
planeta (serra, montanha, colina, planalto, planície,
depressão, entre outras). Essas formas e compartimentos
definem-se em função da atuação de agentes internos e
externos à crosta terrestre.
- Agentes internos (formadores) - vulcanismo, terremotos,
movimento das placas; forças tectônicas em geral.
- Agentes externos (modeladores) - chuva, vento, geleiras,
rios, lagos, mares; agentes erosivos em geral.
A orogênese (formação de uma montanha) é ocasionada por
agentes internos (dobramento, vulcão ou falha geológica);
sua forma atual decorre da ação de agentes externos.
O relevo brasileiro
O relevo terrestre corresponde às diversas
configurações e diferenças de nível da superfície terrestre:
montanhas, planaltos, depressões etc. Ele é resultante da
atuação dos agentes internos (vulcanismo, tectonismo e
abalos sísmicos) e externos (temperatura, chuva, ventos,
águas correntes, geleiras e seres vivos).
Em síntese, o relevo brasileiro apresenta as seguintes
características:
•trata-se de um relevo de formação muito antiga e bastante
trabalhado pela erosão;
•apresenta boa variedade de formas: planaltos, planícies e
depressões;
apresenta altitudes modestas, visto que 93% de sua área
total tem altitudes inferiores a 900 metros;
•o planalto é a forma de relevo predominante (58,5% da área total), seguido
pela planície (41%).
Assim, temos por definição:
- Planalto: forma de relevo em que a erosão supera a
sedimentação. Portanto, um relevo que sofre desgaste,
destruição.
- Planície: forma de terreno mais ou menos plana em que a
sedimentação supera a erosão. Portanto, um relevo em
formação.
Obs.: Não confundir bacia sedimentar com planície.
A estrutura geológica sedimentar corresponde à origem,
formação e composição do relevo, ocorrida há muito tempo
atrás. Durante sua formação, a bacia sedimentar era (ou é)
uma planície. Porém, hoje, pode estar em um processo de
desgaste e corresponder a um Planalto Sedimentar. Ex.:
Baixo Platô Amazônico.
Aziz Ab’Saber, o discípulo
Aluno de Aroldo de Azevedo, o paulista Aziz Ab’Saber deu
prosseguimento à obra do mestre. Valeu-se sobretudo de
observações do relevo feitas pessoalmente. Poucos
geógrafos terão viajado pelo país tanto quanto ele. Seu
mapa foi publicado pela primeira vez em 1958. Ab’Saber
acrescentou duas unidades de relevo às oito de Azevedo.
Jurandyr Ross, o inovador
Deu aulas no primeiro grau antes de se tornar professor
da USP. Jurandyr Luciano Sanches Ross, paulista que
ocupou a vaga que Ab’Saber. Durante seis anos foi
pesquisador no Projeto Radambrasil e ajudou a montar os
mapas com as fotos de radar que usaria para
revolucionar nossa Geografia. Com ele, as unidades de
relevo saltam de dez para 28.
Três grandes perfis que resumem nosso relevo (Por
Jurandyr Ross)
Região Norte
Este corte (perfil noroeste-sudeste) tem cerca de 2.000
quilômetros de comprimento. Vai das altíssimas serras do
norte de Roraima, na fronteira com a Venezuela, Colômbia e
Guiana, até o norte do Estado de Mato Grosso. Mostra
claramente as estreitas faixas de planície situadas às
margens do Rio Amazonas, a partir das quais seguem-se
amplas extensões de terras altas: planaltos e depressões.
Região Nordeste
Este corte tem cerca de 1.500 quilômetros de
extensão. Vai do interior do Maranhão ao litoral de
Pernambuco.
Apresenta
um
retrato
fiel
e
abrangente do relevo da região: dois planaltos (da
Bacia do Parnaíba e da Borborema) cercando a
Depressão Sertaneja (ex-Planalto Nordestino). As
regiões altas são cobertas por mata. As baixas, por
caatinga.
Regiões Centro-Oeste e Sudeste
Este corte, com cerca de 1.500 quilômetros de
comprimento, vai do Estado de Mato Grosso do
Sul ao litoral paulista. Com altitude entre 80 e
150 metros, a Planície do Pantanal está quase no
mesmo nível do Oceano Atlântico. A Bacia do
Paraná, formada por rios de planalto, concentra
as maiores usinas hidrelétricas brasileiras.
O Relevo Brasileiro
O território brasileiro, de formação muito antiga e altamente
desgastado pela erosão, não apresenta cadeias montanhosas
(Dobramentos Modernos). Isso, como vimos, devido ao fato de
localizar-se no meio de uma placa tectônica.
Considerando a classificação de Aziz Ab’Saber, notamos que
basicamente o Brasil possui dois planaltos: o das Guianas e o
Brasileiro. Porém, o Planalto Brasileiro é dividido em várias partes
em função da estrutura geológica e das formas diferenciadas em
seu interior, já que é grande e sujeito a condições climáticas e
hidrográficas (o que implica erosão) distintas.
Relevo submarino e litoral
1. Relevo submarino
O relevo submarino é subdividido em quatro partes:
Plataforma continental, Talude, Região Abissal e Região
Pelágica.
Plataforma Continental
É a continuação do continente (SIAL), mesmo submerso. Possui
profundidade média de 0 a 200 m, o que significa que a luz solar
infiltra-se na água, o que gera condições propícias à atividade
biológica e ocasiona uma enorme importância econômica - a
PESCA. Há também, na plataforma continental, a ocorrência de
petróleo.
Talude
Desnível abrupto de 2 a 3 km. É o fim do continente.
Região Abissal
Quando ocorre aparece junto ao talude e corresponde às fossas
marinhas.
Região Pelágica
SIMA - é o relevo submarino propriamente dito, com planícies,
montanhas e depressões.
Surgem aqui as ilhas oceânicas:
- Vulcânicas, como Fernando de Noronha
- Coralígenas, como o Atol das Rocas
2. Litoral
Corresponde à zona de contato entre o oceano e o
continente; em permanente movimento, possui
variação de altura - as marés, que são influenciadas
pela Lua.
Quando, durante o movimento das águas oceânicas,
a sedimentação supera o desgaste, surgem as
praias, recifes e restingas. Quando o desgaste
(erosão) supera a sedimentação, surgem as falésias
(cristalinas ou sedimentares).
Restingas
Falésias
O litoral brasileiro é pouco recortado. Esse fato ocorre em
função da pobreza em glaciações quaternárias que atuaram
intensamente nas zonas temperadas do globo. O poder
erosivo das geleiras é imenso.
•O litoral norte brasileiro apresenta a plataforma
continental mais larga, pois muitos rios (entre eles o
Amazonas). O litoral nordestino possui a mais estreita
plataforma continental.
•Principais lagoas costeiras: dos Patos e Mirim (RS);
Conceição (SC); Araruama (RJ).
• Ilhas
Costeiras
Continentais:
Santa
Catarina
(Florianópolis); São Francisco (SC); São Sebastião (Ilha
Bela); Santo Amaro (Guarujá).
• Ilha Vulcânica: Fernando de Noronha.
• Baías: Todos os Santos (BA); Guanabara (RJ);
Paranaguá (PR); Laguna (SC); Angra dos Reis e Parati
(RJ).
Recapitulando
CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO
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AROLDO DE AZEVEDO
Década de 40.
Nível altimétrico.
PLANALTOS: Superfícies aplainadas com mais
de 200 metros de altitude.
PLANÍCIES: Superfícies aplainadas com menos
de 200 metros de altitude.
8 unidades de relevo; 4 planaltos (59%) e 4
planícies (41%)
AZIZ NACIB AB’SABER
• Década de 50.
•Tipo de alteração dominante na superfície, processo
de erosão ou de sedimentação.
•PLANALTO: Superfície aplainada, onde o processo
de erosão estaria predominando sobre o sedimentar.
•PLANÍCIE: o inverso, sedimentar sobre o erosivo.
•10 unidades: 7 planaltos (75%), e 3 planícies (25%)
JURANDYR ROSS
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Década de 90.
Levantamento por satélite.
Associação de dados altimétricos com
informações sobre os processos de
erosão/sedimentação.
PLANALTOS: Superfície irregular com altitudes
superiores a 300 metros, e que teve origem a
partir de erosão sobre rochas cristalinas ou
sedimentares.
DEPRESSÃO: Superfície mais plana, com
altitudes entre 100 e 500 metros, apresentando
inclinação suave, resultante do processo
erosivo sobre rochas cristalinas ou
sedimentares.
PLANÍCIE: Superfície extremamente plana e
formada pelo acúmulo recente de sedimentos
fluviais, marinhos ou lacustres.
28 unidades: 11 planaltos, 11 depressões e 6
planícies.
2. Domínio Morfoclimático
"Clima é a sucessão de tempo dinamizada pela
movimentação das massas de ar."
•
Em outras palavras, clima é o comportamento do tempo
(atmosférico) durante o ano.
• No extenso território brasileiro, a diversidade de formas
de relevo, a altitude e dinâmica das correntes e massas
de ar, possibilitam uma grande diversidade de climas.
Dentre os diversos tipos de clima e relevo existente no Brasil,
observamos que os mesmos mantêm grandes relações, sejam
elas de espaço, de vegetação, de solo entre outros.
Caracterizando vários ambientes a longo de todo território
nacional. Para entende-los, é necessário distinguir um dos
outros. Pois a sua compreensão deve ser feita isoladamente.
Nesse sentido, o geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber, faz uma
classificação desses ambientes chamados de Domínios
Morfoclimáticos. Este nome, morfoclimático, é devido às
características morfológicas e climáticas encontradas nos
diferentes domínios, que são 6 (seis) ao todo e mais as faixas
de transição. Em cada um desses sistemas, são encontrados
aspectos, histórias, culturas e economias divergentes,
desenvolvendo singulares condições, como de conservação do
ambiente natural e processos erosivos provocados pela ação
antrópica.
I – Domínio Amazônico – região norte do Brasil, com terras baixas
e grande processo de sedimentação; clima e floresta equatorial;
II – Domínio dos Cerrados – região central do Brasil, como diz o
nome, vegetação tipo cerrado e inúmeros chapadões;
III – Domínio dos Mares de Morros – região leste (litoral
brasileiro), onde se encontra a floresta Atlântica que possui clima
diversificado;
IV – Domínio das Caatingas – região nordestina do Brasil
(polígono das secas), de formações cristalinas, área depressiva
intermontanhas e de clima semi-árido;
V – Domínio das Araucárias – região sul brasileira, área do
habitat do pinheiro brasileiro (araucária), região de planalto e de
clima subtropical;
VI – Domínio das Pradarias – região do sudeste gaúcho, local de
coxilhas subtropicais.
Os processos de organização dos domínios
morfoclimáticos se assentam em fatores bióticos,
químicos e físicos. Os fatores bióticos referem-se às
relações de cooperação ou de competição entre as
espécies animais e vegetais; os químicos, aos macro e
micronutrientes, ou seja, aos elementos químicos
necessários à sobrevivência dos seres vivos; os físicos, aos
climas, solos, relevo.
Atualmente se usa a expressão domínios
morfoclimáticos para demonstrar as interações do clima,
vegetação, rios, solos e relevo. Eles são designados pela
vegetação dominante, como que mostrando ser ela a
síntese das influências dos climas e do relevo sobre a
natureza.
Condições climáticas do território brasileiro
Em virtude de sua posição geográfica, o Brasil está sob a
influência de massas quentes. Na América do Sul há duas
bases de formação de massas continentais: a Amazônia
Ocidental e a Planície do Pantanal ou do Chaco; na primeira
forma-se a mEc (massa equatorial continental, quente e
úmida), de baixas pressões atmosféricas; na segunda, a mTc
(a tropical do Chaco, quente e seca), de altas pressões.
No Atlântico formam-se a ciclonal mEa (massa equatorial
atlântica, quente e úmida), a anticiclonal mTa (massa tropical
atlântica); a primeira exerce influência sobre o Meio Norte e o
litoral da Amazônia Oriental; a segunda, sobre o litoral
oriental. A terceira massa de ar é a mPa, massa polar
atlântica, fria e úmida, que influi sobretudo no Sul do Brasil.
Os tipos de clima no Brasil, são:
•equatorial, quente e superúmido, com chuvas o ano todo,
na Amazônia;
•tropical, quente e úmido (ou subúmido), com chuvas no
verão e estiagens no inverno, na maior parte do Brasil
Central;
•semi-árido, quente com chuvas escassas e mal
distribuídas, no Sertão do Nordeste, onde se encontra o
polígono das secas;
•tropical de altitudes, quente mas com temperaturas
suavizadas pela altitude, no Sudeste;
•subtropical ou temperado quente, com as menores
temperaturas, com algumas precipitações de neve e
ocorrências de geadas no inverno, nos estados do Sul
(Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Contrastes Climáticos no Brasil
Chuvas de inverno: ocorrem na Zona da Mata (litoral do
Nordeste) e são causadas pelo encontro dos alísios de
Sudeste com um ramo do minuano.
Friagem: é a queda brusca de temperatura em época de
inverno na Amazônia Ocidental. Esse abaixamento da
temperatura é motivado pela chegada de um ramo do vento
minuano, procedente do sul do país.
RESUMINDO
• Clima é a sucessão de tempo, dinamizada pela movimentação das massas
de ar.
• O clima de uma região resulta da massa de ar dominante e,
conseqüentemente, da zona térmica em que se encontra.
• Os climas do Brasil são: equatorial (na Amazônia), tropical (no Nordeste, no
Sudeste e no Centro-Oeste) e subtropical (no Sul).
• Na estação de inverno ocorre o fenômeno da "friagem" na Amazônia.
• No Sertão do Nordeste, o clima é tropical semi-árido, isto é, com chuvas
escassas.
OBRIGADA!