A INTERCESSÃO NO SANTUÁRIO MARIANO

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Transcript A INTERCESSÃO NO SANTUÁRIO MARIANO

A INTERCESSÃO
NO SANTUÁRIO
MARIANO
CASA DA MEDIAÇÃO
MATERNA
Pe. Alexandre Awi, ISch
[email protected]
VI Congresso Mariológico
Aparecida - 2012
Esquema
0. Introdução
1. Santuário como lugar sacramental: casa
2. Presença de Maria no santuário: casa da Mãe
3. Intercessão de Maria no santuário: casa da
mediação materna
4. Pastoral mariana no santuário



Santuário mariano, casa da palavra acolhedora
e evangelizadora
Santuário mariano, casa do culto e da piedade
popular
Santuário mariano, casa da caridade e da
comunhão fraterna
“Os santuários são
oásis da Igreja para
o mundo que
carece de sentido”
e o trabalho
evangelizador aqui
realizado “tem
como inspiração a
mediação de
Maria, sob o título
de Aparecida”
Pe. Darci Nicioli, CSsR
Reitor Santuário Nacional
Introdução
 Objetivo:
uma reflexão teológico-pastoral
focalizada na realidade da intercessão nos
santuários marianos.
 Pastoral sem teologia é como corpo sem
alma. Por outro lado, uma teologia que não
parte da realidade nem conduz à vida
termina por tornar-se estéril.
 Vários encontros pastorais, mas “teologia dos
santuários marianos” pouco explorada...
“Maria atrai as
multidões. Cabe a
nós saber o que
fazer com elas...”
Pe. José Adelson Ramos
Reitor do Santuário de N. Sra.
de Nazaré – Belém/PA
Em relação à intercessão...
 Tese:
Os santuários marianos são lugares
sacramentais da presença de Maria, “casa
da mediação materna”.
 Pistas para uma “pastoral mariana” destes
santuários como “casas”
 da palavra acolhedora e evangelizadora,
 do culto e da piedade popular,
 da caridade e da comunhão fraterna.
“Os santuários são
lugares que dão
testemunho da especial
presença de Maria na
vida da Igreja (...) são
como a Casa da Mãe,
lugares para deter-se e
descansar ao longo do
caminho que leva a
Cristo (...) são autênticos
Cenáculos, onde todas
as categorias de fiéis têm
a gozosa possibilidade
de se submergir na
oração intensa junto a
Maria, a Mãe de Jesus.”
(JP II, 21/6/87)
“O homem é um ser
sacramental; no nível
religioso exprime suas
relações com Deus
num conjunto de
sinais e símbolos;
Deus igualmente os
utiliza quando se
comunica com os
homens. Toda a
criação é, de certa
forma, sacramento
de Deus, porque nolo revela.”
(Puebla 920)
1. Santuário
como lugar
sacramental:
casa
 Santuários
(lugares sagrados): em todos os
povos e religiões
 No Antigo e no Novo Testamento.
 Porém Jesus é maior que o templo (Mt 12,6).
 Jo 4,20-24: “adorar a Deus em espírito e
verdade”. Relativização mas não abolição.
 Túmulo dos mártires, lugares santos em
Jerusalém, Roma, Santiago...
 Pedagogia
pastoral de Deus:
expressa sua proximidade;
respeita o homem como ser
sensível.
 O homem busca “mediações”.
 Base teológica: criação e
encarnação.
 “Sensus fidei” intui e
confirma.(“A melhor escola é o
romeiro” – Geraldo, voluntário)
 Há um “instinto de fé mariano”
na religiosidade popular.
 Os fiéis se sentem “em casa” e
escrevem ali sua história
pessoal e comunitária...
 Os
santuários pertencem à categoria dos
“sacramentais”. Estes são sinais visíveis
que ajudam o homem a encontrar-se
com Deus e tomar contato com sua
força transformadora.
 “Quase não há uso honesto das coisas
materiais que não possa reverter para
este fim: a santificação dos homens e o
louvor a Deus” (SC 61)
 Um sacramental só produz efeito em
função da atitude subjetiva e da
disposição de fé da pessoa.
Santuário, e tudo o que com ele se relaciona,
tem apenas o valor de símbolo de uma
realidade superior. Tudo num santuário indica
para o além. Eles são sinais...
 de
Cristo, morada de Deus
 da Igreja, sacramento da salvação (LG 48)
 da nossa vocação de ser santuários vivos
(1Cor 6,19; 1Pe 2,5)
 Maria, santuário do Verbo encarnado
 da Jerusalém celeste, pátria definitiva
 da CASA, do LAR definitivo que todos buscam
Consequência pastoral...
 Peregrino
terá frutos de fé, de amor, de
conversão na medida em que se
comprometer interior e pessoalmente.
 Não é algo mágico, onde basta cumprir
certos rituais.
 O santuário será instrumento para a
conversão e o milagre, seja ele do tipo
que for (físico ou espiritual), se encontrar
no fiel uma disposição interior para um
encontro real com o Senhor e sua Mãe.
2. Presença de
Maria no
santuário:
casa da Mãe
Santuários marianos são
sacramentais da casa
materna
 “Maria
representa
o símbolo cultural
(e cultual) mais
potente e popular
dos últimos mil anos
do ocidente
cristão.” (A. Greely)
A
Nossa Senhora
da piedade
popular é a Mãe!
“Os diversos títulos e
os santuários
espalhados por todo
o Continente
testemunham a
presença próxima
de Maria às pessoas,
e ao mesmo tempo
manifestam a fé e a
confiança que os
devotos sentem por
ela. Ela pertence a
eles e eles a sentem
como mãe e irmã.”
(Puebla 269)



Magistério de João Paulo II lançou importante
luz sobre a teologia e espiritualidade dos
santuários marianos.
RM 28: “uma específica ‘geografia’ da fé e da
piedade mariana, que abarca todos estes
lugares de especial peregrinação do povo de
Deus, que busca o encontro com a Mãe de
Deus para encontrar neles a presença materna
de Maria.”
Em plena continuidade com o evento de
Pentecostes. Esta união de Maria com a Igreja
Primitiva, existente no início continua até os
nossos dias e deve permanecer em cada lugar
onde a Igreja se manifesta. Os santuários são,
portanto, lugares onde se faz visível esta relação
entre Maria e a Igreja, histórica e
geograficamente presente no meio do mundo.
Origem histórica dos santuários...





Pode variar, mas, é sempre a consciência de
certa presença de Maria naquele lugar que
desperta no povo fiel a devoção.
manifestação extraordinária de Maria, como no
caso de uma aparição (Guadalupe, Lourdes,
Fátima);
lenda ou acontecimento milagroso da parte de
Maria, vinculados a um título ou imagem
específica (Loreto, Aparecida);
piedade de fiéis que elevam um santuário em
honra de Maria (Pompéia, Schoenstatt).
Edgardo Trucco: Seja como for, “todos surgem
da iniciativa de Deus (...) não existem santuários
por iniciativas humanas”.
Santuário Original - Schoenstatt
“Quando declaramos que a
Mãe de Deus criou o lugar de
peregrinações, não devemos
envergonhar-nos de dizer que
ela só juntou as mãos, que o
criou por sua intercessão; em
última análise foram o Pai,
Jesus e o Espírito Santo que o
fizeram. A Mãe de Deus só
pode dizer: ‘Por favor!’ Por
mais que a amemos, ela não
pode fazer nada. Em última
análise quem faz tudo o que
diz respeito à ordem da
salvação? O Deus eterno.
Nenhuma criatura pode fazêlo, por trás de tudo está o
Deus Trino.”
Pe. José Kentenich
Missão dos santuários marianos
 Prolongar
a presença de Maria junto à Igreja.
 Ser lugar de seu “ministério maternal” (MC).
 Neles Maria “atrai” e “envia”. Atrai ao seu
Filho e envia ao mundo, onde a salvação
deve se fazer operante no hoje da história.
Excurso:
Presença de
Maria na Igreja e
na vida dos
cristãos?
René Lauretin:
“Em que consiste a ação de Maria em favor de seus
filhos? É uma questão difícil e discutida. Um ponto é
certo: Maria exerce uma intercessão universal, uma
intercessão viva que procede do amor.” Sua
oração por livre disposição de Deus, tem eficácia
verdadeira e universal. Seu amor é pleno de desejos
que refletem em seu coração, cumulado de
graças, os próprios desejos de Deus. Só Deus pode
realizar os desejos de Maria para seus filhos, porém
não devemos dissociar a ação de Deus da ação de
Maria. Não conseguimos precisar o modo desta
interpenetração de ações, mas parece que
convém a uma mãe atingir os seus filhos “não
apenas em intenção, mas realmente. E é também
difícil explicar, de forma diferente, a experiência tão
surpreendente e comum da ‘presença mariana’ na
alma dos santos.”
José Garcia Paredes
Tal presença tem seu fundamento no mistério da
assunção de Maria (LG 62, RM 40) e na comunhão dos
santos (LG 48-49).
A primeira ressuscitada depois de Jesus, nele, com ele e
por ele, Maria está presente em nós, atuando em nós.
Nela a ressurreição produziu cem por um.
Maria, primícia da Igreja triunfante está nela, com ela e
em comunhão profunda conosco.
A solidariedade para com aqueles que nos precederam
no sinal da fé não é apenas uma ‘recordação’ e um
‘estímulo’ para a atuação, mas uma presença: a
comunhão com os que morreram em Cristo está cheia
de presença, de misterioso influxo mútuo. A experiência
da presença de Maria é a prova mais generalizada.
A nova Eva continua sendo a ‘mãe dos vivos’.
“O bispo de Limburgo
acreditava realmente que nós
pensávamos que a Mãe de
Deus está sentada no trono do
Santuário. Mas a Mãe de Deus
está por ventura fisicamente
sentada no trono? Acham que
nosso povo imagina isso? (...)
não, não é assim! Que significa
a vinculação local? A Mãe de
Deus está espiritualmente
vinculada por seu amor, sua
intercessão, seu poder. Nada
mais. Consideramos natural a
Mãe de Deus atender aqui de
modo particular as orações,
como acontece em todos os
lugares de peregrinação. (...) É
o que se costuma chamar de
sacramental do lugar.”
(P. José Kentenich)
Presença por seu amor, sua
intercessão, seu poder.
Presença “moral”, para
diferenciar de “física” ou
“real” (Eucaristia).
Aplicando aos santuários
marianos...



O fiel se vincula ao santuário porque acredita
que Maria, como sua Mãe, se encontra ali de
forma especial e pode exercer uma
mediação em seu favor junto a Jesus, graças
à ação do Espírito Santo.
Maria está presente nos seus santuários na
medida em que desenvolve ali sua atividade
maternal como colaboradora permanente
de Cristo na obra da redenção.
O santuário é apenas uma “condição” (não
exclusiva) para que Maria possa atuar. É
lugar privilegiado.
Tese fundamental:
os santuários
marianos são
lugares
privilegiados onde
os fiéis
experimentam a
maternidade
mediadora de
Maria
3. Intercessão de
Maria no
santuário: casa
da mediação
materna




C. Boff: “lógica da inclusão”, própria das
mediações, ajuda a entender o lugar de
Maria no plano da salvação: ela é a pessoa
que Cristo mais “incluiu” em sua obra
salvadora, a que mais participou da
mediação de Cristo, único mediador.
E o fez a partir de sua missão maternal ou
“ministério maternal”: maternidade divina e
maternidade espiritual.
LG 60: “maternus munus erga homines”
(ministério maternal em relação aos homens).
Os santuários são lugares privilegiados onde
Maria exerce sua maternidade espiritual em
favor dos homens, seus filhos.
 Santidade
exemplar
 Mediação
materna
 Portadora da
graça
MC 57:
“multifacetada
missão de Maria,
descrita em três
aspectos:
Mediação materna (JP II, RM 21)
Sobre o valor simbólico do episódio de Caná (cf. Jo
2): o “ir ao encontro das necessidades do homem
significa, ao mesmo tempo, introduzi-las no âmbito
da missão messiânica e do poder salvífico de Cristo.
Dá-se, portanto, uma mediação: Maria põe-se de
permeio entre o seu Filho e os homens na realidade
das suas privações, das suas indigências e dos seus
sofrimentos. Põe-se de ‘permeio’, isto é, faz de
mediadora, não como uma estranha, mas na sua
posição de mãe, consciente de que, como tal,
pode - ou antes, ‘tem o direito de’ - fazer presente
ao Filho as necessidades dos homens. A sua
mediação, portanto, tem um carácter de
intercessão: Maria ‘intercede’ pelos homens.”
(mediação ascendente)
“E não é tudo: como Mãe deseja também
que se manifeste o poder messiânico do
Filho, ou seja, o seu poder salvífico que se
destina a socorrer as desventuras humanas,
a libertar o homem do mal que, sob
diversas formas e em diversas proporções,
faz sentir o peso na sua vida.”
(mediação descendente)
Analisando ainda o mesmo texto, o Papa
destaca um “outro elemento essencial desta
função maternal de Maria”: ela é para os
homens “porta-voz da vontade do Filho, como
quem indica aquelas exigências que devem
ser satisfeitas, para que possa manifestar-se o
poder salvífico do Messias”. Por isso ela indica:
“Fazei o que ele vos disser” (Jo 2,5).
Em Caná, continua o Papa, “graças à
intercessão de Maria e à obediência dos
servos, Jesus dá início à ‘sua hora’.”
 Mediação
em chave cristocêntrica (LG)
 Mas também: mediação de Maria não
substitui a mediação do Espírito Santo. Ela
acontece sempre “no Espírito Santo”.
 O Espírito sustenta sempre a mediação
materna de Maria na sua intercessão; e
ainda é o Espírito que é dado por meio da
maternidade espiritual de Maria, como
também, do seu modo, a da Igreja.
“Maria, de fato, não substitui o Espírito na
intercessão, que é uma das formas da
mediação ascendente, como não o
obscurece na santificação que é a forma da
mediação descendente. Maria ora e
intercede no Espírito, atua e forma
maternalmente em virtude do Espírito, em
perfeita sinergia, em estreita colaboração,
iluminando também deste ponto de vista sua
exemplaridade para a Igreja, na qual se
realiza também uma mediação ascendente
e descendente no Espírito Santo, que deriva
de Cristo, orientada ao Pai.”
(Jesús Castellano)




Mediação maternal é mais que “intercessão”, e os
santuários marianos em sua pastoral deveriam ajudar
a destacar isto.
Maria no santuário não só intercede, mas cuida e
educa como mãe. Ela aponta a Jesus, mostra
caminhos, chama à conversão, corrige e não apenas
“resolve os problemas” ou “faz milagres”.
Puebla se percebe claramente este acento: Maria é
mãe e educadora, assumindo assim a intenção de
Paulo VI ao proclamá-la como “Mãe da Igreja” ao
final do Concílio. Maria é “pedagoga do evangelho”
(n. 290), que “educa Cristo nos corações” (MC 37).
Este caráter educador de Maria como mãe a coloca
diante de nós como pessoa. Existe entre Maria e os
discípulos de Jesus, seus filhos pela ordem da graça,
uma relação pessoal de mãe para filho, e os
santuários se transformam em “escolas”. Bento XVI:
“Permanecei na escola de Maria”.
 Ter
em conta a
dimensão mariana
da pastoral
 Aproveitar
pedagogicamente
o potencial da
religiosidade
mariana
 Pastoral = ação
evangelizadora
 Tríplice ofício:
palavra, culto,
caridade
4. Pastoral
mariana nos
santuários
 “A
vida e a missão do discípulo missionário
de Jesus Cristo, segundo as Diretrizes da
Ação Evangelizadora no Brasil nos últimos
tempos, consiste no exercício do tríplice
múnus, recebido no Batismo:
 ministério da Palavra,
 ministério da Liturgia,
 ministério da Caridade”
(DGAE 2011-2015, n.129)
Aplicado aos santuários marianos:
casa da
palavra
acolhedora e
evangelizadora
casa do culto e
da piedade
popular
casa da
caridade e da
comunhão
fraterna
(serviço da
palavra)
(serviço da
liturgia)
(serviço da
caridade)
5.1 Santuário
mariano, casa da
palavra
acolhedora e
evangelizadora
 CDC
cân. 1230: santuário = “a igreja ou
outro lugar sagrado, aonde os fiéis em
grande número, por algum motivo
especial de piedade, fazem
peregrinações com a aprovação do
Ordinário local”
 CDC cân. 1234 § 1 recomenda que nos
santuários se ofereçam aos fiéis “meios
de salvação mais abundantes”,
mencionando em primeiro lugar o
anúncio diligente da Palavra de Deus.
Íntima relação entre
santuário e
evangelização




Puebla urge a “uma crescente e planificada
transformação de nossos santuários para que
possam ser ‘lugares privilegiados’ de evangelização.
Isso requer purificá-los de todo tipo de manipulação
e de atividades comerciais.” (n. 463)
A circunstância de lugar não é secundária (como no
caso das circunstâncias para a oração mental)
Maria, Estrela da Evangelização (antiga e nova). Cf.
EN 82.
Centralidade do serviço de acolhida
Caso da América Latina




O primeiro anúncio se fez com a marca mariana: “em
nossos povos, o evangelho tem sido anunciado,
apresentando a Virgem Maria como a sua realização
mais alta”(282).
O dado mariano é tão característico de toda a
piedade popular latino-americana: “Esta experiência
pertence à íntima identidade desses povos.” (283)
Mas é também eclesial: “O povo sabe que encontra
Maria na Igreja Católica” (284).
Devido a essas características, os santuários marianos
são um sinal da presença de Maria na realidade
latino-americana e um sinal de comunhão entre
todos os povos: “Maria foi a voz que impulsou a união
entre todos os povos”(282).
II Congresso Mundial de pastoral de
peregrinações e santuários (2010)







Principal objetivo da peregrinação a um
santuário é a evangelização, o encontro
com Deus e, por isso, se tem passado de uma
prática devocional a uma pastoral da
peregrinação
Mensagem de Bento XVI:
Sintonizar com o peregrino (e suas perguntas)
Aproveitar sua presença
Qualidade no acolhimento
Fazer proposta verdadeiramente cristã: a
meta é o encontro com Deus
Aproveitar o momento da graça
 “Como
toda a Igreja, a religião do povo
deve ser evangelizada sempre de novo.
 Será um esforço de pedagogia pastoral, em
que o catolicismo popular seja assumido,
purificado, completado e dinamizado pelo
Evangelho.
 Para tanto se requer conhecer os símbolos,
a linguagem silenciosa, não verbal, do
povo, com o fim de conseguir, num diálogo
vital, comunicar a Boa Nova mediante um
processo de re-informação catequética.”
(Puebla 457)
5.2 Santuário
mariano, casa da
liturgia e da
piedade popular
Entre os “meios mais abundantes de salvação”
que o Código de Direito Canônico com clareza
recomenda que sejam oferecidos aos fiéis nos
santuários se encontra a vida litúrgica,
principalmente a Eucaristia e a celebração da
penitência, e o cultivo das formas aprovadas
de piedade popular (cf. cân. 1234 § 2).
Recomenda, inclusive, que “os documentos
votivos da arte popular e da piedade sejam
conservados em lugar visível nos santuários ou
em locais adjacentes, e sejam guardados com
segurança.” (cân. 1234 § 2)

Centralidade da Eucaristia, celebrada de forma
exemplar, com e como Maria, mulher Eucarística.

Importância do Sacramento da Reconciliação e
uma “pastoral da conversão” (lugar, preparação
adequada): Maria atua como “Mãe da
Misericórdia”.

Ter em conta o Diretório sobre Piedade Popular e
Liturgia (Congregação para o Culto Divino, 2002)
 Puebla
diz: que se favoreça “a mútua
fecundação entre liturgia e piedade popular
que possa orientar com lucidez e prudência
os anseios de oração e vitalidade
carismática que hoje se comprovam em
nossos países. Por outro lado, a religião do
povo, com sua grande riqueza simbólica e
expressiva, pode proporcionar à liturgia um
dinamismo criador. Este, devidamente
discernido, há de servir para encarnar mais e
melhor a oração universal da Igreja em
nossa cultura.” (465)




MC 31: evitar dois extremos
Desprezar os exercícios de piedade
Misturar exercícios piedosos e atos litúrgicos
em celebrações híbridas
Puebla 913: “A piedade popular apresenta
aspectos positivos como: senso do sagrado e
do transcendente; disponibilidade para ouvir
a Palavra de Deus; marcada piedade
mariana; capacidade para rezar; sentido de
amizade, caridade e união familiar;
capacidade de sofrer e reparar; resignação
cristã em situações irreparáveis;
desprendimento das coisas materiais.”

Puebla 914: Mas apresenta também aspectos
negativos: falta de senso de pertença à Igreja;
desvinculação entre fé e vida; o fato de não
conduzir à recepção dos sacramentos;
exagerada valorização do culto dos santos com
detrimento do conhecimento de Jesus Cristo e de
seu mistério; ideia deformada a respeito de Deus;
conceito utilitário de certas formas de piedade;
propensão, em alguns lugares, para o sincretismo
religioso; infiltração do espiritismo e, em certos
casos, de práticas religiosas do Oriente.

Dimensões do culto e devoção nos santuários
marianos, que se deve ter presente(cf. MC):

Salvífica (história da salvação aplicada à história do
povo)
Cristológica (Maria conduz sempre a Cristo)
Eclesial (Maria é figura da Igreja e índice onde se
encontra a Igreja)
Contemplativa (atitude contemplativa e relacional)
Evangelizadora (conteúdo da pregação e da
catequese)
Antropológica (proximidade ao homem concreto)
Sociológico-cultural (inserção do evangelho na
cultura e nas situações sociais)






5.3 Santuário
mariano, casa da
caridade e
comunhão
fraterna

‘Toda a atividade da Igreja é a manifestação
de um amor que procura o bem integral do
ser humano’ (DCE n. 19), amor esse que ‘é o
melhor testemunho do Deus em que
acreditamos’ (DCE n. 31). O amor cristão tem
duas faces inseparáveis: faz brotar e crescer
a comunhão fraterna entre os que acolheram
a Palavra do Evangelho e leva ao serviço a
todos, particularmente aos mais pobres.
(DGAE, 219)


O objetivo da mediação materna de Maria
como educação ao serviço, abertura às
necessidades dos irmãos e confirma na Igreja
o espírito do ‘Magnificat’.
RM 41: mediação materna em Maria é um
serviço pelo Reino e a sua exaltação gloriosa
é para Maria a condição para poder
continuar naquela dimensão de serviço que
a caracterizou durante todo o tempo da sua
vida. Também para ela vale o ditado: ‘servir
quer dizer reinar!’ e vice-versa: ‘a glória de
servir não deixa de ser a sua exaltação real’.





RM 37: bela reflexão sobre Magnificat. “O seu
amor preferencial pelos pobres acha-se
admiravelmente inscrito no Magnificat de Maria.”
Muitos santuários marianos são vivos testemunhos
de caridade e de promoção do serviço aos mais
necessitados. Como lugares de culto e de
reconciliação, promovem a atenção aos mais
pobres tanto no sentido físico como espiritual, ou
seja, todos aqueles que sofrem no corpo e no
espírito e que orientam a peregrinação da sua
vida a esses lugares onde Maria é Mãe e a Igreja
se torna casa aberta a todos.
Por isso, o Santuário deve ser também:
casa para todas a cultura e a sociedade
casa para o diálogo ecumênico e inter-religioso


Maria, especialmente por meio de seus
santuários, tem sido um fator determinante
para salvar a unidade eclesial e a
comunhão.
“Como na família humana, a Igreja-família é
gerada ao redor de uma mãe, que confere
‘alma’ e ternura à convivência familiar (cf.
DP 295). Maria, Mãe da Igreja, além de
modelo e paradigma da humanidade, é
artífice de comunhão. Um dos eventos
fundamentais da Igreja é quando o ´sim’
brotou de Maria. Ela atrai multidões à
comunhão com Jesus e sua Igreja, como
experimentamos muitas vezes nos santuários
marianos. Por isso, como a Virgem Maria, a
Igreja é mãe.” (DAp 268)
Palavras-chave para uma autêntica
espiritualidade mariana para o cristão
do nosso tempo:
 Contemplação
 Imitação
 Comunhão
 Colaboração
E o exemplo deverá partir dos santuários,
lugares de uma renovada espiritualidade
mariana.
Concluindo...

“Maria, rogai por nós!” É o clamor do peregrino. É a
súplica daquele que vai à casa da mãe. Contudo, a
mediação desta mãe tem a intenção não só de levar a
Deus as suas preces, mas também de comunicar ao fiel
a vontade de Deus em sua vida.

A casa da mãe não é mera casa de acolhimento e de
socorro na hora do desespero, mas é casa de uma
mãe educadora. Nessa casa o filho se encontra com
Deus e sua vontade, na escuta da Palavra, nos
sacramentos e nas formas esclarecidas de piedade
popular. Nessa casa, o filho se encontra com seus
irmãos, aprendendo a servi-los em suas necessidades e
a viver em comunhão com eles.

Essa é a Casa da Mãe Maria, a de Aparecida, de
Fátima, e de todos os santuários... Assim foi na casa
humilde de Nazaré e assim será até a chegada de
todos à casa da Jerusalém eterna.