FAMÍLIA RETROVIRIDAE

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Transcript FAMÍLIA RETROVIRIDAE

FAMÍLIA
RETROVIRIDAE
COUTINHO, V. H. S.; DETRANO, J. S.;
LOURENÇO, E. C. B.; MACHADO, J. C. A.;
NUNES, M. S. SILVA, A. E.
INTRODUÇÃO
Possuem uma estrutura complexa;
 Nucleocapsídeo helicoidal;
 Capsídeo icosaédrico;
 Revestido por um envelope lipoproteico (LEITE,
2014).

CARACTERÍSTICAS





Composto por RNA genômico;
A enzima transcriptase reversa transcreve o RNA em DNA
(FIRMINO, 2008);
Sofrem mutações constantes (BALTIMORE, 1971);
Provocam
doenças
crônicas
de
progressão
lenta,
degenerativas como tumores, imunosupressão e doenças
imunocomplexas (RAVAZZOLLO, 2007);
Muitos possuem genes denominados oncogenes que induzem a
formação de tumores (BALTIMORE, 1971).
COMPONENTES MOLECULARES

TRANSCRIPTASE REVERSA
 Situado no nucleocapsideo.
 Transforma a molécula de RNA fita simples em uma
molécula de DNA fita dupla.
 Sua descoberta foi de grande importância para a Biologia
Molecular → RT - PCR

PROTEASES
 Enzimas que quebram ligações peptídicas
 Os retrovírus produzem uma longa cadeia peptídica que,
ao sofrer ação da protease, quebra essa cadeia em
proteínas.
 Muitos antivirais são produzidos através de compostos
que inibem as proteases.

INTEGRASE
 Enzima exclusiva dos retrovirus
 Auxilia o DNA viral a ser enxertado no DNA-hospedeiro.
 Responsável pela persistência da infecção retroviral.

Gag


É o material genético que codifica as proteinas estruturais do
núcleo do retrovírus
Env

Proteína viral responsável pela formação do envelope
REPLICAÇÃO
VIRAL
União do virus ao linfócito T (CD4)
Fusão do envelope do virus com a membrana da célula
Incorporação do Vírus a célula
Liberação do RNA viral e das enzimas
Transcriptase reversa
Formação de um Provírus
Integração do DNA viral ao
DNA celular por ação da enzima
integrase
Trancrição do RNA viral no núcleo: a célula
usa o DNA viral como molde para a produção
de RNA viral, que passa para o citoplasma
Síntese de proteína
Formação de cadeias polipeptídicas
Quebra da cadeia polipeptídica por ação da
protease, dando origem as diferentes
proteínas virais.
Montagem do Vírus
Liberação do
Vírus
PRINCIPAIS VÍRUS E DOENÇAS RELACIONADAS

-
-

A família Retroviridae era anteriormente dividida em 3
subfamílias:
Oncovirinae (com predisposição para indução de neoplasias);
Lentivirinae (lentos, com grande período de incubação,
estando na base de doenças neurológicas e infecciosas e
imunodeficiências)
E Spumavirinae.
Atualmente
são
apenas
duas
subfamílias:
Orthoretrovirinae e Spumaretrovirinae (essa monotípica,
contendo apenas o gênero Spmavirus).
 São
aproximadamente 51 espécies conhecidas atualmente e 7 gêneros
que estão dividos em:
Alpharetrovírus,
Betaretrovirus,
Gammaretrovirus, Deltaretrovirus, Epsilonretrovirus, Lentivirus e
Spumavirus.
Tabela demonstrando os principais vírus da família Retroviridae e suas
divisões taxonômicas
Subfamília
Orthoretrovirinae
Gênero
Alpharetrovirus
Vírus da leucemia aviária (VLA)
Betaretrovirus
Jaagsiekte (JSRV; adenocarcinoma ovino);
Vírus do tumor mamário de ratos (MMTV)
Gamaretrovirus
Vírus da leucemia felina (FeLV);
Vírus da leucemia de camundongos (MuLV)
Deltaretrovirus
Vírus da leucemia bovina (BLV);
Vírus linfotrópico da célula T humana (HTLV)
Epsilonretrovirus
Vírus do sarcoma dermal de Walleye (WDSV)
Lentivirus
Spumaretrovirinae
Espécie viral
Spumavirus
Vírus da imunodeficiência humana (HIV);
Vírus da imunideficiência símia (SIV);
Vírus da imunodeficiência bovina (BIV);
Vírus da imunodeficiência equina (EIAV);
Vírus da imunodeficiência felina (FIV);
Vírus da artrite encefalite caprina (CAEV);
Vírus Maedi Visna dos ovinos (MVV)
Vírus espumoso dos símios (SFV)
Esquemas demostrando as diferenças estruturais entre vírions
imaturos e maduros de acordo com os gêneros de retrovírus
Alpharetrovirus
Betaretrovirusvirus
kpokpkpk
Deltaretrovirus, Gammaretrovirus,
Epsilonretrovirus e Spumavirus
Lentivirus
Fonte: http://viralzone.expasy.org/all_by_species/71.html
RETROVÍRUS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA
HIV
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
Pesquisadores supõem que a sua origem está
relacionada transmissões zoonóticas do Vírus
da Imunodeficiência Símia (SIV) para seres
humanos na África Central e Ocidental
(ALAEUS, 2000; LEMEY, 2003).
Possivelmente através da caça e abate dos
primatas para alimentação, captura, venda e
manutenção como animais de estimação.
Fonte: http://www.ufrgs.br/labvir/material/CBS6008/retrovirus.pdf
RETROVÍRUS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA
HIV
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
Infecta células vitais no sistema imunitário,
como os linfócitos T auxiliares CD4+,
macrófagos e células dendríticas.
A infeção provoca a diminuição do número
linfócitos T auxiliares (CD4+) através de
diversos mecanismos, entre eles:
- apoptose de células espectadoras;
- morte viral direta de células infectadas;
Fonte:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1a/HIVbudding-Color.jpg

- morte de linfócitos T CD4+ através de
linfócitos T citotóxicos CD8 que reconhecem
as células infetadas.
Quando o número de linfócitos T CD4+ desce abaixo do limiar aceitável, o indivíduo torna-se
progressivamente mais suscetível a infeções oportunistas.
RETROVÍRUS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA
HIV




Síndrome inespecífica.
Sintomas variam, sendo muitas vezes confundidos com uma simples gripe, uma dor de
garganta (amigdalite), dengue, ou outras infecções virais.
Sintomas mais comuns da infecção aguda são: febre persistente, cansaço e fadiga, erupção
cutânea, perda de peso rápida, diarreia por mais de uma semana, dores musculares, dor
de cabeça, tosse seca e prolongada, lesões roxas ou brancas na pele ou na boca, entre
outros.
Os pacientes poderão ficar assintomáticos por um período variável entre 3 e 20 anos e
alguns nunca desenvolverão doença relacionada ao HIV, sendo assim classificados como:
- Rápido progressor (adoece em até 3 anos);
- Médio progressor (entre 4 e 7 anos);
- Longo progressor (8 anos ou mais).
RETROVÍRUS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA
HIV
Ainda não há evidências de uma cura ou
alguma vacina 100% efetiva, porém há
tratamentos através da terapia altamente
eficaz com antiretrovirais (“HAART”, em
inglês)

São oferecidas no país
terapêuticas de ARV:

quatro classes
- inibidor da transcriptase reversa análogo
(ITRN) ou não análogo (ITRNN) de
nucleotídeo;
- inibidor da protease (IP);
- inibidor de fusão.

Fonte: http://www.tribunadabahia.com.br/upload/images/
20120915123652_remedios.jpg
Para fins de tratamento com as drogas antirretrovirais consideram-se os seguintes
parâmetros:
- Abaixo de 200 células/ml: Muito vulnerável, tratar imediatamente;
- Entre 200 e 350 células/ml: Vulnerável, deve ser iniciado o tratamento para evitar riscos;
- Entre 350 e 500 células/ml: Pouco vulnerável, pode começar a critério médico;
- Acima de 500: Saudável, não precisa começar o tratamento.
RETROVÍRUS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA
HIV
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

Pesquisas recentes descobriram indivíduos frequentemente expostos ao vírus mas que possuem
resistência natural (ESNs), sem nenhuma evidência sorológica de infecção ou sinal de
imunodeficiência
Indivíduos homozigotos para um certo tipo de mutação, como a CCR5 Δ32, são altamente resistentes a
infecção por HIV-1, uma vez que a proteína sintetizada torna-se truncada.
Ocorre em aproximadamente 10% dos indivíduos Caucasianos.
Em alguns estudos testes foram feitos através de transplante de células tronco hematopoiéticas desses
indivíduos homozigotos em um indivíduo soropositivo e com leucemia.
Após 4 anos de tratamento, não se encontrou resquícios de carga viral em sangue, medula, vísceras ou
cérebro.
Fonte: http://crentinho.wordpress.com/2006/12/07/ccr5
-delta-32-evidencia-a-favor-do-evolucionism
Fonte: http://www.delta-32.com/uploads/3/2/4/4/3244881/
775094.jpg?661
RETROVÍRUS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA
HIV
Gráfico mostra relação entre os níveis de cargas virais e a quantidade de
células T CD4+ durante a terapia através do transplante alogênico de
células-tronco de indivíduos homozigotos para a mutação CCR5 Δ32 para
os indivíduos infectados pelo HIV-1, com auxílio dos antirretrovirais
(HAART), durante um período de aproximadamente 4 anos
Fonte: Hütter, 2011
RETROVÍRUS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA
HTLV

Infecta linfócito T humano (principalmente CD4+)

Primeiro retrovírus que demonstrou causar doenças em humanos.

Prevalece em regiões geográficas específicas, como o Japão, Caribe e alguns países africanos.

No Brasil o número de pessoas infectadas ainda é baixo.

Existem dois tipos desse vírus:
HTLV-I – associado a doenças graves neurológicas degenerativas (paraparesia espástica
tropical) e hematológicas, como a leucemia e o linfoma de células T humana do adulto (ATL).
Polimiosites, poliartrites, uveítes e dermatites são enfermidades que parecem relacionadas
com esse tipo de vírus.
HTLV-II – não foi plenamente esclarecida sua ligação com alguma patologia determinada.



A maioria dos indivíduos infectados não desenvolvem doenças.
Assim como o HIV, a transmissão ocorre por via sexual (relações sexuais desprotegidas),
transfusões de sangue, pelo uso compartilhado de seringas e agulhas, da mãe para o filho
durante a gestação, o aleitamento e no momento do parto.
No organismo ocorre através do contato célula-célula.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Baseia-se na pesquisa de anticorpos anti-HIV:

Lentivirus, incluindo o HIV-1 e HIV-2;
•
Método de ELISA: o principal teste utilizado no diagnóstico sorológico do HIV é o ensaio
imunoenzimático. Este teste utiliza antígenos virais (proteínas) produzidos em cultura
celular (testes de primeira geração) ou por meio de tecnologia molecular (recombinantes).
Essa técnica é amplamente utilizada como teste inicial para detecção de anticorpos contra o
vírus, devido à sua alta sensibilidade.
•
Imunofluorescência indireta para o HIV-1: fixadas em lâminas de microscópio, as
células infectadas pelo HIV-1 (portadoras de antígenos) são incubadas com o soro que se
deseja testar, ou seja, onde é feita a pesquisa de anticorpos. A presença dos anticorpos é
revelada por meio de microscopia de fluorescência. A imunofluorescência é utilizada como
teste confirmatório da infecção pelo HIV.
•
Imunoblot: neste teste, proteínas recombinantes e/ou peptídeos sintéticos, representativos
de regiões antigênicas do HIV-1 e do HIV-2 são imobilizados sobre uma tira de nylon. Além
das frações virais, as tiras contêm regiões de bandas controle (não virais) que são
empregadas para estabelecer, por meio de comparação, um limiar de reatividade para cada
banda viral presente.

Western blotting: serve para confirmação dos resultados positivos obtidos com o
teste elisa, baseando-se na pesquisa de antígenos específicos do vírus (p24, gp41,
gp120) Tem alta especificidade e sensibilidade.

O antígeno p24 pode também ser detectado por PCR como marcador recente e é
importante em quadros de virose aguda em doentes com risco de adquirir o HIV.

Quando a infecção por HIV é positiva, a determinação da carga víral (PCR)
permite quantificar a quantidade de RNA, enquanto que a contagem de CD4
possibilita aferir o estadiamento da infecção por HIV.

Teste Rápido como Diagnóstico da Infecção pelo HIV: é utilizada no mundo
inteiro e traz vantagens significativas quanto ao método laboratorial, pois são de
simples realização, dispensando a atuação de profissionais especializados e de
equipamentos de laboratório, permitindo o conhecimento imediato dos resultados e
assistência imediata aos pacientes.
Dispositivo dos testes com as reações:
HTLV

Deltaretrovirus, sendo constituída por HTLV-1, HTLV-2 e HTLV-5;
Dentro dos Retrovírus, os vírus HTL possuem uma capacidade oncogênica muito grande e
um grande período de latência (cerca de 30 anos), sendo não citolíticos, (a célula alvo é
infectada mas não morre).
Epidemiologicamente, o HTLV é endêmico no Japão, nas
Caribe e na África Central; em Portugal, existem ocasionalmente doentes infectados por
HTLV que não estiveram nas zonas citadas.

O HTLV-1 é responsável pela paraparesia espástica tropical, ou seja, possui uma
afinidade para as células neurológicas, além de ser agente etiológico da leucemia de
células T aguda do adulto.

O HTLV-2 ainda não foi plenamente esclarecida sua ligação com alguma patologia
determinada.
Como se faz o diagnóstico da infecção pelo HTLV-1?

Somente por exame sorológico específico para pesquisa de anticorpos anti-HTLV-1/2 no
sangue. Após os exames de triagem, geralmente utilizando teste de ELISA, existe uma
necessidade, em caso deste teste ser reativo (positivo) da realização do teste para
confirmar e diferenciar anticorpos anti-HTLV-1 e anti-HTLV-2, que pode ser sorológico
(Western blot) ou molecular (PCR).
VÍRUS DA LEUCEMIA DE BOVINOS (BLV)

As técnicas mais amplamente utilizadas são a imunodifusão em Ágar gel
( IDAG) e o ensaio imunoenzimático ( ELISA).

Western blotting é outro teste sorológico altamente específio e adequado
para ser introduzido como teste confirmatório.

A identificação de DNA proviral do BLV pela técnica de PCR é útil como
um teste de triagem para identificar animais que possam estar
infectados, mas ainda não possuem anticorpos.

A Imunohistoquímica é uma técnica que utiliza anticorpos que
reconhecem moléculas específicas nas células, podendo desta forma
diferenciar linfócitos B e T. Em linfomas na leucose enzoótica bovina tem
se observado casos de linfócitos do tipo B.
VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA

DE FELINOS
(FIV)
Para pesquisa de infecção pelo FIV, utilizamo-nos de testes sorológicos
para detecção de anticorpos, por meio da detecção do antígeno p24. O
ELISA é um teste de triagem, cujo resultado positivo deve ser confirmado
caso o mesmo ocorra em animais plenamente saudáveis, de baixo risco,
ou que seja determinante para eutanásia do paciente. Recomenda-se
reteste após 8 ou 12 meses para determinar existência ou não de
infecção.

Há um teste comercial de fácil aplicação na rotina clínica diária (SNAP®
FeLV Antigen/FIV antibody Combo – Idexx Laboratories) , que pesquisa
simultaneamente, o antígeno do FeLV e anticorpos anti-FIV, sendo
bastante sensível e confiável.

Outro teste com crescente uso em nosso meio é a PCR (reação em cadeia
da polimerase), que detecta frações de material genético do agente.
REFERÊNCIAS

Baltimore D. (1971). Expression of animal virus genomes. Bacteriological Reviews 135:
235-241.

Firmino, F. D. P. (2008). Estudo da infecção por hemoplasmas em felinos domésticos
do Distrito Federal.

LEITE, Rômulo Cerqueira. (2014). Retroviroses dos animais domésticos.Veterinária e
Zootecnia, v. 20.

RAVAZZOLLO, A. P. & U. COSTA. (2007). Retroviridae. In: E. F. Flores (Ed.). Virologia
Veterinária. Rio Grande do Sul: UFSM, Retroviridae, p.809-838.

ALAEUS, A. (2000). Significance of HIV-1 genetic subtypes. Scand. J. Infect. Dis.; 32(5):
455-463.

LEMEY, P. et al. (2003). Tracing the origin and history of the HIV-2 epidemic. Proc
Natl Acad Sci U S A.; 100(11):6588-92.

LAGO, R. F.; COSTA, N. R. (2010). Dilemas da política de distribuição de
medicamentos antirretrovirais no Brasil. Ciênc. saúde coletiva [online]. vol.15, suppl.3
[cited 2011-06-15], pp. 3529-3540 . Available from:
<http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232010000900028&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1413-8123. doi: 10.1590/S141381232010000900028.
REFERÊNCIAS
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http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/HIV/MAP/landmark.html
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http://www.roche.pt/sida/virus/ciclovida.cfm
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http://wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/images/2/2e/Bio6.swf
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http://www.ufrgs.br/labvir/material/CBS6008/retrovirus.pdf
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http://viralzone.expasy.org/all_by_species/71.html
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http://atlas.fmv.utl.pt/orglinfo/orglinfo_029.htm
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http://www.knowledgescotland.org/images_db/opa.jpg
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http://www.cfsph.iastate.edu/DiseaseInfo/ImageDB/OPA/OPA_003.jpg

http://www.lbah.com/images/feline/FeLV/anisocoria.jpg