Curso de Especialização em Educação Infantil

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Transcript Curso de Especialização em Educação Infantil

Curso de Especialização em Educação Infantil Disciplina:

Identidade Profissional e o Trabalho Docente na Educação Infantil

Ministrante / 1ª Etapa:

Prof.ª Dr.ª Terezinha Bazé de Lima – UNIGRAN /OMEP

www.professorabaze.com.br

Ensinar: Ofício Estável, Identidade Profissional Vacilante

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O ensino é um ofício universal. Suas origens remontam à Grécia antiga, mas tem um papel fundamental em nossas sociedades

contemporâneas

.

Embora ensinar seja um ofício exercido em quase todas as partes do mundo desde a Antiguidade, ainda se sabe muito pouco a respeito dos fenômenos que lhe são inerentes.

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Os atos do professor na sala de aula que , mal conseguimos identificar têm influência concreta sobre a aprendizagem dos alunos Precisamos compreender como se dá a interação entre educador e educandos.

Algumas indagações necessárias....

...

O que acontece quando o professor ensina? O que ele faz exatamente para instruir e educar as crianças?

Ou seja, O que é preciso saber para ensinar?

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O que é ensinar? Quais são os saberes, as habilidades e as atitudes mobilizados na ação pedagógica? O que deveria saber todo aquele que planeja exercer esse ofício?

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As inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos, com o objetivo de definir um repertório de conhecimentos para a prática pedagógica, podem ser interpretadas como uma série de incentivos para que o docente se conheça enquanto docente.

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Foi somente nos últimos vinte anos que importantes esforços foram realizados, tanto na América quanto na Europa, com vistas a descrever a prática docente a partir de pesquisas efetuadas diretamente nas salas de aula.

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Se existe repertório de conhecimentos próprios ao ensino, que repertório é esse?

-

De onde vem e como é construído?

-

Quais são seus limites e quais são as implicações inerentes à sua utilização?

Resposta definitiva a essa pergunta não existe.

Entretanto é essencial elaborar uma posição que promova o avanço da reflexão a respeito desse repertório de conhecimento de ensino.

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A pesquisa de um repertório de conhecimento do ensino permite contornar dois obstáculos fundamentais que sempre se interpuseram à pedagogia: 1 da própria atividade docente –

por ser uma atividade que se exerce sem revelar os saberes que lhe são inerentes; 2-

das ciências da educação –

por produzirem saberes que não levam em conta condições concretas de exercício do magistério.

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Uma das condições essenciais a toda profissão é a formalização dos saberes necessários á execução das tarefas que lhes são próprias.

Confinado ao segredo da sala de aula, o ensino resiste á própria conceitualização e mal consegue se expressar.

Mesmo que o ensino já venha sendo realidade ahá séculos, é muito difícil definir os saberes envolvidos no exercício desse oficio. Tamanha é a sua ignorância em relação a si mesmo.

Certas idéias preconcebidas apontam para o enorme erro de manter o ensino numa espécie de

cegueira conceitual

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1 Basta conhecer o conteúdo

– muitos pensam ainda que ensinar consiste apenas em transmitir o conteúdo a um grupo de alunos.

... A quem acredite que quem sabe ler pode naturalmente ensinar a ler.

Nesta perspectiva, o saber necessário para ensinar se reduz unicamente ao conhecimento do conteúdo da disciplina.

Quem ensina sabe que:

- para ensinar, preciso muito mais de que simplesmente conhecer a matéria, mesmo que esse conhecimento seja fundamental.

- deve planejar, organizar, avaliar; não pode esquecer os problemas de disciplina, e que deve estar atento aos alunos mais agitados.

Pensar que ensinar consiste em apenas em transmitir um conteúdo a um grupo de alunos é reduzir uma atividade tão complexa quanto o ensino a uma única dimensão.

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2- Basta ter talento

“Ou você sabe ensinar ou não sabe”

É preciso dar razão à idéia de que o talento é indispensável ao exercício de qualquer oficio, e que sem talento todo desempenho torna-se limitado.

Entretanto, talento só não basta. O trabalho e a reflexão que o acompanha constituem um suporte essencial.

Dewey Disse em 1929 que

“o problema daqueles que têm talento é que, tal como o tesouro de um faraó, eles o levarão consigo para o tumulo

”.

Reduzir o ensino ao talento é, privar a maioria daqueles que a exercem da contribuição dos resultados das pesquisas da possibilidade de melhor atuar junto às mais diversas clientelas.

3- Basta ter bom senso

– os meios de comunicação afirmam que...pedagogia. “já é tempo de mostrar um pouco mais de bom senso no campo da pedagogia”.

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O século XIX, nos ensinou que o senso é

plural,

que ele varia segundo as perspectivas, que pode ser discutido, que não existe senso em si mesmo, mas inúmeras variações de senso.

Ou seja, “A educação é o lugar por excelência dos conflitos de valor e de perspectiva, visto que ela é o centro de nossas angústias coletivas, clamar pelo bom senso é forjar uma quimera, é querer um mundo unitário que não existe, que talvez nunca tenha existido ou que, no mínimo, não mais existirá”.(GAUTHIER et al., 1998, p.22) Prof.ª Dr.ª T. Bazé de Lima- 2011 13

4- B

asta seguir a sua intuição

A intuição já foi definida como uma “

-

a intuição é uma imagem á parte do saber docente, pois se insere numa relação de negação do saber.

imagem sem pensamento

”.

Psicologia Humanista – a intuição é um guia mais seguro que a razão.

Seguir a sua própria intuição depois dos achados de Freud, Max , Nietsche entre outros, é confundir a força da afirmação com a prova da verdade; é, o não mais das vezes abandonar todo senso crítico.

Essa idéia preconcebida impede o ensino de de se expressar, adia indefinidamente o estabelecimento de uma reflexão continua sobre os saberes que lhes são necessários.

5 Basta ter experiência –

Há quem pense que...”

ensinar se aprende na prática, errando e acertando”.

Segundo estudos muitos professores acreditam neste dizer.

Uma pesquisa americana (1980), relata que a grande maioria dos professores americanos afirmam ter aprendido a ensinar pela própria experiência, ao sabor dos erros e acertos.

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O saber experencial ocupa um lugar de destaque no ensino, assim como nas outras práticas.Entretanto, esse saber experencial não pode representar a totalidade do saber docente.

Em sua prática o docente, não pode adquirir tudo por experiência. Ele deve possuir um corpus de conhecimento que o ajudarão a “ler” a realidade e a enfrentá-la.

6- Basta ter cultura

– outra maneira de manter o ensino na ignorância é, paradoxalmente, afirmar que a base do ensino é a cultura. -Um professor culto seria o penhor da aprendizagem dos alunos.

- A cultura, bastaria para se poder ensinar Conhecer os clássicos permitiria ensinar bem Enquanto não soubermos um pouco mais sobre o funcionamento real das referencias culturais na atividade de ensino, não poderemos afirmar que elas sejam suficientes. O saber cultural é essencial no exercício do magistério, mas torná-lo como exclusivo é mais uma vez contribuir para manter o ensino na ignorância.

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Certas idéias preconcebidas prejudicam o processo de profissionalização do ensino impedindo o desabrochar de um saber desse ofício em si mesmo. O inverso também existe, a idéia de formalizar o ensino,mas reduzindo de forma que sua complexibilidade não mais encontre correspondente na realidade.

A psicologia behaviorista, humanista e cognitivista em suas experiências sem levar em conta o professor real, confundiram a contexto coletivo do ensino com o contexto individual da relação terapeutica.

As faculdades de educação produziram saberes formalizados a partir dessas pesquisas, entretanto, esses saberes não se dirigem ao professor real, cuja atuação se dá numa verdadeira sala de aula, mas a uma espécie de professor formal, fictício, que atua em um contexto idealizado, unidimensional, em que todas as variáveis são controladas. Prof.ª Dr.ª T. Bazé de Lima- 2011 16

Desde o século XIX nos Estados Unidos e na Europa já existia a idéia de transformar a pedagogia em uma ciência.

O objetivo partilhado era de o de fazer da pedagogia uma ciência aplicada alicerçada nas descobertas da psicologia, considerada uma ciência pura.

Deste modo, as descobertas das ciências puras seriam diretamente investigadas na prática docente. Nesta perspectiva, era esperado que o pedagogo atuasse como uma espécie de engenheiro ou técnico do ensino cujo papel consistiria em aplicar, aos problemas encontrados, soluções preestabelecidas cientificamente.

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Essa idéia foi criar uma pedagogia científica, de redigir um código de saber ensinar esfriou consideravelmente após criticas epistemológicas formuladas por Shon (1994).

Esse fracasso do projeto de ciência da educação também contribuiu para a desprofissionalizar a atividade docente, ao reforçar que nos professores a idéia de que a pesquisa universitária não lhes podia fornecer nada de realmente útil....

Era melhor que continuassem se apoiando na experiência pessoal, outros na intuição, outros no bom senso e assim por diante.

Ambas idéias sobre o os saberes bloquearam a constituição de um saber pedagógico e impediram o surgimento de um saber profissional.

O desafio da profissionalização, nos obriga a evitar esses dois erros que são o de um oficio sem saberes e o de saberes sem ofício.

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“Os

saberes disciplinares

correspondem as diversas áreas do conhecimento, correspondem aos saberes que se encontram à disposição de nossa sociedade tais como se acham hoje integrados à universidade sob a forma de disciplinas, no âmbito de faculdades e cursos distintos”.

O

saber curricular –

p professor deve conhecer o programa que constitui um outro saber de seu reservatório de conhecimentos.

O programa lhe serve de guia para planejar e avaliar.

O

saber das ciências da educação

– o professor possui um conjunto de saberes a respeito da escola que é desconhecido pela maioria dos cidadãos comuns e pelos membros de outras profissões .

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Os saberes da ação pedagógica legitimados pelas pesquisas são o tipo de saber menos desenvolvido no reservatório de saberes do professor, e também paradoxalmente, o mais necessário à profissionalização do ensino.

Não pode haver profissionalização do ensino enquanto esse tipo de saber não for mais explicitado, visto que os saberes da ação pedagógica constituem um dos fundamentos da identidade profissional do professor.

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Referencia:

GAUTHIER, Clement et al., Por uma teoria da pedagogia. Ijuí/Rs: UNIJUÌ, 1998.

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